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Repositório Institucional UFC: A desaposentação como forma de mitigação do fator previdenciário

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA, CONTABILIDADE-FEAAC

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

A DESAPOSENTAÇÃO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

MANUELA NUNES MONTEIRO ORIENTADORA: RACHEL CAVALCANTI RAMOS MACHADO

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MANUELA NUNES MONTEIRO

A DESAPOSENTAÇÃO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

Artigo apresentado à Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em Ciências Contábeis.

Orientadora: Rachel Cavalcanti Ramos Machado

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A DESAPOSENTAÇÃO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

Manuela Nunes Monteiro Orientadora: Rachel Cavalcanti Ramos Machado RESUMO

Esse trabalho, que tem como título “a desaposentação como forma de mitigação do fator previdenciário”, tem por finalidade demonstrar que o instituto da desaposentação pretende afastar o fator previdenciário ou tão somente diminuir o impacto negativo que causa sobre a aposentadoria. Será analisado, inicialmente, os conceitos pertinentes a previdência, assunto em tela para que se possa ter uma visão geral deste sistema. Em seguida, ponderar-se-á o fator previdenciário, que tem como justificativa o equilíbrio financeiro e atuarial e explanar-se-á acerca do déficit previdenciário. Logo após, estudar-se-á o conceito de desaposentação e suas particularidades embasadas em doutrinadores que vêm apoiando o instituto. Amparada pelo princípio constitucional da dignidade da pessoa humana, é que segue a defesa da nossa temática. Apontar-se-á a jurisprudência acerca deste assunto que vem sendo favorável, observando a situação socioeconômica dos segurados.

Palavras-Chave: Equilibro financeiro e atuarial. Fator previdenciário. Desaposentação. ABSTRACT:

This work,which is entitled"to ´unretire` as a way tomitigate the social security factor", aims todemonstrate that theintroduction of ´unretirement` intends to push awaythe social security factororlessenthe negative impactthat it causeson the retirement funds. We will analyze, first, the historical contextin which it isinserted,the evolution of protectionby socialsecurity, also the conceptsrelevantto the subjectinscreenso you canget an overviewof this system. Then we will ponderthepension factor, which is justified bythefinancial and actuarial balanceandwill explain thepension deficit. Soon after, we will study the concept of ´unretirement` andits particularitiesbased on solidlegal scholarswhohave supportedthe introduction of this concept .Our thesis defense is bolsteredby the constitutionalprinciple ofhuman dignity. We will point outthe favorable jurisprudenceon thissubject, notingthe socioeconomic situationof the policyholders.

Keywords: Financial and actuarial balance. Security factor. Unretire. 1.INTRODUÇÃO

Desaposentação é a denominação dada ao ato de desistir de um benefício do qual já se vinha usufruindo, com o fim de, concomitante a tal, fazer surgir um novo, a partir de um cálculo feito com as novas contribuições advindas de novo vínculo laboral após a antiga aposentadoria. Este instituto jurídico vem, em oposição ao fator previdenciário, aproveitar um tempo de contribuição ainda não contabilizado, posterior a aposentadoria. O interesse decorre precipuamente do impacto do fator previdenciário que causa uma perda no valor de seu benefício.

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que tiveram como fundamentos princípios fundamentais que são afetados por esta restrição, como o princípio da dignidade da pessoa humana.

O problema da pesquisa consiste em a desaposentação ser ou não um meio jurídico viável para mitigar o fator previdenciário. O estudo tem como escopo geral analisar a desaposentação como uma forma de contraditar ao fator previdenciário. Quanto aos objetivos específicos, avaliar-se-á o a previdência e suas perspectivas, explorar-se-á o fator previdenciário, suas causas e consequências e ainda investigar-se-á a desaposentação como forma de mitigar o fator previdenciário.

A metodologia adotada para a concretização dos objetivos neste trabalho consiste no desenvolvimento de pesquisa bibliográfica e documental, através de normas, resoluções, pesquisa on-line, jurisprudências, dentre outros que tratam sobre o tema. Além de pesquisa doutrinária, analisando livros que dissertassem sobre o assunto. 2.REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 A PREVIDÊNCIA SOCIAL E SUAS CARACTERISTICAS

A previdência é a busca da proteção acerca de futuras necessidades, espécie da seguridade social, assim como a assistência social e a saúde. Alguns doutrinadores não se arriscam a apresentar conceito inédito de previdência, seja pela dificuldade terminológica ou pela constante evolução em que se encontra o instituto, quase todos acabam descrevendo as palavras contidas no art. 201, da Constituição Federal do Brasil de 1988:

Art. 201. A previdência social será organizada sob a forma de regime geral, de caráter contributivo e de filiação obrigatória, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial, e atenderá, nos termos da lei, a:

I - cobertura dos eventos de doença, invalidez, morte e idade avançada II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;

III - proteção ao trabalhador em situação de desemprego involuntário

IV - salário-família e auxílio-reclusão para os dependentes dos segurados de baixa renda;

V - pensão por morte do segurado, homem ou mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes, observado o disposto no § 2º.

A previdência tem como objetivo a proteção ao segurado e de sua família, proporcionando meios indispensáveis para o sustento. É o único dos subsistemas da seguridade social que está restrito à contribuição, uma limitação subjetiva dos protegidos, somente aqueles que tiverem a qualidade de contribuinte, terão a proteção por parte da previdência.

Tem caráter compulsório, não estando sujeito à vontade do segurado, salvo o facultativo. Não há, então, relação de consumo entre a previdência e o contribuinte, há uma proteção do Estado condicionada a contribuição do segurado. Segundo Martins (2009, p. 283):

A Previdência Social consiste, portanto, em uma forma de assegurar ao trabalhador, com base no princípio da solidariedade, benefícios ou serviços quando seja atingido por uma contingência social. Entende-se, assim, que o sistema é baseado na solidariedade humana, em que a população ativa deve sustentar a inativa, os aposentados. As contingências sociais seriam justamente desemprego, a doença, a invalidez, a velhice, a maternidade, a morte etc.

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será foco do nosso trabalho. Este regime é organizado pelo Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).

Outro regime é o privado, sendo facultativo e autônomo, tem caráter complementar aos outros, podendo ser fechado, quando destinado a um grupo restrito, ou aberto quando disponível a qualquer pessoa. Há também essa característica de complementaridade no regime público, implementada recentemente com a criação de um novo órgão federal, a PREVIC.

As prestações beneficiárias da previdência social são: salário-maternidade, salário-família, aposentadoria por idade, por tempo de contribuição, por invalidez, auxílio-doença, auxílio-acidente, auxílio-reclusão e reabilitação. Segundo Dias e Macedo (2012, p. 186):

As prestações beneficiárias, portanto, têm por objetivo “indenizar” o beneficiário pela ocorrência de um evento que diminui ou elimina a sua capacidade de auto sustento, mediante prestações pecuniárias, e, sempre que possível, minorar os efeitos desse evento permitindo que recupere a capacidade de auto sustento, objetivando, em ambas as situações, a garantia de subsistência dos beneficiários.

O princípio da preservação do equilíbrio financeiro e atuarial preconiza a existência de custeio em relação à prestação dos benefícios. Assim, a previdência deve ser pensada a curto, médio e longo prazo. A busca deste equilíbrio entre receitas e despesas deve ser observada a cada exercício financeiro, uma vez que, o orçamento é anual. Trata-se de princípio que não teve um conceito unânime, que devido a isto, deixará o legislador alterar a legislação de acordo com os seus objetivos.

Algumas das alterações na legislação são justificadas pelo déficit no orçamento da previdência social, que ora vem sendo apresentado pela mídia, pelos governantes e pelos empresários. Chega a ser atribuído como responsável pela crise econômica. Há algum tempo, tem-se tentado desmistificar esse fato, estudos científicos demonstram ser superavitária as contas, porém o que se percebe é o acobertamento pela mídia dos verdadeiros dados, o governo omite os verdadeiros índices e não vem tendo cautela com a receita oriunda das contribuições, trata-se de traços políticos. Na verdade, sabe-se que muitas desvinculações foram feitas das receitas que seriam da seguridade social, e que a junção do orçamento da seguridade com o fiscal não obedece ao que estabelece a Constituição Federal. Como apresenta, em seu artigo Seguridade social e previdência: situação atual, Pacheco Filho (2012, p. 81):

Apesar de o texto constitucional definir um orçamento para o Sistema de Seguridade Social, composto de um conjunto de fontes de financiamento para garantir o funcionamento desse sistema – como o Cofins, a CSLL, etc. -, o projeto neoliberal, tratou de desconstruir a concepção de proteção social aprovada na Constituinte de 1988. Assim, foram criados mecanismos para desviar os recursos destinados à Seguridade Social para outros fins alheios ao que foi definido na Constituição. Não obstante, foram mantidas algumas conquistas sociais importantes como, por exemplo, a aposentadoria sem a exigência de contribuição prévia para os trabalhadores da agricultura familiar.

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de salário-mínimo, independente de contribuição, acima de 65 anos ou com deficiência permanente.

2.2 O FATOR PREVIDENCIÁRIO E O EQUILIBRIO FINANCEIRO E ATUARIAL

Nessa empreitada para manter o equilíbrio, vem-se implementando várias ferramentas que podem tardar o benefício para o segurado, dentre elas podemos citar o fator previdenciário, que tem sido motivo de insatisfação para grande parte dos segurados. Advindo com a Lei nº 9.876, de 26 de novembro de 1999, o Fator é aplicado às aposentadorias por contribuição e por idade, neste último caso somente na majoração do benefício, é um índice que deve ser multiplicado pela média de 80% maiores salários de contribuição, desde de julho de 1994, do segurado. Segue a fórmula do fator previdenciário:

= × × 1 + ( +100 × )

Es = expectativa de sobrevida no momento da aposentadoria; Tc = tempo de contribuição até o momento da aposentadoria; Id = idade no momento da aposentadoria;

= alíquota de contribuição correspondente a 0,31.

Como exemplo, pode-se citar o segurado A, com 53 anos de idade, com salário de contribuição de dois salários-mínimos (pelo salário-mínimo atual, o valor seria de R$ 1.448,00), após contribuir 35 anos, resolve protocolar a sua aposentadoria no ano de 2014, a expectativa de vida neste período, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), é de 74,6 anos. Dessa forma, aplicando o valor na fórmula, teríamos um índice de 0,6682, que multiplicado a sua média dos 80% maiores salários de contribuição, cálculo do INSS para concessão de aposentadoria, o valor do benefício diminuiria para o salário de R$ 967, 55.

Trata-se de um índice calculado em razão da expectativa de sobrevida da população naquele ano, do tempo de contribuição, da idade em que o cidadão pleitear a aposentadoria, nos cálculos das aposentadorias por contribuição e idade, desta forma quanto mais cedo tentar ser beneficiário do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), menos receberá por isto. Como trata Agostinho e Salvador (2014, p.39):

O fator previdenciário então foi considerado como a solução geral dos problemas previdenciários no Brasil, a “fórmula mágica” capaz de gerar crescimento econômico em função da economia significativa de bilhões para os seus cofres, sobretudo de que mais se arrecadaria do que pagaria em termos de benefício, reprimindo, pedagogicamente, aquele que de uma forma jovial pretendesse a aposentação. Desta forma, com uma inatividade tardia, a administração estatal mais auferiria em termos contributivos ao longo dos anos.

A incidência do fator será um impacto na Renda Mensal Inicial (RMI), para que isso não ocorra, o segurado seja obrigado a trabalhar por mais algum tempo, mesmo possuindo todas as prerrogativas para a sua aposentadoria. De fato, o que acontece é que o segurado se aposenta com a incidência do fator e continua a trabalhar para manter o padrão de vida que possuía.

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liderada por alguns sindicatos e trabalhadores. Esse alarde nas ruas pelos direitos sociais trouxe à tona não somente um momento histórico para a sociedade como também para o direito previdenciário, como mostra o sítio do sindicato dos trabalhadores das instituições federais de ensino médio do estado de Mato Grosso do Sul, em julho de 2013:

Em Mato Grosso do Sul, além das centrais sindicais e do MST, outros movimentos sociais, como os Diretórios Centrais de Estudantes de várias universidades, a FETEMS (Federação dos Trabalhadores em Educação de Mato Grosso do Sul) e sindicatos de base das categorias, também estão à frente da organização e mobilização desta atividade que terá como pauta: a Redução da Jornada de Trabalho para 40h semanais, sem redução de salários; Fim do fator previdenciário; 10% do PIB para a Educação; 10% do Orçamento da União para a Saúde; Transporte público e de qualidade; Valorização das Aposentadorias; Reforma Agrária; Retomada das Terras Indígenas; Suspensão dos Leilões de Petróleo; Contra o PL 4330, sobre Terceirização; Pela Democratização da Comunicação e pela Reforma Política. (grifos nossos) Vale ressaltar, que o fator previdenciário foi incorporado na impossibilidade de inclusão de idade mínima para as aposentadorias por tempo de contribuição. Foi, na verdade, uma forma implícita de impor tal condição, com o argumento de déficit da previdência. Pressupõe-se que não foi uma alternativa tão viável para os cofres públicos, pois apesar de ser aplicado às aposentadorias por contribuição e por idade, nesta somente será aplicável se beneficiar o segurado, já aquela será a que sofrerá maior impacto, benefício que tem o maior número de contribuições necessários para a sua concessão, são necessários 30 anos para a mulher e 35 anos para o homem, com exceção dos professores que diminuem em 5 anos, como mostra Santos (2012, p. 23):

O fato é que passados 12 anos desde sua criação, o fator previdenciário gerou uma economia aproximada de R$ 31 bilhões, segundo declarações na imprensa pelo Exmo. Ministro da Previdência. Porém, esta quantia, frente ao gasto total da Previdência Social com benefícios no mesmo período, que foi de R$ 2.392.961.627.000,00 (dois trilhões, trezentos e noventa e um bilhões, novecentos e sessenta e um milhões, seiscentos e vinte e sete mil reais), representa uma redução de apenas 1,29 %.

Nos benefícios que o valor do cálculo torna o resultado inferior a um salário-mínimo, a constituição impossibilita tal feito, estabelecendo um piso. E ainda, quando o coeficiente do fator for maior que um, o benefício será maior que suas médias contributivas. Assim, os segurados buscam outras formas de aposentadoria ou estratégias para aumentar o tempo de contribuição.

Diante dos efeitos negativos da incidência do fator previdenciário, é aceitável a busca por medidas protetivas, pois o benefício que não substituía a sua renda efetivamente, agora encontra na desaposentação uma licença jurídica eficaz na busca de uma vida digna, após a sua contribuição para o desenvolvimento do país, isso faz do instituto um grande avanço jurídico.

2.3 A DESPOSENTAÇÃO COMO FORMA DE MITIGAÇÃO DO FATOR PREVIDENCIÁRIO

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reabilitação profissional, conforme a lei. Mota Filho (2013, p. 29) apresenta a

desaposentação de uma forma bem didática:

A desaposentação, portanto, nada mais é do que a possibilidade de renunciar ao benefício concedido para que o tempo de contribuição vinculado ao ato de concessão possa ser liberado, e somado ao novo tempo de contribuição posterior àquela aposentadoria, permitindo seu cômputo em novo benefício mais vantajoso. Ou seja, caracteriza-se no ato de desfazimento da aposentadoria por vontade do titular desta, apara aproveitar o tempo de filiação em contagem para nova aposentadoria mais vantajosa.

A renúncia ao benefício faz com que, no mesmo ato, aproveite-se o tempo anterior e o posterior à aposentadoria, com a aferição de outro benefício, mais vantajoso, agora com mais tempo de contribuição e mais idade. Em nenhum momento, deixa-se de receber a aposentadoria. A desaposentação fundamenta-se na ausência de qualquer impedimento para que haja a renúncia e a posterior concessão de nova aposentadoria.

O segurado volta a trabalhar e consequentemente a contribuir. Seria, no mínimo, uma afronta ao princípio da isonomia, tratá-lo de forma diferente daqueles que estão em sua mesma condição. Assim como os outros trabalhadores, eles querem ser beneficiados por aquelas contribuições que estão sendo pagas. De acordo com a lei, eles teriam como benefícios apenas a reabilitação profissional e o salário-família.

A desaposentação tem como seu principal fundamento a dignidade da pessoa humana. A Constituição Federal, em seu art. 5º, elenca o direito à vida, assim podemos incluir neste termo, não só o ato de nascer, crescer, reproduzir e morrer, deve-se abordar tudo que nela interfere, como trata Silva (2010, p.197):

Sua riqueza significativa é de difícil apreensão porque é algo dinâmico, que se transforma incessantemente sem sua própria identidade. É mais um processo (processo vital), que se instaura com a concepção (ou germinação vegetal), transforma-se, progride, mantendo sua identidade, até que muda de qualidade, deixando, então, de ser vida para ser morte. Tudo que interfere em prejuízo desse fluir espontâneo e incessante contraria a vida.

O cerne está na substituição do salário e a devida satisfação financeira que deveria haver, demonstra-se a afronta ao princípio da dignidade da pessoa humana na indiferença do Estado à pessoa do segurado que contribuiu ano após ano com intuito de chegar período que poderia gozar dos benefícios destas contribuições, então se criam regras diferenciadas que apenas lhe trazem prejuízos. Ao segurado resta continuar no período laboral por mais tempo e alcançar uma idade que lhe proporcione um salário de benefício maior ou sujeitar-se a receber um montante menor, que quase sempre se traduz no salário-mínimo.

Inexiste qualquer previsão legal expressa quanto à desaposentação no direito brasileiro, seja permissiva ou proibitiva. Assim, ausente norma proibitiva em vigor, presume-se direito à renúncia, como estabelecido no art. 5º, II, da Constituição Federal, no sentido de que ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer algo senão em virtude de lei. No decreto nº 3.048/1999, art. 181-B, caput, o legislador veda a renúncia e a reversão dos benefícios: “Art.181-B. As aposentadorias por idade, tempo de contribuição e especial concedidas pela previdência social, na forma deste Regulamento, são irreversíveis e irrenunciáveis.”

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modo que extrapolou os limites da Lei regulamentada, circunstância inadmissível no atual sistema jurídico pátrio.

Parágrafo único. O segurado pode desistir do seu pedido de aposentadoria desde que manifeste essa intenção e requeira o arquivamento definitivo do pedido antes do recebimento do primeiro pagamento do benefício, ou de sacar o respectivo Fundo de Garantia do Tempo de Serviço ou Programa de Integração Social, ou até trinta dias da data do processamento do benefício, prevalecendo o que ocorrer primeiro

Um fator que tem como consequência a desaposentação é a frustração do baixo valor dos proventos recebidos pelo segurado, geralmente proporcionados pela incidência do fator previdenciário no cálculo da aposentadoria, tendo como consequência a volta ao trabalho, o fim do pecúlio, que seria devido ao aposentado que voltasse a trabalhar, a devolução dos valores contribuídos neste período, a falta de planejamento do brasileiro quanto à aposentadoria e o aumento da expectativa de sobrevida, assim como mostram Agostinho e Salvador (2013, p. 25):

Para analisar a desaposentação e sua possibilidade jurídica, indubitavelmente, o aplicador do direto há de se perquirir não só o pacote protetivo almejado pelo planejamento constitucional, mas, também, aferir que a jubilação atual, impactada economicamente pela incidência do fator previdenciário, comporta transformação, de maneira a afastar este retrocesso previdenciário institucionalizado.

A jurisprudência vem sendo favorável aos casos de desaposentação. Já se questionou a devolução dos valores recebidos na primeira aposentadoria e a decadência do direito de pleitear a desaposentação na via judicial. Neste sentindo, desde o ano de 2011, espera-se o julgamento de recurso extraordinário nº 661256 pelo Supremo Tribunal Federal (STF), para que então o maior órgão do poder judiciário posicione-se a favor ou contra. No dia 8 de outubro de 2014, tivemos o primeiro voto que foi do relator do processo, o ministro Luis Roberto Barroso, votando parcialmente a favor da desaposentação:

5. Não sendo vedada pela legislação, a desaposentação é possível. No entanto, à falta de legislação específica – e até que ela sobrevenha –, a matéria sujeita-se à incidência direta dos princípios e regras constitucionais que cuidam do sistema previdenciário. Disso resulta que os proventos recebidos na vigência do vínculo anterior precisam ser levados em conta no cálculo dos proventos no novo vínculo, sob pena de violação do princípio da isonomia e do equilíbrio financeiro e atuarial do sistema. 6. Até que seja editada lei que trate da matéria, será adotado o seguinte critério: no cálculo dos novos proventos, os fatores idade e expectativa de vida devem ser aferidos com referência ao momento de aquisição da primeira aposentadoria. Tal interpretação se impõe em razão da finalidade de tais fatores à luz do sistema constitucional: graduar o valor dos benefícios em função do tempo estimado de permanência do segurado no sistema. Do contrário, o servidor desaposentado receberia benefícios por prazo muito maior do que os outros segurados com a mesma idade e o mesmo tempo de contribuição.¹

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lei que autorize tal feito e que desta forma o silente da lei quer dizer que não há direito a nenhuma prestação.

Diante dos pontos tratados, pode-se apontar a desaposentação como um mecanismo para livrar-se de um instrumento, sem justificativas cabíveis, tão prejudicial à população como o fator previdenciário. A busca incessante de uma melhoria na qualidade de vida, que parece ser mais viável após o tempo em que se labora no dia a dia, menos estresse, menos pressa, torna-se prejudicada devido a institutos criados pelo governo para mascarar a realidade. A desaposentação surge como um avanço frente ao atraso que foi trazido com o fator previdenciário.

3. METODOLOGIA

O estudo utilizou-se como método de pesquisa o método indutivo e conforme Gil (2011), é no indutivo, que parte do específico para a generalização, se utilizando de observações de casos concretos que confirmem a realidade, segundo o mesmo autor.

Quanto ao método técnico, utilizou-se o monográfico, por se tratar de um estudo profundo de um grupo, aqueles que são prejudicados pelo impacto do fator previdenciário com a aposentadoria e voltam a trabalhar, como afirma Lakatos e Marconi (2010, p. 90) “(...) o método monográfico consiste no estudo de determinados indivíduos, profissões, condições, instituições, grupos ou comunidades, com finalidade de obter generalizações.”

Quanto aos objetivos, a pesquisa é exploratória e descritva, para Beuren (2012, p. 80), “Por meio do estudo exploratório, busca-se conhecer com maior profundidade o assunto, de modo a torná-lo mais claro ou construir questões importantes para condução de pesquisa.” E ainda quanto a descritiva, na visão da mesma autora, “Infere-se ao exposto que a pesquisa descritiva configura-se como estudo intermediário entre a pesquisa exploratória e a explicativa, ou seja, não é tão preliminar como a primeira nem tão aprofundada como a segunda.”

A pesquisa é qualitativa, quanto a Richardson (2012, p. 90) “A pesquisa qualitativa pode ser caracterizada como a tentativa de uma compreensão detalhada dos significados e características situacionais apresentados pelos entrevistados. Em lugar da produção de medidas quantitativas de características de comportamentos.”

Já quanto ao delineamento será pesquisa bibliográfica, para Cervo, Bervian e Silva (2007, p.60) “A pesquisa bibliográfica procura explicar um problema a partir de referências teóricas publicadas em artigos, livros, dissertações e teses”. Já quanto a documental, afirmam que são investigações de documentos com a finalidade de comparar tendências e outras características.

Realizou-se uma análise das jurisprudências mais recentes quanto ao assunto, apreciou-se em diferentes tribunais quais os fundamentos das sentenças apresentadas e se a desaposentação tem sido vista de uma boa forma como técnica de jurídica para aplicação da legislação previdenciária.

4. ANÁLISE DOS RESULTADOS

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a seguir: Apelação cível nº 50095873020114047112- – TRF4; Embargos de declaração em apelação cível nº 1919739 – TRF3; e APELREEX nº 1904705 – TRF3.

No primeiro caso, trata-se de acórdão proferido em recurso de embargos de declaração em apelação cível, pelo desembargador do Tribunal Regional Federal da 3ª região:

PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. PRELIMINAR. DECADÊNCIA. EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. CONTRADIÇÃO, OBSCURIDADE OU OMISSÃO. INEXISTÊNCIA. PREQUESTIONAMENTO. EFEITOS INFRINGENTES. I - Embargos de Declaração opostos pelo Instituto Nacional do Seguro Social, em face do voto condutor (fls. 95/99), proferido por esta relatora, acompanhada pelo i. Desembargador Federal David Dantas, que negou provimento à apelação do INSS e à remessa oficial, tida por interposta, entendendo pela admissibilidade da desaposentação. II - Preliminar rejeitada. Requisitos invocados para a almejada desaposentação dizem respeito a interstício posterior ao ato concessório. Não há que se falar em decadência do direito. III - Inexistência de contradição, obscuridade ou omissão no Julgado, uma vez que o V. Acórdão impugnado, de forma clara e precisa, entendeu pela possibilidade de substituição da aposentadoria percebida por outra mais vantajosa, diante da orientação do STJ a respeito do tema, firmada em sede de representação de controvérsia, baseada na seara dos recursos repetitivos, regrado nos termos do art. 543-C do Código de Processo Civil. IV - O recurso de embargos de declaração não é meio hábil ao reexame da causa. V - A explanação de matérias com finalidade única de estabelecer prequestionamento a justificar cabimento de eventual recurso não elide a inadmissibilidade dos embargos declaratórios, quando ausentes os requisitos do artigo 535 do CPC. VI - Embargos improvidos. (AC – EMBARGOS DE DECLARACAO A APELAÇÃO CÍVEL – 1919739 – TRF3)

Quanto ao mérito, grande parte das decisões dos tribunais tem como fundamentação apenas a orientação do Superior Tribunal de Justiça que afirma que os benefícios previdenciários são direitos patrimoniais disponíveis e, portanto, suscetíveis de desistência pelos seus titulares, dispensando a devolução dos valores recebidos da aposentadoria a que o segurado deseja renunciar para a concessão de novo benefício, com valor revisto. Como demonstra o precedente do STJ:

"PREVIDENCIÁRIO. RENÚNCIA A APOSENTADORIA. CONTAGEM DO MESMO TEMPO DE SERVIÇO PARA OUTRO BENEFÍCIO DO MESMO REGIME. IMPOSSIBILIDADE.

1. Ocorrendo renúncia ao seu benefício de aposentadoria do Regime Geral, o tempo de serviço computado para a concessão daquele benefício não pode ser computado para concessão de outro benefício do mesmo regime.

2. Apelação e remessa oficial providas."(fl. 53)

Nas razões do especial, alega o Recorrente, além de divergênci jurisprudencial, violação ao art.488 da Lei n.º8.2133/91. Sustenta ter direito a renunciar aaposentadoria por idade, de natureza rural, que recebe atualmente, para percepção de outra mais vantajosa, qual seja, aposentadoria por idade, como contribuinte autônomo, ou seja, urbano.

Apresentadas as contra-razões e admitido o recurso na origem, ascenderam os autos à apreciação desta Corte.

A douta Subprocuradoria-Geral da República opina pelo provimento do recurso (fls. 67/70). REsp N. 310.884-RS. STJ

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de beneficio, mas sim de renúncia de um benefício parar percepção de um outro mais vantajoso, como mostra a sentença:

DIREITO PREVIDENCIÁRIO. DESAPOSENTAÇÃO. RENÚNCIA AO BENEFÍCIO DE APOSENTADORIA POR TEMPO DE CONTRIBUIÇÃO OBJETIVANDO A CONCESSÃO DE OUTRO MAIS VANTAJOSO. POSSIBILIDADE. 1. Remessa oficial conhecida, nos termos do § 2º do artigo 475 do Código de Processo Civil. 2. Segundo entendimento pacificado em nossos Tribunais, fundado na ausência de vedação no ordenamento jurídico brasileiro, ao segurado é conferida a possibilidade de renunciar à aposentadoria recebida, haja vista tratar-se de um direito patrimonial de caráter disponível, não podendo a instituição previdenciária oferecer resistência a tal ato para compeli-lo a continuar aposentado, visto carecer de interesse. 3. A renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo benefício, seja no mesmo regime ou em regime diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. 4. O novo benefício deve ser implantado com o cálculo da RMI na data do último salário-de-contribuição que antecede a propositura da presente ação, com efeitos financeiros a contar da citação, quando o INSS tomou ciência da pretensão da parte autora. 5. A correção monetária incide sobre as prestações em atraso, desde as respectivas competências, na forma da legislação de regência, observando-se que, a partir de 11.08.2006, deve ser considerado o INPC como índice de atualização dos débitos previdenciários, nos termos do artigo 31 da Lei n.º 10.741/2003, c.c. o art. 41-A da Lei n.º 8.213/91, com a redação que lhe foi dada pela Medida Provisória n.º 316, de 11 de agosto de 2006, posteriormente convertida na Lei n.º 11.430 de 26.12.2006, não se aplicando no que tange à correção monetária as disposições da Lei n.º 11.960/09 (AgRg no Resp 1285274/CE - Resp 1270439/PR). 6. Em relação aos juros de mora, são aplicados os índices na forma prevista no Manual de Orientação de Procedimentos para os Cálculos na Justiça Federal, sendo devidos desde a citação, de forma global para as parcelas anteriores a tal ato processual e de forma decrescente para as parcelas posteriores, e incidem até a data da conta de liquidação que der origem ao precatório ou à requisição de pequeno valor - RPV (STF - AI-AGR 492.779/DF). 7. Os honorários advocatícios devem ser fixados em 15% (quinze por cento) do valor atualizado das prestações vencidas até a data em que foi proferida a sentença objeto do recurso, nos termos da Súmula 111 do E. STJ. 8. O INSS é isento do pagamento de custas processuais, nos termos do art. 4º, inc. I, da Lei Federal nº 9.289/96, devendo reembolsar, quando vencido, as despesas judiciais feitas pela parte vencedora devidamente comprovadas nos autos. 9. Remessa oficial e apelação do INSS parcialmente providas. Apelação da parte autora improvida. (APELREEX – 1904705 – TRF3)

Ressalta-se que trata-se de fato após o ato concessório, ou seja, as contribuições aconteceram após o ato de aposentar-se, muitas vezes em um período que vai até o ato de desaposentação. Cabe lembrar, ainda, a alegação do desembargador quanto à prescrição quinquenal. Desta forma, quando houver requerimento administrativo indeferido, a sentença somente poderá retroagir à data do indeferimento se este estiver datado de até cinco anos atrás.

Frisou-se o fato de o aposentado voltar a exercer atividade laboral, abrangida pelo Regime Geral de Previdência Social, tornando-se segurado obrigatório, ficando sujeito às contribuições para fins de custeio. Dessa forma, a renúncia tem efeito ex nunc

(não retroativo), sem implicar o ato que deu origem ao primeiro benefício, tampouco em devolução dos valores recebidos pelo segurado.

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magistrado, como já foi enfatizado neste artigo, argumentando, ainda, a diferenciação de tratamento dada aos segurados que ainda não se aposentaram e o direito ao pecúlio que foi extinto.

Logo, a desaposentação, ou seja, a renúncia à aposentadoria, para fins de concessão de novo benefício no mesmo regime ou em regime diverso, não implica em devolução dos valores percebidos, pois, enquanto esteve aposentado, o segurado fez jus aos seus proventos. Nota-se que houve uma evolução acerca das decisões até que se chegasse aqui, um ponto importante que já foi resolvido, era a alteração do regime, assim uma das condições (já afastada) para a concessão da desaposentação, renúncia ou reaposentação, como queiram chamar, seria a alteração o regime previdenciário.

Nesta ação, houve o pedido de afastamento do fator previdenciário no cálculo do novo benefício, fato que não prosperou devido a decisão do Supremo Tribunal Federal acerca da inconstitucionalidade do índice: “Com relação à aplicabilidade do fator previdenciário no cálculo do novo benefício, observo que o Supremo Tribunal Federal ao julgar a Medida Cautelar na Ação Direta de Inconstitucionalidade nº. 2.111-DF, cuja relatoria coube ao Ministro Sydney Sanches, por maioria, indeferiu a liminar, por não ter sido vislumbrada a alegada violação ao artigo 201, § 7º, da Constituição Federal”, alegando o togado que não há nenhuma ilegalidade quanto ao fator previdenciário.

De certo, usar a jurisprudência como fonte do direito é a forma de demonstrar a evolução da justiça, uma vez que as leis são históricas, explicitam o momento que se está vivendo, existindo um maior dificuldade na sua alteração, aquela apresenta-se como uma forma de atualizar o direito. Demonstra-se tal feito nesta decisão, que traz um grande estudo não somente sobre o instituto da desaposentação mas da legislação previdenciária. Trata-se do julgado de uma apelação cível nº 48008891 do Tribunal Regional Federal da 4ª região:

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mostra-se de difícil ou impraticável efetivação, esvaziando assim a própria tutela judicial conferida ao cidadão. 6. A tutela jurisdicional deve comportar a efetividade substantiva para que os resultados aferidos judicialmente tenham correspondência na aplicação concreta da vida, em especial quando versam sobre direitos sociais fundamentais e inerentes à seguridade social. 7. A efetivação do direito à renúncia impõe afastar eventual alegação de enriquecimento sem causa do segurado, uma vez que a percepção do benefício decorreu da implementação dos requisitos legais, incluídos nestes as devidas contribuições previdenciárias e atendimento do período de carência. De outra parte, o retorno à atividade laborativa ensejou novas contribuições à Previdência Social e, mesmo que não remetam ao direito de outro benefício de aposentação, pelo princípio da solidariedade, este também deve valer na busca de um melhor amparo previdenciário. 8. Do ponto de vista da viabilidade atuarial, a desaposentação é justificável, pois o segurado goza de benefício jubilado pelo atendimento das regras vigentes, presumindo-se que o sistema previdenciário somente fará o depresumindo-sembolso frente a este benefício pela contribuição no passado. Todavia, quando o beneficiário continua na ativa, gera novas contribuições, excedente à cotização atuarial, permitindo a utilização para obtenção do novo benefício, mesmo que nosso regime não seja da capitalização, mas pelos princípios da solidariedade e financiamento coletivo. 9. A renúncia ao benefício anterior tem efeitos ex nunc, não implicando na obrigação de devolver as parcelas recebidas porque fez jus como segurado. Assim, o segurado poderá contabilizar o tempo computado na concessão do benefício pretérito com o período das contribuições vertidas até o pedido de desaposentação. 10. Os valores da aposentadoria a que o segurado renunciou, recebidos após o termo inicial da nova aposentadoria, deverão ser com eles compensados em liquidação de sentença. 11. Diante da possibilidade de proceder-se à nova aposentação, independentemente do ressarcimento das parcelas já auferidas pelo benefício a ser renunciado, o termo a quo do novo benefício de ser a data do prévio requerimento administrativo ou, na ausência deste, a data do ajuizamento da ação. (AC – APELAÇÃO CÍVEL – 50095873020114047112-

TRF4)

Esta decisão aborda os precedentes do STJ da mesma forma que as já apresentadas. Nesta, o desembargador aponta a aposentadoria como ato administrativo vinculado, pois a partir do momento em que possui todas as prerrogativas para a sua concessão, a administração é obrigada a fazer, não podendo argumentar conveniência e oportunidade, inerente aos atos discricionários. Entretanto, se um dos aspectos é a vontade do segurado, seja de aposentar-se ou manter-se aposentado, neste aspecto desejando o segurando reconsiderar, a manifestação de continuar recebendo o beneficio ou não, entra então o elemento vontade, tornando o fato gerador incompleto, justificando a renúncia.

Neste sentido, a aposentadoria é um direito social, com caráter personalíssimo, patrimonial, individual e disponível. Assim, a aposentadoria não está condicionada à tutela exclusiva do órgão previdenciário, pois o segurado terá que ir até a uma agência da previdência social para pleiteá-la. Observa-se neste instante a vontade, não podendo, portanto, o INSS concedê-la de ofício. Pode-se usar o mesmo critério para a desaposentação, e a vontade do segurado de não continuar aposentado.

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A decisão justifica a necessidade de continuar trabalhando na melhoria das condições de vida pelo substrato constitucional que fundamento os direitos sociais e a proteção da dignidade da pessoa humana, fator preponderante neste trabalho. A desaposentação deve ser vista como uma proteção que busca assegurar diante de eventos futuros e/ou incertos.

Foi discutida a questão do déficit previdenciário, apresentado-o como um discurso ameaçador que só tem como finalidade a inibição da justiça e o comprometimento da aplicação dos direitos sociais. Mencionando, ainda os eventuais desequilíbrios da instituição previdenciária decorrentes de realocação de recursos orçamentários para subsidiar outros gastos públicos, tradicionalmente usados desde muito tempo.

A decisão é como uma forma de apresentar o trabalho de forma prática, apresentando decisões de caso concretos, dando força e credibilidade a linha que segue, trazendo toda a ideologia usada, mostra a evolução do pensamento do magistrado, afirmando que em suas primeiras decisões sobre o assunto, decidiu pela devolução das parcelas recebidas, mas que não mais assim posiciona-se, reconhecendo isto como uma avanço da posição do tribunal, devido à dificuldade que seria para o segurado a devolução de todos os valores percebidos, deixando poucos em condições de usufruir do instituto, o que não deve ser o papel da justiça.

5.CONCLUSÃO

A desaposentação é um instituto desconhecido frente a legislação previdenciária, o objetivo deste trabalho é, também, torná-lo popular, oferecendo uma linguagem que fosse de fácil entendimento para o leitor. Essa notoriedade é uma forma de pôr em prática um dos objetivos elencados na Constituição Federal que é reduzir as desigualdades sociais, pois como ninguém poderá alegar desconhecimento da lei, os segurados tomariam conhecimento e, atendendo as condições, poderiam usufruir deste direito.

A previdência vem buscando uma forma de diminuir o arrimo dado ao segurado, fato um pouco controvertido, uma vez que, sua função principal é dar essa proteção a sociedade. Percebe-se essa tentativa infundada diante de fatos como o fator previdenciário.

Este entrave é uma afronta a vários fundamentos e princípios constitucionais. A dignidade da pessoa humana talvez seja o mais atingido por ele. A repercussão do assunto e as manifestações políticas acerca do fator previdenciário foi de extrema importância para a evolução da defesa deste trabalho, acredita-se que o direito vem progredindo, que os julgadores não estão presos a letra da lei.

Afinal, o que sempre acontece é que quando o segurado busca uma igualdade, um incremento no seu benefício, uma revisão até, que vai de encontro aos interesses do Estado, a justificativa é sempre a mesma, equilíbrio financeiro e atuarial, não se pode tratar a previdência como algo assistencial pois tem caráter contributivo. Entretanto, quando se quer impor qualquer aumento de contribuição, alíquota por parte do Estado, fundamenta-se no princípio da solidariedade, o qual todos são responsáveis por todos.

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seguro, a desaposentação traz um início dessa mudança ou, pelo menos, um incentivo para que a previdência tenha seu verdadeiro papel aplicado.

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