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GEOGRAFIA ESCOLAR: COMPREENSÃO E LEITURA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DOS ALUNOS

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Academic year: 2022

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GEOGRAFIA ESCOLAR: COMPREENSÃO E LEITURA DO ESPAÇO GEOGRÁFICO DOS ALUNOS

Maria Monalisa Araújo Batista 1

RESUMO

O Ensino de Geografia é essencial para a compreensão do espaço geográfico para os alunos, pois é através do ensino que os alunos constroem suas percepções sobre o espaço geográfico, e passam a compreender, refletir e analisar o mundo e a sociedade em que vivem. A geografia como componente curricular no Ensino fundamental, e como disciplina que estuda o espaço contribui para a construção e compreensão dos alunos sobre o espaço geográfico. O presente trabalho é resultado das experiências vividas da prática da pesquisa, que ocorreu em uma escola de ensino fundamental na cidade de Eusébio – Ceará. Buscou-se compreender como o ensino de Geografia e o espaço escolar e social influenciam na compreensão e leitura do espaço geográfico dos alunos e que novas formas podem-se adotar para uma melhor construção desse conhecimento. Portanto, utilizou-se de uma investigação qualitativa, partindo do levantamento bibliográfico, análise do espaço escolar, observação da prática docente, entrevista com professor, roda de conversa e produção de desenhos com os alunos, com o objetivo de compreender a construção do conhecimento.

Palavras-chave: ensino de geografia, espaço escolar, espaço geográfico, conhecimento e espacialidade.

INTRODUÇÃO

O ensino de geografia é de grande importância para o entendimento e compreensão do espaço geográfico pelas crianças e os adolescentes, é através das atividades de ensino na sala de aula que os alunos passam a conhecer e compreender o mundo e a sociedade em que vivem.

A geografia como componente curricular no ensino fundamental, e como disciplina que estuda o espaço produzido pela sociedade contribui para a construção e mudança do modo dos alunos perceberem o espaço, assim como transformam suas visões sobre a sociedade e as mudanças que ocorrem nela, além de produzir nos alunos a capacidade de refletir a analisar de forma mais crítica o mundo em que vivem.

A Geografia torna-se uma disciplina significativa e indispensável para o desenvolvimento de alunos mais críticos e atuantes na sociedade, e o professor desempenha um papel de fundamental importância.

Os alunos chegam a escola com uma bagagem de conhecimento e experiências construídas pela sociedade, familiares e grupos da qual convivem, o professor usando dos mecanismos metodológicos tem o desafio de interligar o que é vivido com o que é ensinado, é necessário que os conteúdos geográficos não se resumam apenas na fala do professor, no

1 Graduando do Curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará - UFC, monalisa.araujo.ufc@gmail.com;

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quadro, no livro didático e nas avaliações, mas muito além disso, o professor precisa não só relacionar mas fazer com que o aluno compreenda sua real participação no conjunto das relações espaciais a que pertence.

Partindo do aluno como um ser histórico a geografia tem o papel de moldar o conhecimento adquirido pelo aluno, bem como aperfeiçoar e ampliar esse conhecimento do espaço. Surge o desafio para o professor o desafio de criar novas formas de ensino para aperfeiçoar o modo de ver e pensar do aluno, para tornarem-se mais críticos.

Como professora e pesquisadora em formação, vendo-se diante desse ambiente escolar, e em constante contato com esses alunos e professores, questiono-me como os alunos relacionam os assuntos e conceitos repassados em sala de aula com o espaço geográfico no qual estão inseridos? Como os alunos veem o espaço onde vivem, e a mudanças que ocorrem na sociedade como um todo? Como o ambiente escolar, os professores e as formas de ensino influenciam na construção da leitura do espaço geográfico dos alunos? Como a Geografia contribui neste processo?

METODOLOGIA

A pesquisa foi realizada na Escola João de Freitas Ramos, na cidade de Eusébio /Ceará, como atividade da disciplina de Estágio Supervisionado em Geografia I, do curso de Geografia da Universidade Federal do Ceará. Tendo como objetivo fazer uma análise do espaço escolar, observação da prática docente, dos processos pedagógicos para esclarecer os questionamentos e entender como é construído a compreensão do conhecimento dos alunos sobre o espaço geográfico. Assim, busco desenvolver uma proposta investigativa que auxilie o docente a compreender o desenvolvimento de conhecimento dos educandos durante o período letivo.

A pesquisa foi dividida em quatro etapas: 1ª) levantamento bibliográfico; 2ª) análise do espaço escolar; 3ª) observação da prática docente de Geografia no 6° e 7° ano; e a 4ª) etapa que se dividiu em dois momentos: inicialmente um roda de conversa com os alunos para avaliar a percepção dos educandos sobre os espaço e os conhecimentos geográficos, com cunho qualitativo, permitindo utilizar métodos de pesquisa e procedimentos na coleta dos dados, de acordo com os objetivos a serem alcançados. E num segundo momento foi feita a elaboração de desenhos com os alunos, com o objetivo de observar as dificuldades dos alunos relacionadas a espacialidade e compreender se eles conseguem relacionar os conteúdos apreendidos em sala de aula com as suas realidades.

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O desenvolvimento do trabalho está organizado em cinco tópicos: introdução, Metodologia, Desenvolvimento, onde são trabalhados os conceitos que norteiam a construção da pesquisa e Resultados e discussão, com os apontamentos adquiridos com a pesquisa sobre o Ensino de Geografia e a compreensão do espaço geográfico, finalizando com as considerações finais sobre a pesquisa.

DESENVOLVIMENTO

O processo reflexivo sobre as práticas docentes no ambiente escolar é essencial e importante para professores em formação, pois nos possibilita um conhecimento e compreensão da realidade e dos processos no ambiente escolar, dando-nos a possiblidade de analisarmos e estudarmos na prática, fazendo-nos questionar e repensar a realidade do ambiente escolar.

Na realidade das escolas públicas de hoje se é exigido e educado um conhecimento de raciocínio lógico, o que é proposto nas escolas geralmente é um conhecimento linear e superficial da realidade. A escola hoje prepara alunos para o mercado de trabalho, mas a escola deve buscar também preparar o aluno para que compreenda a sua realidade, o mundo e o espaço onde vive. Há a necessidade de desenvolver nos alunos a percepção e consciência espacial sobre o que está embutido na realidade social em que vivem.

É necessário buscar analisar e compreender como as práticas de ensino se dão no contexto escolar, e a contribuição delas para o desenvolvimento da consciência espacial do aluno. A compreensão dessas práticas de ensino é importante na construção das experiências sobre a realidade escolar, e na formação do professor de geografia. A pesquisa permite vivenciar o ambiente escolar, as relações professor-aluno, professor-escola e professor-comunidade, além de nos permitir questionar e refletir os processos de ensino na Geografia.

A Geografia escolar assim como a sociedade se modifica, alguns anos atrás era uma disciplina baseada na descrição e memorização, não existia nenhuma contextualização reflexiva. Com o tempo ela foi se modificando, incorporando a dimensão cultural, e passou a utilizar representações sociais. É necessário entender que a Geografia escolar tem um papel muito importante pois a partir dela que o aluno passa a conhecer o espaço produzido pelo homem, e suas relações. Hassler (2008, p. 05) vai entender a Geografia como:

A Geografia é a ciência que estuda a construção do espaço pelos homens, a partir da forma como estão organizados em sociedades e das condições naturais daquele espaço, muitas vezes é justamente o que não é aparente, sendo a essência, portanto, e nem observável, necessitando ser descoberto, investigado. (HASSLER ,2008, p. 05)

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Surgi para o professor de Geografia o desafio de valorizar o espaço vivido dos alunos, e construir uma aprendizagem geográfica que valoriza o aluno, e que esse aluno

possa compreender o seu espaço, a sociedade e que como indivíduo social seja capaz de construir e modificar esses espaços. Para Callai (2010, p. 17):

A geografia escolar, assim como a ciência geográfica, tem a função de estudar, analisar e buscar explicações para o espaço produzido pela humanidade. Enquanto a matéria de ensino cria as condições para que o aluno se reconheça como sujeito que participa do espaço em que vive e estuda, compreendendo que os fenômenos que ali acontecem são resultado da vida e do trabalho dos homens em sua trajetória de construção da própria sociedade demarcada em seus espaços e tempos. (CALLAI, 2010, p. 17)

Os alunos são seres históricos, e chegam a sala de aula com vários conhecimentos construídos em sociedade que influenciara em seu modo de pensar e de agir, em seus interesses e necessidades, é necessário então que se correlacione o espaço geográfico com esses conhecimentos, em sala de aula, através do uso de uma linguagem atraente, aproximando-o da realidade, transformando os conteúdos em vivência.

Entretanto, ainda se ver presente nas escolas a antiga enumeração de dados, a centralização dos conteúdos nos livros didáticos, práticas que impedem uma educação mais inovadora. Como afirma Callai (1999, p.75) “O conteúdo da Geografia escolar, atualmente, tem sido descrever alguns lugares e alguns problemas, sem conseguir dar conta de pensar o espaço”

É necessário se fazer uma análise crítica sobre a escola e a Geografia escolar, a partir dessa problemática, mais também no contexto social do qual fazem parte. É necessário desenvolver nos alunos a capacidade de observar, analisar, e raciocinar criticamente sobre o espaço geográfico e as suas transformações.

Callai (1999, p. 58) afirmar que:

A Geografia que o aluno estuda deve permitir que ele se perceba como participante do espaço que estuda, onde os fenômenos que ali ocorreram são resultados da vida e do trabalho dos homens e estão inseridos num processo de desenvolvimento. [...] O aluno deve estar dentro daquilo que está estudando e não fora, deslocado e ausente daquele espaço, como é a Geografia que ainda é muito ensinada na escola: uma Geografia que trata o homem como um fato a mais na paisagem, e não como um ser social e histórico. (CALLAI, 1999, p. 58)

Deve-se compreender que a Geografia dada nas escolas, deve relacionar os conteúdos da sala de aula com o cotidiano dos alunos, permitindo que ele perceba como inserido no espaço em que estuda, para entende-lo em um processo de desenvolvimento no qual ele faz parte.

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A importância da aprendizagem do aluno vai muito além da aprendida na escola, o aluno é um ser histórico, chega com uma bagagem construída na sociedade em que vive, de acordo com sua realidade social. As experiências vividas pelos alunos fora do ambiente escolar moldam as suas formas de pensar, a geografia tem um papel importante de relacionar esses conhecimentos adquiridos com os que vão ser dados em sala de aula. As condições de existência dos alunos são essenciais na compreensão do espaço geográfico. Assim:

[...]...as condições de existência dos próprios alunos e seus familiares são ponto de partida e de sustentação que podem garantir a compreensão do espaço geográfico, dentro de um processo que vai do particular ao geral e retorna enriquecido ao particular” (PONTUSCHKA,1999, p. 133)

É necessário compreender que o aluno possui conhecimentos que precisam ser valorizados, pois são muito importantes na construção de uma aprendizagem geográfica. Como explica Resende (2007, p.83):

O aluno não participa do espaço geográfico que estuda. Se o espaço não é encarado como algo que o homem (aluno) está inserido, natureza que ele próprio ajuda a moldar, a verdade geográfica do indivíduo se perde, e a geografia torna-se alheia a ele. (...) os alunos efetivamente chegam a escola com um saber peculiar sobre o espaço que faz parte de suas respectivas históricas, das múltiplas atividades que enchem suas vidas, seu espaço cuja lógica eles aprendem na própria carne. (RESENDE, 2007, p.83)

Assim, as práticas de Ensino de Geografia adotadas pelo professor são essenciais para uma melhor compreensão dos alunos sobre o espaço geográfico, mais também deve existir uma correlação com os conhecimentos já adquiridos, para que a Geografia não se torne alheia para os alunos.

Então para a construção da aprendizagem geográfica do aluno é necessário entender a forma como se constroem o seu pensar sobre o espaço geográfico e como relacionar esses conhecimentos com o ambiente no qual estão inseridos com o conteúdo que será ministrado em sala de aula. Assim a verdade geográfica do aluno não se perde, pois, o aluno passa a compreender melhor o espaço em que vive e que está inserido, sabendo que faz parte de sua vida e que ele ajuda a moldar.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A pesquisa se deu em cinco etapas: a primeira foi um levantamento bibliográfico, a segunda foi a análise do ambiente escolar e seu funcionamento. A terceira etapa foi a

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observação em sala de aula das turmas do 6º ano B e do 7º B, da dinâmica das aulas e da prática docente, e a quarta etapa que se constitui-se de dois momentos, o primeiro momento foi a realização de uma roda de conversa que ocorreu na separação de um número amostral de 10 alunos do 6º ano B, e 10 alunos do 7º ano B.

A conversa se deu separados e em períodos diferentes para cada turma, dentre os temas norteadores estavam: o espaço geográfico onde vivem, as dinâmicas e metodologias das aulas de geografia, e sobre os conhecimentos adquiridos nas aula. Foi abordado a opinião deles sobre o ambiente escolar, no qual maioria disse adorar a escola, por ser espaçosa, ter ambientes diferentes para poder brincar, e alguns revelaram morar em bairros distantes e até mesmo em outras cidades como Aquiraz e Fortaleza, e disseram que se deslocam para a escola pois seus pais acham a educação da escola melhor, ou por que no bairro onde residem não tem escolas de ensino fundamental, assim muitos deles tem visões e perspectivas do espaço geográfico diferentes, com isso se observou uma pluralidade de alunos. Em decorrência dessa pluralidade de realidades diferentes, consequentemente observou-se vários níveis de conhecimento entre os alunos das turmas.

Os alunos das duas turmas tiveram poucas dificuldades de caracterizar os espaços onde vivem, muitos não tem noção da dinâmica espacial do bairro, do caminho da escola pra casa.

Eles relataram que adoram as aulas de Geografia, principalmente pelo fato de a professora sempre buscar fazer desenhos e trazer vídeos para um melhor entendimento dos conteúdos, e sempre tenta relacionar os conteúdos com os espaços onde eles vivem, mais em contrapartida relatam que pelo fato das aulas de geografia possuirem carga horária menor do que outras diciplinas, dificulta que eles assistam os vídeos e tirem todas as dúvidas com a professora em relação ao conteúdo.

Os alunos ressaltaram a vontade de terem aulas de campo, e principalmente aulas de confecção de mapas para segundo eles terem melhor entendimento sobre os estados, e os deixariam mais entusiasmados com a disciplina.

Sobre a estrutura da estrutura da escola disseram que os ventiladores insuficientes nas salas de aulas prejudicam o aprendizado, pois a sala se torna muito quente, e o calor fica insuportável, dificultando a concentração.

O segundo momento da quarta etapa foi a elaboração de desenhos. Na atividade foi pedido para a turma do 6º ano B, que eles desenhassem o que tinham aprendido de mais importante na disciplina de Geografia durante o 4º bimestre, todos eles decidiram desenhar o mapa do Brasil, já que estavam no periodo estudando as regiões brasileiras. Nos desenhos se pode observar certa dificuldade de todos em lembrar dos estados brasileiros e suas posições no mapa. Mas no

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geral, os alunos conseguiram desenhar e descrever ao lado do desenho caracteristicas essencias das regiões e dos estados, como por exemplo vegetação, clima e animais típicos de algumas regiões (Figuras 1 e 2). Isso leva a crer que eles conseguiram aprender parte do conteúdo dado em sala de aula pela professora de forma satisfatória.

Figura 1 - Desenho de aluno do 6° ano B Figura 2 – Desenho de aluno do 6° ano B

Fonte: Autora, 2019. Fonte: Autora, 2019.

Na turma do 7º ano B foi pedido que desenhassem mapas da escola e o caminho até as suas respectivas casas, relacionando com o conteúdo aprendido em sala de aula. Nessa atividade observou-se grande dificuldade de espacialidade dos alunos, poucos desenharam objetos presentes no caminho de casa para a escola (Figuras 3 e 4).

Figura 3 – Desenho de aluno do 7° ano Figura 4 – Desenho de aluno do 7° ano B

Fonte: Autora, 2019. Fonte: Autora, 2019.

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Maioria vê a escola e a casa onde moram como um caminho reto, isso pode ser explicado pelo fato de que pelo menos metade dos alunos se locomovem pra escola atraves de transporte escolar, dificultando uma maior compreensão do espaço onde vivem. Mas também se observou que maioria dos alunos, principalmente os que moram no bairro e se locomovem a pé, tiveram maior facilidade em desnhar certos ambientes, como o rio que se localiza ao lado da escola, a praça onde eles frequentam diariamente antes do inicio das aulas, alem de que todos conseguiram desenhar diversos ambientes da escola, principalmente os que mais são utilizados por eles, como cantina, quadra poliesportiva, salas do tempo integral onde participam de atividades como teatro e dança, pátio da escola e uma praça que fica dentro da escola.

É importante atentar para o fato de que os alunos do 6° ano B souberam relacionar alguns dos conteúdos aprendidos em sala de aula com o desenho do mapa do Brasil, como clima, vegetação, animais típicos de algumas regiões, e um dos alunos conseguiu relacionar o mapa com a sua realidade, mostrando o estado em que nasceu e o que mora atualmente.

Ao questionar os alunos eles relataram que aprenderam muito no 4º bimestre devido ao modo como a professora ensina, exemplificando o conteúdo através de desenhos na lousa, filmes e vídeos, e relacionando-os quando possível com a realidade do bairro e da cidade.

Já os alunos do 7° ano B, apesar de apresentarem dificuldades de espacialidade em relação ao ambiente externo da escola, consegiram retratar muito bem o ambiente escolar, talvez isso seja reflexo da convivência diária na escola com seus espaços. Além de que nas conversas informais e durante a roda de conversa eles conseguiram expressar dinamicas existentes em seus bairros, como a observação de que bairros cada aluno pertece, e a cidade onde cada um se localiza.

A quinta etapa da pesquisa foi a conversa com a professora de Geografia, realizada através de perguntas relacionadas inicialmente ao perfil da professora, a mesma atua no ensino de Geografia a dois anos e meio, e atualmente ministra aulas de Geografia e Religião na Escola João de Freitas Ramos, onde dar aulas para 18 turmas nos turnos manhã e tarde.

Sobre o ensino de Geografia, ela o tem como uma ciência importante como todas as outras, relevante para a formação dos alunos. Ela revela que percebe o espaço escolar como um ambiente insuficiente, inadequado e ás vezes insano. Quando perguntada sobre se o curso de licenciatura plena em Geografia lhe preparou adequadamente para a sala de aula, ela acha que não, pois nenhum curso fará isso, ninguém nunca está preparado segundo ela, cada aula é uma aula, um universo.

Em relação se tem trabalhado os conhecimentos prévios dos alunos, o que é vivido por eles e tentando relaciona-los com o ensino de Geografia, a professora diz que sempre que possível

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tenta encaixar nas aulas esses conhecimentos para dinamizar a aula e motivar a turma. Além de sempre tentar relacionar os conteúdos ministrados em sala de aula com o espaço geográfico em que os alunos estão inseridos, e relacionar o conteúdo com exemplos do cotidiano, percebendo uma grande melhora no interesse dos alunos ao fazer isso, principalmente por que segundo ela maioria não querem está ali em sala de aula.

Sobre as atividades diferenciadas com os alunos, a professora relata que já fez várias atividades, como filmes, aula de campo, oficina de desenhos e confecção de mapas, e frisa que a escola da liberdade para ela fazer essas atividades, mais que a escola nem sempre motiva os professores a fazer essas atividades, pois elas requerem planejamento, logística, boa vontade e recursos, o que nem sempre é possível.

Em relação se a problemática social gera interferências no aprendizado dos alunos a professora relata que: “Muito. As duas comunidades que a escola atende tem enfrentado um contexto caótico de disputas por facções, e os alunos tem absorvido isso. Outro fator é o familiar, às vezes o professor e a matéria tem que ceder lugar para o tio, o afeto, o humano.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A pesquisa proporcionou vivências e experiências significativas na minha formação como futura professora, através dela aprendi e construí um novo olhar sobre o ensino de Geografia, o espaço escolar, os alunos e toda a relação existente nesse ambiente. Essa pesquisa teve como objetivo analisar o ambiente escolar, o ensino de Geografia e suas relações, afim de esclarecer como é trabalhado e construído a compreensão do espaço geográfico, e como o ensino de Geografia participa nesse processo.

Com as etapas da pesquisa que foram cinco no total, consolido esclarecimentos significativos para entender que o Ensino de Geografia aliado as práticas de ensino que aproximem o aluno do espaço que está inserido, do seu cotidiano, propicia um maior interesse por parte dos mesmos, possibilitando uma maior aprendizagem. Torna-se importante ressaltar e que somente a adoção dessas práticas de ensino não é suficiente para a construção de uma visão do mundo dos alunos satisfatória. Todo o contexto escolar e o contexto social interferem drasticamente no aprendizado dos alunos.

É necessário para uma visão de mundo satisfatório do aluno, diversos contextos, dentre os mais importantes estão as práticas de ensino aliadas na formação de um aluno analisador, entendedor, questionador e crítico do espaço que pertence, aliando os conteúdos com a realidade vivida, uma estruturação das escolas, um espaço escolar adequado para o ensino,

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desenvolvimento de atividades diferenciadas que motivem o aprendizado. Seguindo esse raciocínio pude responder seguintes questionamentos da pesquisa:

Como os alunos relacionam os assuntos e conceitos repassados em sala de aula com o espaço geográfico no qual estão inseridos?

Mesmo com dificuldades de espacialidade dos alunos, com o uso de metodologias diferentes e incentivadoras, como a utilização de filmes, desenhos e atividades de confecção de mapas que relacionem o conteúdo, o professor consegue fazer com que os alunos consiguam aos poucos perceber e entender o espaço geográfico onde vivem.

Como os alunos veem o espaço onde vivem, e a mudanças que ocorrem na sociedade como um todo?

O que se percebeu foi algumas dificuldades espaciais no entendimento dos alunos sobre o espaço para além da escola, apesar dissom, maioria deles conseguem relatar dinamicas sociais existentes em seus bairros.

Como o ambiente escolar, os professores e as formas de ensino influenciam na compreensão do espaço geográfico dos alunos?

Todo o conjunto é responsável pela construção dessa compreensão, um ambiente escolar adequado é necessário pois propicia prazer ao aluno de estar no local, facilitando o aprendizado;

a relação do professor e as práticas de ensino que aproximem a realidade possibilita um maior interesse do aluno nas aulas.

Como a Geografia contribui neste processo?

O ensino de Geografia possibilita através das atividades de ensino repassadas em sala de aula, um melhor e maior entendimento e compreensão do espaço geográfico, e a sociedade em que estamos inseridos. A geografia como componente curricular no ensino fundamental, e como disciplina que estuda o espaço produzido pela sociedade contribui para a construção e mudança do modo dos alunos perceberem o espaço, assim como transformam suas visões sobre a sociedade e as mudanças que ocorrem nela.

Todas as experiências vividas ao longo da pesquisa trouxeram aprendizados fundamentais para a minha formação como futura professora, além do contato e do convívio com realidade do espaço escolar.

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REFERÊNCIAS

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