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PRODUÇÃO E DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE SERVIÇOS DE SAÚDE EM CAMPO GRANDE

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PRODUÇÃO E DESTINO DOS RESÍDUOS SÓLIDOS DE

SERVIÇOS DE SAÚDE EM CAMPO GRANDE

Jorge Ferreira Santos(1)

Engenheiro Civil. Especialista em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Oficial do Exército Brasileiro.

Carlos Nobuyoshi Ide

Professor Adjunto do Departamento de Hidráulica e Transportes do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Doutor em Recursos Hídricos e Saneamento Ambiental pelo Instituto de Pesquisas Hidráulicas da Universidade Federal do Rio Grande do Sul.

Jorge Gonda

Professor Titular do Departamento de Hidráulica e Transportes do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul. Mestre em Hidráulica e Saneamento pela Escola de Engenharia de São Carlos - USP.

Mauro Polizer

Professor Titular do Departamento de Hidráulica e Transportes do Centro de Ciências Exatas e Tecnologia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.

Endereço(1): Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Centro de Ciências Exatas e

Tecnologia - Departamento de Hidráulica e Transportes - Cidade Universitária s/no -Caixa Postal 549 - Campo Grande - MS - CEP: 79070-900 - Brasil - Tel: (067) 787-3311 - ramal 2207 - Fax: (067)787-2124.

RESUMO

Resíduos de serviços de saúde, conforme é definido pelas NBR-12007 da ABNT, é o termo que se utiliza para definir os resíduos sólidos originados em estabelecimentos de saúde. Abrangem todos os materiais rejeitados pelos diversos ramos da medicina, farmácia, enfermaria e outras áreas de estabelecimentos de saúde.

Para uma análise quantitativa e qualitativa dos resíduos de serviços de saúde, é importante destacar que se constitui em um amplo espectro, no que tange à parte biológica, química e até radiológica.

O presente trabalho, a par de um estudo de campo, verificou a aplicação da legislação em vigor, bem como as condições de trabalho do pessoal responsável pela coleta e transporte dos resíduos de serviços de saúde em três hospitais, previamente selecionadas na cidade de Campo Grande - MS.

PALAVRAS-CHAVE: Resíduos Sólidos, Serviços de Saúde, Legislação, Sistema de

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20o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1996

INTRODUÇÃO

Desde que o homem passou a viver em grupo, fixando-se em determinados lugares, começou a ter problemas com o lixo gerado pela comunidade, que foi se agravando com o aumento do seu conhecimento. Entretanto, foi a partir da industrialização, diversificando produtos para atender as necessidades do homem, do acelerado crescimento urbano e industrial e da desconsideração com relação à variável ambiental, nos planos de desenvolvimento urbano e industrial, que os resíduos sólidos atingiram proporções consideráveis, bem como, diminuíram a qualidade de vida do planeta. Os problemas relativos ao lixo, só ganharam dimensão a partir do surgimento da crise ecológica, ao final da década de 70, quando começaram a ser organizados Congressos Seminários mais específicos, enfocando a questão do resíduo sólido. Também nessa época houve um aprofundamento maior na relação do lixo - sanidade, visto que ações e estudos sobre água e esgotos, já se encontravam bastante desenvolvidos.

Como soluções adotadas para questão do lixo, temos o estabelecimento de empresas e órgãos públicos, especificamente responsáveis pelos serviços de coleta, transporte e destinação final do lixo das cidades. A Constituição da República Federativa do Brasil (1988), em seu capítulo VI - sobre o meio ambiente reza em seu inciso V: “Controlar a

produção, a comercialização e o emprego de técnicas, métodos e substâncias que comportem risco para a vida, a qualidade de vida e o meio ambiente”. Em Campo

Grande - MS, a Lei complementar no 05, de 22 de novembro de 1995, institui o Plano Diretor, que prevê em seu Capítulo II - Do Meio Ambiente e do Saneamento, inciso V:

“elaboração de programas e de estudos baseados nas condicionantes ambientais e sócio-culturais locais para a definição do destino final do lixo e do esgoto, priorizando-se a coleta seletiva do lixo”.

Somando-se a questão geral do lixo, temos uma importante parcela, que é do lixo hospitalar, que dada a sua natureza, constitui em um fator de disseminação de doenças. Este trabalho teve como objetivo verificar com vêm sendo tratados os resíduos sólidos de serviços de saúde em Campo Grande - MS e avaliar a quantidade produzida.

LEGISLAÇÃO SOBRE RESÍDUOS DO SERVIÇOS DE SAÚDE

Muito pouco foi feito em termos de legislação, no que tange a disciplinar os resíduos sólidos de forma eficiente, entretanto essa preocupação já é uma constante. Pode-se observar na Constituição da República Federativa do Brasil (1988), em seu capítulo VI -sobre o meio ambiente, inciso V, que busca o controle da produção de substâncias que provocam risco para a vida, sua qualidade, e o meio ambiente. Contudo, sabemos que apenas o controle da produção não é suficiente para solucionar o problema, mas já se constitui num grande passo.

Também existem outras legislações mais ao nível das prefeituras das cidades, notadamente das capitais, que em seus Planos Diretores procuram ordenar a questão do lixo.

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e sócio-culturais locais para a definição do destino final do lixo e do esgoto, priorizando-se a coleta priorizando-seletiva do lixo" (Prefeitura Municipal de Campo Grande, 1995).

Existem legislações mais especificas ao presente estudo, como o caso da Resolução CONAMA - Conselho Nacional do Meio Ambiente, que disciplina o tratamento de resíduos sólidos oriundos dos serviços de saúde, portos e aeroportos, ressaltando a importância de ampliá-los para os terminais rodoviários e ferroviários.

Nessa Resolução, pode-se destacar as seguintes disposições:

• A responsabilidade de coleta e transporte do lixo dos serviços de saúde e hospitalar é do gerador. Porém, na prática, a prefeitura acaba tendo que fazer ou orientar e fiscalizar.

• Cerca de 30% em peso dos resíduos gerados nos estabelecimentos da saúde são sépticos, e devem ter um tratamento especial, quanto ao sistema de coleta e destinação final, conforme Figura 1. Deve-se ressaltar, que os restantes 70% são potencialmente contaminantes, em função das deficiências e dificuldades de grande parte do sistema de saúde.

Figura 1 - Lixo Hospitalar.

• Acondicionamento em sacos plásticos conforme Figura 2. Os sacos plásticos para lixo contaminado, devem ser fabricados com material incinerável, de cor branca. Devem possuir propriedades especificadas pelas normas IPT-NEA 59 ou NBR -9191.

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20o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 1998

Figura 2 - Lixo Hospitalar.

RECIPIENTES PARA RESÍDUOS PERFURANTES E CORTANTES

Devem ser fabricados com material incineravel (polietileno rígido, papelão ondulado, etc.), e possuir cor dominante amarela com simbologia internacional para material infectante, conforme Figura 3. Devem possuir, também, resistência à perfuração, à compressão, ao vazamento e ao levantamento pelas alças.

Figura 3 - Recipientes.

Recomenda-se que a contenção temporária dos resíduos de serviços de saúde seja feita em salas especializadas, localizadas o mais próximo possível das áreas geradoras. A armazenagem externa deve ser feita em recipientes com tampas, em locais abrigados e com acesso restrito, apenas para funcionários autorizados. Após a coleta, o recipiente deve ser limpo e desinfetado.

METODOLOGIA

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comércio dinâmico, tendo como lastro uma pecuária tradicional, economicamente forte. A cidade se beneficia de sua posição estratégica. Várias unidades do Exército Brasileiro estão aquarteladas aqui. Possui uma Base Aérea e os trilhos da rede ferroviária interliga São Paulo - Campo Grande com Paraguai e Bolívia e o turismo no Pantanal. Campo Grande apresenta uma renda per capita bastante elevada, que a torna centro da região. O universo de amostragem foi definido após levantamento preliminar em que se verificou que as farmácias, drogarias, laboratórios de análises clínicas e clínicas veterinárias, pequenos geradores de resíduos sólidos de saúde, apresentam dados que dificultam tabular estatisticamente. Em Campo Grande, estão cadastradas no Conselho Regional de Farmácia mais de cem farmácias e drogarias. Para os hospitais geradores, buscou-se a obtenção de dados de um hospital com menos de 50 leitos (aqui designado como hospital A), entre 50 e 100 leitos (hospital B), e mais de 100 leitos (hospital C).

Conforme bibliografias consultadas, não existem critérios ou recomendações específicas para o caso de resíduos de saúde, que indique parâmetros que definam suas características qualitativas. Para o caso do resíduo doméstico existem parâmetros básicos, tais como: umidade; teor de carbono; sólidos voláteis, relação carbono/nitrogênio; e composição física dos resíduos. Os resíduos de saúde foram classificados em sépticos e não sépticos. Os sépticos são os originados em centro cirúrgico, emergência, sala de curativos, bancos de sangue e laboratórios. Os não sépticos são os resíduos originados no setor de administração, cozinha, almoxarifado, varrição, seção de informática, etc.

A quantificação é apresentada em termos de massa, porém o que se constata na prática é a apresentação em termos de volume. Procurou-se neste trabalho a quantificação em termos dos dois parâmetros, porém a estimativa é mais acessível em volume, baseado em função do número de sacos de coleta. Os dados levantados foram:

a) quantidade total de resíduos coletados por hospital (sépticos/não sépticos); b) sistema de coleta e transporte de resíduos;

c) tipo de tratamento e destinação final.

RESULTADOS E DISCUSSÕES

A quantidade total dos resíduos sólidos de serviços de saúde (RSS) foram:

• hospital A (menos de 50 leitos): 150 kg/dia (38 kg/dia de séptico e 112 kg/dia de não séptico);

• hospital B (entre 50 e 100 leitos): 220 kg/dia (65 kg/dia de séptico e 155 kg/dia de não séptico);

• hospital C (mais de 100 leitos): 255 kg/dia (82 kg/dia de séptico e 173 kg/dia de não séptico).

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20o Congresso Brasileiro de Engenharia Sanitária e Ambiental 2000 Os resíduos sólidos dos hospitais estudados, apresentaram massa específica pouco variável: • hospital A: mínimo de 78 kg/m3 , máximo de 143 kg/m3, média de 110 kg/m3; • hospital B: mínimo de 84 kg/m3 , máximo de 152 kg/m3, média de 122 kg/m3; • hospital C: mínimo de 91 kg/m3 , máximo de 154 kg/m3, média de 122 kg/m3.

A média geral encontrada para a massa específica foi de 117 kg/m3, com médias máximas e mínimas de 84 a 149 kg/m3, respectivamente. Verificou-se que a quantidade de resíduos é bastante variável em função do movimento, do nível de organização e das empresas responsáveis pela coleta. O dia da semana também pode ser um fator restritivo para se quantificar; segunda feira, pois apresenta movimento mais intenso e na sexta-feira, por menor atividade, foram excluídos na tabulação por serem dias de movimento atípico. Fatores sazonais como férias do pessoal de saúde, maior ou menor disponibilidade de recurso, etc., alteram o volume de resíduos de saúde - isto acontece, principalmente em hospitais públicos, como o que ocorreu, durante a pesquisa, no Hospital Universitário, que encontrava com seu PAM (Pronto Atendimento Médico) fechado.

Diariamente, os resíduos de resíduos de saúde são coletados, em veículos com carroceria metálica fechada. Observou-se o uso de utilitários para coleta de pequenos geradores e mesmo de alguns hospitais de pequeno porte. A coleta diferenciada não é feita em todos os hospitais. Não existem informações confiáveis aos quantitativos de resíduos sólidos de serviço de saúde a nível de município, principalmente, em relação a farmácias e postos de saúde.

CONCLUSÃO

A taxa diária de geração de resíduos de serviços de saúde por leito (kg RSS/leito.dia), embora seja um parâmetro quantitativo bastante citado é preciso ser utilizado com cautela. Fatores como o hospital ser público ou privado, ter um centro cirúrgico com mais ou menos salas, podem contribuir na variação quantitativa e qualitativa do resíduo sólido gerado.

Nos hospitais pesquisados, não é realizado nenhum tratamento e a destinação final é o aterro sanitário da cidade. Fetos, placentas, órgãos e membros amputados são sepultados conforme prevê a legislação.

Verificou-se que, embora, alguns hospitais em menor ou maior grau, executem o acondicionamento diferenciado, ocorre que durante a coleta ou por ocasião do armazenamento ou mesmo ainda quando é procedido o transporte, os resíduos sólidos de serviços de saúde são misturados.

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No hospital C, são adotados os procedimentos previstos nas NBRs.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Sacos plásticos para acondicionamento de lixo - Especificação, NBR 9191. Rio de Janeiro, 1985.

2. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos de serviços de saúde, NBR 12807. Rio de Janeiro, 1993.

3. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Resíduos de serviços de saúde, NBR 12808. Rio de Janeiro, 1993.

4. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Manuseio de resíduos de serviços de saúde, NBR 12809. Rio de Janeiro, 1993.

5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Coleta de resíduos de serviços de saúde, NBR 12810. Rio de Janeiro, 1993.

6. BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil. República Federativa do Brasil, Brasília, 1988. 7. CONAMA. Resolução no 005 de 5 de agosto de 1993. Dispõe sobre o gerenciamento de resíduos sólidos

oriundos de serviços de saúde, portos e aeroportos, bem como aos terminais ferroviários e rodoviários, para preservar a saúde pública e a qualidade do meio ambiente. Presidente: Fernando Coutinho Jorge. República Federativa do Brasil, Brasília, 1993.

8. IPT. Lixo Municipal: manual de gerenciamento integrado. Coordenação: Nilza Silva Jardim et al., 1a ed. São Paulo: Instituto de Pesquisas Tecnológicas: CEMPRE, 1995. - (Publicação IPT 2163)

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