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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS CRISE FINANCEIRA MUNDIAL DE 2008 E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE CURSO DE CIÊNCIAS ECONÔMICAS

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL DE 2008 E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA

ALEXSANDRA RIBEIRO SANTOS

ORIENTADOR: JOSÉ DE JESUS SOUSA LEMOS

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ALEXSANDRA RIBEIRO DOS SANTOS

CRISE FINANCEIRA MUNDIAL DE 2008 E SEUS IMPACTOS NA ECONOMIA BRASILEIRA

Monografia apresentada ao curso Ciências Econômicas, da Faculdade de Economia, Administração, Atuárias, Contabilidade e Secretariado da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do Título de Bacharel em Ciências Econômicas.

Orientador: José de Jesus Sousa Lemos

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Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Graduação em Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Bacharel, outorgado pela Universidade Federal do Ceará, e encontra-se à disposição dos interessados na Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária e Contabilidade - FEAAC, da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que seja feita de conformidade com as normas da ética científica.

_____________________________

Alexsandra Ribeiro Santos

MONOGRAFIA APROVADA EM _____/_____/_____

_________________________________ ____________

Prof. Dr. José de Jesus Sousa Lemos Nota

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________ ____________

Prof. Dr. Fabio Maia Sobral Nota

Universidade Federal do Ceará (UFC)

_________________________________ ____________

Prof. André Lima Sousa Nota

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação Universidade Federal do Ceará

Biblioteca da Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo

S725c Santos, Alexsandra Ribeiro dos .

Crise financeira mundial de 2008 e seus impactos na economia brasileira / Alexsandra Ribeiro dos Santos . – 2012.

56 f. : il. color.; enc.

Monografia (Graduação) – Universidade Federal do Ceará, Faculdade de Economia, Administração, Atuária, Contabilidade e Secretariado Executivo, Curso de Bacharelado em Ciências Econômicas, Fortaleza, 2012.

Orientação: Profº. José Jesus Sousa Lemos

1. Mercado financeiro 2. Economia - crise 3. Economia - Brasil I. Título.

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A Deus.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus pelo dom da vida, e por essa inexplicável força que Ele nos dar para seguirmos em frente com garra e perseverança.

Em especial a minha mãe, Adriana Ribeiro dos Santos, pela formação ética e moral que ela sempre me proporcionou, e por sua batalha cotidiana, no intuito de nos fazer vencer as adversidades da vida sempre de cabeça erguida.

Aos meus irmãos, por estarem sempre ao meu lado nas horas mais difíceis.

As minhas tias, e de modo especial a tia Maria José Silva Tabosa, pelo incentivo e força de sempre.

Ao meu pai do coração, Bernardo Ferreira Barros, por sempre acreditar no meu sucesso e por vibrar com minhas vitórias.

As minhas amigas, Fátima Lima, Dangela Oliveira, Maria Jose Soares, Eremita Pontes e tantas outras que contribuíram com energias positivas para a realização deste trabalho.

Ao meu amigo, Cândido Átila, que tanto contribuiu com a indicação de textos e instrumentos de pesquisas, meu sincero agradecimento.

Ao meu nobre amigo, Luiz Moura que esteve comigo ao longo dessa jornada e tanto colaborou com seu carinho e paciência.

Ao Professor Lemos, por sua dedicação, disponibilidade e contribuição intelectual, bem como por sua orientação e aconselhamento, que foi a espinha dorsal para a realização deste trabalho.

Aos mestres e mestras da FEAACS, pelo apoio para a realização deste trabalho.

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“Pessoas que não lêem, seus conhecimentos são frágeis e superficiais.”

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RESUMO

A crise financeira mundial de 2008, motivada principalmente pela crise dos mercados imobiliários e financeiro dos EUA ganhou grande repercussão na mídia mundial. Nem mesmo a considerável fase de crescimento econômico de alguns países emergentes tais como Brasil, Índia e Rússia no período foram suficientes para atenuar os efeitos “devastadores” dessa crise, que abalou principalmente os EUA, Japão e as maiores economias da Europa, como Alemanha, França e Inglaterra. No Brasil, esta crise foi pouco sentida na nossa economia, dado o contexto de estabilização da economia. Foi feita uma pesquisa secundária com dados de sites especializados, como IPEA, Revista Conjuntura Econômica e Banco Central do Brasil, e uma pesquisa bibliográfica exploratória.

Um dos principais ensinamentos que pode ser apreendida no que se refere à crise financeira mundial é que pode haver uma relação de complementaridade entre a política de liberalização da economia e uma participação do estado. A intervenção estatal pode assumir algum papel relevante no sentido de conduzir a economia para uma trajetória de estabilização e desenvolvimento da economia.

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ABSTRACT

The global financial crisis of 2008, driven primarily by the crisis in financial markets and U.S. real estate has gained wide media coverage around the globe. Not even the considerable phase of economic growth of some emerging countries such as Brazil, India and Russia in the period were sufficient to at least mitigate the effects "devastating" this crisis, which affected mainly the USA, Japan and major European economies, as Germany, France and England. In Brazil, this crisis has been little felt in our economy, given the context of stabilizing the economy.

A search was performed with data from secondary specialized sites, such as IPEA, Journal Economic Outlook and Central Bank of Brazil, and an exploratory literature. One of the key lessons that can be understood in relation to the global financial crisis is that there may be a complementary relationship between the policy of liberalization of economy and state participation. Government intervention can take some important forces driving the economy into a path of stabilization and economic development.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 10

2. REFERENCIAL TEÓRICO ... 12

2.1. Breve histórico de crises financeiras no mundo ... 12

2.1.1. Crise do México de 1994 ... 12

2.1.2. Crise Asiática de 1997 ... 14

2.1.3. Crise Russa 1998 ... 16

2.1.4. Crise Brasileira 1999 ... 19

2.2. Crise Financeira Mundial 2008 ... 21

3. FONTE DE DADOS E METODOLOGIA ... 26

4. RESULTADOS ... 27

4.1. Impactos da crise financeira de 2008 sobre a economia brasileira ... 27

4.2. O cenário da economia brasileira nos anos de 2011 e 2012 ... 33

4.2.1. PIB Real... 38

4.2.2. Investimento Real... 39

4.2.3. Índice de Preços ao Consumidor Amplo – IPCA... 41

4.2.4. Balança Comercial... 43

4.2.5. Importações FOB... 45

4.2.6. Produção Industrial... 46

4.2.7. Rendimento Médio Real... 48

4.2.8. Taxa de Desemprego... 49

4.2.9. Taxa de Juros Nominal OVER/SELIC... 50

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 52

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1. INTRODUÇÃO

As crises econômicas mundiais sempre acompanharam a evolução do sistema econômico capitalista. Tem-se o registro de mais de 300 crises financeiras no mundo ao longo da história do capitalismo, no período entre 1720 e 1987 (KINDLEBERGER

(1978) citado por FILHO E SILVA 2011). O aprofundamento das relações econômicas

internacionais, entre os países consolidados com o processo de globalização da economia, faz com que os impactos de uma crise financeira mundial sejam sentidos entre os diversos países, isso porque, no que se refere aos mercados financeiros e às relações de comercio internacional, é grande a dependência das economias da periferia do capitalismo com relação às potencias econômicas mundiais. Assim sendo, o impacto de crises financeiras, que têm origens nos países desenvolvidos, afeta diretamente as economias mais vulneráveis e seus efeitos, em geral, são devastadores.

Este trabalho tenta avaliar os impactos da crise financeira sobre as principais potências econômicas mundiais e, por conseguinte, fazer uma análise comparativa, determinando os fatos motivadores de tal contexto econômico. A partir de então, surge a indagação: será que a crise financeira mundial de 2008 teve impactos significativos na economia brasileira de modo a comprometer a estabilização econômica?

A presente pesquisa busca analisar a conjuntura econômica atual e situar a posição do Brasil no contexto econômico, no que se refere à sua estabilidade econômica, a eficácia e efetividade das políticas econômicas implementadas pelos Governos no sentido de atenuar possíveis impactos da crise financeira internacional. Ademais, este trabalho também procura discutir o papel do estado na economia, confrontando com as políticas de caráter liberal. Tem-se como foco avaliar se os mecanismos de política econômica estatal são mais efetivos do que a simples liberalização no sentido de esperar o auto-ajuste da economia, via equilíbrio dos mercados.

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com relação à crise financeira atual que assola algumas economias, como Grécia e Portugal para citar apenas dois exemplos.

Espera-se nesta monografia avaliar se as seguintes hipóteses são validadas na presente análise; (i) As crises financeiras analisadas não afetaram significativamente a economia brasileira e (ii) O crescimento econômico e a relativa estabilidade de países emergentes como Brasil e Índia não influenciaram significativamente no sentido da minimização dos efeitos perversos da crise sobre muitos países como Portugal, Espanha e Grécia.

Como objetivo geral desta pesquisa pretende-se traçar um quadro comparativo das crises financeiras mundiais em 2008 e 2011 e verificar quais foram seus reflexos na economia brasileira.

Com relação aos objetivos específicos do trabalho tem-se como foco:

(i) Elencar os principais fatores motivadores de crise financeira mundial no período analisado;

(ii) Analisar como se deram as políticas econômicas do governo no sentido de amortecer possíveis impactos da crise.

Para analisar os impactos da crise financeira mundial sobre a economia brasileira, utilizou-se uma vasta pesquisa bibliográfica e a análise secundária de dados do site do IPEA-DATA para a elaboração de tabelas e gráficos a partir de dados macroeconômicos tais como PIB real, taxa de juros SELIC, Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), taxa de desemprego, produção industrial, etc.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Breve histórico das crises financeiras no mundo

As crises financeiras mundiais de 2008 e 2011 guardam alguma relação, de modo que esta pode ser vista com alguns reflexos ou resquícios daquela. De outro modo, pode-se dizer que a crise vivenciada em 2011 pode ser encarada como um desdobramento daquela ocorrida em 2008. As grandes crises no mundo possuem diferentes características, dentre essas se podem citar alguns exemplos: As crises da Bolsa de Valores dos EUA em 1929 (grande depressão), do México em 1994 e da Rússia em 1998. A crise mundial de 2008 afetou principalmente as economias desenvolvidas como EUA, Japão, Alemanha, França e Inglaterra. Além de manifestar efeitos graves em economias “intermediárias” – menos expressivas no contexto da União Européia - tais como Portugal, Espanha e Grécia.

Na literatura econômica é vasta a quantidade de trabalhos sobre as crises financeiras internacionais, com suas diversas causas: cambial, financeira, monetária, e com os problemas tratados com instrumentos de políticas econômicas os mais diversos.

Com relação à crise do México, por exemplo, Resende (1995) faz uma análise da que ocorreu em 1994, e relaciona seus impactos com a estabilização da economia brasileira. De acordo com seu estudo a estabilização só foi possível a partir de um conjunto de medidas econômicas incorporadas ao plano real.

2.1.1 Crise do México 1994

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Diante deste contexto de crise, o México viveu um considerável déficit na relação entre a conta-corrente e a taxa de câmbio. Com a supervalorização das importações, e em contrapartida, produtos estrangeiros mais baratos e de qualidade superior, ocorreu a queda na produção da indústria nacional, com algumas exceções como a indústria de cerveja e de cimento. Ou seja, o mercado interno estava arrasado em decorrência desse efeito “perverso da supervalorização cambial”.

No intuito de sanar o déficit na balança comercial o Banco Central mexicano comprou grandes quantidades de dólares e abriu o mercado de títulos para investidores externos no sentido de atrair maior capital estrangeiro. No entanto, o efeito foi contrário, visto que a moeda supervalorizada atraiu maior volume de importações. A entrada de capitais estrangeiros constituiu o fator fundamental para a manutenção da política

crawling peg. No intuito de incetivar a entrada de investimentos estrangeiros, o governo

mexicano criou os tesobonos, que consistiam em papéis do Banco Central mexicano cujo valor estava atrelado ao dólar, para evitar a desvalorização da moeda nacional, aliado a isso à elevação da taxa de juros da economia, o que provocou um quadro de recessão interna. Com essa medida a estabilidade econômica de então estava garantida e o peso estava cotado a 3,3 unidades para cada dólar.

A conjuntura internacional caminhava em paralelo com a vulnerabilidade da economia mexicana. Os EUA experimentavam um crescimento econômico modesto em 1994, e com isso também tiveram um temor de inflação, o que levou o Federal reserve a aumentar a taxa de juros de 3% para 5,5%. Associado a isso, também se aumentou o retorno dos títulos norte-americanos, que concorreram fortemente com os do México. Na verdade esses títulos concorriam com os de qualquer outro país. Mesmo com os chamados tesobonos, as reservas mexicanas diminuiram consideravelmente de março a setembro de 1994. Objetivando conter os efeitos desse cenário altamente negativo, Salinas, e seus comandados, reduziram demasiadamente as reservas de moeda estrangeira, que passaram de US$ 30 bilhões para somente US$ 6 bilhões no final de 1994.

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queda nas cotações dos títulos dos países emergentes em todo o mundo. Uma resultante social desse cenário foi um forte desemprego em que mais de 200 mil pessoas ficaram desempregadas no México e várias empresas fecharam as portas nesse período.

Sobre as politicas e os efeitos da crise na economia mexicana Krugman (1999) p.79, argumenta que:

No esforço de convencer os mercados de que não iria desvalorizar o peso, o México convertera bilhões em dívidas de longo prazo nos chamados tesobonos, indexados ao dólar. Com a queda do peso, o tamanho da dívida dolarizada explodiu. Em face da ampla publicidade sobre o problema dos tesobonos, agravou-se ainda mais o pânico.

A crise financeira do governo logo repercutiu no setor privado. Em 1995, o PIB real do México despencaria 7 por cento; e a produção industrial, 15 por cento; muito pior do que tudo o mais presenciado nos Estados Unidos desde os anos 30 – na realidade, bem mais grave do que a queda inicial na atividade econômica que se seguiu à crise da dívida em 1982. Milhares de empresas faliram; centenas de milhares de trabalhadores perderam o emprego.

2.1.2 Crise Asiática de 1997

A crise asiática de 1997-1998 também foi ocorrida no âmbito do sistema financeiro e bancário. Houve uma série de problemas no setor bancário e no mercado de capitais das principais economias do sudeste asiático; Cingapura, Malásia, Hong-Kong e no Japão.

Medeiros (2001) analisa as mudanças estruturais políticas, sociais e econômicas ocorridas na Ásia em 1997-1998 e seus condicionantes, analisando o impacto das transformações na dinâmica do crescimento do Sudoeste e Leste Asiático e seus desdobramentos. O autor analisa também o crescimento da importância da economia da China no mercado mundial.

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A crise iniciou-se a partir do colapso financeira do Thai Baht, unidade monetária tailandesa, em decorrência da decisão de uma política econômica adotada, a qual consistia em tornar o câmbio flutuante. Essa medida visava, principalmente, impedir a intensa fuga de capitais dessa economia. Nesse período, a situação da Tailândia era bastante calamitosa em face de sua grande dívida externa. As importações foram reduzidas em consequência da desvalorização da sua moeda, o que contribuiu para um cenário de necessidade de intervenção do setor externo da economia para tentar recuperar a perda significativa de reservas internacionais desse país. A crise tailandesa foi se generalizando com o tempo para outras economias do sudeste asiático e Japão, ocorreu uma desvalorização generalizada desses mercados financeiros e um latente endividamento externo nessas economias. Esta crise, inicialmente de caráter pontual, foi regionalizada com o tempo, dada a integração dos mercados de capitais, e posteriormente tornou-se uma crise de escala global.

O estopim da crise financeira da Ásia foi caracterizado pelo anúncio, em 2 de julho de 1997, de que o Thai Baht, passaria a flutuar, o que causou a sua desvalorização imediata em 15%. Problemas em instituições financeiras domésticas havia já iniciado uma crise de confiança. Em menos de dois meses, Filipinas, Malásia e Indonésia desistiram da defesa de suas moedas, também sofrendo depreciações substantivas. Apesar da aprovação de pacotes emergenciais de empréstimos pelo FMI à Tailândia, em agosto, e posteriormente à Indonésia e à Coréia, a crise continuou se aprofundando.

Com relação ao trágico episódio de 2 de Julho, Krugman (1999, p.123), esclarece que:

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recuasse no seu crescimento inicial. A única maneira de sustentar o valor da moeda teria sido reduzir a quantidade de bath em circulação, elevando as taxas de juros e tornando de novo atraente a tomada de dólares para reinvestimento em bath. Mas, essa alternativa impunha outros tipos de problemas. Com o enfraquecimento dos fundos de investimento, a economia tailandesa entrou em desaceleração – reduziram-se as atividades de construção civil, eliminando empregos, diminuindo a renda e desencadeando demissões no restante da economia – não era ainda uma recessão plena, tampouco a economia mantinha o estilo de vida dos bons tempos. Elevar as taxas de juros siginificaria desestimular ainda mais os investimentos, e talvez empurrar a economia para um declínio inquestionável.

A crise financeira rapidamente transformou-se numa recessão nesses países atingidos, em 1997 o PIB dos países do sudeste asiático apresentaram significativas quedas. O PIB tailandês, depois de atingir um pico em meados de 1997, diminuiu em mais de 10%, até alcançar um piso na segunda metade do ano seguinte. Na Malásia, a queda do PIB foi também próxima de 10% entre os terceiros trimestres de 1997 e 1998. As Filipinas enfrentaram uma redução mais modesta, de 3%, enquanto a Coréia do Sul, a última grande economia asiática a entrar na crise, teve seu PIB reduzido em 8% entre o final de 1997 e a primeira metade de 1998. A Indonésia foi a mais intensamente afetada, com um declínio acima de 15% no PIB do período.(KRUGMAN, 1999)

2.1.3 Crise russa de 1998

A crise russa de 1998 foi gerada, principalmente, pela via de entrada do mercado financeiro e por uma crise cambial, houve também corridas bancárias nesse período.

Aquela turbulencia de 1998 foi caracterizada por dois eventos principais, a saber: uma intensa desvalorização do Rublo, unidade monetária nacional, e a declaração de moratória até a renegociação de sua dívida externa. A moratória também contribuiu para aumentar ainda mais a desconfiaça dos investidores estrangeiros na economia russa e provocar uma fuga de capitais considerável no período. Na verdade, a credibilidade desta economia já estava desgastada mesmo antes da consolidação da crise.

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mal-sucedida da economia planificada para uma economia de mercado após a derrocada da antiga União Soviética.

Krugman (1999), p. 170, explica os primórdios da crise financeira russa de 1998, da seguinte maneira:

A aparente habilidade da Rússia em utilizar suas armas nucleares como garantia de empréstimos, encorajou alguns investidores estrangeiros audaciosos a assumir o risco e a colocar dinheiro na Rússia. Todos sabiam da possibilidade de uma desvalorização do Rublo, talvez de grandes proporções, e o governo da Rússia simplesmente não honrou suas dívidas. Mas parecia uma boa aposta; antes do desastre, o ocidente injetaria mais dinheiro de emergência. Como a dívida do governo russo oferecia taxas de juros extremamente elevadas, que chegaram a 150 por cento, a jogada era tentadora para os investidores com elevada tolerância ao risco – sobretudo os fundos de hedge. No entanto, afinal, a aposta acabou não sendo tão boa. No verão de 1998, a situação financeira da Rússia se desenrolou com maior rapidez do que o esperado. Em Agosto, George Soros (!) sugeriu publicamente que a Rússia desvalorizasse o rublo e estabelecesse um currency board. Suas observações desencadearam uma corrida sobre a moeda, precipitando uma desvalorização inadequada no estilo mexicano e, em seguida, uma combinação de colapso da moeda e moratória da dívida. ...Repentinamente os créditos contra a Rússia passaram a ser vendidos, quando se conseguia um comprador, por apenas uma pequena fração do seu valor nominal, e bilhões de dólares se perderam.

A crise econômica da Rússia teve forte influência da implementação da chamada política de “choque” econômico em direção ao capitalismo de mercado em 1992, que teve consequências desastrosas para a economia russa. Ocorreu a falência de milhares de empresas o que levou, consequentemente, a milhares de desempregados, resultando também em altas taxas de violência urbana. Nesse ano a economia apresentou taxas negativas de crescimento do PIB e altas taxas de inflação. O desemprego atingiu 15% da população economicamente ativa.

Durante o período da crise de 1998, a Rússia também vivia um cenário marcado por uma grave instabilidade política decorrente de conflitos com a Chechênia, em virtude de uma guerra separatista em 1994. Ademais, o país estava ainda tentando se reestruturar como uma economia capitalista, ou seja, estava ainda sendo construída uma nova economia liberta dos últimos resquícios da ex-União Soviética.

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As exportações na Russia foram afetadas diretamente pela crise asiática, dado que na ocasião, foi reduzida a demanda por commodities na economia mundial e, além disso, o preço do petróleo caiu para abaixo de US$ 10 durante alguns dias em 1998, mantendo-se abaixo de US$ 15 até o ano de 1999.

Após a crise de 1998, a Rússia passou a experimentar, até a época da crise financeira de 2008, elevadas taxas de crescimento econômico dando sinais de clara recuperação, o PIB cresceu em média 7% ao ano entre 2000 e 2008. A crise russa teve muito haver com a desvalorização do Rublo e a moratória da dívida externa. Essa crise consolidou-se em 17 de Agosto de 1998. Adiciona-se também o período de instabilidade política por que passava este país nos conflitos com a Chechênia, comunidade localizada no território russo que luta para tornar-se estado independente da Rússia.

Cysne (2007) analisa os resultados positivos do crescimento econômico da Rússia após a crise de 1998, e aponta os principais fatores que contribuíram para que a economia russa pudesse retomar a trajetória de relevante crescimento econômico e compara com o crescimento e a recuperação da economia brasileira.

O autor argumenta que:

Tomando-se os seis anos que vão do início de 2001 ao final de 2006, portanto, após as respostas de cada economia à crise cambial de 1998/1999, a economia da Rússia cresceu em média 6,2% ao ano, 43,5% em termos acumulados. No Brasil, o crescimento médio no mesmo período foi de 2,90%, e o acumulado de 18,7%. Conclui-se que; se o Brasil tivesse crescido à taxa russa, o seu PIB teria sido em 2006 em torno de 21% superior ao que se observou. Tanto o Brasil como a Rússia tem se beneficiado, desde o período logo após a crise de 1998-1999, de melhora dos termos de troca com o exterior. A diferença fica por conta da concentração da pauta de exportações, que no caso da Rússia, é bastante centrada no petróleo, neste quesito ponto a favor do Brasil.

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2.1.4 Crise brasileira de 1999

A crise brasileira de 1999, partiu de uma desvalorização do real, pois na ocasião, o regime cambial passou de câmbio fixo para câmbio flutuante. A economia brasileira apresentava déficits nas contas públicas e um crescimento econômico modesto nesse ano. Além de enfretrar problemas quanto à variação de suas reservas internacionais.

A crise do real e a desvalorização cambial de janeiro de 1999 estão associados diretamente a problemas estruturais no Plano de combate à inflação implementado no Brasil. O Plano Real foi bem sucedido em controlar a inflação ainda em 1994. Entretanto, a implementação de políticas econômicas deflacionistas (juros elevados, baixo investimento estatal), associadas a um câmbio semi-fixo sobrevalorizado, gerou, ao longo dos anos, um grave acúmulo de problemas econômicos estruturais.

Com relação a polítca cambial executada durante o plano real, Krugman (1999, p. 188), argumenta que:

Ao contrário do peso argentino, o valor do real não estava atrelado de forma definitiva ao dólar dos Estados Unidos. Preocupado com a possibilidade de que uma tentativa tão drástica de estabilizar a moeda, resultasse numa sobrevalorização da moeda no estilo mexicano, os reformadores brasileiros implementaram, ao contrário, uma política de minidesvalorizações cambiais – uma série previamente divulgada de pequenas desvalorizações que incluiria alguma inflação residual. De início, o esquema pareceu funcionar; a inflação declinou rapidamente e, embora alguns produtores se queixassem de que estavam sendo alijados dos mercados mundiais pelos seus preços não-competitivos, a sobrevalorização não pareceu um grande problema. No outono de 1997, o Brasil foi alvo de um ataque especulativo, que o forçou a aumentar as taxas de juros para defender a moeda. A situação acarretou a desaceleração do crescimento e algum aumento no desemprego; mas, em princípios do verão de 1998, a situação ainda parecia tolerável e gerenciável.Então veio a Rússia. Talvez tenha ocorrido algum contágio direto e mecânico a partir das perdas russas: pelo menos alguns fundos de hedge estavam investindo no Brasil para aproveitar as altas taxas de juros, apostando que o real se desvalorizaria apenas gradualmente, e foram forçados a sair, quando perderam dinheiro em outros lugares. Mas a principal fonte de contágio parece ter sido a súbita constatação pelos investidores de algumas semelhanças entre os dois países, sobretudo no tocante ao fato de que o Brasil também apresentava déficits orçamentários persistentemente elevados.

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US$ 250 bilhões. Pode-se citar como outra importante fonte desses recursos, o processo de privatização de algumas das mais importantes empresas estatais do país. A principal crítica que se fazia à forte sobrevalorização do câmbio, é que a inflação já havia sido controlada desde 1995.

As medidas de política baseadas na diminuição de gastos, via cortes das despesas públicas e o aumento da já enorme carga tributária, que permitiriam considerável superavit primário, não impediram ainda assim o crescimento da dívida pública e da própria dívida externa. Aliado a tudo isso, instaurou-se uma crise política e social como fruto do aumento da pobreza, concentração de renda e corte em alguns dos gastos sociais e transferências de renda unilaterais.

A economia brasileira em 1999 foi também bastante influenciada pelo contexto de crises conjunturais importantes, como a da Ásia em 1997 e a da Rússia em 1998. Isso devido à drástica queda no preço das commodities exportadas pelo Brasil, reduzindo o crédito e dificultando a captação de dólares no exterior. Depois disso, o câmbio brasileiro, até então sobrevalorizado, teve que passar por um processo de desvalorização. O choque de preços externo na economia fez com que se agravasse o desequilíbrio interno na economia brasileira. A partir da segunda quinzena de Janeiro de 1998, o governo brasileiro iniciou o processo de desvalorização da moeda.

O marco incial no processo de desvalorização da moeda ocorreu quando em Janeiro de 1999, o então novo presidente do Banco Central Francisco Lopes criou uma modalidade de controle do câmbio que ficou conhecida como banda diagonal endógena. A desvalorização de então, veio devido ao fato de não conseguir sustentar uma cotação de um dólar para R$ 1,32 permitindo assim a flutuação do câmbio.

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2.2. Crise financeira mundial 2008

A crise financeira de 2008 nos EUA guarda algumas semelhanças com a grande depressão, a partir da quebra da bolsa de Nova York em 1929. O maior problema que gerou a crise de 2008 foi a intensa especulação do capital financeiro. Ademais disso, os agentes da economia, nessa perspectiva especulativa, acabaram desconsiderando em suas ações e escolhas o lado real da economia, de modo que esse lado real não estava acompanhando a falsa “prosperidade” gerada no âmbito do mercado financeiro, esse descompasso entre lado real e financeiro da economia é apontado como uma das causas centrais do quadro de crise financeira generalizada que se instalou a partir da crise hipotecária subprime nos EUA.

Munhoz (2009) explica a causa da crise de 1929 nos seguintes termos:

A crise de 1929 se iniciou segundo diferentes analistas, por um descompasso entre oferta e demanda de bens na economia americana, como resultado de um crescimento desproporcional da oferta, dado um elevado volume de investimentos num clima de euforia que refletia nas bolsas de valores; e quando tudo veio abaixo numa economia que respondia por algo em torno de 40% da economia e do comércio mundial, o mundo não resistiu e o conjunto de nações sentiu o amargor de uma das maiores crises econômicas dos tempos modernos – e certamente a mais devastadora. A política do New Deal do presidente Roosevelt, empossado em 1933, com um amplo programa de investimentos e grandes avanços na ação regulatória, conseguiu amenizar um quadro tétrico de depressão, recuperando parte da produção e do emprego, mas não impediu que em 1939 mais de dezessete em cada cem norte-americanos continuassem engrossando um exercito de desempregados. A mobilização industrial americana, com uma vasta estatização da demanda após o país se alinhar, na 2ª guerra mundial, no combate ao nazismo, turbinada por um orçamento de despesas que se aproximou da metade do PIB, afastou o fantasma da crise, a maldição do desemprego, os horizontes sombrios.

Com relação à crise financeira de 2008, que abalou as principais economias mundiais, Munhoz (2009), argumenta que:

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Brasil -, ungidos pelo toque de Midas, vivesse num paraíso conceitos como produção, geração de valor adicionado, rendas do trabalho e rendas do capital milagrosamente tivessem se tornados obsoletos e desprezíveis. A propósito, jamais se poderia imaginar que na euforia dos financiamentos hipotecários o sistema estadunidense passasse a produzir verdadeiras filipetas, multiplicando a captação de recursos de terceiros – dentro dos Estados Unidos, junto a bancos europeus ou japoneses, à base de títulos emitidos sem lastro real. Com a crise afetando o universo dos bancos americanos ruiria um segundo castelo de cartas, que eram os preços supervalorizados das ações nas bolsas de valores. Desabando as bolsas, retrai-se a economia real, pois parte da demanda que animava as economias se atrelava aos outrora reluzentes ganhos com valorização de ativos e intermediação financeira.

A crise do subprime tem seu início a partir de 2007 com o advento da securitização de empréstimos para os devedores do tipo subprime. Esses efeitos se propagaram em escala global na economia mundial.

Esta crise agravou-se principalmente nos países desenvolvidos, cujas relações econômicas no mercado financeiro e comercio internacional estão intimamente ligadas à economia norte-americana. Houve forte recessão e desemprego também em países menos expressivos do continente europeu tais como na Grécia, Espanha e Portugal, inclusive com ameaça de moratória da dívida externa e sucessivos pacotes econômicos maus sucedidos, que incitavam manifestações populares as mais diversas nestes países, mormente na Grécia.

De acordo com o FMI, as economias desenvolvidas chegaram a apresentar queda no produto de 7,2% e 8,3% no quarto trimestre de 2008 e primeiro de 2009, respectivamente. Frente à demanda externa mais fraca e restrições para o crescimento devido ao mercado financeiro internacional mais contraído, países emergentes também sofreram as conseqüências da crise, principalmente a partir do último trimestre de 2008, ainda que, na maioria dos casos, com menor intensidade. (Sousa, Yoshino e Bianconi 2011).

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Munhoz (2009) sugere que:

Talvez um dos caminhos para uma vigorosa intervenção dos governos na busca da recuperação da produção e do emprego seja os Estados Unidos e as grandes economias europeias e asiáticas implementarem um grandioso programa conjunto – subdividido em etapas qüinqüenais – de produção de bens de uso coletivo – especialmente na área de saúde, saneamento e transportes urbanos, e bens destinados à construção e equipagem de moradias, para a doação ou venda a preços simbólicos, destinadas a regiões e famílias de baixa renda, tanto dentro das próprias fronteiras como em países de baixa renda. É vital que se procure dinamizar diretamente a indústria da transformação, dados os reflexos generalizados nos demais setores da economia, e conseqüentemente no nível de emprego.

Filgueiras (2009) discute os fatores da crise econômica internacional mostrando, de que forma, este evento impactou sobre a economia brasileira. Nesse trabalho o autor analisa os impactos sobre a economia brasileira a partir do mercado de capitais, sobretudo o dos EUA e o comércio internacional. Ademais ele pondera sobre liberalização econômica, intervenção estatal na economia e discute como se deu as políticas econômicas do Banco Central do Brasil (BACEN) na condução dos rumos da economia nacional no contexto da instabilidade econômica mundial. O autor conclui que os efeitos imediatos da crise global de 2008 não foram muito sentidos na economia do nosso país e sugere como possíveis medidas de políticas para atenuar efeitos da crise financeira; o controle dos fluxos de capitais em curto prazo, e a re-configuração da pauta de exportações do país, a médio e longo prazo, em direção a produtos com maior intensidade tecnológica, maior valor agregado, e maior dinamismo no mercado internacional. Entretanto, o autor aponta que a adoção de políticas econômicas pelos agentes não se restringe às decisões pautadas apenas nos fundamentos econômicos, mas em interesses econômicos e políticos do capital internacional.

Gonçalves (2008) analisa os impactos da crise econômica mundial sobre os países da América Latina com ênfase dada à economia brasileira. Ele conclui, na sua análise, que o Brasil insere-se no grupo dos países latino-americanos mais afetados pela crise econômica internacional que se consolidou no ano de 2008.

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autores concluem pelo papel de complementaridade das políticas intervencionistas na economia que permite de certa feita, o bom funcionamento dos mercados. Eles concluem ainda pelo pragmatismo de modo que as proposições de políticas econômicas devem adequar-se a conjuntura econômica de acordo com a necessidade e conveniência dos diferentes cenários econômicos.

Filho e Silva (2011) analisam semelhanças e diferenças entre a crise financeira internacional de 2007-08, originada a partir da crise do subprime nos Estados Unidos, e a Grande Depressão dos anos 1930. Os autores comparam alguns aspectos do ambiente institucional e macroeconômico do padrão câmbio-ouro e o processo de globalização, assim como a questão da regulação econômica nos EUA, país em que se originou a referida crise. Ademais, eles confrontam as repercussões das crises, a partir de um conjunto de variáveis macroeconômicas.

Fonseca (2010) trabalha a crise financeira de 2008 na perspectiva da construção do desenvolvimento econômico. Nesse contexto o autor aponta para possibilidades da constituição de novas formas de desenvolvimento. O autor faz alguns delineamentos acerca do desenvolvimento no século XXI no período pós-crise financeira de 2008.

Silber (2010) Em sua analise do cenário da crise financeira de 2008, aponta como principais causas da crise de 2008 a desregulamentação e gigantismo do processo de intermediação financeira, desequilíbrio macroeconômico e formação de bolhas nos preços dos ativos. Entre as consequências desse evento na economia mundial, o autor cita o aumento considerável na regulamentação do mercado financeiro, aumento da coordenação política macroeconômica internacional, aumento da importância dos países em desenvolvimento na economia mundial e diminuição do papel do dólar como moeda de reserva internacional.

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debate, a partir das autoridades monetárias e dos órgãos multilaterais, tende para uma proposta nos moldes heterodoxos (ao estilo de Keynes), apresentando-o como condição necessária para a estabilização da economia.

Torres, (2008), analisa os impactos da crise de 2008 sobre as economias dos países emergentes e situa este grupo de economias no contexto da economia mundial. O autor coloca os países emergentes com um papel central a desempenhar no sentido de contribuírem na reestruturação do sistema econômico mundial e argumenta que apesar desses países emergentes de um modo geral não absolverem totalmente os efeitos da crise financeira mundial, o surgimento de uma nova ordem financeira mundial aponta para a tendência de um papel mais proeminente destes países no conjunto da economia mundial.

DIEESE (2011) em sua nota técnica nº 104 caracteriza o cenário da economia mundial apresentado sob os mecanismos de manifestação da crise financeira de 2008 e analisa os possíveis impactos desse processo sobre a economia brasileira. Esse estudo aponta para um cenário menos favorável da economia mundial naquele ano em relação à crise de 2008, isso se deve de certa forma, aos impasses políticos entre Estados Unidos e Europa e ênfase fiscal nessas economias. Além disso, sugere-se maior atuação dos Estados Nacionais no sentido de regular e ativar as respectivas economias, uma vez que o gasto público nesta perspectiva seria praticamente o único elemento da demanda sobre o qual se pode ter influência mais direta, com o objetivo de reativar essas economias nacionais.

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3. FONTE DE DADOS E METODOLOGIA

Este trabalho caracteriza-se do ponto de vista da metodologia como uma pesquisa secundária com levantamento bibliográfico a partir da Análise exploratória de artigos, reportagens de jornais, dissertações, monografias ou teses. Este trabalho é de caráter descritivo e a análise empírica do mesmo está baseada em diferentes autores cuja visão sobre o comportamento da economia brasileira na crise apresenta-se a favor e outras contra as medidas de política econômica do governo brasileiro

As fontes dos dados constituem-se de pesquisas em sites especializados tais como o do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), na base de dados IPEA-DATA, Revista Conjuntura Econômica da Fundação Getúlio Vargas, Banco Central do Brasil (BACEN) entre outras fontes.

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4. RESULTADOS

4.1 Impactos da crise financeira de 2008 sobre a economia brasileira

A crise financeira no Brasil foi encarada pelo discurso governista do PT, partido do então presidente Lula, como uma “marola”, sem maiores consequências para a nossa economia, ou seja, o governo federal vendia a imagem de que a economia brasileira estava blindada com relação à crise financeira mundial.

Em uma visão governista, Pochmann (2009) p. 64 argumenta que:

Na crise global dos dias de hoje, o Brasil responde positivamente. Os avanços econômicos e sociais obtidos anteriormente à crise atual indicam que o país encontra-se melhor preparado para enfrentar o grave quadro internacional. A despeito das dificuldades, o país tem condições – em plena crise – de reaparelhar o seu sistema financeiro para responder às exigências de reorganização do setor produtivo. Ou seja, utilizar as políticas públicas para ampliar e aprofundar o funcionamento do mercado, concebendo maiores oportunidades aos micro e pequenos empreendedores, bem como aos diversos setores produtivos emergentes. Tudo isso, é claro, sem abandonar o sentido geral da repartição da renda, necessário para fazer valer o potencial do seu mercado interno, avançando nas reformas redistributivas que possam contribuir para o avanço da mobilidade social e aprofundamento do consumo de massa. Da mesma forma, cabe ressaltar o horizonte do comércio externo, que nestes momentos de profundas turbulências permite tornar mais competitivos variados segmentos produtivos (micro e pequenos negócios), contribuindo para diversificar e elevar o valor da pauta de exportação.

Mas, será que não tivemos reflexos significativos da crise financeira mundial sobre nossa economia?

Vários autores analisam os impactos da crise financeira mundial de 2008 sobre a economia brasileira, dentre os quais pode-se citar:

Munhoz (2009) analisa a vulnerabilidade econômica brasileira frente à crise do sub-prime, apontando os mecanismos de propagação da crise financeira pelo mundo e analisando as principais políticas econômicas brasileiras no sentido de minorar os efeitos dessa crise financeira.

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Para estes autores, o Brasil situa-se numa posição intermediária quanto aos efeitos econômicos provocados pela crise financeira do subprime dos EUA. Ou seja, não estamos totalmente blindados com relação à crise financeira nem se pode dizer que o Brasil foi fortemente atingido pela crise relativamente a outras economias desenvolvidas e as emergentes. Eles argumentam que:

O discurso oficial nos últimos meses de 2008 era de que a crise não chegaria ao Brasil, ou nos alcançaria como uma “marola”. As opiniões mais recentes são as de que “o pior já passou”. Embora alguns indicadores, como os da balança comercial, do nível de emprego, das vendas no varejo e expansão do crédito doméstico pareçam indicar que a pior fase da crise estaria superada, outros números deveriam servir de base para que análises desse tipo sejam feitas com mais cautela. Dados da desaceleração na atividade e no emprego industrial e a excessiva sobreapreciação cambial mostram que o perigo e um aprofundamento da crise ainda subsistem. No caso do câmbio, não há indicação alguma de que o Banco Central vá tomar medidas efetivas para conter a valorização do real que tem decorrido da entrada de dólares em investimentos externo direto, aplicação na bolsa de valores ou para especulação em títulos públicos, acarretando perda de competitividade nas exportações e primarização da economia.

Se é verdade ou não que se pode falar em desastre, também não é prudente alardear que a turbulência ficou no passado.

Gentil e Maringoni (2009) avaliam ainda, como se deu a propagação da crise internacional de 2008 sobre a economia nacional bem como a política econômica em relação a esse cenário conjuntural. Os autores alertam para um comprometimento da economia brasileira no que diz respeito aos indicadores de produção, emprego na indústria e sobre as exportações.

Lavinas (2009) analisa alguns aspectos do sistema de proteção social no contexto da crise financeira, apontando para a possibilidade de reformulação desse sistema mediante esse cenário da crise financeira internacional de 2008. O autor sugere uma agenda para esse debate da proteção social capaz de aprimorar esse sistema para fazer frente aos efeitos dessa conjuntura econômica.

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Munhoz (2009) p.78 analisa da seguinte forma:

Nos Estados Unidos a crise se iniciou pelo ativo do sistema bancário – dificuldades dos bancos em reaver os empréstimos hipotecários de alto risco -, os chamados subprime, daí se espraiando para o passivo das instituições financeiras face aos prejuízos acumulados e a dificuldade de manter o nível de captação de recursos. No Brasil, a crise também impactou primeiro o sistema financeiro, mas como os bancos locais pouco investiram em títulos emitidos por bancos americanos (que passaram a constituir créditos podres), e como o passivo externo dos bancos brasileiros (empréstimos contraídos junto a bancos internacionais) era relativamente baixo – em torno de US$ 50 bilhões -, a crise que aqui ingressou pelo passivo dos bancos – dificuldades em manter o nível de recursos captados do exterior - ficou restrita a problemas de bancos de menor porte.

No período de eclosão da crise financeira mundial o Banco Central do Brasil adotou uma série de medidas política com o intuito de garantir a blindagem de nossa economia com relação à dos demais países atingidos. Filgueiras (2009) elenca algumas medidas adotadas pelo BACEN da seguinte maneira:

No Brasil o Banco Central abandonou a posição de “blindagem” da economia com relação aos EUA e adotou as seguintes medidas de política:

1 – Leilões para a venda de dólares (não conseguiu diminuir a volatilidade do câmbio e desvalorização do real)

2 – Redução dos depósitos compulsórios (para impedir uma contração abrupta do crédito)

A política de aumento da taxa de juros constituiu um instrumento utilizado para frear a inflação. Porém, numa economia sem controle do fluxo de capitais, a elevação da taxa de juros também é utilizada com o objetivo de tentar impedir a fuga de capitais nos momentos de crise.

As restrições externas como a redução dos saldos da balança comercial e crescimento do déficit da conta de transações correntes – forçaram, possivelmente, a redução do ritmo de atividade econômica.

A crise financeira de 2008 não atingiu de forma drástica o sistema financeiro brasileiro por conta de certa solidez do sistema bancário brasileiro. Sobre como se manifestaram as causas da crise financeira sobre a economia brasileira Gentil e Maringoni (2009) argumentam que:

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processo de desvalorização cambial durou pouco tempo e foi revertido, transformando-se em perigosa desvalorização.

Sobre a situação relativamente estável do sistema bancário brasileiro frente ao processo devastador da crise financeira, Gentil e Maringoni (2009) argumentam que:

A crise externa, entretanto, não atingiu o sistema bancário nacional como ocorreu com outros países europeus e asiáticos. E não atingiu porque o sistema financeiro brasileiro, há anos, vinha atrelando sua alta rentabilidade aos títulos da dívida pública doméstica, remunerados pelas taxas de juros mais elevadas do mundo. Em outras palavras é como se o estado brasileiro estivesse prestando um socorro financeiro preventivo ao sistema bancário, através das altas taxas de remuneração do capital. Suas operações mantinham-se protegidas por uma política de câmbio sobrevalorizado, promovida pela autoridade monetária. Os bancos instalados no Brasil dispunham internamente de alternativa mais rentável e segura que os ativos de alto risco e, assim, não se envolveram nos esquemas de hipotecas subprime doméstico, saíram aparentemente intactos das turbulências da crise financeira. A fragilidade da economia brasileira iria se localizar; portanto, em outra esfera, fora do sistema bancário.

A crise contribuiu de certa feita para reduzir as previsões que se faz acerca do comportamento do PIB da economia no período a partir de 2008.

Musse (2009) explica que:

O consumo das famílias, que constitui uma das variáveis mais importantes para o crescimento do PIB, veio desacelerando no quarto trimestre de 2008 e primeiro de 2009 se comparado com mesmos períodos no ano anterior. Muito embora tenham mantido o crescimento devido ao comportamento da massa salarial real, que teve elevação de 7,6% no quarto trimestre de 2008. Reduzindo para um crescimento de 5,2% no primeiro trimestre de 2009. Além disso, houve uma redução no crescimento, em termos nominais, do saldo de operações de crédito do sistema financeiro com recursos livres para as pessoas físicas (de 25,8% no quarto trimestre de 2008 para 22,1% no primeiro trimestre de 2009). Já a Despesa de Consumo da Administração Pública variou de 2,7% na comparação com o mesmo período de 2008, o que é salutar para o atual momento. A FBKF – Formação Bruta de Capital Fixo – registrou decréscimo de 14%, explicado, principalmente, pela redução da produção interna de máquinas e equipamentos. Nesse trimestre houve uma variação negativa da Construção Civil, o que também contribui para o desempenho negativo da FBKF. Além disso, a meia da taxa de juros efetiva Selic para o primeiro trimestre de 2009 superou a taxa do primeiro trimestre de 2008. Já as exportações de Bens e Serviços decresceram 15% em relação ao mesmo trimestre do ano anterior. As importações também apresentaram uma redução nessa comparação, da ordem de 16%, tendo tido o primeiro declínio desde o terceiro trimestre de 2003.

Ainda sobre o comportamento declinante da balança comercial durante o período da crise Musse (2009) estabelece que:

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na pauta de vendas externas. A crise tem provocado queda nos preços internacionais das commodities, reduzindo a receita dos exportadores desses produtos. Nos últimos meses os preços de grande parte desses bens caíram em média, 30%, de acordo com índice CRB (Commodity Reseach Bereau). Além disso, as exportações brasileiras de manufaturados puxaram queda da balança comercial para uma situação deficitária em Janeiro 2008 (primeiro déficit comercial mensal em oito anos). A retração deveu-se, principalmente, à redução das vendas de automóveis, autopeças, laminados, aparelhos transmissores e receptores e pneumáticos. Com o mercado externo desaquecido devido à baixa demanda, as matrizes multinacionais tomaram para si os negócios de suas subsidiárias no Brasil. O que deu sustentação à indústria nesse período turbulento foram as vendas no mercado interno, puxadas por medidas governamentais como redução de IPI (carros, eletrodomésticos brancos e materiais de construção). As importações também foram reduzidas a partir de outubro/08 em função da redução da demanda interna e da desvalorização do câmbio. A partir de fevereiro, o saldo cresceu bastante, mas não pelo aumento significativo das exportações, e sim porque as importações mantiveram-se baixas.

Situação tão ou mais crítica que a da balança comercial brasileira, deficitária no período da crise, é o comportamento do emprego formal no Brasil.

Conforme pontua Musse (2009):

Analisando o mercado formal brasileiro, circundado pelos efeitos da crise, percebe-se, pelos comparativos do último trimestre de 2008 e primeiro semestre de 2009, o quanto o saldo formal de empregos formais, levantados pelo MTE – Ministério do Trabalho e Emprego -, através do CAGED, é inferior ao de anos anteriores. Isso mostra que nem mesmo o Brasil; um país que desamarrou há alguns anos, os nós neoliberais, que concedeu aumento real ao salário mínimo, que gerou emprego e renda, que expandiu o Programa Bolsa Família, estar imune à crise.

Ainda o autor analisa o desempenho do mercado de trabalho em 2008 e parte de 2009, da seguinte maneira:

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dentre as nove faixas de instrução que fazem parte da análise educacional, as cinco menos qualificadas registram recuo dos empregos formais durante a crise. Um motivo razoável que pode explicar estes resultados é que os empregadores poderiam estar demitindo aqueles profissionais menos estratégicos, com menor ônus para a empresa. Neste caso a relação custo/benefício tem sido um fator determinante da rotatividade, onde o ‘capital intelectual’ dos mais instruídos ganha força.

A arrecadação tributária do governo federal também declinou em 2009, devido aos efeitos da crise econômica, com destaque para os impostos e contribuições relacionados com lucro, faturamento e á formalização no mercado de trabalho.

Musse (2009) argumenta que:

No primeiro semestre de 2009, a arrecadação federal acumulou R$ 321,37 bilhões, 7% a menos em relação ao primeiro semestre de 2008.

No caso das receitas administradas (somente impostos e contribuições federais, sem contar royalties e concessões), o volume somou R$ 52,86 bilhões em junho. Com isso, teve queda de 7,38% frente ao mesmo mês de 2008, o maior recuo foi registrado em fevereiro deste ano, quando a arrecadação caiu 11% frente ao mesmo mês de 2008.

No que se refere ao aumento da arrecadação líquida do INSS, no primeiro semestre de 2009 (em comparação ao primeiro semestre de 2008) grande parte foi devido à criação de 299,5 mil postos formais de trabalho no período, o que fez crescer a arrecadação sobre a folha de salários (embora, como fora dito, esse quantitativo esteja aquém do alcançado em anos anteriores). Essa sustentabilidade no emprego teve um impacto positivo na arrecadação do INSS, assim como o aumento da formalização de micro empresas (com ate quatro trabalhadores). De janeiro a junho de 2009, a receita foi de R$ 82, 9 bilhões, sendo 5,4% superior ao obtido no mesmo período de 2008 (R$ 78,6 bilhões), conforme dados do MPS.

Os efeitos imediatos da crise global de 2008 não foram muito sentidos na economia do nosso país e entre as possíveis medidas de políticas para atenuar efeitos da crise financeira, tem-se o controle dos fluxos de capitais, no curto prazo e a re-configuração da pauta de exportações do país, no médio e longo prazo, em direção a produtos com maior intensidade tecnológica, maior valor agregado, e maior dinamismo no mercado internacional. Pode-se ainda inferir que a adoção de políticas econômicas pelos agentes não se restringe a decisões pautadas apenas nos fundamentos econômicos, mas em interesses econômicos e políticos do capital internacional.

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intermediária com relação aos efeitos da crise financeira mundial. Ou seja, não há motivos para preocupação intensa, nem se pode ficar totalmente tranqüilo e dizer que a crise financeira não passa de “marolinha”, dado que o Brasil tem forte relação econômica com países desenvolvidos dos mais afetados pela crise financeira e um setor externo e mercado de capitais intimamente ligados com esses países.

4.2 O Cenário da economia brasileira nos anos de 2011 e 2012

O ano de 2012 foi marcado de certa forma pela continuidade da crise financeira nas grandes economias mundiais, fenômeno já consolidado nos anos anteriores. Nos EUA e na União Europeia, apesar de seus conjuntos de medidas de políticas econômicas para conter a crise, mais destacadamente medidas mais restritivas nas áreas monetária e fiscal, ainda são evidentes os sinais de desaceleração econômica apesar dos esforços dos Governos desses países. Tal cenário de crise financeira, como um problema recorrente nessas economias, exige dos governos uma maior habilidade no sentido de recondução das políticas econômicas, e não uma atuação de simples controle de gastos governamentais.

Apesar de ainda apresentar um razoável nível de crescimento econômico comparativamente à economia mundial nos anos de 2011 e 2012, o Brasil tem experimentado certa desaceleração na sua economia. Nem mesmo as políticas fiscais de contenção de gastos em alguns momentos do Governo Dilma e as sucessivas reduções na taxa básica de juros SELIC, foram suficientes para manter a economia num patamar de elevado crescimento econômico.

Muitos analistas apontam para um cenário não muito favorável em 2013, dado que EUA, Japão e Europa ainda tentam livrar-se de todos os resquícios de crise financeira mundial. Os investimentos estrangeiros também estão em declínio, isso devido à tributação excessiva sobre eles e a intervenção de governo. Esses fatores têm levado o capital estrangeiro a migrar para outras economias em desenvolvimento.

Conforme CNI (2012):

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produzir estão na raiz do problema. O baixo nível de investimento, a qualidade da regulação, o excesso de burocracia e a qualidade da educação são algumas das razões para a baixa produtividade. Com ganhos de produtividade escassos, o aumento de custos se transforma em perda de competitividade.

Entre os fatores que contribuíram para a desaceleração da economia brasileira no ano de 2011 o Observatório Empresarial (2011) destaca que:

A atividade econômica no Brasil arrefeceu a partir do segundo semestre de 2011, o que provocou um aumento de PIB de 2,7%, em relação a 2010. Este comportamento foi decorrente do agravamento do ambiente econômico internacional e dos ajustes de estoques em segmentos importantes da indústria. Entre os fatores responsáveis pelo mau desempenho destacam-se: (1) a existência de acúmulo indesejado de estoques, notadamente no setor de auto-veículos; (2) o nível excessivamente apreciado da taxa de câmbio; (3) e as turbulências presentes na conjuntura internacional. Analisando o desempenho dos setores no ano de 2011 observa-se que a atividade industrial teve um crescimento de apenas 1,6%; a agropecuária cresceu 3,9%, e os serviços 2,7%. Embora continue a haver um expressivo crescimento do consumo das famílias – 4,1% em 2011 – a taxa de investimento, caiu de 19,5% do PIB para 19,3%.

A economia mundial registrou um processo de desaceleração entre os países de economia mais forte. Conforme IPECE (2012):

A propósito, em dezembro de 2011 havia uma previsão de crescimento de 9,2% para a economia chinesa no primeiro trimestre de 2012, mas a taxa real obtida foi de 8,1%. A economia americana, ainda em recuperação, registrou uma alta de 2,2% em seu Produto Interno Bruto (PIB) do primeiro trimestre, um pouco menor do que o governo americano havia previsto, de 2,3%. Quanto às economias da zona do Euro, elas continuam com dificuldades e os primeiros resultados trimestrais de 2012 apontam para uma redução de 0,30% na economia da região, destacando-se a Espanha, a Grã-Bretanha e a França, que já divulgaram seus dados, com taxas negativas de, 0,30%, 0,20% e 0,10%, respectivamente. A explicação para a recuperação lenta dos países envolvidos na crise está nas medidas de austeridade tomadas pelos governos, inclusive provocando taxas de desemprego das mais elevadas dos últimos 15 anos, (10,90%). Deve-se recordar que foram; o excesso de dívida, déficit elevado e a falta de reformas estruturais, que levaram os países do Euro à atual crise.

A economia brasileira de certa forma está seguindo a tendência da economia mundial, que também vem experimentando um processo de desaceleração econômica desde o pós-crise de 2008, de modo que o crescimento em 2011 foi mais modesto do que no ano de 2010.

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crescimento mais alto não se sustentou em 2011 especialmente devido ao baixo crescimento dos países mais avançados. O crescimento da economia mundial cai de 4,1 para 2,7% entre 2010 e 2011. O crescimento dos países desenvolvidos cai de 2,7 para 1,4% e dos países em desenvolvimento como um todo (da Ásia, África e América Latina, incluindo a China) cai de 7,5 para 5,9%. E (segundo o FMI) o crescimento da América Latina como um todo (sem excluir o Brasil) cai de 6,2 para 4,5%. Esta desaceleração do crescimento mundial por sua vez reduz o crescimento real do comércio internacional de bens e serviços, que cai de 13,1 para 6,6% entre 2010 e 2012. (SERRANO E SUMMA, 2012).

A economia brasileira apesar das medidas do governo objetivando estimular a produção no mercado interno e elevar o consumo da população através da redução da taxa de juros SELIC do IPI (Imposto para produtos industrializados) não conseguiu manter um patamar elevado de crescimento econômico. Conforme (IPECE,2012):

Em termos da economia brasileira, ainda não se dispõe de dados trimestrais, mas as expectativas de crescimento do PIB, para 2012, divergem entre os órgãos do governo e entidades internacionais que fazem projeções, como o FMI, que prevê uma taxa de 3,0%. O Relatório Focus, por sua vez, que expressa o pensamento do mercado, por meio do Banco Central, traz uma previsão de crescimento de 3,22%. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) prevê um leve crescimento anual de 3,0% e de 0,7% para o primeiro trimestre/2012 contra o quarto trimestre de 2011. Assim, as principais notícias sobre a economia brasileira referem-se às últimas medidas adotadas pelo governo federal objetivando revitalizar o poder de consumo da população e com isso incentivar a atividade produtiva para que o mercado interno continue respondendo positivamente, tendo em vista que o ambiente externo continua em ritmo lento de recuperação. Dentre essas medidas cabem ser destacadas a redução da taxa de juros Selic e a redução de IPI para alguns produtos.

O Brasil tem experimentado um crescimento econômico positivo do seu PIB, porém numa trajetória decrescente, principalmente nos anos de 2011 e 2012, cujo crescimento foi de menos de 4%.

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Conforme PINHEIRO (2012):

Uma consequência (e causa) desse padrão de crescimento foi a alta do emprego. Em 2004, foram necessários 34 trabalhadores para gerar um milhão de reais de PIB na indústria de transformação; na média dos três setores mais dinâmicos, essa relação foi de 57 trabalhadores por milhão de reais de PIB. A expansão em 2005-11 foi, portanto, intensiva em trabalho. Isso ajuda a explicar, junto com o aumento do salário mínimo, a alta real de 3,4 % ao ano no rendimento médio, assim como por que o mercado de trabalho continua pujante.

O crescimento da economia brasileira teve uma redução de 2010 para 2011, a produção industrial permaneceu estagnada e o dinamismo da economia deveu-se, mormente ao mercado doméstico, sobre esse quadro, conforme FUNDAP (2011):

A economia brasileira terminou 2011 com um perfil de crescimento não tão virtuoso como o observado em 2010, com uma expansão bem abaixo do potencial do país e com a inflação no teto da meta. O dinamismo manteve-se ainda ancorado no mercado de consumo doméstico, mais enfraquecido devido ao arrefecimento do mercado de trabalho e às medidas macroprudenciais na área de crédito; a produção física da indústria permaneceu praticamente estagnada, enquanto que o faturamento das empresas avançou em função de, basicamente, dois fatores: (i) a desvalorização do real no segundo semestre, que elevou as receitas das exportações; e (ii) o forte incremento das importações substitutas da produção nacional, que, de um lado, reduziu os encadeamentos intersetoriais, mas que, de outro lado, gerou receita nas empresas; e, por fim, a taxa de investimento da economia diminuiu seu ritmo de expansão num contexto de menor demanda interna e baixa competitividade dos produtos brasileiros, no exterior.

A política econômica do Governo Dilma não deu continuidade integralmente às políticas do Governo anterior, nesse sentido presenciou-se certa desaceleração da economia paralelamente a essas mudanças da política econômica. Conforme argumenta FUNDAP (2011):

A política econômica já sofreu alteração de rumo no contexto da desaceleração da atividade econômica do segundo semestre de 2011. O Banco Central surpreendeu o mercado, em agosto, ao cortar em 0,5% a taxa básica de juros, quando o IPCA acumulado em 12 meses estava acima do teto da meta. Essa guinada da política monetária logo se revelou uma resposta acertada ao agravamento da crise soberana na zona euro. De lá para cá, foram efetuados mais três cortes do mesmo tamanho na Selic, que, em fevereiro de 2012, se situa em 10,50% a.a. Adicionalmente, no final de 2011, o governo retirou parte das medidas macroprudenciais implementadas em dezembro de 2010 e lançou um pacote de estímulos ao crescimento econômico.

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situação mais favorável das condições financeiras globais no início do ano se mantenha nos próximos meses, o que impõe alguma rigidez à inflação doméstica.

A produção industrial no Brasil encontra, de maneira geral, com um de seus maiores entraves, à excessiva carga tributária e também um elevado custo de produção como energia elétrica, por exemplo, isso faz com que o setor industrial cresça abaixo do seu potencial.

Conforme FUNDAP (2011):

O contexto da economia mundial após a crise de 2008 revelou algumas tendências que já se apresentavam na economia brasileira e que vinham afetando crescentemente a competitividade da indústria. O aumento de apenas 0,3% da produção industrial em 2011 é reflexo do impacto dessas tendências.

Uma delas diz respeito ao fato de que o Brasil foi se transformando em um país caro demais para produzir, resultado de muitos anos em que internamente os custos de toda ordem foram subindo até se tornarem um dos mais altos do mundo. São os casos do custo derivado da tributação, custo de capital de terceiros fora do BNDES, custo de energia, custo dos encargos trabalhistas e custo de uma logística que, além do mais, persiste como muito precária.

Com exceção da reforma tributária e do elevado custo da energia elétrica que ainda carecem de iniciativas mais efetivas, esses temas vêm sendo alvo de atenção do governo, que adotou medidas no âmbito do Plano Brasil Maior (desoneração da folha para alguns setores, redução ou isenção de tributos para investimento e exportação) e em áreas como o financiamento voluntário de longo prazo e investimentos em infraestrutura. Mas o ponto é que os efeitos esperados dessas medidas são de longo prazo, enquanto os impasses se apresentam na atualidade de forma aguda devido a uma hiperconcorrência internacional pelos poucos mercados dinâmicos existentes no mundo, dentre eles o Brasil. Ou seja, o encaminhamento de soluções a esse conjunto de problemas está remetido ao horizonte de longo prazo, enquanto o agravamento da situação da indústria brasileira já é um fato que tende a aprofundar-se proximamente.

Quanto à produtividade industrial nota-se um relativo defasamento da situação brasileira com relação a outras economias desenvolvidas, principalmente devido a algumas deficiências presentes no setor de serviços. Necessita-se de políticas efetivas de aumento da produtividade e competitividade da indústria e maior qualificação para a mão de obra nesse setor.

Conforme sugere FUNDAP (2011):

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segmentos industriais de maior produtividade e conferir prioridade ainda maior à qualificação da mão de obra seriam vertentes de destaque do esforço para ampliar a produtividade no setor.

Ou seja, faz-se necessária a implementação de medidas de política econômica que incentivem à produtividade e competitividade da indústria nacional, intensificando-se os processos de inovação e qualificação da mão de obra no intensificando-setor para que intensificando-se possa atingir patamares de crescimento da produção.

4.2.1 PIB REAL

1 9 8 1 T 1 1 9 8 2 T 1 1 9 8 3 T 1 1 9 8 4 T 1 1 9 8 5 T 1 1 9 8 6 T 1 1 9 8 7 T 1 1 9 8 8 T 1 1 9 8 9 T 1 1 9 9 0 T 1 1 9 9 1 T 1 1 9 9 2 T 1 1 9 9 3 T 1 1 9 9 4 T 1 1 9 9 5 T 1 1 9 9 6 T 1 1 9 9 7 T 1 1 9 9 8 T 1 1 9 9 9 T 1 2 0 0 0 T 1 2 0 0 1 T 1 2 0 0 2 T 1 2 0 0 3 T 1 2 0 0 4 T 1 2 0 0 5 T 1 2 0 0 6 T 1 2 0 0 7 T 1 2 0 0 8 T 1 2 0 0 9 T 1 2 0 1 0 T 1 2 0 1 1 T 1 2 0 1 2 T 1 -10,00 -5,00 0,00 5,00 10,00 15,00

PIB real - (% a.a.)

PIB real - (% a.a.)

Fonte: IPEADATA

Referências

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