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A EXPANSÃO DA SOJA NA MAPITOBA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOECONOMICAS

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Academic year: 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARA

FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE.

FELIPE AGUIAR ROCHA

A EXPANSÃO DA SOJA NA MAPITOBA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOECONOMICAS

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FELIPE AGUIAR ROCHA

A EXPANSÃO DA SOJA NA MAPITOBA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOECONÔMICAS

Monografia apresentada ao curso de Ciências Econômicas Da Universidade Federal do Ceará, Como requisito à graduação do titulo de bacharel.

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FELIPE AGUIAR ROCHA

A EXPANSÃO DA SOJA NA MAPITOBA E SUAS IMPLICAÇÕES SOCIOECONÔMICAS

Esta monografia foi submetida à Coordenação do Curso de Ciências Econômicas, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Bacharel em Ciências Econômicas, outorgado pela Universidade Federal do Ceará – UFC e encontra­se à disposição dos interessados na Biblioteca da referida Universidade.

A citação de qualquer trecho desta monografia é permitida, desde que feita de acordo com as normas de ética científica.

Data da aprovação:

___________________________________ Nota

Prof. José de Jesus Sousa Lemos

Prof. Orientador ­­­­­­­­­

___________________________________ Nota

César Vieira

Membro da Banca Examinadora ­­­­­­­­­

___________________________________ Nota

Demartone Botelho

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AGRADECIMENTOS

A Deus, por ter me dado capacidade física e oportunidade de estudar, além de ter me dado força nos momentos de dificuldade.

Aos meus familiares, que sempre me incentivaram e, com presteza, sempre atenderam aos meus pedidos de ajuda.

Ao meu orientador, José de Jesus Sousa Lemos, pela dedicação em passar seus conhecimentos, e pela atenção e paciência dispensadas a mim, na execução do trabalho.

Aos meus amigos da faculdade, especialmenteWandergleidson Cordeiro, Jackson Maciel, Pedro Andrade, Paulo Robson e José Weligton, entre outros não citados, que são como baluartes para mim.

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RESUMO

A agricultura sempre contribuiu positivamente para o crescimento econômico do Brasil. Nas últimas décadas a soja passou a ser o produto de maior destaque do agronegócio brasileiro, tanto pela importância deste no mercado internacional, quanto pela produção nacional, que encontrava grandes oportunidades para que a produção fosse aumentada.Com a pujança econômicadeste setor, o que se assistiu foi um grande avanço dessa cultura pelo Centro-Oeste, que, posteriormente, atingiu as regiões Norte e Nordeste. A partir dai se observou a expansão da soja na região fronteiriça dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, denominada MAPITOBA. Em virtude do avanço, a passos largos, da soja na MAPITOBA, se fez necessário mensurar o crescimento econômico resultante dessas transformações. É de suma importânciamedirse o crescimento observado nessa região se traduziu em desenvolvimento econômico, visto que são dois conceitos distintos e frequentemente usados como sinônimos. Para que o desenvolvimento econômico seja aferido de maneira objetiva é necessária à utilização de índices que tratem a pobreza em seu sentido mais abrangente e não somente como privação à renda. No caso, IDH e IES foram utilizados no trabalho para que se depreendesse se o crescimento econômico da região foi acompanhado pelo desenvolvimento econômico, e foi concluído que as modificações no bem-estar das populações locais ficaram aquémdo esperado.

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ABSTRACT

The agriculture always gave a positive contribution to the economic growth of the country. In the last years the soya became the largest noticed product into the market of agriculture products in Brazil, times by the global importance and times by the internal market relevance that seems a lot of conditions to improve this kind of business. Its possible to notice a very concentrated growth in the central region of the country, but the culture is day by day increasing more and more up north. There´s a relevant growth of soya in the boarders of Maranhão, Piauí, Tocantins and Bahia, and it´s called “MAPITOBA”. Regarding the advances in the soya cultivation, the economy started to look at this kind of business with other perspective and nowadays is possible to mensure the impacts of this kind of activity in the economic growth and the influence in some regions of this country. The specialists normally consider elements to mensure in a objective way the influence os this activity in the poverty and in the rural society, trying to respect a global vision and not only considering the rental aspect. In this article was analyzed the IDH and IES to verify if the social growth followed the economic growth, the conclusion of it was the expectations were beyond of the prediction.

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LISTA DE FIGURAS

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Época de plantio...7

Tabela 2 – Comparação do PIB do agronegócio com o PIB do Brasil...19

Tabela 3 – Representação do PIB Pós-porteira na composição do PIB do agronegócio...20

Tabela 4 – PIB da Cadeia da soja, PIB do agronegócio e PIB brasileiro, de 2001 a 2009...21

Tabela 5 – Balança comercial brasileira e balança comercial do agronegócio: 1989 a 2013 (U$ Bilhões)...22

Tabela 6 – Importação de soja no mundo (em milhões de toneladas)...23

Tabela 7 – Série histórica da área plantada – Em mil hectares...24

Tabela 8 – Série histórica da produção – Em mil toneladas...25

Tabela 9 – Variação do PIB dos municípios nos anos de 2000 e 2010...26

Tabela 10 – Indicadores municipais do ano de 2000...27

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS A.C – Antes de Cristo.

BNB – Banco do Nordeste do Brasil

CENSO – Estudo realizado pelo Instituto brasileiro de geografia e estatística para se obter informações acerca da população do país.

COMTRADE – Commodity Trade StatisticsDatabase EMBRAPA – Empresa brasileira de pesquisa agropecuária EUA – Estados Unidos da América

IBGE – Instituto brasileiro de geografia e estatística IDH – Índice de desenvolvimento humano

IDH-M – Índice de desenvolvimento humano municipal IES – Índice de exclusão social

MAPITOBA – É uma sigla que se refere à região fronteiriça dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia

ONU – Organização das nações unidas

PASSAMBI – É formado pela média ponderada dos indicadores PRIVAGUA, PRIVSANE e PRIVLIXO

PASSECON – Percentual da população que sobrevive em domicílios cuja renda varia de zero a dois salários mínimos

PASSOCIA – percentual da população maior de quinze anos que se declara analfabeta PIB – Produto interno bruto. Soma das riquezas produzidas em determinada área.

PRIVAGUA – Percentagem da população que sobrevive em domicílios sem acesso ao serviço de água encanada

PRIVEDUC – Percentagem da população maior de dez anos analfabeta

PRIVLIXO – Percentual da população que sobrevive em domicílios privados do serviço de coleta sistemática de lixo, direta ou indiretamente

PRIVREND – Percentual da população que sobrevive em domicílios cuja renda varia de zero a dois salários mínimos

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...1

2 REFERENCIAL TEÓRICO...5

2.1 Breve histórico da soja no Brasil...5

2.2A soja e a economia brasileira...8

2.3 MAPITOBA – Uma nova geografia da soja...11

3. MATERIAL E MÉTODO...18

4. RESULTADOS...19

5. CONCLUSÃO...30

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS...32

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1. INTRODUÇÃO

Historicamente, o agronegócio tem grande representatividade na Economia Brasileira. Desde o período colonial até os dias atuais, o Brasil se destaca na produção agropecuária. Isso pode ser observado ao analisar as políticas econômicas adotadas ao longo dos anos, que frequentemente tinham como foco a manutenção ou crescimento da produção e seu posterior consumo.

Percebe-se também a importância do agronegócio ou agrobusiness, como também é chamado, ao verificar-se o seu peso na formação do Produto Interno Bruto, doravante designado PIB brasileiro.

É inquestionável a importância do agronegócio para a economia brasileira. Porém, a incansável perseguição, por parte dos grandes produtores, pela redução dos custos de produção, em paralelo à busca dos mesmos por algo que lhes garanta o crescimento da quantidade produzida, distanciam o interesse coletivo, que se traduz no bem-estar social, do interesse dos produtores rurais.

Como o agronegócio envolve não só a atividade dentro da propriedade rural e sim o todo o sistema de fornecimento de insumos, produção agropecuária, transformação e distribuição, sua participação no PIB é superior à de qualquer outro mercado.

Há anos o setor é o grande responsável pelo saldo positivo da balança comercial brasileira, pois se verifica que o mesmo contribuiu com um enorme volume de exportações e pequeno volume de importações frente à contribuição dos demais setores. Segundo dados encontrados na página do ministério da agricultura, a soja é o principal gerador de divisas cambiais do Brasil.

No cenário mundial, o Brasil destaca-se como o terceiro maior exportador de itens agropecuários do mundo, perdendo apenas para os Estados Unidos e a União europeia. Vale ressaltar que as duas regiões citadas têm uma tecnologia agrícola bem superior ao Brasil, além de enfrentarem menores problemas com a logística.

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demanda externa de produtos alimentícios decorrente da crescente necessidade de alimentos no mundo, resultado do crescimento populacional.

Um ponto a ser destacado e que pode contribuir expressivamente para o crescimento da produção Brasileira é a existência de uma grande área ainda não explorada e que é apta à agricultura. Isso somado às facilidades citadas anteriormente, projetam o Brasil em um lugar mais destacado ainda na produção agropecuária e como um dos poucos países capazes de suprir a crescente demanda por alimentos.

Dentro desse panorama, este estudo se propõe a exporo avanço da fronteira agrícola, que estende seu braço nas regiões Norte e Nordeste do Brasil através da soja.Item que é um dos mais importantes produzidos pelo agronegócio do Brasil, visto sua participação na economia brasileira, sua importância também no mercado mundial e sua capacidade de transformar as áreas por onde se expande.

A expansão da fronteira agrícola, que se traduz no avanço das praticas agrícolas sobre o meio natural, atualmente impulsionada pela soja, nas regiões norte e nordeste, levou à criaçãodo acrônimo MAPITOBA, em referência às iniciais dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, que compõem essa área.

Nesse panorama, a região da MAPITOBA vivencia desde o início da década de 90, o intenso avanço da produção de soja, e isso, logicamente, veio acompanhado de um grande aporte de capital. Contudo, essa alocação de recursos nas regiões Norte e Nordeste, a principio, não alterou suficientemente a qualidade de vida da população da MAPITOBA, uma vez que essas regiões são tradicionais redutos de pobreza.

Devido ao avanço da fronteira agrícola da soja até as áreas do cerrado das regiões Norte e Nordeste, faz-se necessário investigar o incremento do PIB que essa cultura trouxe às citadas regiões. Um estudo realizado pelo BNB aponta para um crescimento vertiginoso da produção da oleaginosa na região nordeste, com um nível de produtividade entre os maiores do mundo.

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A busca por auferir mais lucros, por parte dos detentores da terra e máquinas agrícolas, acaba contribuindo para o problema do êxodo rural, que consiste na fuga dos trabalhadores rurais, rumo às cidades grandes em busca de melhores condições de vida, visto que, no campo, a exploração por parte dos proprietários dos meios de produção associada às condições de vida, os encoraja a essa investida.

O problema do êxodo rural decorre, portanto, das condições precárias enfrentadas pelas populações do campo, que normalmente não têm acesso aos bens e serviços mínimos para que levem uma vida digna e acabapor inflar as grandes cidade, além de causar queda na quantidade produzida pelo agronegócio, dado que os pequenos produtores têm importante contribuição no produto agrícola.

Diante desta realidade, torna-se necessário aferir com maior acuidade se houveram avanços na qualidade de vida da população dos municípios que experimentaram as transformações decorrentes do avanço da fronteira agrícola impulsionada pela soja.

Nesse contexto, se faz necessário a busca de ferramentas que possibilitem aferir com acuidade ou com a maior precisão possível, a intensidade dessa carência de serviços essenciais e utilizá-los com o objetivo de promover o desenvolvimento rural, levando qualidade de vida para toda a população da zona rural.

Aferir pobreza não é uma tarefa fácil, pois se trata de uma grandeza que envolve a subjetividade do pesquisador, visto que, ser enquadrado como pobre não significa somente não dispor de rendimento mínimo que garanta satisfação das necessidades ao seu detentor. Pobreza vai além dessa definição simplista e abrange elementos sociais tão importantes quanto a renda monetária para o bem-estar das pessoas. Assim, para aferir pobreza, se faz necessária a obtenção de índices que mensurem a em seu sentido lato e sejam observados no horizonte de tempo determinado e confrontados com o crescimento econômico experimentado pelos municípios produtores de soja na região.

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O que se propõe, nesta pesquisa, é apurara contribuição que avanço da soja na MAPITOBA, deu para o crescimento econômico de determinadas áreas que o vivenciaram e tornar mais evidente a magnitude dessa contribuição.

Essa pesquisa também se propõe a investigar se o crescimento da produção da soja trouxe melhorias na qualidade de vida das populações rurais dos municípios produtores do Norte e Nordeste do Brasil, ou seja, se o crescimento do PIB destes municípios se traduz em desenvolvimento dos mesmos, visto que, crescimento econômico nem sempre se traduz em desenvolvimento.

Esta pesquisa tem como objetivo geral de investigação:

- Analisar as modificações socioeconômicas resultantes do avanço da fronteira da soja na citada região da MAPITOBA.

De forma especifica o estudo objetiva:

1) Mostrar o crescimento econômico verificado pelos municípios da região da MAPITOBA, resultante do aporte de capital trazido pelo avanço da fronteira agrícola.

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2. REFERENCIAL TEÓRICO.

Nesta seção, com o objetivo dese mostrar com clareza o desenvolvimento e as implicações da cultura da soja e se facilitar a discussão dos conceitos utilizados, são apresentadas três tópicos:O primeiro traz uma visão superficialda implantação e desenvolvimento da soja no Brasil. O segundo tópico levanta a importância da soja para a economia brasileira. O terceirotópico traz definições que mostram a relação entre o avanço da soja e o desenvolvimento econômico na MAPITOBA.

2.1Breve históricoda evolução da soja no Brasil.

O agronegócio se destaca na economia Brasileira desde o período colonial até os dias atuais, pode-se perceber isso observando o peso histórico do setor na formação doPIB Brasileiro e sua contribuição para uma balança comercial favorável. Diante deste fato, é conveniente citar uma frase do ex-ministro da agricultura no primeiro governo Lula, Roberto Rodrigues, que disse que os alimentos são o nosso grande negócio, ainda que não sejam o único.

Apesar de a cultura da soja ser relativamente nova no Brasil, se comparada às demais, a crescente representatividade desta leguminosa na economia brasileira, lhe credencia como uma das principais culturas do agronegócio nacional e, portanto, objeto de estudo do presente trabalho.Entretanto, antes de se analisar a participação da mesma na economia nacional, será apresentado um breve histórico.

A cultura da soja tem início na China por volta do século XI A.C, com o passar dos anos, essa cultura disseminou-se pelo mundo, e chegou ao Brasil por volta do fim do século XIX, no estado da Bahia e, posteriormente, em São Paulo, porém, sem boa adaptação à terra. Seu cultivo só passou a ter relevância econômica a partir da década de 1940 no Rio Grande do Sul e isso se deve às semelhanças climáticas do estado com as áreas onde a cultura já era praticada.Dentre as características que levaram à implantação da soja no sul do Brasil, pode-se citar a baixa necessidade de exposição aos raios solares,característica comum às regiões de altas latitudes, denominada “planta de dia curto”.

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das cooperativas de soja que aproveitaram a estrutura das cooperativas de trigo, e ao aumento da capacidade de industrialização de óleos no sul do país.

A partir da década de 1970, a soja entrou em grande expansão no território brasileiro, graças principalmente às pesquisas da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária(EMBRAPA), que surgiu em 1973. O melhoramento e a adaptação da semente da soja às áreas de baixas latitudes possibilitaram a expansão desta cultivar, ao bioma do cerrado, que dotado de uma grande área plana, facilita a mecanização da atividade agrícola e, assim, aumenta a produtividade por hectare.

Verifica se na Figura1 o avanço da cultura da soja no período compreendido entre 1970 e 2003. Observa-se que a fronteira produtiva da soja já se expandiu para além do Centro-Oeste e está presente também nas regiões Norte e Nordeste.

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- A colocação da soja brasileira no mercado justamente no período da entressafra dos EUA, seu principal concorrente. Isso ocorreu devido ao regime pluviométrico da área, que favoreceu o cultivo da soja no verão,como pode ser observado na tabela 1.

Tabela 1 – Época de plantio

EUA JAN FEV MAR ABR MAI JUN JUL AGO SET OUT NOV DEZ

Plantio P P

Colheita C C

Brasil JUL AGO SET OUT NOV DEZ JAN FEV MAR ABR MAI JUN

Plantio P P P P

Colheita C C C C

Fonte: CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

- Os incentivos fiscais, mão-de-obra e maquinaria destinados à produção do trigo eram usadosna produção de soja.

- A baixa produção mundial da soja Russa e Chinesa na década de 70 e a pesca de anchova no Peru, que utiliza a soja para produzir a ração para estes animais.

- O crescimento do crédito destinado às atividades agrícolas(O sistema nacional de crédito rural instituído a partir de 1965 contribuiu para o aumento da área cultivada da soja, possibilitando a compra de máquinas e equipamentos necessários ao seu cultivo).

- A criação da agroindústria de processamento da soja, que aumentou bastante a capacidade de esmagamento da soja. (de 1,5 milhões de toneladas em 1970 para 21 milhões em 1980) - Melhoria da logística para escoamento da produção, resultantes da construção da rodovia Belém-Brasília e da capital Brasília que urbanizaram e melhoraram a infraestrutura da região. - Topografia favorável a mecanização, que leva a economia de mão-de-obra.

- A diminuição do consumo de cereais em paralelo aocrescente consumo de carne de boi, porco e frango, animais que têm sua alimentação baseada na soja.

- Baixo valor da terra se comparado ao da região sul.

Segundo Conceição (1986 apud Júnior, 2008) a década de 70 marcou o auge do ciclo expansionista da soja. O que impulsionou esse apogeu foram as excelentes cotações do produto no mercado internacional e a sua colocação em períodos de entressafra americana,propiciando, ano a ano, substancial elevação da oferta, a tal ponto que se tornou a principal cultura do Rio Grande do Sul e, posteriormente, do Brasil.

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fronteira dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, denominada MAPITOBA, ganhou destaque devido a sua produção eà possibilidade de expansão da oleaginosa nesta região, em vista das características favoráveis ao cultivo nessa região e a vasta disponibilidade de terras baratas.Portanto, essa expansão praticamente reproduz o avanço verificado no Centro-Oeste.

2.2 A soja e a economia brasileira.

Com o avanço da tecnologia, foram introduzidas no campo, novas técnicas de cultivo, novos instrumentos de trabalho e novas máquinas. Essasalterações no campo da agricultura levaram esta a ser vista de uma maneira diferente, mais moderna, e isso pôde ser percebido ao se substituir o termo usado para fazer referência à produção rural. O termo agricultura foi usado até a década de 60, quando se passou a adotar o termo agronegócio e o anterior foi gradualmente caindo no esquecimento.

Mendes e Júnior (2007, p. 45) expõem que:

Até hoje, a maioria das pessoas ainda pensa que a agricultura se restringe a arar o solo, plantar semente, fazer colheita, ordenhar vacas ou alimentar animais. Essena realidade, foi o conceito de agricultura que perdurou até o início da década de 1960. Contudo, a chamada industrialização da agricultura, a qual tem gerado crescente dependência da agropecuária com relação ao setor industrial, como resultado das grandes transformações tecnológicas experimentadas pelo setor rural, levou a uma radical mudança de concepção sobre a agricultura.

Mais recentemente tem sido utilizado o termo agronegócio. A agricultura é vista como um amplo e complexo sistema, que inclui não apenas as atividades dentro da propriedade rural (ou seja, dentro da ‘porteira agrícola’, que é a produção rural em si) como também, e principalmente, as atividades de distribuição de suprimentos agrícolas (insumos), de armazenamento, de processamento e de distribuição dos produtos agrícolas.

O agronegócio atual alterou-se bastante do praticado no período pré-republicano, pois os bens produzidos anteriormente eram poucos e comercializados, basicamente, em sua forma original, sem sofrer transformações no processo industrial. Atualmente, uma única commodity, ou um produto agropecuário na sua forma original, pode dar origem a uma série de produtos derivados. Esse processamento busca tanto a preservação e conservação de alimentos, quantoà diversificação de produtos e agregação de valor, objetivos perseguidos pelosprodutores, que visam auferir algum tipo de vantagem ante a preferencia do consumidor.

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Desde a década de 1960, nos Estados Unidos, principalmente, e a partir da década de 1970, no Brasil, esse sistema tem experimentado uma rápida transformação, devido, tanto ao surgimento de novas indústrias ligadas à agropecuária quanto ao fato de as atividades agrícolas virem se tornando cada vez maiores e mais especializadas.

É evidente que o agrobusiness ou agronegócionão se aproxima de um sistema simples, visto que cada etapa ou fase identificada está intimamente relacionada com as demais e por este motivo passou-se a trata-lo como um complexo sistema produtivo que abrange desde as atividades de fornecimento de insumos e bens de produção, passando pela etapa de produção dentro da propriedade rural até as etapas de distribuição e comercialização. Na visão moderna de agronegócio, ao se tomar decisões acerca de uma futura produção já esta sendo praticado o ato de comercialização, e por esse motivo, a produção faz partedo sistema de comercialização agropecuário, o que vai de encontro à visão tradicional, que acredita que a produção está totalmente dissociada da comercialização, pois se acredita que a comercialização apenas liga a produção à demanda.

Segundo Grassi Mendes e Padilha Júnior (2012):

Por agronegócio deve-se entender a soma total das operações de produção e distribuição de suprimentos agrícolas, das operações agrícolas, das operações de produção nas unidades agrícolas, do armazenamento, do processamento, e da distribuição dos produtos agrícolas e itens produzidos com base neles. Essa visão sistêmica ou de inter-relação dos vários agentes do sistema de produção chama-se agrobusiness, agronegócio ou complexo agroindustrial. Tal conjunto de atividades, que tem início nos fornecedores de insumos e bens de produção e fim nos consumidores, representa um papel fundamental na economia brasileira, além de ser o setor-chave de inserção do Brasil no mercado externo.

Fortalecendo essa ideia, Davis e Goldberg (1957, apud DA SILVA, 2012, p.12) acrescentam:

O conjunto de todas as operações e transações envolvidas desde a fabricação dos insumos agropecuários, das operações de produção nas unidades agropecuárias, até o processamento, distribuição e consumo dos produtos agropecuários, “in natura” ou industrializados.

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No caso da soja, o processamento já se dá de maneira muito ampla, considerando-se a gama de produtos derivados da soja no mercado, tanto para consumo humano, quanto para serem utilizados como alimento para animais e, também utilizado com insumo na produção industrial.

A mudança no gosto e preferência dos consumidores irá nortear os produtores,que buscarão diferenciar seus produtos agropecuários para obterem vantagens frente aos concorrentes, com vistas a garantir maiores lucros. Esse processo levaao desenvolvimento de novas tecnologias ligadas a agroindústria, ou seja, a atividade “pós-porteira” e contribui pra o aumento do PIB do agronegócio.Caso se chegue à produção de um bem diferenciado, é necessário que este item tenha características que lhes garantampreferência.Caso contrário, serão preteridos, o que irá gerar um efeito negativo na receita total do produtor, devido a queda da quantidade demandada.

De acordo com Grassi Mendes e Padilha Junior (2012):

Na realidade, do ponto de vista econômico, o processamento, quando atinge um grau elevado de industrialização, pode resultar em uma diferenciação do produto, fazendo com que a curva de demanda fique mais inelástica, devido, nesse caso, à redução do número de bens substitutos.

Quanto mais inelástica for a demanda de um bem, maior a possibilidade de auferir lucros, visto que um aumento no preço pode significar aumento na receita total, pois a quantidade demandada do produto não sofrerá grandes alterações diante de um aumento nos preços. Isso é possível porque a diferenciação fideliza os consumidores e estes muitas vezes estão dispostos a pagar mais caro pelos produtos que lhes satisfaçam as necessidades.

Pode ser citado o caso do suco Ades, lançado em 1997, foi o pioneiro no fornecimento de leite de soja e que faz partedo nicho de alimento funcional (alimento que além de nutritivo traz benefícios a saúde) e, posteriormente, conquistou consumidores de outros perfis.

A quantidade demandada de um bem sofre influencia de muitas variáveis, e quando essa mudança ocorre em função de outra variável que não o preço, estes outros fatores são chamados de deslocadores de demanda.

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As previsões acerca da população mundial indicam que haverá uma necessidade continua de aumento da produção mundial de alimentos visto que esta somente se estabilizará em torno do ano de 2100. Nesse contexto, o Brasil, que já tem seu destaque no fornecimento mundial de alimentos, figura como um país que tem um enorme potencial a ser explorado, portanto, um país que irá contribuir para assegurar o crescimento da produção alimentar do planeta frente à crescente necessidade desta e isso será acompanhado de um grande crescimento do agrobusiness brasileiro.

2.3MAPITOBA – Uma nova geografia da soja.

Um fato que deve ser observado pormenorizado é a expansão, nas ultimas décadas, da cultura da soja na área compreendida nadivisa da regiãoNortecom a regiãoNordeste, mais precisamente nos arredores da fronteira dos estados do Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia, ilustrada na Figura 2, o que levou a criação do acrônimo MAPITOBA.

A tropicalização da soja teve participação fundamental da Embrapa que, liderada pela Embrapa soja, com sede em londrina-PR, direcionou suas pesquisas para a adaptação da cultura ao clima do cerrado. Já visando a expansão da soja para essa região,pois a mesma apresentava um vasto e plano território e grande precipitação, portanto ideal para a cultura da oleaginosa. Após a introdução com sucesso da soja no Centro-Oeste, com a maior produção no estado do mato grosso, assistiu-se a um grande crescimento da cultura na região, o que levou a uma ampliação da fronteira agrícola do centro-oeste para as regiões Norte e Nordeste.

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que oferecem amplas possibilidades de ocupação produtiva”. Era justamente isso que se encontrava na MAPITOBA: Uma grande área e com baixa exploração agrícola.

Sobre os atrativos que a região estudada tem, Stefano (2009, apud FERRO, 2012, p. 15) enumera :

Entre os motivos da atratividade na opinião de investidores estão: a) a disponibilidade de terras, cujo estoque para novos cultivos seja de 3 milhões de hectares (metade da área ocupada por cana-de-açúcar no Brasil); b) os preços da terra que são, em média, 40% inferiores aos das áreas do Centro-Oeste; c) a obrigação da preservação da reserva legal que é de 35% da área, enquanto em boa parte do Mato Grosso é de 80%; d) a ferrovia que liga a região de Balsas até o porto Itaqui (MA) – esta saída consome seis dias a menos de navegação até a Europa em relação ao porto de Paranaguá, no Paraná.

Logico que esse crescimento da área plantada associado à implantação de tecnologias trouxe aumento da produçãoda soja na região da MAPITOBA, o que levou à geração de riquezas nos municípios por onde a cultura avançou.

Segundo Bezerra, Rocha e Barbosa (2010, p. 35):

A Soja está provocando uma verdadeira transformação econômica nos cerrados nordestinos. De fato, nos três estados com áreas de cerrado no nordeste (Bahia, Piauí e Maranhão), o valor da produção desde grão passou de R$ 164,3 milhões em 1990 (a preços de 2008, atualizado pelo IGP-DI) para R$ 3,4 bilhões em 2008, um incremento médio de 18,3% a.a.

Para Canuto (2004, p. 3), os avanços tecnológicos aplicados ao agronegócio são a expressão da modernização do campo. Com eles a produtividade tem crescido, as safras têm apresentado números cada vez maiores e as receitas econômicas têm aumentado consideravelmente.

Contudo, o crescimento da fronteira agrícola da soja não foi benéfico para muitas das áreas que o experimentarame evidencia-se um avanço desarmônico da soja em dois dos estados que compõem a MAPITOBA, mais precisamente no Maranhão e o Piauí, através de Lemos (2012, p. 60):

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estabelecerem limites legais de definição das áreas destinadas para a expansão de monoculturas, quaisquer que sejam elas.

Canuto (2004, p. 4) afirma que, ao contrário do que se apregoa, o agronegócio gera poucos empregos, além de promover a concentração da terra e de expulsar os trabalhadores do campo.

No contexto do avanço da fronteira agrícola sobre a região da MAPITOBA, que levou os municípios inseridos no mapa de produção da soja a um grande crescimento econômico, é levantado o problema da concentração de renda e da desigualdade social. É fato que o agronegócio tem sua enorme contribuição na parcela acrescentada à produção de bens e serviços brasileiros, mas, com isso, é possível que o incremento de capital trazido pela instalação da soja na MAPITOBA e do aumento da atividade econômica, não terem contribuído para melhoria na qualidade de vida da população que assistiu a esse processo. A obsessão por maiores lucros, dos proprietários dos meios de produção, resultantes da redução de custos e elevação das receitas da sua atividade econômica, podem ter reflexos negativos na qualidade de vida no campo e levar ao distanciamento da função social da economia. Para se elevar o bem-estar da população é necessário que essa produção seja dividida de uma forma mais equitativae que as autoridades públicas criem politicas que aproveitem os recursos provenientes da produção rural, no combate às privações da população aos ativos sociais.

Lemos (2012, p. 67) afirma que:

A pobreza, entendida como exclusão social, não meramente como a privação de renda, tem se tornado tão estrutural e tão imbricada no tecido social de todas as economias, sobretudo nas subdesenvolvidas, que muitos acreditam ser impossível prevenir-se contra ela, ou mesmo dirimi-la. Contudo a pobreza é evitável se forem adotados instrumentos de políticas e estratégias adequadas por parte do poder público.

Essa dificuldade de compatibilizar os interesses coletivos com o interesse dos detentores de capital produtivo vem sendo discutida há décadas, o que mostra o quão árduo é o caminho para a consecução de justiça social.

Lemos ( 2012, p. 48) atenta:

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objetivos. Para haver justiça social, deve-se avaliar se há compatibilidade com os objetivos dos empresários, que é a obtenção de retornos aos seus investimentos. Assim, parece-nos ser esta uma tentativa bastante difícil de acontecer dentro dos preceitos da economia em que o mercado está soberano e acima de quaisquer lógicas ou interesses mais gerais das populações como um todo, sobretudo daquelas mais carentes.

Diante dessa afirmativa e por julgar-se a pobreza um problema que transpõe a simples carência de rendimentos e abrange também a privação aos serviços essenciais a manutenção de vida digna, se evidencia o desvio da prática do agronegócio ao bem-estar coletivo.

O crescimento econômico dos municípios que presenciaram o avanço da soja na MAPITOBA, mensurado pelo respectivo PIB, deve ser confrontado com os indicadores de pobreza, no caso, o índice de desenvolvimento humano e o índice de exclusão social,doravante, chamados de IDH e IES, respectivamente.

Antes de aprofundar sobre os índices que serão utilizados na comparação com o crescimento do PIB dos municípios, é importante deixar claro que o conceito de pobreza, no presente trabalho, foi ampliado para exclusão social devido às injustiças que se pode vir a cometer em caso de uma análise que considere a pobreza, um problema proveniente somente da falta de acesso a renda mínima.

É necessário destacar, também, a diferença dos termos crescimento econômico e desenvolvimento econômico. Crescimento econômico é avaliado principalmente pelo comportamento do PIB de um país ou região determinada e é erroneamente associado às melhorias na qualidade de vida de uma determinada população.

Já desenvolvimento econômico vai além de um mero aumento do PIB ou qualquer outro indicador de aumento da atividade econômica. Para haver desenvolvimento econômico é necessário que haja uma melhoria do padrão de vida da população.

Para Lemos (2012), p. 37

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Lemos (2012, p. 37 apud SANDRONI, 1996) acrescenta que Desenvolvimento econômico consiste no crescimento econômico traduzido na elevação do PNB per capita, devidamente acompanhado por uma melhoria do padrão de vida populacional e por alterações estruturais na economia.

Segundo Garcia (1985, p.40, apud Lemos, 2007, p. 26), desenvolvimento é o resultado de um processo global de transformações revolucionárias nas relações de produção e nas condições históricas de vida de uma sociedade em suas diversas e inter-relacionadas dimensões: econômicas, sociais, e culturais.

Para que se possa depreender se houveram avanços sociais resultantes da extensão da cultura da soja na região estudada é necessário observar as variações dos PIBS das principais cidades produtoras de soja na MAPITOBA e comparar com as modificações do IDH e IES no período estudado. No estado da Bahia serão analisados os dados das seguintes cidades: Barreiras, Correntina, Formosa do Rio Preto, Luis Eduardo Magalhães, Riachão das neves e São Desidério. No estado do Maranhão as cidades observadas são Balsas e Tasso Fragoso. No Piauí serão levantados os dados do município de Bom Jesus e no estado do Tocantins a cidade de produção mais relevante é Campos Lindos, sendo, portanto, objeto de estudo.

O IDH é um instrumento de aferição do desenvolvimento humano criado pela Organização das nações unidas (ONU) no ano de 1990. Essa ferramenta avalia o bem-estar de uma população medido por três variáveis, que são: longevidade, educação e renda. A primeira variável, longevidade, é medida pela esperança de vida ao nascer e reflete, mesmo que indiretamente, a qualidade da saúde, saneamento, entre outros fatores que levam a uma vida mais longa . A segunda âncora é o estoque de educação acumulado que é medido pelo percentual de maiores de quinze anos que são alfabetizados e pelo número de matrículas realizado. O terceiro pilar do IDH é a renda média, pois para que haja desenvolvimento, é importante que se tenha acesso aos bens que não se consegue produzir e que são necessários à sobrevivência da população.

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Porém, o IDH pode gerar distorções quanto à realidade do desenvolvimento verificado em uma população, visto que suas variáveis podem refletir uma melhora que não condiz muito com a realidade brasileira. A longevidade, que afere as melhorias no campo da saúde, encontra maior dificuldade de medição em áreas mais pobres, visto que muitos pobres, que são quem normalmente tem uma vida mais curta, não entram para as estatísticas obituárias e isso acaba elevando a expectativa de vida para cima. Já em relação à variável que mede o estoque de educação, uma das variáveis que a compõem é o número de matriculas nas unidades de todos os níveis de ensino, o que torna o índice passível de críticas visto que um aumento do número de matrículas não se traduz, necessariamente, em uma melhora da qualidade da educação, mas poderia elevar a contribuição dessa variável no aumento do IDH.

Lemos (2012, p. 99) cita que o IDH fica bastante vulnerável à ação fraudadora de administradores inescrupulosos que buscam o caminho mais curto para se chegar à melhora do índice e que se aproveitam da baixa escolaridade para se perpetuarem no poder.

Por esse motivo, se faz necessário avaliar o desenvolvimento das populações dos municípios, também pelo IES, já que este índice aplica um método mais adequado à realidade de países subdesenvolvidos, visto que mede com variáveis diferentes e adaptadas ao subdesenvolvimento.

O IES, índice criado por José Jesus de Sousa Lemos em 1995, não busca substituir o IDH, como o próprio autor diz, e sim, ser um índice que complemente essa aferição de pobreza, porém, se alicerçando em dados diferentes do IDH. O IES procura mensurar a pobreza levando em conta não apenas a privação à renda, portanto, considerando o percentual da população privado dos serviços essenciais a uma vida digna. O IES, inicialmente, considerava cinco variáveis que eram: o percentual da população que sobrevive em domicílios cuja renda varia de zero a dois salários mínimos, chamado de PRIVREND; percentagem da população maior de dez anos analfabeta, batizado de PRIVEDUC; percentagem da população que sobrevive em domicílios sem acesso ao serviço de água encanada, nomeado PRIVAGUA; percentual da população sobrevivendo em domicílios sem acesso a saneamento minimamente adequado, chamada de PRIVSANE; e por último, o PRIVLIXO, que afere o percentual da população que sobrevive em domicílios privados do serviço de coleta sistemática de lixo, direta ou indiretamente.

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respectivamente de PASSOCIA, PASSECON e o PASSAMBI. O passivo em educação ou PASSOCIA passou a ser aferido pelo percentual da população maior de quinze anos que se declara analfabeta. O passivo ambiental é formado pela média ponderada dos indicadores PRIVAGUA, PRIVSANE e PRIVLIXO. Já o passivo em renda ou PASSECON não sofreu alterações e é aferido da mesma forma que o PRIVREND da composição original do IES.

É importante observar se, nos resultados a serem levantados dos municípios, a elevação do PIB se traduz ou não em melhora nos indicadores de pobreza destes. Esta falta de relação foi mostrada por Lemos (2012, p.141):

Deste conjunto de evidências, depreende-se que, no caso brasileiro recente, os maiores PIBs médios não estão associados aos mais altos níveis de qualidade de vida, tal como aferido neste estudo. Faltam a esses municípios de elevado desempenho econômico incrementos substanciais em serviços como educação, saneamento, acesso a água encanada e a serviço de coleta de lixo.

Desse modo se deve aferir se as cidades em estudo também seguem a tendência brasileira de que o crescimento econômico, por si só, não é suficiente para prover melhoria da qualidade de vida das regiões.

A importância dessa etapa é levantada por Lemos (2012, p. 139):

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3. MATERIAL E METODO

O trabalho se propõe a levantar dados sobre as alterações econômicas e sociais verificadas na região da MAPITOBA. Foram utilizados livros, monografias, páginas de internet, artigos acadêmicos e estudos realizados por órgãos públicos como principais origens dos dados do presente estudo.

Os dados secundários foram postos em tabelas como o objetivo de ordenar e tornar mais evidentes as informações obtidas no levantamento. Isso permite que informações abstratas sejam confrontadas em períodos de tempo distintos.

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4. RESULTADOS

É fato que o Agronegócio Brasileiro continua contribuindo enormemente para o crescimento econômico nacional. Basta verificar-se a parcela referente à produção desse setor na composição do PIB do Brasil, que, segundo o Ministério da agricultura, no ano de 2013, foi de pouco mais de 1 trilhão de reais frente aos 4.84 trilhões, algo em torno de 22%. Essa contribuição do agronegócio para a formação do PIB brasileiro não é uma fenômeno recente haja vista que nas duas últimas décadas o agronegócio tem uma contribuição próxima de 25% do PIB do brasileiro, segundo dados da tabela 2.

Tabela 2 – Comparação do PIB do agronegócio com o PIB do Brasil Ano PIB do Agronegócio - em milhões PIB do Brasil - em milhões Agronegócio/PIB do Relação PIB do

Brasil – em percentual

1994 728.742,43 2.768.456 26,32%

1995 750.036,43 2.890.734 25,95%

1996 737.864,40 2.952.899 24,99%

1997 731.342,60 3.052.568 23,96%

1998 735.581,52 3.053.647 24,09%

1999 749.134,91 3.061.406 24,47%

2000 749.870,20 3.193.236 23,48%

2001 762.969,82 3.235.167 23,58%

2002 830.169,73 3.321.161 25,00%

2003 884.421,23 3.359.242 26,33%

2004 907.014,01 3.551.131 25,54%

2005 864.767,45 3.663.335 23,61%

2006 868.680,84 3.808.295 22,81%

2007 937.239,43 4.040.274 23,20%

2008 1.012.560,68 4.249.221 23,83%

2009 954.304,70 4.235.210 22,53%

2010 1.026.170,53 4.554.277 22,53%

2011 1.081.396,88 4.678.737 23,11%

2012 1.051.069,24 4.726.976 22,24%

2013 1.092.237,72 4.844.815 22,54%

Fonte: Cepea-USP/CNA, alterado pelo autor

(31)

A tabela levanta o PIB da indústria do agronegócio e o PIB da distribuição dos produtos do agronegócio e, ainda, evidencia o percentual de contribuição destes na composição do PIB do agronegócio.

Tabela 3 – Representação do PIB Pós-porteira na composição do PIB do agronegócio – Em milhões de reais.

Ano Agronegócio PIB indústria do PIB da Agronegócio

PIB da cadeia de Distribuição

% do PIB da indústria/PIB

do agronegócio

% do PIB da cadeia de distribuição/PIB

do agronegócio

% do PIB

pós-porteira”/PIB do

agronegócio

2000 749.870 248.151 248.878 33,09 33,19 66,28

2001 762.970 246.274 252.644 32,28 33,11 65,39

2002 830.170 260.605 271.963 31,39 32,76 64,15

2003 884.421 268.074 282.961 30,31 31,99 62,30

2004 907.014 281.616 292.641 31,05 32,26 63,31

2005 864.767 281.983 282.889 32,61 32,71 65,32

2006 868.681 289.922 285.757 33,37 32,90 66,27

2007 937.239 302.541 305.288 32,28 32,57 64,85

2008 1.012.561 310.425 321.260 30,66 31,73 62,38

2009 954.305 298.501 307.736 31,28 32,25 63,53

Fonte: Cepea-USP/CNA, alterado pelo autor.

È importante mostrar que os dados do CEPEA apontam um crescimento da taxa de participação do PIB das atividades desenvolvidas “antes da porteira”, que se traduzem na produção de insumos usados na produção rural. Acrescenta-se que a atividade “pré-porteira” diz respeito à aquisição de sementes, mudas, fertilizantes, agroquímicos, máquinas,irrigação, embalagens, E representa cerca de um décimo do volume de recursos produzidopelo agronegócio.No ano 2000 o percentual do PIB de insumos representava 9,93% do PIB do agronegócio e já em 2009 esse valor subiu para 11,01%. O que se verifica é um aumento da importância do suporte à produção agropecuária com o objetivo de garantir maior produtividade.

A soja é, sem dúvida, um dos mais importantes itens do agronegócio brasileiro e muitos dos resultados econômicos vindos do agronegócio se devem à contribuição da soja.O complexo soja tem grande parcela de contribuição no PIB do agronegócio, pois ele, sozinho,foi responsável pela geração de, aproximadamente, 40 bilhões de reais em 2009, segundo dados do CEPEA.

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Tabela 4– PIB da Cadeia da Soja, PIB do agronegócio e PIB brasileiro, de 2001 a 2009 Ano PIB do Agronegócio (Em Milhões)

PIB da Cadeia da Soja (Em

Milhões)

PIB do Brasil (Em Milhões)

% do PIB da Soja em relação

ao PIB do Agronegócio

% do PIB daSoja em relação ao PIB do

Brasil

2001 762.969,82 50.645 3.325.167 6.64 1,57

2002 830.169,73 54.546 3.321.161 6.57 1,64

2003 884.421,23 65.829 3.359.242 7.44 1,96

2004 907.014,01 42.692 3.551.131 4.71 1,20

2005 864.787,45 34.519 3.663.335 3.99 0,94

2006 868.680,84 33.475 3.808.295 3.85 0,88

2007 937.239,43 40.169 4.040.274 4.29 0,99

2008 1.012.560,68 44.116 4.249.221 4.36 1,04

2009 954.304,70 40.366 4.235.210 4.23 0,95

Fonte: Cepea-USP/CNA, alterado pelo autor.

Diante da valorização internacional do preço da soja e da destacada produção brasileira, este é um item que se destaca também na pauta das exportações brasileiras. Para SILVAet al.(2010, p. 12), as exportações brasileiras da soja aumentaram mais de364% em valor exportado e mais de 182% em quantidade exportada. O destaque da soja nas exportações brasileiras é evidenciado por Cericattoet al. (2010, p.13):

Além da elevada porcentagem nas exportações, o saldo comercial da soja é expressivamente positivo e ascendente para o período analisado. Enquanto as exportações ampliaram: saltando de pouco mais de 3 bilhões de dólares, em 2002, para mais de 5 bilhões de dólares em 2005 e mais de 11 bilhões de dólares em 2010; as importações apresentaram movimento oposto: caiu de entorno de 174 milhões de dólares em 2002, para pouco mais de 68 milhões de dólares em 2005 e, por fim, reduziu para em torno de 43 milhões de dólares em 2010. O resultado dessa tendência foi a geração de divisas para o país que quase quadruplicou entre os anos de 2002 e 2010, ampliando de aproximadamente 3 bilhões de dólares para quase 11 bilhões de dólares.

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Mesmo em períodos em que o resultado da balança comercial brasileira é negativo, se pode observar que o saldo gerado pela balança comercial do agronegócio, em particular, contribui para reduzir os efeitos do déficit acumulado nos demais setores da economia. Isso só é possível devido às grandes receitas vindas da quantidade exportada pelo agronegócio, acompanhada de uma reduzida importação desde setor, o que acaba por equilibrar a balança comercial como um todo, conforme mostra a tabela 4.

Tabela 5 – Balança comercial brasileira e Balança comercial do agronegócio: 1989 a 2013 (U$ Bilhões)

Ano Exportações Importações Saldo

Total

Brasil(A) Agronegócio (B) Part.%(B/A) Tota

l

Brasil(C) Agronegócio (D) Part.%(C/D) Total Brasil Agronegócio 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 34.383 31.414 31.620 35.793 38.555 43.545 46.506 47.747 52.994 51.140 48.013 55.110 58.287 60.439 73.203 96.677 118.529 137.807 160.649 197.942 152.995 201.915 256.040 242.578 242.179 13.921 12.990 12.403 14.455 15.940 19.105 20.871 21.145 23.376 21.555 20.501 20.605 23.866 24.846 30.653 39.035 43.623 49.471 58.431 71.837 64.786 76.442 94.968 95.814 99.968 40.49 41.35 39.23 40.38 41.34 43.87 44.88 44.29 44.11 42.15 42.70 37.38 40.95 41.11 41.87 40.38 36.80 35.90 36.37 36.29 42.34 37.86 37.09 39.50 41.28 18.263 20.661 21.040 20.554 25.256 33.079 49.972 53.346 59.747 57.763 49.302 55.851 55.602 47.243 48.326 62.836 73.600 91.351 120.617 172.985 127.722 181.768 226.247 223.183 239.621 3.061 3.184 3.642 2.962 4.157 5.678 8.613 8.939 8.197 8.045 5.697 5.759 4.805 4.452 4.750 4.836 5.112 6.699 8.732 11.881 9.900 13.399 17.508 16.409 17.061 16.87 15.41 17.31 14.41 16.46 17.16 17.24 16.76 13.72 13.93 11.56 10.31 8.64 9.42 9.83 7.70 6.95 7.33 7.24 6.87 7.75 7.37 7.74 7.35 7.12 16.119 10.752 10.580 15.239 13.299 10.466 -3.466 -5.599 -6.753 -6.624 -1.289 -0.732 2.685 13.196 24.878 33.842 44.929 46.457 40.032 24.958 25.272 20.147 29.793 19.395 2.558 10.840 9.806 8.761 11.492 11.783 13.427 12.258 12.206 15.178 13.511 14.804 14.845 19.061 20.394 25.903 34.200 38.511 42.772 49.699 59.957 54.885 63.043 77.460 79.405 82.907 Fonte: Agostat Brasil. A partir de dados da SECEX/MDIC.

Do volume de sojaexportado pelo Brasil, grande parte é absorvida pela China, e isto se deve ao fato deste país já ter ocupado quase que sua totalidade de terras agriculturáveis, de sofrer com a pouca disponibilidade de água e ter uma população de 1,34 bilhão de pessoas, o que o força a uma crescente importação de produtos alimentícios.

(34)

problema tem efeitos sobre a quantidade produzida, dado que, apesar da agricultura mecanizada ser responsável pela maior parte da produção agrícola, os pequenos produtores têm sua parcela de contribuição.

Visto que a produção mundial de soja no ano de 2013, segundo dados da CONAB, foi de 267 milhões de toneladas, e que a China produziu somente 5% desse valor, uma quantidade muito abaixo do que precisa, evidencia-se a crescente demanda de soja por essa nação. A tabela 5apresenta os principais destinos da soja produzida no mundo, nos últimos anos.

Tabela 6 – Importação de soja no mundo (Em milhões de toneladas)

País/Safra 2007/08 2008/09 2009/10 2010/11 2011/12 2012/13

China 37.816 41.098 50.338 52.339 59.231 63.000

Europa 15.127 13.213 12.674 12.482 11.300 11.000

Mexico 3.614 3.327 3.523 3.498 3.400 3.350

Japão 4.014 3.396 3.401 2.917 2.759 2.600

Taiwan 2.148 2.216 2.469 2.454 2.250 2.300

Indonésia 1.147 1.393 1.620 1.898 1.990 2.000

Tailândia 1.753 1.510 1.660 2.139 1.906 1.950

Egito 1.061 1.575 1.638 1.644 1.600 1.550

Vietnã 120 184 231 924 1.150 1.230

Coreia do Sul

1.339 1.167 1.197 1.239 1.060 1.200

Outros 10.197 8.403 7.636 7.154 5.871 5.829

Total 78.336 77.482 86.387 88.688 92.517 96.009

Fonte: Conab – Companhia Nacional de Abastecimento.

A tendência é que a exportação de soja em grãos para a china continue crescendo, mas, em paralelo a isso, a exportação de óleo de soja para esse país, venha a diminuir devido ao crescente interesse deste país em comprar apenas a matéria prima, no caso, a soja em grão, e produzir a soja em farelo e o óleo internamente, o que prejudicaria a indústria brasileira.

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No Tocantins, o cultivo da soja começou com uma área de 28 mil hectares, no ano de 1988. Uma área bem mais expressiva que a dos estados do Piauí e Maranhão, porém, bem inferior à da Bahia, que, nesse ano já somava uma área de 228 mil hectares, revelando-se como o detentor da maior área ocupada pela soja, entre as regiões Norte e Nordeste. Posição essa que irá perdurar até o ano atual. Nos anos seguintes o que se observou foi uma grande oscilação da área plantada no Tocantins, que só passou a ter um crescimento relevante em 2001, ao contrario dos já citados estados do nordeste que, durante esse período, apresentaram uma taxa de crescimento anual positiva, em sua maioria.

A tabela7 levanta o crescimento da área ocupada por soja nas regiões Norte e Nordeste e no Brasil.

Tabela 7 – Série histórica da área plantada – Em mil hectáres

Região/UF 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 Norte 91,7 141,1 209,7 352,4 521,9 507,5 410,6 517,5 497,6 574,9 TO 66 105 148,1 243,6 355,7 309,5 267,7 331,6 311,4 364,3 Nordeste 962,6 1.125 1.240 1.323 1.442 1.487 1.454 1.580 1.608 1.861 MA 210 238,3 274 342,5 375 382,5 384,4 421,5 387,4 502,1 PI 62 86,8 116,3 159,3 197,1 232 219,7 253,6 237,1 343,1 BA 690,6 800 850,4 821,5 870 872,6 850,8 905 947,5 1.016 BRASIL 13.969 16.386 18.474 21.375 23.301 22.749 20.686 21.313 21.743 23.467 Fonte: CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento.

Verificou-se grande avanço da soja nas regiões que compõem a denominada MAPITOBA, como aponta o levantamento feito pela CONAB, que evidencia o crescimentoda área plantada da soja no Norte e no Nordeste,aose confrontaro crescimento observado nessas regiões com o crescimento do país. No ano de 2000, a área ocupada por soja no Brasil teve um acréscimo de 3% em referencia ao ano anterior, nesse mesmo período, as regiões Norte e Nordeste experimentaram um aumento de 30 e 13,1%, respectivamente. Até o ano de 2005, a região Norte vivenciava um avanço superior às demais regiões do Brasil, inclusive o Nordeste que, nesse ano, teve acréscimo de 9%, enquanto a região Norte deve crescimento de 48%. Porém, esse crescimento espantoso da soja na região Norte não se traduzia em grande produção de soja, isso porque, essa região só veio a atingir 1% da área ocupada por soja no Brasil, no ano de 2002.

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Tabela 8 – Série Histórica de Produção – Em mil toneladas

REGIÃO/UF 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2008 2009 NORTE 216,6 367,4 557,5 913,7 1419,9 1255,2 1079,9 1414,0 1691,7 TO 138,6 262,5 377,7 606,6 921,3 700,4 646,5 856,4 1071,0 NORDESTE 2075,9 2124,6 2519,3 3538,9 3953,1 3560,9 3867,2 4161,9 5309,5 MA 483,0 569,5 654,9 924,1 997,5 1025,1 1084,0 975,1 1330,6

PI 142,6 91,1 308,2 396,7 554,4 544,5 486,0 768,8 868,4

BA 1.450,3 1464,0 1556,2 2218,1 2401,2 1991,3 2297,2 2418,0 3110,5 BRASIL 38.431 42.230 52.017 49.792 52.304 55.027 58.391 60.017 57.165 Fonte: CONAB – Companhia Nacional de Abastecimento

Observa-se, no intervalo do ano de 2000 a 2009, que assim como na área plantada, a expansão daprodução da soja nas regiões norte e nordeste, no geral, tem um crescimento percentual acima do verificado no país. Porém, novamente a região Norte tem crescimento percentual bem superior ao das demais regiões, e isso é explicado pelo avanço tardio da cultura na região, que permite que sua taxa de crescimento de produção avance a passos largos devido a esta ser incipiente. Isso se torna evidente ao se observar, na tabela 7, que somente no ano de 2002 a produção da região Norte passou a representar mais que 1% da produção nacional.

Relativo à produção, mesmo crescendo a taxas maiores, a produção das regiões Norte e Nordeste eram muito baixas se comparadas à produção absoluta da região geoeconômica do Centro-sul. Segundo dados da Conab, no ano de 1990, a produção do Nordeste somada à produção do Norte, era de 575,8 mil toneladas e representariam somente 3,89% da produção do Centro-Sul, 14.818,7 mil toneladas neste ano. Em 2000, este percentual passou para 6,34%, um crescimento considerável, mas, ainda baixo. Mas o que se observa nos anos seguintes é uma crescente participação dessas duas regiões na produção nacional de soja, tanto que, no ano de 2004, a produção dessas regiões já representava 11,45% da produção no Centro-Sul e 10,27% da produção brasileira.

Como já foi apresentado que a geração de riquezas em determinado local não se traduz, necessariamente, em elevação da qualidade de vida das respectivas populações, resta-se saber resta-se o incremento econômico proveniente do avanço da fronteira agrícola da soja na região da MAPITOBA trouxe desenvolvimento e melhoria dos indicadores sociais destas áreas.

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impactos do crescimento econômico, na qualidade de vida da população de cada um dos municípios.

Tabela 9– Variação do PIB dos municípios nos anos de 2000 e 2010

Município PIB 2000 PIB 2010 Variação do PIB de 2000

para o PIB de 2010 (em %)

Luis E. Magalhães ND R$ 2.084.902.000,00 ND

Barreiras R$ 2.237.722.740,00 R$ 1.855.742.320,00 -17,07

Correntina R$ 302.313.370,00 R$ 584.806.100,00 93,44

Formosa do Rio Preto

R$ 190.353.890,00 R$ 513.947.990,00 170,00

Riachão das Neves R$ 178.358.470,00 R$ 267.943.600,00 50,23 São Desidério R$ 512.994.730,00 R$ 859.460.910,00 67,55

Balsas R$ 327.725.160,00 R$ 1.102.734.180,00 236,48

Tasso Fragoso R$ 40.398.580,00 R$ 231.743.210,00 473,64

Bom Jesus R$ 60.988.750,00 R$ 189.344.170,00 210,46

Campos Lindos R$ 16.072.060,00 R$ 246.224.540,00 1.432,00 Fonte: IBGE, alterados pelo autor.

Dos dez municípios estudados, somente Barreiras, no estado da Bahia, enfrentou uma variação negativa do seu PIB, no período de 2000 a 2010, o que é explicado pela emancipação de Luís Eduardo Magalhaes desta. Os outros nove municípios tiveram um elevado aumento da atividade econômica na década observada, o que mostra que, nesse ponto, o avanço da soja, trouxe benefícios para a região. É importante chamar atenção para o crescimento enfrentado pelo município de Campos Lindos, no estado do Tocantins, que teve seu PIB acrescido de 1.432%, na década estudada. Esse resultado obtido em uma cidade que, segundo o IBGE, tinha população de 8.139 habitantes no ano de 2010, mostra a força dos investimentos que a soja trouxe para a MAPITOBA.

Para se aferir a variação dos indicadores sociais usados no trabalho, nos municípios citados, buscou-se ilustrar, através das tabelas 9 e 10, apresentadas abaixo, os dados registrados no CENSO do ano de 2000, para que, em seguida, sejam confrontados com os dados coletados no CENSO do ano de 2010.

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Tabela 10 – Indicadores municipais do ano de 2000

Município UF IDHM Priveduc Privrend Privagua Privsane Privlixo IES Escolaridade

Balsas MA 0,521 20 50,6 45,8 56,7 46,6 39,7 4,6

Barreiras BA 0,572 15,6 33,5 11,8 61,1 24 27 5,5

Tasso

Fragoso MA 0,445 23,8 64,5 56,7 76,1 68,8 51 3,8

Luís Eduardo Magalhães

BA 0,547 ND 20,7 20,4 46,2 19,1 ND 4,8

Bom Jesus PI 0,486 29,4 56,8 28,9 55,4 59,1 44,3 4

Campos

Lindos TO 0,343 27,8 76,2 62,3 87,6 100 61,1 2,9

Riachão das Neves

BA 0,389 38,8 69,3 47,5 99,4 64,1 59 2,8

Formosa do Rio Preto

BA 0,449 32,3 65,5 45,6 51,4 65,1 50,3 3,2

Correntina BA 0,442 33,6 55,9 56,1 98,2 68,5 53,7 3,2 São

Desiderio BA 0,398 38,1 53,9 48,5 57,5 68,5 49,5 3

Fonte: Mapa da exclusão social no Brasil, alterado pelo autor.

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Já em relação ao IDH-M das dez cidades estudadas, somente em Balsas, Barreiras e Luís Eduardo Magalhãeseste índice não se enquadravana faixa de IDH muito baixo, o que corrobora como IES, ao apontar uma baixa qualidade de vida.

Tabela 11 – Indicadores municipais do ano de 2010

Município UF IDHM Priveduc Privrend Privágua Privsane Privlixo IES Escolaridade

Balsas MA 0,687 12,9 52,6 30,8 80,2 17 36,1 5,2

Barreiras BA 0,721 10,3 44,9 9,5 63,7 9,2 27,9 5,4

Tasso

Fragoso MA 0,599 17,8 70,9 29,2 97,3 40,4 48 4,8

Luis Eduardo Magalhães

BA 0,716 7,3 34 10,1 81,7 3,5 24,4 5,7

Bom Jesus PI 0,668 18,4 58,5 12,3 88,9 29,3 40,2 4,7

Campos

Lindos TO 0,544 21 76,3 38,9 88,1 48,1 51,7 4,5

Riachão

das Neves BA 0,578 30,2 75 40,5 88,6 56,4 55,4 3,7

Formosa do Rio Preto

BA 0,618 22,3 70,1 38,8 95,9 42,7 50,3 4,4

Correntina BA 0,603 23,5 66,5 40,8 77,5 48,4 48,3 4,3 São

Desiderio BA 0,579 25,5 63,4 44,5 89,2 51,2 49,8 4,1

Fonte: Mapa da exclusão social no Brasil, alterado pelo autor.

De acordo com a tabela 11, somente dois dos dez municípios estudados, têm um IDH-M considerado alto, que são Barreiras e Luis Eduardo IDH-Magalhães, na Bahia, justamente os que apresentavam os melhores IDH-M entre o grupo. Apesar disso, no intervalo de tempo analisado, verificou-se que todos os municípios passaram por evoluções nos respectivos IDH-M e passaram a constar em faixas do IDH melhores que na década anterior.

Ao se analisar, em separado, o passivo social, que levanta o percentual da população maior de quinze (15) anos que se declarou analfabeta, observa-se que, em todos os municípios estudados, o percentual sofreu uma queda, no intervalo do ano 2000 a 2010, e que esta queda no PASSOCIA contribuiu consideravelmente para a elevação do IES desses municípios.

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Porém, a realidade do terceiro indicador que forma o PASSAMBI, chamado de PRIVSANE, observa-se que só ocorre uma redução do percentual da população que não tem acesso a saneamento básico, em dois dos dez municípios estudados, ou seja, oito municípios tiveram esse problema agravado no período estudado. Esse aumento da privação do saneamento básico acontece em consequência de um aumento da população não acompanhado por um aumento dos investimentos em saneamento básico que garanta o acesso desse serviço à nova parcela da população acrescentada ao município e, também, pela deterioração das fossas sépticas, causadas pela falta de manutenção adequada.

De todos os índices que formam o IES, o único que teve um movimento de aumento da privação em todos os municípios foi o PRIVREND,percentual da população que sobrevive em domicílios cuja renda varia de zero a dois salários mínimos, justamente o que deveria ter sido reduzido devido ao crescimento econômico da região da MAPITOBA.

Dos resultados encontrados na tabela 9, observa-se o aumento do PIB de nove dos dez municípios estudados, no ano de 2009 contrastados ao ano de 2000.Aumento esse que não foi acompanhado de uma distribuição da renda, visto o comportamento de crescimento da variável PRIVREND, na comparação das tabelas 10 e 11. Ainda na tabela 9, se verifica que o município que teve maior crescimento do PIB foi Campos Lindos -TO, que, no ano de 2010 alcançou a taxa de 1.432 por cento em relação ao PIB do ano de 2000 e, em paralelo, verifica-se o aumento em 0,13% da privação ao passivo econômico deste município, movimento também observado nos demais municípios objetos deste presente estudo.

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5. CONCLUSÃO

O crescimento do PIB vindo da cadeia da soja cria condições para que aExclusão social, de um modo geral, possa ser reduzida, mas este crescimento não é suficiente para que o quadro de pobreza seja alterado. O que se observa é que os recursos vindos da maior produção da soja na MAPITOBA não trouxeram melhorias esperadas na qualidade de vida desta região.

No caso da privação de renda, o aporte de capitaldeveria ter sido acompanhado por crescimento do acessoà renda, mas foi depreendido justamente o contrário. Isso dificulta bastante às condições de vida dos residentes nas áreas rurais, que passam a depender ainda mais da produção agrícola familiar para garantir a alimentação básica para seu sustento.De todas essas observações, verifica-se que, além de investimentos nos serviços essenciais, é necessário também a implantação e correta execução de políticas mais eficientes no sentido de garantir o acesso, pelas populações dos municípios estudados, a uma atividade que lhes permita obter renda monetária, pois o acesso a ela é que dará condições de se consumirem itens que não conseguem produzir, além de possibilitarem acesso ao lazer, que elevará consideravelmente a sensação de bem-estar das famílias.

A contribuição indireta que a economia local presencia, através das arrecadações públicas, deveria, também, colaborar para a redução do quadro de privação dos serviços essenciais a uma vida de qualidade. Em detrimento disso, o que se observa é a manutenção da pobreza, no seu sentido lato, principalmente nas áreas rurais, em virtude dos erros de estratégiaadotados e pela falta de interesse dos políticos em alterar esse quadro. O que acontece é que os políticos dão prioridade para ações que tragam resultados mais rápidos com vistas à manutenção deles no poder. Como exemplo clássico dessa tendência pode-se usar o investimento em saneamento básico que, por produzir efeitos no longo prazo, acaba deixado em segundo plano, pois para que ocorra a perpetuação dos políticos no poder, é importante dar maior atenção às medidas que trazem resultados rápidos para serem usados no próximo período eleitoral.

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instalar nas regiões com o único e claro objetivo de obter benefícios próprios e sem compromisso algum com o desenvolvimento da região explorada. Esse movimento deve ser conciliado ou pelo menos aproximado da harmonia necessária para que haja desenvolvimento econômico.Assim, o interesse coletivonão pode cair no esquecimento por parte das autoridades competentes,mas o problema que vem a tona é a relação de cumplicidadeentre os detentores do poder público e os detentores poder econômico, no caso da MAPITOBA, osgrandes produtores rurais.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Diante dos problemas de exclusão social enfrentados pela população da MAPITOBA, acredita-se que, a expansão dos programas que visem o fortalecimento da agricultura familiar,somada ao crescimento do cooperativismo, irão contribuir bastante para que a qualidade de vida na área se eleve.

Referente ao cooperativismo defende-se que é interessante uma maior associação dos pequenos produtores, visto que são muitos os benefícios provenientes desta reunião. Entre as razões que justificam o apoio ao crescimento cooperativo, podem ser citadas: a maior competitividade resultante do processo de negociação unificado; o socorro ao pequeno produtor que, por acaso venha a acumular prejuízos;o maior acesso ao crédito;além do acesso à capacitação e difusão de informações técnicas que levarão ao aumento da produção.

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Tabela 2 – Comparação do PIB do agronegócio com o PIB do Brasil  Ano  PIB do Agronegócio -
Tabela  3  –  Representação  do  PIB  Pós-porteira  na  composição  do  PIB  do  agronegócio –  Em milhões de reais.
Tabela 5 – Balança comercial brasileira e Balança comercial do agronegócio: 1989 a 2013 (U$ Bilhões)
Tabela 6 – Importação de soja no mundo (Em milhões de toneladas)
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Referências

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