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conduziu- ao e tudo da ec nomia. Naquela época não se podia e tudar cconomi na Suéci a um ruvcl uperior já que a ciência económica era somente en inada nas fa uldades de direito. Assim até 1890 estudou econ mia em univer- sidades inglesa, francesa, germânica c austríaca.

A ua preocupação inicial foi a questão populacional endo ne te a pecto um neo-malthusiano.

O períod m i pr dutivo como economista teórico foi entre 1890 e princípio da I Guerra Mundial cm que escreveu a maior parte da sua obras. Entre 1890 e 1899 não tendo uma regular po ição académica lev u a que passasse por problema~ financeiros

(3).

O seu primciro grande tratado foi publicado em 1892, em alemão, c m o título Valor, Capital e Renda. Apesar do reconhecimento internacional desta obra, foi recebida com indiferença aquando da sua publicação quer na Alemanha quer na Suécia. Uma das razõe para este facto era o domínio, entre os cononústas alemãe , da escola histórica.

Wicksell tentou apre entar este trabalho como tese de doutoramento na Univer idade de Uppsala, ma foi-lhe recusado.

Wicksell virou-se então para as fmanças públicas e em Maio de 1895 obteve um alto grau académico cm economia política.

Nesse mesmo ano obteve também o doutoramento com um trabalho nesta área. Em 1896 publica o seu segundo trabalho sobre fmanças públicas. Mas o lugar efectivo na Faculdade de Filosofia de Uppsala foi-lhe recusado com o

(3) Estas dificuldades estão relacionadas com a sua reputação de nã<H>rtodoxo em termos sociais e religiosos. Em 19010 lugar obtido na Universidade de Iund é considerado por UHR (1951) como urna vitória da liberdade académica.

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argumento de que a sua tese pertenci:1. à faculdade de Direito. Sendo-lhe negada a carreira universitária sem um grau académico em direito, obteve-o entre 1896 e 1899 com especialização em direito fmanceiro.

Entretanto, em 1898, acabou o seu segundo tratado, traduzido como Juro e Preços.

Wicksell serviu somente um ano como docente na Universidade de UPPS().la, porque cm 1900 abriu um lugar de direito financeiro e economia na Universidade de Lund.

Depois de disputar o lugar com G. Cassei obteve-o em 1901 c exerceu-o até 1916. Em 1901 publicou o primeiro volume das suas Lições de Economia Pof{tica, que são uma refor- mulação, com alterações na teoria do capitél.l do seu Valor, Capital e Renda (1892). Em 1906 o segundo volume das

«Lições») foi dado a estampa, representando uma reedição reformulada de Juro e Preços.

Quando da sua retirada do ensino muda-se para um subúrbio de Estocolmo de onde entre 1916-1926 exerceu uma acção decisiva nos debates económicos do seu tempo, intervindo como um homem da ciência e não como um político, sendo considerado o decano dos economistas suecos. Neste período desenvolve U111 programa anti- inflação, que vai desenvolvendo e aperfeiçoando numa série de artigos entre 1915-1925.

Em 1925 está preocupado em rever a sua análise, que publicou no 2. o volume das sua~ «Lições», à luz da expe- riência sueca durante a guerra e no pós-guerra. Esta foi a sua última contribuição para a ciência económica já que a morte retirou-o do convívio dos vivos em 1926.

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2. A Teoria económica no tempo de Wicksell

Quand Wick eU come ou os eu e tudos econó- micos, por v lta de 1885, os marginalistas tinham conse- guido impôr a ua concepções económicas. O mo da matemática trouxe ao economistas uma metodologia uperior ao empiri m e téril da e cola rustórica Alemã. Era o método deduti o da uce siva apr ximações que permitiam ao ec nomi ta ab trair- e do detalhe e inter- relaçõe confu a e i olar a força deci iv:\s capazes de explicar a complexa realidade que a teoria económica procura compreender. Mas esta teorias não estavam ainda totalmente desenvolvidas nem coordenadas uma com as outras, que ó veio a acontecer durante o anos noventa do século em curso. Wicksell de empenhou um papel signi- ficativo ne te desenvolvimento.

Depoi da rev lução marginalista de 1870, não existia wn único istcma de economia política; todavia, todas as escolas, s m diferença apreciáveis, partilhavam o mesmo conceito de análise: o equilíbrio geral. A divergência incidia sobre o pontos mel/os importantes como a modalidade técnica para descrever o equilíbrio. É uma questão à qual aparece ligado o nome de Walras, mas que está implícita em Marshall e nas obras principais da e cola austríaca (Wieser, Menger, Bohm-Bowerk).

Por volta de 1890 o edifício teórico dos marginalistas parecia estar completo. Ma faltava-lhe a integração lógica das diversas partes construídas pelos diversos arquitectos.

Menger, Wieser e Bohm-Bowerk trabalhavam cada um em especialidades separada, aparentemente incapazes de chegar à síntese das suas teorias. Menger especializou-se na teoria da utilidade marginal e empenhou- e numa batalha metodológica contra a Escola Histórica Alemã, parti-

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cularmente com Schmoller. Weiser concentrou-se nos problemas do desenvolvimento econ6mico e social s6 voltando à teoria pura cm 1913. Bõhm-Bowerk perdeu-se com as polémicas com os marxistas e com as teorias produtivas do juro.

Marshall e Edgeworth cm Inglaterra, aceitando a teoria da utilidade marginal, insistiam num outro determinante, o custo real. Marshall, por outro lado, não aceitava parte da concepção de Bõhm-Bowerk.

A escola de Lausanne, centrada à volta de Walras e dos seus seguidores, Pareto e Barone, parecia mais bem colocada para a síntese devido ao método de equilíbrio geral e da análise matemática-funcional das causas e interrelações multiplas e mútuas. Mas, discordavam de certos aspectos da teoria austríaca, especialmente da concepção de Bõhm- Bowerk da produção e capital.

Wicksell resolveu-se a tentar consolidar os ganhos fcitos pelos mais representativos da nova doutrina num sistema coordenado; dos seus esforços resultou o tratado Valor, Capital e Renda e mais tarde as suas Lições-I. Para conseguir o seu objectivo utilizou como núcleo o sistema Walrasiano, aperfeiçoando-o com os contributos dos outros expoentes desta doutrina, cm especial na parte relativa ao capital.

3. A teoria monetária antes de Wicksell: Walras

Todos os trabalhos dos autores marginalistas, de Bõhm- -Bowerk a Marshall passando por Walras, são incapazes de dar conta dos movimentos gerais dos valores c das quantidades a que chamam de movimentos de curta duração, de longa duração, etc .. A lei dos mercados de Say

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permanec válida. Em última análi e são as mercadoria que e trocam contra a mercadoria. Ma e ta te e nã nos explica porque variam preç e a quantidades da mercadoria trocada. A fê rma de ultrapa ar e ta que tão é intr duzir a procura de moeda. E tes autores fá-lo-ão justapond à te ria econónúca geral uma teoria da moeda que lhe é heter génea ou que, pelo menos, lhe é exteri r.

O fact r m netári apar ce com um multiplicador que afecta de um mesmo coeficiente s diferente preços relativ . De um lado temo uma te ria d preços relativos em term ubjectiv, do outr uma te ria quantitativa da moeda em termo mecânicos. De uma à outra, nenhuma pas agem é pos ível. Uma conciliação puramente verbal opera-se na afirmação de que a moeda é um véu que basta levantar para encontrar os fenómenos reai : os movimentos do preço absolutos não modificam os preços relativos ou as condiçõe de pr dução, a m eda é neutra.

Vejamos em particular a teoria de um destes autores, Walras

(I).

No que re peita à parte monetária limita-se a introduzir, justap ndo à parte real, a teoria quantitativa da moeda. De facto, WaLras considera a p:\rtir da IV edição a moeda di tinta do numerário, uma moeda sem valor intrúl ec e atribui a sua procura à utilidade do «service d'approvi ionnément» que rende. Na ua construção a m eda é um dos muitos capitais circulantes que satisfazem

«as neces idades de aprovisionamento». O consumidores- explica Walras - u am capital circulante nas duas formas de stocks de ben de consumo e de reserva monetária, com vista a futuras aquisições ou investimento; os empresários usam-no na forma de stocks de matérias-primas, bens

(1) Seguimos de perto a interpretação deste autor de FABBRINI

(1951).

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acabados e reserva monetária. A reservas monetárias são necessárias para as aquisições de bens de consumo ou erviços produtiv s, u para reconstituir os stocks, quando não são sincronizávei com as venda. A procura de moeda é devia, consequentemente, somente ao motivo transacção.

A partir desta concepçã de moeda, a reserva monetária c mo stocks do vários bens são introduzidos no esquema de equilíbrio geral e as quantidades oferecidas e procuradas ão função de todos os preços, compreendend os dos capitais circulantes e da moeda (a taxa de juro).

A análi e marginal i ta torna-se, assim, extensível à

111 eda: derivando a função utilidade determina-se a quantidade efectiva oferecida e procurada de reserva monetária de cada indivíduo e, por agregação, de conjunto dos indivíduos; o «tâtonnement», mediante a variação do preço da moeda (a taxa de juro), elimina o excedente de oferta (ou da procura) totais.

A Walras deve reconhecer-se portanto, o mérito de haver incluído a equação de «cash-balance» no sistema de equilíbrio geral e de tê-la obtido com o método típico da análise do equilíbrio, respeitando a simetria do sistema.

De f.:1.cto verifica-se uma diferença fundamental entre o

«tâtonnement» desta fase e os das fases precedentes, as que explicam o equilíbrio da troca, da troca e da produção e da troca, produção e capitalização. O equilíbrio monetário vem depois de alcançado o equilíbrio de troca, produção e capitalização e, portanto, fora do sistema de equações do eqtúlíbrio económico geral. Durante este ajustamento verificam-se oscilações somente num preço, o preço do serviço de aprovisionamento da moeda, não influindo na procura e oferta efectivas dos vários bens e não sendo necessárias oscilações de preços nos outros mercados.

A consequência é de que os preços de equilíbrio relativos

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p dem er determinad omente n mcrcado de bens, c m numa cc n mia c m numerári ,ma sem moeda. O preços relativ não ã perturbad pela determinaçâo do rúvel ab luto de equilíbri d s preç , fcctuada no mercado mon tári .

Devid a e ta brep sição do pr cesso de formação dos preç a te ria m nctária não é mai integrada com a teoria da pr duçã e da capitalização e a extensão da análise marginali ta à m eda não se verifica de facto.

O erro fundamental de Walras é de não considerar o ((real bal nce fcct», pelo qual uma alt raçã do rúvel de preços prov ca uma variação no valor real da reserva mon tária wn aumento u uma diminuiçã da procura de moeda e COl1 equentemente uma repercussão obre o preço das mercad rias. Este crro deve-se a uma inadmissível eparação entre a equações do istema, resolvendo sepa- radamente aquelas que determinam os preços relativos das mercadorias daquela que determinam o rúvel absoluto.

Concluindo, Walras procura extender a análise mar- ginalista aos D nómenos monetário, p lo que substitui a equação da teoria quantitativa pela equação de Cambridge.

Mas não soube ju tificar no processo dinâmico que leva ao equilíbrio a relação desta com a troca, produção e capitalização. A teoria monetária para Walra depois de tanto trabalho e refmamento da análise, volta a ser a que enunciara na primeira dição: a teoria quantitativa.

4. A teoria monetária antes de Wicksell: os ante- cedentes

4.1. A teoria monetária é menos abstracta que a maior parte da teoria económica, na medida cm que não pode

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evitar uma relação com a realidade, a qual não existe, de Fc rma imediata, a maior parte das vezes na «outra» teoria económica. Esta relação com a realidade condiciona por sua vez a pertinência da teoria monetária. A passagem de moeda metálica para papel moeda condiciona a teoria m netária, mas dizer que a moeda metálica deu lugar à moeda de crédito, não é, contudo, ir ao cerne da questão.

A alteração crucial da moeda, de moeda metálica para notas ou depósitos bancário, é uma simples parte de um desenvolvimento profundo, o desenvolvimento do sistema financeir .

A maior parte dos economistas clássicos situava a sua análise monetária numa economia representada por um modelo de moeda metálica, quando no tempo de Ricardo o desenvolvimento do crédito já era apreciável. Ao tentar tratar o sistema monetário como se fosse um sistema metálico, Ricardo estava a olhar para o passado. O sistema monetário em termos do qual ele pensava era já, no seu tempo, uma coisa do passado. Era o sistema em que todo o empréstimo era de longo prazo, a taxa de juro era inteiramente determinada pela poupança c investimento, o nível de actividade era somente determinado pelos factores reais do sistema, e a quantidade de moeda actuava somente

obre o nível de preços.

Houve pelo menos um dos seus contemporâneos para quem esta análise não se ajustava na medida em que se colocava na óptica da moeda de crédito. Este autor era Henry THORNTON

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e que tinha uma teoria de curto prazo a partir da análise de uma economia de crédito. Para Hicks

(1) Escreveu A.n Ellquiry into the Nature and Effects of the Paper Credit of Great Britain (1802), seis anos antes de qualquer dos escritos de Ricardo. A sua teoria foi por n6s estudada a partir das referências encontradas em Um (1962) e HICKS (1967).

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(1967) c te autor tem a melhor análi c do funcionamento de um i tema de crédit entre s velhos econ mistas.

Thornt n não m nte reconheceu que nos períodos curt a cau a monetárias podem ter efeit s reais, mas também que num i tema de crédit o reverso pode acontecer. A cau a re i têm efeitos m netário . O sis- tema de crédit expandir-sc-á automaticamente se houver causa reai a pr mover uma expansão da actividade e contrair-se-á se h uver pânico ou se houver alterações na procura de capital que provoquem c ntracçõe. Algumas destas expansõe e contracções seriam desejáveis, outras não.

Assim haveria a necessidade que o sistema de crédito fosse gerido.

E te autor parece ter influenciado Wicksell dada a proximidade de po içõe, mas aparentemente Wicksell nunca o leu porque nunca se lhe refere, enquanto discute certo escritos de Tooke c Ricardo. Parece ter sido Davidson o primeiro autor sueco seu contemporâneo a redescobrir Thornton quando em 1916 e creveu um artigo sobre este autor que expõe sucintamente a sua teoria do movimento dos preços devido à divergência entre a taxa de lucro e a taxa de juro. Ao ler este artigo Wicksell ficou surpreendido por encontrar ideias similares às suas num autor anterior a Ricardo.

Thornton tomou claro que a depreciação da libra-papel foi devido à emissão de notas resultantes da máxima taxa de desconto legal do Banco de Inglaterra ser inferior à taxa de lucro mercantil durante as guerras napoleónicas. Como resultado desta situação previu um processo inflacionista cumulativo enquanto esta situação persistisse. Esta emissão adicional de nota do Banco poderia nunca se ter tornado excessiva mesmo com escassez derivada da guerra e uma taxa de desconto fixa se assistíssemos a um aumento dos

(11)

d.3. Terminamos expondo as semelhanças e diferenças entre as conclusões das análises de Estocolmo e Cam- bridge

(1):

(1)

Diferenças em relação à velha teoria - a gestão da procura agregada;

- crítica à lei de Say;

- a análise da procura e oferta agregada está na origem do uso das despesas públicas fmanciadas por défice como remédio contra o desemprego;

- a grande influência da incerteza quanto ao futuro;

- em geral uma redução dos salários durante a depressão, num país isolado, não gera grande aumento do emprego;

- uma diminuição da disposição para poupar durante a depressão, levará, ceteris paribus, a um aumento do investimento e a um aumento do volume de poupanças;

- conceitos ex-post que permitem considerar a quan- tidade poupada sempre igual aos novos investimentos, toma obvio que há sempre suficiente «fmanciamento» para o investimento feito com ajuda de défices.

b) Outros méritos da escola de Estocolmo

- ter apontado a importância da ordem dos acon- tecimentos num processo em expansão e contracção, bem como da velocidade de reacção;

- contribuição para a teoria do juro na óptica da teoria dos fundos emprestáveis;

- mais atenção às condições de oferta nas diferentes indústrias;

- o uso de um método mais dinâmico, devido aos conceitos ex-ante e ex-post, ao estudo em simultâneo da variação de preços e quantidades e à consideração de

«feed backs».

(1) OffiIN (1981). pág. 216-218 e pág. 226.

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4. As variações dos preços relativos: a análise de Von Hayek

4.1. Von Hayek com. Wicksell procura a rigem da cri e na flutuaçõe da taxa de jur m netária. Mas se para

Wick ell e ta flutuaçõe provocam um moviment no nível geral de preços, para Von Hayek ela alteram as relações entre o diferente preços rdativo . Von Hayek não pensava que o m vimento de preços p dessem provocar um desequilíbri geral se todos estivessem orientados no mesmo sentido, ao c ntrário da variação do preços relativos que provocam alterações na estrutura de pr dução de tal Jorm.a que somente estes podem explicar todas as rupturas

do equilíbrio económico.

É ao estudo do preços relativos que se consagra Von Hayek na sua bra Prix et Prodtlctioll (1931). Ele reagrupa os elementos fundamentai do pensamento de Marshall, de Bõhm-Bawerk e de Wicksell mas inverte os seus pontos de vista sobre o problema do equilíbrio económico geral.

Conserva a distinção entre uma economia real e uma economia monetária, mas em lugar de partir da primeira para a segunda, postula pelo contrário que as flutuações monetárias se repercutem na estrutura real da economia por intermédio dos preços.

Na análi e monetária, Von Hayek, admite os postulados Wicksellianos. O desequilíbrio explica-se por repercussões das flutuações monetárias na estrutura real da economia, mas este desequilíbrio não se explica por uma intervenção directa da moeda, é preciso passar pela intermediação da taxa de juro. Numa economia real, a taxa natural assegura a todo o momento o equilíbrio entre poupança e investimento, numa economia monetária este equilíbrio é rompido pela disparidade das taxas.

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Só que a partir daqui Hayek rejeita as conclusões de Wicksell de que a disparidade de taxas provocará um movimento no ruvel geral de preços pois considera que este não é suficiente para explicar os desequilíbrio. Assim, Von Hayek, considera ainda que a disparidade de taxas estão na rigem dos cicl s ma pen a que não é o nível geral de preços que joga o papel decisivo. A disparidade de ta~s pr vocará divergência entre os preços relativos dos dife- rente estádio da produção e serão estas divergências entre os preço relativ s que provocam os desequilíbrios.

Se a quantidade de moeda aumenta, a taxa monetária:

diminui e os empresários encontram perspectivas de sobre- -lucro na produtividade marginal do capital e nas diferenças de taxas. Os empresários pedem emprestado capital c tornam-se compradores no mercado de bens de produção;

o preço destes bens têm então tendência para aumentar, reforçada por um segundo fenómeno que acentua a tendência: os preços dos bens de consumo diminuem relativamente aos dos ben de produção enquanto que os produtores de bens de consumo vêm os seus custos aumentarem devido a uma procura acrescida de mão de obra e das matérias primas por parte dos produtores de bens de produção.

Ora Von Hayek como Wicksell estabelecem a hipótese de pleno-emprego, o que signif1ca a ausência total de disponibilidade de factores de produção. Os produtores de bens de consumo para fazer face à baixa dos seus lucros (em virtude da baixa dos preços relativos e da alta dos seus custos) racionalizam-se e tornam-se compradores por seu lado de bens de produção.

Assim neste último mercado, uma dupla procura faz-se sentir: a dos empresários que investem tendo em vista novas produções e os produtores de bens de consumo que se

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tomam compradore de bens intermediários para diminuir os seus custo .

4.2. Hayek utiliza a teoria austríaca do capital para proceder a uma definição microecon6mica original dos bens. Considera como diferentes dois produtos pertencendo a dois estádios di tintos do processo de produção. A partir desta análise chega à distinção entre «bens especilicos» e «bens não específicos» consoante sejam empregues num único estádio de prod ução ou susceptíveis de múltiplos usos em estádios diferenciados de produção

(1).

O nosso objectivo na análise deste trabalho de Von Hayek foi somente o de situá-lo no desenvolvimento da análise de Wicksel1, ao explorar a hipótese da possibilidade de variações nos preços relativos. Não é, consequentemente, pertinente para o presente estudo o desenvolvimento da sua teoria de produção c do capital, de qualquer forma um ponto de distinção em relação à análise de Wicksell. Desta forma, concluiremos, realçando que, como corolário da análise de Hayek, este não acreditava na utilização da política monetária para suprimir as flutuações da conjuntura, pelo que Von Hayek insista numa condição do equilíbrio económico anterior a Wicksell, a invariabilidade da quantidade de moeda.

5. O posicionamento

da

obra de Wicksell na teoria monetária

O esquema seguinte apresenta de forma sintética o posicionamento da obra de Wicksell na teoria monetária.

(1) HAYEK (1931), na versão francesa de 1975, pág. 139 a 141.

(15)

Começa por mostrar que Wicksell a partir da «velha» teoria quantiativa da moeda desenvolveu uma análise com base na relação Poupança-Investimento, que vai dar origem às chamadas teorias da Poupança-Investimento que domi- naram o pensamento econ6mico desde o princípio do século e que teve como expoente máximo Keynes.

Teoria qnantitativa

~----~I ~, ______ ~

! 1

Wicksel - (Davidson) Fisher

l :---tt

Hawtrey Robertson

Keynes (Tratado) Lindahl

Myrdal

Ohlin

t

Keynes (Teoria Geral) Teorias da

Poupança - Investimento Figura 1 (I)

Hayek

1

Friedman

Até Friedman restaurar a teoria quantitativa, a análise da Poupança-Investimento dominou a teoria monetária durante este século. Todos os defensores desta análise des- cendem da teoria de Wicksell que analisa as alterações do nível de preços (ou do rendimento nominal) em termos de poupança e investimento, consubstanciada num desajus- tamento de taxas de juro nominal e real. O uso da análise

(I) Esquema reproduzido, em parte, de LEI]ONHUFVUD (1981), pág. 133.

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da P upança-Inve timent para anali ar a flutuações d- rendiment é um demcnt essencial de difc renciação em relação a m netarista. Na variant m n tari t da teoria quantitativa, p upança e investimento tem a ver com a afectação d pr dut ma nada a v r c ma d terminação do rendimento ou lÚVel geral de preços.

A e cola de E t c 1m Austríaca também des- cendem da análi e de Wicksell. Só que enquanto a escola de E tocolmo de nv lveu a análise de Wicksell no entido da introduçã da expectativas na análi e económica reforçand a análi e do pr cesso económic como wn processo contínuo, debelando, assim, a grave lacuna de Wicksell que foi ter aplicado Wl1 esquema estático a problemas de natureza e cncialmente dinâmica, a escola Austríaca, com Hayek, preocupa- e com as flutuações na taxa de juro e suas con equência nos preços r lativo como factor explicativo dos de equilíbrio.

A análi e de Keynes representa o desenvolvimento de uma terceira vi~. de de nvolvimento da teoria da Poupança- -Investinlento de Wick ell. Por um lado, tal como a escola de Estocolmo, este autor desenvolv a hipótese de ajustamento pelas quantidades ao desenvolver uma teoria do rendimento mai completa. Por outro lado, abandona a teoria do fundo mprestáveis o que acarreta consigo a impossibilidade de a decisões de poupança e de inves- timento serem coordenadas pela taxa de juro. Em sua substituição urge a teoria da preferência da liquidez, que diz que a procura c oferta de moeda determinam a taxa de juro, já que a Poupança e o Investimento não o podem fazer pois são sempre iguais. Assim a contribuição de Wicksell per- deu-se e com ela a hipótese dinâmica que é fWldamental à teoria quantitativa, de que o excesso de procura de moeda determina o nível dos preços.

(17)

. Concluindo, diremos que numa épocá em que o n·ível de preços flutua bastante e em que se assiste ao restaurar da teoria quantitativa, a consideração da ligação, de acordo com Wickscll, e levando em conta os desenvolvimentos da escola de Estocolmo entre a teoria da Poupança-Investimento e a teoria dos fundos emprestáveis que permite à taxa de juro coordenar as decisões de poupança e de investimento, aparece como uma }úpótese a considerar, inserida num esquema analítico que integre em simultâneo variações de preços e de quantidades.

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Referências

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