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Ara dedicada a Jùpiter, de Santa Leocàdia de Baião, no Museu do Seminário Maior do Porto Autor(es):

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Academic year: 2022

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Ara dedicada a Jùpiter, de Santa Leocàdia de Baião, no Museu do Seminário Maior do Porto

Autor(es): Brandão, D. de Pinho

Publicado por: Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, Instituto de Estudos Clássicos

URL

persistente: URI:http://hdl.handle.net/10316.2/6941 Accessed : 28-Oct-2022 21:36:47

digitalis.uc.pt

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ARA DEDICADA A JUPITER DE SANTA LEOCÁDIA DE BAIÃO

NO MUSEU DO SEMINÁRIO MAIOR DO PORTO

A ara com a inscrição dedicada a Júpiter que constitui o objecto desta nota encontra-se presentemente no Museu de Arqueologia e Arte do Seminário Maior do Porto. É proveniente da freguesia de Santa

Leocádia, no concelho de Baião, e foi encontrada perto da Igreja paro- quial desta freguesia, pouco antes de dar entrada no referido Museu (1).

Os desgastes de pedra que apresenta, com algumas zonas forte- mente polidas, falam-nos dos baldões e inclemências a que esteve sujeita no decorrer dos séculos. Felizmente a zona epigrafada quase nada sofreu.

Esta lápide testemunha a romanização da localidade e o culto que aí se prestou a Júpiter. Mas não é único testemunho desses tempos recuados existente na localidade. Há mais.

Em Março de 1899, Ricardo Severo explorou a ncerópole luso- -romana do Bairral, situada perto da Igreja na confluência da estrada que sobe da estação da Pala com a que segue do Marco para Esmoriz, em direcção à Régua.

O espólio dessas escavações — objectos de cerâmica comum e sigillata, de vidro e de ferro—foi recolhido no Museu de Antropologia da Universidade do Porto. >J3o se encontraram então quaisquer inscrições, a não ser duas letras esgrafíadas (T E) no colo de um vaso de cerâmica (2).

(1) Foi oferecida ao autor deste artigo para o Museu, em Agosto de 1958, pelo Pároco da freguesia, Rev. P.c Acácio Ribeiro de Freitas. O Museu de Arqueo- logia e Arte do Seminário tinha sido inaugurado solenemente em Março anterior.

(2) Cf, Portugália, tomo u, págs. 417 a 426 e 429 a 431. Ricardo Severo relata com pormenor as escavações feitas e enumera e descreve os objectos encon- trados que atribui a época tardia (séc. iv?).

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ARA DEDICADA A JUPITER DE SANTA LEOCÁDIA DE BA1ÀO 77

Os dois monumentos epigrafados da localidade, conhecidos até o presente, foram descobertos muito depois daquela data, pouco antes de Agosto de 1958: a ara dedicada a Júpiter, que a seguir descrevemos, e uma estela funerária a lembrar a memória de Súnua, filha de Avito, que três filhos levantaram religiosamente a sua mãe: esta e aquela, presentemente, no Museu do Seminário (1).

A LAPIDE

É em granito a ara dedicada a Júpiter. A parte superior, a base inferior e a zona média do ângulo anterior da esquerda estão bastante desgastadas e polidas pela acção de agentes estranhos.

Não se notam vestígios do foculus nem de volutas que provavel- mente teriam, existido e desapareceram com o desgaste superior da pedra. Distinguem-se perfeitamente a base, o fuste e o capitel.

Mede 0.69 metros, por 0.313m. de largura e 0,307 m.de espessura (medidas máximas). O capitel com a moldura que a fotografia mostra tem 0,172m. de alto e de largura e espessura as medidas atrás aponta- das. O fuste mede 0,373m. de altura e 0,268m. e 0,265m. de largura e espessura, respectivamente, e a base 0,l45m. de alto, por 0,28m. de largura e espessura.

A INSCRIÇÃO

Está gravada numa das faces do fuste, ocupando praticamente toda a superfície.

Paleogràficamcnte as letras são de mau desenho (2).

O I I por E da quarta linha é frequente nos títulos epigráficos.

Os elementos finais da inscrição ex voto libenter repetem-se nas inscrições votivas.

O) A estela funerária, em granito, servia de padieira num vão da parede da residência paroquial. Entrou no Museu do Seminário a 18 de Agosto de 1958.

O seu estuda fez parte de uma comunicação apresentada pelo autor deste artigo ao / Congresso Nacional de Arqueologia (Lisboa. Dc/embro de 1958) e será breve- mente publicado nas Actas do Congresso. A inscrição é como segue: Samuel Aviti f{iliae) j Severaset / Flavus et \ Avitus j Matri pijentissumae /posuerunt /j.

(2) Vide a fotografia em extraicxto.

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78 D. DE PINHO BRANDÃO

A sua leitura nào oferece dúvidas, se exceptuarmos a terceira letra da terceira linha. Parece um P e a fotografia, que reproduzimos, feita com luz rasante, sugere esta letra. O exame directo coloca-nos, porém, em certa hesitação de escolha entre P e F.

É, pois, a inscrição:

I O V I 0 M

F L P R (ou F L F R) 1 I X V O

T O L I B Como interpretar a terceira linha?

O primeiro grupo F L é a abreviatura de Flavius. Relativamente ao segundo, se lermos P R, teremos a abreviatura de Primus ou Pro- cuha, pois dos antropónimos que começam pelas duas referidas letras, sào estes os mais frequentes. Se copiarmos F R, teremos a abreviatura de Fronto (D.ou de outro antropónimo que comece pelas duas letras ex. gr. Fraternus, etc.

A epígrafe deve completar-se com posuit. ou outra expressão de sentido idêntico, como ponendum curavit, faciendum curavit, etc..

De harmonia com o que ficou dito, desdobrando as siglas e abre- viaturas, propomos a seguinte

Leitura: IOVI / O(piimo) M(aximo) / FL{avius) PR(hmts ou oculus) [ou Fl(avius) Fr(onto)?] / EX VO / TO UB(enter) \p(osuit)]//.

Tradução: Flávio Primo (ou Próculo) (ou Flávio Frontão?) levantou este monumento, de boa vontade, a Júpiter, óptimo, máximo, em cumprimento de um voto (2).

(1) Flavius Fronto aparece noutras inscrições da Península.

(2) Além da possibilidade da segunda abreviatura da terceira linha indicar a filiaÇÔO, e entào teriamos um genitivo — Primi /ilius... — .quereríamos ventilar uma outra hipótese: a de corresponderem as duas abreviaturas da mesma linha a dois dedicantes distintos: Flávio e Primo (ou Próculo ou Frontão...). Neste caso haveria a omissão da copulaliva et, fenómeno frequente em epigratia. e a expressão verbal subentender-se-ia no plural: pasuentnt, faciendum curaverunt, etc.

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Ara dedicada a Júpiter, de Santa Leocádia de Baião.

(No Museu do Seminário Maior do Porto).

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ARA DEDICADA A JÚPITER DE SANTA LEOCÁDIA DE BAlAO 70

Temos, pois, na presente inscrição, mais um documento do culto a Jupiter, a juntar-se a muitíssimos outros que se encontram em ter- ritório português dedicados a esta divindade. Os epítetos óptimo e máximo sào os que mais frequentemente lhe sào atribuídos e mais se repetem nas inscrições em sua honra.

D. DE PINHO BRANDãO Professor do Seminário Maior do Porto

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