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Nutrição e Exercício Físico

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Academic year: 2022

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Indaial – 2021

N utrição e e xercício F ísico

Prof.ª Roseane Leandra da Rosa

1a Edição

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Elaboração:

Prof.ª Roseane Leandra da Rosa

Revisão, Diagramação e Produção:

Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI

Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri UNIASSELVI – Indaial.

Impresso por:

R788n

Rosa, Roseane Leandra da

Nutrição e exercício físico. / Roseane Leandra da Rosa – Indaial: UNIASSELVI, 2021.

212 p.; il.

ISBN 978-65-5663-727-3

ISBN Digital 978-65-5663-728-0

1. Esporte. - Brasil. II. Centro Universitário Leonardo da Vinci.

CDD 610

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A preseNtAção

Olá, acadêmico, seja bem-vindo à disciplina de Nutrição e Exercício Físico! Este livro didático tem como propósito auxiliar você no processo de aprendizagem da ciência da Nutrição na área do esporte, o que envolve diferentes conceitos e dinamismo.

Este livro servirá como guia para você, futuro nutricionista, saber como proceder em um atendimento em consultório, clínica e academia com praticantes de exercício físico e atletas, adquirindo os conhecimentos necessários para diferenciar as necessidades de macronutrientes e micronutrientes a essa população, assim como verificar a composição corporal adequada à pratica esportiva realizada e prescrever desde cardápios personalizados até suplementos nutricionais.

O livro está dividido em três unidades, cada qual com objetivos, conteúdos, atividades de estudo, dicas, sugestões e recomendações.

Na primeira unidade será abordada uma breve introdução de nutrição no exercício e no esporte. Revisaremos a história da nutrição na área esportiva, assim como a importância do planejamento da alimentação no rendimento dos desportistas. Em seguida, discutiremos a fisiologia do exercício, como ocorrem as adaptações biológicas no organismo de um indivíduo em resposta ao treinamento e a importância dessas adaptações relacionadas ao mecanismo de aproveitamento dos nutrientes, assunto que nos direciona para o terceiro tema abordado na Unidade 1, os sistemas de produção de energia, os quais são relacionados à bioquímica dos macronutrientes, como e em quais momentos cada macronutriente é utilizado pela célula como fonte energética.

Na segunda unidade, você aprofundará os conhecimentos referen- tes à avaliação da composição corporal de um atleta, as fórmulas e dobras mais adequadas, bem como identificará percentuais de gordura corporal mais adequados para determinadas modalidades esportivas. Posterior- mente, compreenderá como determinar as necessidades nutricionais dos desportistas nas diferentes modalidades que denotam diferentes objetivos, como a resistência e a força. Por fim, ainda na Unidade 2, poderá verificar a importância de uma correta hidratação durante a prática esportiva e quais os líquidos mais indicados para repor os micronutrientes perdidos no suor, assim como os que devem ser consumidos antes, durante e após a prática.

Já na terceira unidade será possível compreender o que são recursos ergogênicos e suplementos alimentares, identificando dentro da legislação brasileira e diretrizes internacionais quais são os suplementos mais indicados para cada modalidade e como se faz o processo de análise de um indivíduo até a prescrição do suplemento.

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Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há novidades em nosso material.

Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura.

O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.

Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador.

Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto em questão.

Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa continuar seus estudos com um material de qualidade.

Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de Desempenho de Estudantes – ENADE.

Bons estudos!

NOTA

possibilidades dentro da área esportiva. Por fim, identificará os inquéritos alimentares mais adequados à população que pratica exercícios físicos e como proceder com orientações específicas aos atletas e suas demandas específicas.

Desejamos uma ótima leitura!

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Olá, acadêmico! Iniciamos agora mais uma disciplina e com ela um novo conhecimento.

Com o objetivo de enriquecer seu conhecimento, construímos, além do livro que está em suas mãos, uma rica trilha de aprendizagem, por meio dela você terá

contato com o vídeo da disciplina, o objeto de aprendizagem, materiais complementares, entre outros, todos pensados e construídos na intenção de auxiliar seu crescimento.

Acesse o QR Code, que levará ao AVA, e veja as novidades que preparamos para seu estudo.

Conte conosco, estaremos juntos nesta caminhada!

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s umário

UNIDADE 1 — NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO ... 1

TÓPICO 1 — NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA ... 3

1 INTRODUÇÃO ... 3

2 O QUE É UM NUTRICIONISTA ESPORTIVO? ... 4

2.1 IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO ESPORTE ...7

RESUMO DO TÓPICO 1... 10

AUTOATIVIDADE ... 11

TÓPICO 2 — FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO ... 15

1 INTRODUÇÃO ... 15

2 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO ... 17

2.1 CLASSIFICAÇÕES DO EXERCÍCIO FÍSICO ...17

2.2 RESPOSTAS HORMONAIS NO EXERCÍCIO FÍSICO ...20

2.3 INSULINA, GLUCAGON E EXERCÍCIO FÍSICO ...22

2.4 HORMÔNIO DO CRESCIMENTO, CORTISOL E CATECOLAMINAS NO EXERCÍCIO FÍSICO ... 23

2.5 TESTOSTERONA E EXERCÍCIO FÍSICO ... 25

2.6 INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE AS RESPOSTAS HORMONAIS INDUZIDAS PELO EXERCÍCIO ... 26

3 SISTEMA IMUNE E EXERCÍCIO ... 26

4 EXCESSO DE TREINAMENTO (OVERTRAINING) ... 28

5 OVERTRAINING EM ATLETAS DE ENDURANCE E FORÇA... 30

5.1 IMPLICAÇÕES PRÁTICAS PARA A PREVENÇÃO DO OVERTRAINING ...31

6 EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO NA FUNÇÃO CARDIOVASCULAR ... 32

RESUMO DO TÓPICO 2... 36

AUTOATIVIDADE ... 37

TÓPICO 3 — SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA ... 39

1 INTRODUÇÃO ... 39

2 AS CÉLULAS ... 39

3 METABOLISMO DOS MACRONUTRIENTES ... 45

LEITURA COMPLEMENTAR ... 47

RESUMO DO TÓPICO 3... 49

AUTOATIVIDADE ... 51

REFERÊNCIAS ... 53

UNIDADE 2 — COMPOSIÇÃO CORPORAL E NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE ... 57

TÓPICO 1 — COMPOSIÇÃO CORPORAL ... 59

1 INTRODUÇÃO ... 59

(8)

2.1 DOBRAS CUTÂNEAS ... 61

2.2 CIRCUNFERÊNCIA OU PERÍMETRO ... 64

2.3 BIOIMPEDÂNCIA ... 66

3 AVALIAÇÃO NUTRICIONAL EM PRATICANTES DE EXERCÍCIO FÍSICO E ATLETAS ... 68

RESUMO DO TÓPICO 1... 74

AUTOATIVIDADE ... 75

TÓPICO 2 — NECESSIDADES NUTRICIONAIS NO ESPORTE ... 79

1 INTRODUÇÃO ... 79

2 ATENDIMENTO NUTRICIONAL ... 80

3 CÁLCULOS DAS NECESSIDADES ENERGÉTICAS ... 84

4 RECOMENDAÇÃO PARA CONSUMO DE MACRONUTRIENTES ... 88

4.1 CARBOIDRATOS ... 89

4.2 PROTEÍNA... 92

4.3 LIPÍDIOS ... 94

4.4 PLANEJAMENTO ALIMENTAR (ANTES/DURANTE E APÓS AS REFEIÇÕES) ... 95

4.4.1 Estratégias pré-competição ... 96

4.4.2 Estratégias durante competição ... 98

4.4.3 Estratégias pós-competição ... 98

4.5 MICRONUTRIENTES ... 99

RESUMO DO TÓPICO 2... 103

AUTOATIVIDADE ... 104

TÓPICO 3 — HIDRATAÇÃO NO ESPORTE ... 107

1 INTRODUÇÃO ... 107

2 INGESTÃO HÍDRICA ... 107

2.1 UM POUQUINHO DA HISTÓRIA ... 109

2.2 COMPOSIÇÃO DO SUOR ...110

2.2.1 Taxa de suor ...110

3 HIDRATAÇÃO ... 112

3.1 EQUILÍBRIO HIDROELETROLÍTICO ...112

3.2 DESEQUILÍBRIO ENTRE OS ELETRÓLITOS ... 113

3.3 EQUILÍBRIO ÁCIDO BASE ... 113

4 ESVAZIAMENTO GÁSTRICO ... 115

4.1 DENSIDADE ENERGÉTICA ... 115

4.2 INTENSIDADE E TIPO DO EXERCÍCIO ... 115

4.3 TEMPERATURA DAS BEBIDAS E VOLUME INGERIDO ... 116

4.4 TIPO DE CARBOIDRATO NOS REPOSITORES HIDROELETROLÍTICOS ... 116

5 ABSORÇÃO INTESTINAL ... 116

5.1 TIPO E CONCENTRAÇÃO DE CARBOIDRATO ...117

6 RECOMENDAÇÕES DE INGESTÃO DE FLUIDOS E ELETRÓLITOS ... 118

6.1 RESOLUÇÃO DE DIRETORIA COLEGIADA – RDC Nº 18, DE 27 DE ABRIL DE 2010 ... 119

6.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE HIDRATAÇÃO E TIPO DE EXERCÍCIO ...120

6.2.1 Hidratação em esportes de alta intensidade e curta duração ...120

6.2.2 Hidratação em corredores de meia distância ...120

6.2.3 Hidratação para exercícios de longa distância ...120

(9)

RESUMO DO TÓPICO 3... 127

AUTOATIVIDADE ... 128

REFERÊNCIAS ... 130

UNIDADE 3 — RECURSOS ERGOGÊNICOS: CONCEITOS E APLICABILIDADE ... 137

TÓPICO 1 — RECURSOS ERGOGÊNICOS ... 139

1 INTRODUÇÃO ... 139

2 INTRODUÇÃO À SUPLEMENTAÇÃO ALIMENTAR ... 140

3 LEGISLAÇÃO DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES ... 143

3.1 DIRETRIZES E POSICIONAMENTOS ... 148

3.1.1 Declaração de Consenso da Associação Internacional das Federações de Atletismo 2019 ... 149

3.1.2 Declaração de consenso do Comitê Olímpico Internacional (COI): suplementos alimentares e atleta de alto desempenho ... 149

3.1.3 Autoridade brasileira de controle de dopagem ... 150

4 SUPLEMENTOS ALIMENTARES MAIS USADOS E SUA COMPOSIÇÃO ... 151

4.1 AMINOÁCIDOS DE CADEIA RAMIFICADA ... 151

4.2 WHEY PROTEIN ...152

4.3 ARGININA ... 152

4.4 ALANINA ... 153

4.5 HMB ... 153

4.6 CREATINA ... 154

4.7 CAFEÍNA ... 155

4.8 BICARBONATO DE SÓDIO ... 156

5 VITAMINAS E MINERAIS ... 157

6 ESCOLHA DO SUPLEMENTO ALIMENTAR ... 159

RESUMO DO TÓPICO 1... 161

AUTOATIVIDADE ... 163

TÓPICO 2 — RECURSOS ERGOGÊNICOS NOS EXERCÍCIOS RESISTIDOS E DE RESISTÊNCIA ... 165

1 INTRODUÇÃO ... 165

2 SUPLEMENTOS ALIMENTARES PARA EXERCÍCIO DE RESISTÊNCIA ... 167

2.1 SUPLEMENTOS ALIMENTARES EFICAZES E APARENTEMENTE SEGUROS, COM FORTES EVIDÊNCIAS, DE ACORDO COM A SOCIEDADE INTERNACIONAL DE NUTRIÇÃO ESPORTIVA ... 167

2.2 SUPLEMENTOS COM EVIDÊNCIA LIMITADA OU MISTA PARA APOIAR A EFICÁCIA ... 173

3 EFICÁCIA DO AUXÍLIO ERGOGÊNICO DOS SUPLEMENTOS ALIMENTARES NOS EXERCÍCIOS DE FORÇA ... 176

3.1 SUPLEMENTOS PARA HIPERTROFIA MUSCULAR ...178

3.1.1 Fortes evidências para apoiar a eficácia e aparentemente seguro ...178

3.1.2 Evidência limitada ou mista para apoiar a eficácia ...181

RESUMO DO TÓPICO 2... 184

AUTOATIVIDADE ... 185

(10)

AOS ATLETAS ... 187

1 INTRODUÇÃO ... 187

2 FITOTERAPIA NO ESPORTE ... 187

3 RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS PARA EVITAR DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO ... 192

3.1 CAUSAS DOS PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO... 192

3.2 QUEM TEM MAIOR CHANCE DE APRESENTAR PROBLEMAS GASTROINTESTINAIS? ... 193

3.3 ESTRATÉGIAS PARA PREVENIR OU MINIMIZAR DISTÚRBIOS GASTROINTESTINAIS DURANTE O EXERCÍCIO ... 193

3.3.1 Múltiplos transportadores ... 194

3.3.2 Bochecho de carboidrato ... 194

3.3.3 Recomendações práticas ... 195

LEITURA COMPLEMENTAR ... 196

RESUMO DO TÓPICO 3... 198

AUTOATIVIDADE ... 200

REFERÊNCIAS ... 202

(11)

UNIDADE 1 —

NUTRIÇÃO NO EXERCÍCIO FÍSICO

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

PLANO DE ESTUDOS

A partir do estudo desta unidade, você deverá ser capaz de:

• compreender as nuances que envolvem o exercício físico, desde as adaptações fisiológicas aos sistemas de produção de energia;

• conhecer as diferentes formas de avaliação da composição corporal dos praticantes de exercícios físicos e atletas;

• calcular as necessidades nutricionais de acordo com o gasto energético de cada modalidade realizada, adaptando o planejamento alimentar de acordo com a individualidade de cada praticante;

• identificar a importância da hidratação e repositores hidroeletrolíticos, verificando como prescrever antes, durante e após a prática;

• verificar a necessidade de inserção de suplementos alimentares e fitoterápicos no planejamento alimentar dos atletas, identificando os protocolos que podem ser utilizados frente à realidade do indivíduo.

Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade, você encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.

TÓPICO 1 – NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA TÓPICO 2 – FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

TÓPICO 3 – SISTEMAS DE PRODUÇÃO DE ENERGIA

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Preparado para ampliar seus conhecimentos? Respire e vamos em frente! Procure um ambiente que facilite a concentração, assim absorverá melhor as informações.

(13)

TÓPICO 1 —

UNIDADE 1

NUTRIÇÃO ESPORTIVA: UMA VISÃO PRÁTICA

1 INTRODUÇÃO

Caro acadêmico! Nesta primeira unidade, nós veremos uma breve introdução de nutrição no exercício e no esporte. Revisaremos a história da nutrição na área esportiva, assim como a importância do planejamento da alimentação no rendimento dos desportistas. Em seguida, discutiremos a fisiologia do exercício, como ocorrem as adaptações biológicas no organismo de um indivíduo em resposta ao treinamento e a importância dessas adaptações relacionadas ao mecanismo de aproveitamento dos nutrientes, assunto que nos direciona para o terceiro tema abordado nesta unidade, os sistemas de produção de energia, os quais são relacionados à bioquímica dos macronutrientes, assim, poderemos compreender os melhores momentos de consumir cada um deles (carboidrato, proteína, lipídio), para que possam ser bem absorvidos e, com isso, beneficiar as respostas esperadas no desempenho dos atletas.

Vamos lá? Você sabe quando a nutrição esportiva teve seu “start” no Brasil?

O grande interesse pela nutrição esportiva ocorreu na Copa do Mundo de 1994, isso mesmo, há pouco menos de 30 anos, quando a então nutricionista da seleção brasileira de futebol e uma das pioneiras do trabalho nessa área no Brasil, Patrícia Bertolucci, abandonou a equipe após ter vetado, e não ter tido sua deci- são respeitada, feijoada durante a estadia do time dos Estados Unidos, situação noticiada pela mídia da época demonstrou a desvalorização do profissional nutri- cionista por parte dos atletas, equipe técnica e pelos dirigentes (RANGEL, 2006).

Após muito empenho por parte dos nutricionistas, hoje, não só os atletas, mas também os esportistas, apresentam grande interesse pela nutrição esportiva.

A consciência da necessidade de uma alimentação balanceada para o desempenho físico é cada vez maior, assim como a oferta de suplementos e bebidas para esportistas no mercado não para de crescer (HIRSCHBRUCH, 2003).

Nesse sentido, muitos profissionais vêm estudando e se especializando nessa área, todavia, quem está na linha de frente orientando os atletas e esportistas, raramente é responsável pela produção do conhecimento científico, já que os pesquisadores dificilmente são nutricionistas que atuam na área, sendo, em geral, pesquisadores vinculados a universidades, os demais profissionais acabam por trabalhar de forma bastante pulverizada, não sistemática e, muitas vezes, solitária.

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Antes de introduzir a atuação do profissional da nutrição na área espor- tiva, vamos rever algumas definições importantes. Você já parou para pensar se existe diferença entre os termos exercício físico e atividade física? Então, eles pos- suem conceitos diferentes, vejamos a seguir:

A atividade física conceitua-se por qualquer movimento produzido pela musculatura esquelética que gere um gasto energético maior que o basal. Por sua vez, o exercício físico, caracteriza-se por qualquer atividade física planejada, estruturada e repetida, que tem o objetivo de manutenção ou de melhora da aptidão física (HIRSCHBRUCH, 2016).

Ainda há uma definição específica para esporte, a qual trata de uma prática corporal que envolve competição regulamentada e que tem base na superação de competidores ou de resultados já estabelecidos. De acordo com o tipo das atividades físicas realizadas diariamente, os praticantes podem ser classificados como fisicamente ativos, insuficientemente ativos ou sedentários.

Seguem conceitos:

• O indivíduo fisicamente ativo é aquele que inclui no seu dia a dia atividades com gasto energético moderado a intenso e, portanto, segue as recomendações de intensidade e frequência da pratica de atividades físicas diárias, seja no lazer, em atividades domésticas, no trabalho ou na locomoção;

• O indivíduo insuficientemente ativo pratica atividades com gas- to energético de leve a moderado, não cumprindo as diretrizes de saúde publicada para os níveis diários recomendados de ati- vidade física.

• Já o indivíduo sedentário é caracterizado pela ausência de atividades que elevem de forma significante o gasto energético basal, com predominância de atividades que sejam realizadas em repouso (sentado em atividades de lazer, como assistindo à TV ou usando o computador, ou ainda atividades em repouso no trabalho ou na escola) (SIMINO, 2018, p. 11).

2 O QUE É UM NUTRICIONISTA ESPORTIVO?

De maneira geral, a rotina do nutricionista que atua na área esportiva não é diferente das áreas tradicionais da nutrição: atendimento nutricional individualizado, orientação nutricional a grupos, planejamento de compras, planejamento de cardápios entre outras demandas.

“Atuar com nutrição e exercício físico pode ser um desafio, especialmente quando se procuram definições e protocolos. Por ser uma área abrangente, os estudos já existentes acabam servindo a todas às situações” (HIRSCHBRUCH, 2016, p. 4). Com isso, merece destaque o quesito da diferença entre as alterações do metabolismo causadas pelo exercício intenso e as alterações metabólicas induzidas por exercício leve e moderado, fator que já determina uma abordagem diferente pelo profissional nutricionista.

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Além disso, a própria definição de praticantes de exercícios físico, por vezes, é contraditória entre referências e pouco clara, sendo que a maioria dos estudos é realizada com atletas, representando um problema, já que esportistas recreacionais podem acabar seguindo as recomendações dietéticas direcionadas a atletas (PEREIRA; LAJOLO; HIRSCHBRUCH, 2003).

Dentro disso, cabe caracterizar que os praticantes de exercícios físicos englobam desde as crianças em idade escolar a adultos de todas as idades, de competidores de elite a esportistas de final de semana. Apesar de se considerarem atletas, seus interesses, habilidades e necessidades de treinamento são variados.

Ou seja, nesse grupo não se encaixam os atletas que possuem treinamentos mais intensos e comprometimento com a modalidade praticada, considerando que possuem o esporte como profissão, sendo remunerados/premiados. Nesse interim, destaca-se que a área da nutrição esportiva engloba tanto atletas como não atletas e a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite (olímpicos ou de competição) não sendo presente muitos na literatura dados que se referem aos chamados “atletas recreacionais” esportistas, desportistas ou praticantes de exercício físico, dificultando a atuação do profissional (HIRSCHBRUCH, 2016).

Seguindo esse conceito, o nutricionista acaba por utilizar das recomendações que não são específicas aos esportistas, já que nos locais onde atuam, em sua maioria, atendem a praticantes de exercícios físicos que visam lazer, melhora da forma física e saúde, sem objetivos competitivos e de desempenho (HIRSCHBRUCH, 2016). Demonstram com isso, que um dos maiores desafios acaba se tornando a adaptação das recomendações e os protocolos às modalidades específicas e à própria intensidade de treinamento do atleta.

Caro acadêmico, nesse interim, surge uma pergunta. Será que a nutrição está preparada para atuar corretamente no esporte? Para Hirschbruch (2016, p. 5):

O nutricionista que deseja seguir a área esportiva precisa se preparar para algumas competências técnicas inerentes, que vão além do conhecimento básico de bioquímica e fisiologia geral e do exercício, devendo se dedicar às seguintes disciplinas: – avaliação nutricional:

com conhecimentos em antropometria, composição corporal e biótipo ou somatotipia (somatotipo) ideal para diferentes tipos de esportes, bem como análise dietética, avaliação bioquímica e sinais clínicos importantes à conduta alimentar; – educação alimentar e nutricional:

conhecer os mitos da alimentação, as necessidades nutricionais do esportista, as demandas necessárias em função da carga da prática físico-esportiva; – nutrição clínica: detectar possíveis riscos de transtornos alimentares, consequências das interações entre fármacos e nutrientes e entre nutrientes, conhecer as condutas para distúrbios alimentares, amenorreia, anemia, osteoporose e gravidez. Conhecer suplementos alimentares e compostos ergogênicos, bem como políticas de regularização dos suplementos e critérios específicos. Conhecer as características pertinentes das diversas modalidades esportivas (frequência, carga de treinamento, periodização do treinamento em função do calendário) estratégias de hidratação, estratégias de melhor recuperação após o exercício.

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Grandjean (1993), em um levantamento sobre recomendações dos profissionais que lidam com nutrição esportiva nos Estados Unidos, descobriu que apenas 16% trabalham com atletas de competição e 3% com atletas de elite.

Importante, ainda, conhecer métodos de investigação científica, além de revisar e criticar publicações informativas e/ou científicas.

Ressalta-se, aqui, que a principal função do nutricionista é modificar o hábito alimentar dos indivíduos para prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento, isto é, influir positivamente sobre sua saúde e qualidade de vida, repassando informações dos conceitos científicos de nutrição e de como colocar em pratica hábitos alimentares saudáveis.

Ainda, segundo Hirschbruch (2016, p. 9), destaca-se que:

O nutricionista esportivo deve conduzir com cuidado e respeito mudanças de hábitos alimentares. Alimentos devem ser valorizados por meio de estratégias de educação nutricional: vínculo, motivação, valorização do positivo, proposta de ajustes individualizada.

Praticidade virou sinônimo de produtos industrializados, shakes, caixinhas, barrinhas, pacotinhos. Estimular o consumo de alimentos de baixo valor nutricional e de suplementos como substitutos de refeição pode ser um erro.

Percebe-se, dessa forma, que a reeducação alimentar permitirá ao indi- víduo (atleta ou esportista) compreender, dentro de suas condutas alimentares, qual é a mais adequada para seu objetivo. O profissional nutricionista deve ex- plicar ao cliente o que será realizado para montagem do planejamento, pois é o conhecimento da lógica do processo que lhe dá condições para conseguir se alimentar de maneira saudável.

É necessário que o nutricionista preste atenção em sua conduta para não incorrer na prescrição de treinamentos, atividade de competência do educador físico.

Cabendo aos profissionais que atuam no esporte o fortalecimento das áreas de nutrição e educação física, já que uma dieta adequada e balanceada é um componente essencial de qualquer programa esportivo ou aptidão física (HIRSCHBRUCH, 2016).

ATENCAO

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2.1 IMPORTÂNCIA DA NUTRIÇÃO NO ESPORTE

É comum que indivíduos que iniciem a realização de práticas esportivas, acabem por alterar seu padrão alimentar, passando a ter maior interesse pela manutenção da saúde, tendendo a consumir menos gordura, mais vegetais e outras fontes de carboidratos complexos (BUSKIIRK, 1991; HIRSCHBRUCH, 2016).

Também é sabido que a prática regular de exercício físico apresenta efeitos benéficos sobre o metabolismo, reduzindo a gordura corporal, aumentando a massa magra, trazendo modificações positivas no perfil lipídico, assim como, aumento do metabolismo, controle da pressão arterial e da glicemia e maior mineralização óssea. Todavia, apesar das condições favoráveis, a qualidade da alimentação na maioria dos grupos fisicamente ativos não parece ser muito diferente da dos indivíduos sedentários, apesar da maior ingestão calórica.

Diversos são os estudos, que relatam que a ingestão energética e de nutrientes dos atletas, é inferior às suas necessidades (JUZWIAK; PASCHOAL;

LOPEZ, 2000). Sendo, aqui, viável destacar a importância da relação entre a nutrição e a atividade física, já que a capacidade do rendimento físico do organismo só melhora diante da ingestão equilibrada de todos os nutrientes, sejam eles carboidratos, gorduras, proteínas, minerais e vitaminas. Ainda mais quando são períodos de treinamento para competição. A dieta, quando realizada de maneira inadequada, reduz o desempenho e pode prejudicar a saúde, considerando que uma ingestão energética inadequada está associada à ingestão marginal de macro e micronutrientes, principalmente de carboidratos, piridoxina, cálcio, folato, zinco e magnésio (CUPISTI et al., 2002).

Para o atleta de elite, a nutrição tem um papel vital da superação dos limites, se apresentando, ainda, como o fator extra para o sucesso quando todos os outros fatores se equiparam com os “concorrentes”. E claro, os esportistas também se beneficiam de um planejamento nutricional adequado para o esporte que praticam (MAUGHAN, 2002).

A consciência da população na importância da alimentação equilibrada é crescente, mas, na prática, as melhorias alimentares não têm avançado muito, se tornando um desafio aos profissionais nutricionistas, que devem usar a educação nutricional para preencher a lacuna entre as atitudes e os comportamentos das pessoas relacionados às dietas. Demonstrando que a alimentação saudável pode ser prazerosa e fácil de ser elaborada (HIRSCHBRUCH, 2016).

IMPORTANTE

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Por isso, a determinação de uma recomendação específica para pessoas fisicamente ativas poderia colaborar com a identificação precoce de padrões alimentares prejudiciais, podendo prevenir e tratar tais comportamentos inadequados nessa área, pois, tanto atletas como praticantes de exercícios físicos, muitas vezes se envolvem em práticas não saudáveis de controle de peso, particularmente, em esportes que exijam a manutenção de certo peso como fisiculturismo, dança, corridas de longa distância, mergulho, ginástica, natação, lutas, remo, hipismo e patinação (OPPLIGER et al., 1993).

É de suma importância que o objetivo dos atletas e desportistas seja a manutenção de um peso saudável por meio de comportamentos alimentares e práticas esportivas adequadas, já que um indivíduo bem nutrido tem menos probabilidade de sofrer lesões ou doenças (HIRSCHBRUCH, 2016).

Outro aspecto relevante está relacionado ao modismo do consumo de suplementos. Muitos atletas creem que o uso de suplementos proporcionou vantagens competitiva, desconsiderando todas as variáveis que impactam o organismo ao usar essas substâncias, que podem ser positivas e/ou negativas. Com frequência, determinadas substâncias são comercializadas sem base em pesquisa científica, que determine seus objetivos, seus benefícios potenciais ou possíveis efeitos colaterais nocivos, sendo alarmante o dado de que alguns suplementos entram e saem de moda antes que se façam estudos que estabeleçam seus efeitos.

Nutricionistas qualificados podem ajudar atletas e indivíduos ativos:

• Educando sobre os requerimentos de energia para o esporte praticado e sobre o papel dos alimentos como combustível;

• Enfatizando a importância de uma ingestão energética adequada para a saúde, para a prevenção de lesões e para o desempenho;

• Desencorajando objetos de peso e composição corporal não realista;

• Avaliando e fazendo acompanhamentos antropométricos no intuito de estabelecer o peso e a composição corporal adequados para o esporte praticado;

• Ensinando técnicas adequadas para manter o peso e a composição corporal sem a necessidade de recorrer a dietas milagrosas ou muito restritivas;

• Avaliando a ingestão alimentar e de suplementos durante o período de treinamentos, competições e também fora das temporadas. Essa avaliação deve ser usada como base das propostas nutricionais, que devem conter recomendações apropriadas de energia de nutrientes para a manutenção da saúde, do peso e da composição corporal adequados;

• Fornecendo diretrizes específicas para boas escolhas de alimentos e de líquidos em viagens e refeições fora de casa;

• Avaliando a ingestão hídrica e a perda de peso dos atletas durante o exercício e fazendo recomendações apropriadas de ingestão de líquidos antes, durante e depois do treino. Ajudando o atleta a escolher o tipo de bebida e a quantidade adequada a ser ingerida nessas situações, especialmente se ele se exercita em ambientes adversos;

(19)

• Garantindo a ingestão de energia, proteínas e micronutrientes por meio de informações nutricionais adequadas, particularmente aos atletas que requerem considerações nutricionais específicas, como vegetarianos, crianças e adolescentes;

• Analisando cuidadosamente qualquer suplemento, fitoterápico, ergogênico ou droga que o atleta queira ingerir. Esses produtos devem ser utilizados com cautela e somente após a verificação de sua legalidade e da literatura atual sobre os ingredientes listados no rótulo. Suplementos só devem ser recomendados depois de uma análise da saúde, da dieta, das necessidades nutricionais e energéticas e dos suplementos e drogas atualmente utilizados pelo atleta.

Mais importante do que discutir prescrições alimentares é avaliar se essas prescrições são razoáveis e se podem ser traduzidas em escolhas alimentares consistentes. O nutricionista faz o seu melhor quando considera as pessoas e sua relação com a comida ao invés de ser um árbitro de dietas.

A distância entre saber fazer continuará enquanto o saber não for realista.

Se uma dieta não for realista, ela não trará benefício algum. A prescrição alimentar precisa ultrapassar as recomendações nutricionais.

A interação com outros profissionais pode colaborar para que nossas prescrições sejam mais humanizadas.

FONTE: AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE; AMERICAN DIETETIC ASSOCIATION (ADA). Dietitians of Canada. Nutrition and athletic performance. Joint position statement.

Med Sci Sports Exerc., [S. l.], v. 32, n. 12, p. 2130-2145, 2000. p. 2130.

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Neste tópico, você aprendeu que:

RESUMO DO TÓPICO 1

• Nutricionistas têm o papel fundamental no desenvolvimento de intervenções e na promoção de pesquisa no campo da nutrição e do esporte.

• A educação nutricional deve ser componente significativo de um programa de exercícios físicos.

• O sucesso da comunicação e da motivação do comportamento requer conhecimento do que os atletas sabem de escolhas alimentares, por que fazem essas escolhas e de como respondem às mensagens nutricionais.

• É essencial educar a população sobre hábitos de exercício e de alimentação, já que muitas vezes, treinadores, preparadores físicos, professores e até mesmo o médico e o nutricionista, propagam informações errôneas sobre nutrição.

• Atletas competitivos ou recreacionais precisam de níveis adequados de

“combustível”, líquidos e nutrientes para atingir o desempenho máximo.

• O papel do nutricionista esportivo é aconselhar os atletas acerca das neces- sidades nutricionais adequadas antes, durante e depois do exercício e para a manutenção de uma boa saúde, do peso e da composição corporal adequados.

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1 Após muito empenho por parte dos nutricionistas, hoje, não só os atletas, mas também os esportistas, apresentam grande interesse pela nutrição esportiva. A consciência da necessidade de uma alimentação balanceada para o desempenho físico é cada vez maior, assim como a oferta de suplementos e bebidas, todavia, é importante que se avalie em qual contexto o indivíduo se enquadra. Pontue as principais diferenças entre atividade física, exercício físico e esporte.

2 É sabido que a prática regular de exercício físico apresenta efeitos benéficos sobre o metabolismo, reduzindo a gordura corporal, aumentando a massa magra, trazendo modificações positivas no perfil lipídico, assim como, aumento do metabolismo, controle da pressão arterial e da glicemia e maior mineralização óssea. Todavia, apesar das condições favoráveis, a qualidade da alimentação na maioria dos grupos fisicamente ativos não parece ser muito diferente da dos indivíduos sedentários, apesar da maior ingestão calórica. Descreva a importância do papel da nutrição/ do nutricionista para indivíduos fisicamente ativos.

3 Os praticantes de exercícios físicos englobam desde as crianças em idade escolar a adultos de todas as idades, de competidores de elite a esportistas de final de semana. Apesar de se considerarem atletas, seus interesses, habilidades e necessidades de treinamento são variados. Ou seja, nesse grupo não se encaixam os atletas que possuem treinamentos mais intensos e comprometimento com a modalidade praticada, considerando que possuem o esporte como profissão, sendo remunerados/premiados. Nesse interim, assinale a alternativa correta, considerando o público que a área da nutrição esportiva engloba:

a) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são tanto atletas como não atletas, sendo que a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite, não estando presente na literatura dados que se referem aos esportistas, desportistas ou praticantes de exercício físico, fato que dificultando a atuação do profissional.

b) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são apenas os atletas, pois a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite.

c) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são os esportistas/não atletas, todavia a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada aos atletas de elite, não estando presente na literatura dados que se referem aos esportistas, desportistas ou praticantes de exercício físico.

AUTOATIVIDADE

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sendo que a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada a ambos os públicos.

e) ( ) O público alvo da nutrição esportiva são tanto atletas como não atletas, sendo que a maior parte dos estudos e recomendações é direcionada esportistas, não estando presente na literatura dados que se referem aos atletas, desportistas ou praticantes de exercício físico, fato que facilita a atuação do profissional.

4 De acordo com o tipo da atividade física realizada diariamente, os praticantes podem ser classificados como fisicamente ativos, insuficientemente ativos ou sedentários. Assinale a alternativa que corresponde à característica dos indivíduos fisicamente ativos:

a) ( ) O indivíduo fisicamente ativo é aquele que inclui no seu dia a dia atividades com gasto energético moderado a intenso e, portanto, segue as recomendações de intensidade e frequência da prática de atividades físicas diárias, seja no lazer, em atividades domésticas, no trabalho ou na locomoção.

b) ( ) O indivíduo fisicamente ativo pratica atividades com gasto energético de leve a moderado, não cumprindo as diretrizes de saúde publicada para os níveis diários recomendados de atividade física.

c) ( ) O indivíduo fisicamente ativo é caracterizado pela ausência de ativi- dades que elevem, de forma significante, o gasto energético basal, com predominância de atividades que sejam realizadas em repouso (senta- do em atividades de lazer, como assistindo à TV ou usando o compu- tador, ou, ainda, atividades em repouso no trabalho ou na escola).

d) ( ) O indivíduo fisicamente ativo pratica atividades com gasto energético moderado, com predominância de atividades que sejam realizadas em repouso (sentado em atividades de lazer, como assistindo à TV ou usando o computador, ou ainda atividades em repouso no trabalho ou na escola).

e) ( ) O indivíduo fisicamente ativo pratica atividades com gasto energético de leve a moderado, cumprindo as diretrizes de saúde publicada para os níveis diários recomendados de esporte.

5 Considerando todas as interfaces que circundam a área da nutrição, principalmente na área da nutrição no esporte, devido ao significante consumo de suplementos alimentares pelos esportistas. Assinale a alternativa que corresponde à principal função do nutricionista:

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alimentares, modificando o hábito alimentar dos indivíduos para inserção desses suplementos e com isso prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento desses indivíduos.

b) ( ) A principal função do nutricionista é modificar os hábitos alimentares dos indivíduos para manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento através da utilização de suplementos e complementos ali- mentares, influindo positivamente em sua saúde e qualidade de vida.

c) ( ) A principal função do nutricionista é modificar o hábito alimentar dos indivíduos para prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento, isto é, influenciar positivamente em sua saúde e qualidade de vida, repassando informações sobre os conceitos científicos de nutrição e como colocar em pratica hábitos alimentares saudáveis.

d) ( ) A principal função do nutricionista é reeducar os hábitos alimentares dos indivíduos, com intuito de manter a saúde e melhorar o desempe- nho e o rendimento, influenciando positivamente em sua saúde e qua- lidade de vida, repassando informações sobre os conceitos científicos de nutrição e como colocar em prática hábitos alimentares saudáveis.

Destacando que não é função do nutricionista prevenir doenças.

e) ( ) A principal função do nutricionista é prescrever cardápios com ali- mentos funcionais e suplementos alimentares, com objetivo de modi- ficar o hábito alimentar dos indivíduos para prevenir doenças, manter a saúde e melhorar o desempenho e o rendimento.

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(25)

TÓPICO 2 —

UNIDADE 1

FISIOLOGIA DO EXERCÍCIO

1 INTRODUÇÃO

Olá, acadêmico, como estão os estudos até aqui? No presente tópico, revisaremos os conceitos da fisiologia e suas adaptações normais e patológicas frente à prática do exercício físico.

A prática de exercícios físicos já vem sendo descrita como benéfica para a saúde, com cunho científico, desde a década de 1950, assim como a alimentação como fator de prevenção para diversas doenças. Hoje, sabe-se que os benefícios da prática regular de exercícios físicos vão além da prevenção e do tratamento de sobrepeso e doenças cardiovasculares, já que as adaptações biológicas desencadeadas pelos exercícios físicos garantem uma melhor qualidade de vida por provocar melhoras em demais aspectos, como: mentais, cognitivos, fisiológicos, bioquímicos e estruturais (SIMINO, 2018).

Nesse sentido, para que uma atividade física seja desempenhada, é necessário que ocorra a contração e o relaxamento muscular, e, sendo assim, seria possível imaginar que, para que a prática de atividades ocorra, basta que acionemos nossos “sistemas executores”, ou seja, os tecidos que, efetivamente, participam do processo. Será mesmo?

Não, pois para a prática de exercícios físicos, os mecanismos acionados são mais completos. Observe a Figura 1.

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FIGURA 1 – EFEITOS DO EXERCÍCIO FÍSICO

FONTE: <https://bit.ly/3gX07do>. Acesso em: 10 maio 2021.

Destaca-se que esses sistemas fisiológicos agem de forma integrada, em que, a partir de alterações em um deles, segue uma sequência de respostas para reestabelecimento da homeostase, conforme demonstra a Figura 1, e que serão melhor detalhadas nos próximos subtópicos. Todo processo adaptativo precisa de um estímulo, natural ou artificial, espontâneo ou programado. No caso dos exercícios físicos, o estímulo é conhecido como carga de treino.

Também vale lembrar que influenciam diretamente nas adaptações aos exercícios, os nutrientes, sendo que a escolha adequada de alimentos e fluidos, os ajustes das quantidades a serem ingeridas, a definição do momento mais apropriado para consumi-los e a seleção de suplementos são as formas que a nutrição possui de contribuir com o desempenho físico (HIRSCHBRUCH, 2016).

Nesse sentido, torna-se de suma importância o acompanhamento perió- dico dos resultados da intervenção alimentar, buscando adequar de acordo com o momento do calendário esportivo das competições. A base para a elaboração do plano alimentar é direcionada às necessidades de energia e nutrientes para o exercício físico, conforme a intensidade, duração e frequência, assim como se faz necessário adequar a composição corporal do atleta de acordo com a modalidade e a posição, favorecendo as adaptações fisiológicas e metabólicas do organismo.

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2 ADAPTAÇÕES FISIOLÓGICAS AO EXERCÍCIO

O corpo humano pode se apresentar em estado de repouso ou de exercício e nas duas situações possuem mecanismos fisiológicos capazes de minimizar as alterações do meio interno, preservando a homeostasia. Os efeitos fisiológicos do exercício físico podem ser divididos em: agudos imediatos, agudos tardios e crônicos, sendo que os efeitos agudos, podem também ocorrer em associação direta com a sessão de exercício (TINOCO, 2002). Seguem divisões e suas características:

• Agudos imediatos: ocorrem nos períodos pré-imediato, e pós-imediato do exercício físico, caracterizados pelos aumentos de frequência cardíaca, ventilação e sudorese normalmente associados ao esforço.

• Agudos tardios: ocorrem nas primeiras 24 horas após uma sessão de exercício, identificados na pequena diminuição dos níveis tensionais e na elevação do número de receptores de insulina nas membranas das células musculares.

• Crônicos: são adaptações, resultam da exposição regular às sessões de exercício.

Exemplo: hipertrofia muscular e o aumento do consumo máximo de oxigênio.

2.1 CLASSIFICAÇÕES DO EXERCÍCIO FÍSICO

Há diferentes formas de exercício físico, cada uma delas gera diferentes efeitos agudos ou crônicos, sendo importante sistematizar alguma forma de classificação. Nesse sentido, quando considerada a via metabólica predominante, temos os sistemas:

• anaeróbico alático: em casos de exercícios de grande intensidade e curtíssima duração;

• anaeróbico lático: em casos de grande intensidade e curta duração;

• aeróbico: em situações de baixa ou média intensidade e longa duração.

Além dessa variável, podemos classificar considerando o ritmo, que pode ser:

• fixo ou constante: não se alterna o ritmo ao longo do tempo;

• variável ou intermitente: alterna-se o ritmo ao longo do tempo do exercício.

Ainda, podemos diferenciar de acordo com a intensidade relativa do exercício, conforme segue:

• baixa ou leve: exercício com repouso até 30% do VO2 máximo;

• média ou moderada: exercício entre 30% do VO2 máximo e o limiar anaeróbico;

• alta ou pesada: exercício acima do limiar anaeróbico.

Por fim, tem-se também nessa diferenciação a mecânica muscular, que pode ser:

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• estático: não há movimento e o trabalho mecânico é zero;

• dinâmico: existe movimento e trabalho mecânico positivo ou negativo.

Dessa forma, é importante destacar que os exercícios que envolvem grandes massas musculares como andar, correr, pedalar ou nadar necessitam de uma participação relativamente maior da via aeróbica. Já os esforços com segmentos corporais localizados, tais como a extensão do cotovelo segurando um peso utiliza maior participação das vias anaeróbicas, sendo que, caso a duração do exercício ultrapasse dois ou três minutos, será predominante a participação aeróbica, já se ela durar até dez segundos, predomina a via anaeróbica alática (TINOCO, 2002).

Nos casos de exercícios de alta intensidade, com duração entre 20 e 90 segundos, é utilizada de maneira mais intensa a via anaeróbica lática, podendo causar um significativo desequilíbrio acido-básico e a sensação de esgotamento físico, sendo vistos com maior frequência nos eventos desportivos de natação, como as provas de 50 e 100 metros e atletismo.

Em relação aos exercícios de intensidade baixa, esses correspondem a esforços de até 30% do consumo máximo de oxigênio. Nos de intensidade moderada, os esforços requerem entre 30% do consumo máximo de oxigênio e o nível correspondente ao limiar anaeróbico. Já nos exercícios de intensidade alta, a demanda excede o limiar anaeróbico. Portanto, nos exercícios prolongados, apenas os classificados como de alta intensidade teriam participação anaeróbica significativa (SIMINO, 2018).

Em casos de esforços de ritmo variável, como o jogo de tênis, ocorrem grandes variações nas necessidades de ressíntese de ATP, seguindo de periódicas modificações das variáveis fisiológicas. Essas atividades tendem a usar, inicialmente, as vias anaeróbicas alática e aeróbica, sem a participação significativa da via anaeróbica lática. Em séries de exercícios com grupamentos musculares localizados, como exercícios abdominais, que tendem a reduzir a qualidade na execução e fadiga quando realizados sem interrupções pode ser proporcionado um período de um a dois minutos de repouso, quando os exercícios serão reiniciados com a mesma velocidade, qualidade de execução adequada e relativa facilidade, pois esse tempo será suficiente para regenerar estoques intracelulares de ATP e fosfocreatina.

Vamos dar seguimento às demais adaptações fisiológicas frente aos exercícios físicos e suas determinadas cargas de treino. Os processos adaptativos desencadeados pelo estímulo dos exercícios físicos podem acontecer de diversas formas, conforme Figura 2.

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FIGURA 2 – ADAPTAÇÕES FRENTE AO TREINAMENTO FÍSICO

FONTE: <https://www.efdeportes.com/efd166/adaptacao-biologica-aplicado-ao-treinamento- fisico-03.jpg>. Acesso em: 10 maio 2021.

Conforme Simino (2018, p. 15), as adaptações fisiológicas seguem diferentes mecanismos:

De forma genotípica ou fenotípica, ou seja: em nível celular e mole- cular (genótipo) ou em relação a mudanças visíveis e mais facilmente mensuráveis (fenótipo). De forma aguda ou crônica: existem adap- tações que acontecem de forma rápida, apenas para que o exercício possa ser mantido. Por exemplo: adaptações que levam mais tempo a acontecer e que são mantidas por longos períodos. Em nível sistêmico:

podem beneficiar processos comportamentais, fisiológicos, bioquími- cos, neuro motores e estruturais. A pratica de exercícios físicos regular ou o treino esportivo, no caso dos atletas, proporciona, mediante os processos adaptativos, o desenvolvimento ou a melhora de algumas capacidades físicas específicas.

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Nos esportes de alto rendimento, se torna comum o uso da periodização em treinos que trabalhem as diferentes capacidades físicas, considerando que cada modalidade esportiva precisa de determinadas capacidades mais desenvolvidas e bem treinadas. Como é o caso dos corredores, que precisam treinar e aprimorar cada vez mais a velocidade.

IMPORTANTE

2.2 RESPOSTAS HORMONAIS NO EXERCÍCIO FÍSICO

Antes de destacarmos as alterações, é válido relembrar o conceito de hormônio. Os hormônios são substâncias químicas secretadas dentro de fluidos corporais, em sua maioria por glândulas endócrinas, sendo divididos em dois tipos, os esteroides e polipeptídicos. Esteroides são produzidos, a partir do colesterol, pelo córtex adrenal e pelas gônadas e os peptídeos são derivados de aminoácidos em outras glândulas endócrinas.

Os tecidos alvos da ação hormonal podem ser próximos ou relativamente afetados em relação à glândula de secreção, podendo sua ação ser em um ou mais tecidos, como o hormônio insulina, que atua em diversos tecidos, apresentando potente efeito sobre o metabolismo em situações como o repouso e a prática de exercício físico (SIMINO, 2018).

O estresse fisiológico induzido pelo exercício físico reflete diretamente à tentativa em manter as concentrações sanguíneas de determinados metabólitos próximas aos valores normais de repouso, por exemplo, manter a concentração sanguínea de glicose (glicemia) entre 90 e 100 mg/dL, uma vez que o exercício provoca o aumento da captação muscular de glicose a partir do sangue. Nesse mecanismo, a resposta fisiológica que busca a homeostase da glicemia durante o exercício se faz regulada por dois sistemas corporais: o sistema nervoso autônomo (SNA) e os sistema endócrino (hormonal), considerando que, em relação ao controle do metabolismo durante o exercício, a parte simpática do SNA é de maior destaque. Os mediadores químicos são liberados tanto pelo SNA quanto pelo sistema hormonal no intuito de auxiliar a manutenção da glicemia (HIRSCHBRUCH, 2016).

A redução da glicemia durante os exercícios mais intensos induz uma resposta contrarreguladora, promovendo o aumento da glicemia e a manutenção da concentração sanguínea de glicose. O fígado exerce um papel importante no aumento e na manutenção da glicemia, uma vez que esse tecido sofre influência neural e hormonal, estimulando produção hepática de glicose.

(31)

Nesse ínterim, a glicose e glicogênio representam importantes substratos energéticos durante o exercício, ao mesmo tempo em que favorecem a utilização de lipídios como substrato energético na célula muscular (HIRSCHBRUCH, 2016).

A glicose é, geralmente, o único substrato utilizado pelo cérebro e por outros tecidos do Sistema Nervoso Central e, deste modo, é fundamental para a funcionalidade desses tecidos, fato que reforça a importância da manutenção da glicemia durante o exercício prolongado, sendo relevante para o fornecimento de combustível ao cérebro e ao músculo esquelético, o qual utiliza também outros substratos além da glicose.

Diversos hormônios agem especificamente para manter a glicemia e são denominados contrarregulatórios (glucagon, adrenalina, noradrenalina, cortisol), ou seja, suas ações são opostas à da insulina (COKER; KJAER, 2005).

NOTA

O ponto central das adaptações refere-se às repostas hormonais, tanto agudas quanto crônicas. As respostas agudas são importantes para a regulação da utilização de substratos energéticos, assim como nas alterações na permeabilidade ou na atividade enzimática das células (músculo, fígado, tecido adiposo).

Nesse contexto, destaca-se o aumento dos hormônios que aumentam a taxa de lipólise, glicólise, glicogenólise e gliconeogênese, assim como ocorre a redução da concentração de hormônios que promovem lipogênese e glicogênese.

Algumas alterações hormonais são positivamente relacionadas à duração do exercício. Destacamos que o metabolismo energético será melhor discutido no próximo tópico.

ESTUDOS FUTUROS

Ainda, verifica-se que o sistema imune é influenciado pelo exercício, con- dicionado à duração e à intensidade do exercício, sendo que o exercício modera- do aumenta a imunocompetência, enquanto em treinamento intenso, após um evento competitivo, ocorre imunossupressão, gerando aumento na incidência de infecções, principalmente no trato respiratório superior dos atletas (HIRS- CHBRUCH, 2016).

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A alteração na funcionalidade do sistema imunológico está relacionada à alteração neuroendócrina derivada da prática do exercício, que gera o aumento na liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, que, consequentemente, modula a resposta imune, reduzindo sua efetividade.

Diante do exposto, estratégias nutricionais devem ser utilizadas desde o período de treinamento, durante o exercício e no período de recuperação pós exercício. As quais serão baseadas na modulação exercida pelos nutrientes sobre a resposta hormonal, influenciando o metabolismo de carboidratos, lipídios e proteínas, ao mesmo tempo em que modula a resposta imune do indivíduo.

2.3 INSULINA, GLUCAGON E EXERCÍCIO FÍSICO

Conforme mencionado anteriormente, durante a realização de exercícios mais intensos, ocorre uma maior utilização da glicose, fazendo com que a necessidade de glicose pelo tecido muscular cause, no decorrer do tempo, uma redução da glicemia, podendo ser compensada pela liberação de glicose, principalmente a partir do fígado, processo chamado de glicogenólise.

Importante destacarmos que, se a glicemia aumenta durante o exercício intenso, a insulinemia diminui decorrente da ação da adrenalina, promovendo o aumento da produção hepática de glicose. Sendo que a redução da insulinemia durante o exercício é diretamente proporcional à intensidade do esforço físico (COKER; KJAER, 2005).

O declínio da insulinemia durante o exercício minimiza a captação de glicose pelos tecidos não ativos, protegendo dessa forma o fornecimento de glicose para o cérebro e o tecido muscular ativo.

Ainda, cabe ressaltar que, durante o exercício prolongado, a glicemia e a insulinemia diminuem, favorecendo o aumento da lipólise e, consequen- temente, da disponibilidade de ácidos graxos livres na circulação sanguínea (VIRU, 1992).

Por fim, o glucagon é um hormônio secretado pelas células alfa- pancreáticas e promove o aumento da taxa de glicogenólise promovendo aumento na concentração de glicose no sangue. Em situações nas quais a glicemia diminui (exercício prolongado, jejum), a concentração de glucagon aumenta no intuito de manter a glicemia em valores próximos aos de repouso (Figura 3).

As concentrações de glucagon aumentam no plasma apenas se a duração do exercício for mantida por mais de uma hora (HIRSCHBRUCH, 2016).

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FIGURA 3 – EFEITO DO GLUCAGON NA REGULAÇÃO DA GLICOSE

FONTE: <https://static.todamateria.com.br/upload/gl/uc/glucagon2-0-cke.jpg>. Acesso em: 10 maio. 2021.

2.4 HORMÔNIO DO CRESCIMENTO, CORTISOL E CATECOLAMINAS NO EXERCÍCIO FÍSICO

O hormônio do crescimento (GH) é um polipetideo liberado a partir da hipófise anterior e estimula a síntese proteica, tanto em jovens quanto em indivíduos mais velhos, e representa um dos principais hormônios lipolíticos.

Atua estimulando a captação tecidual de aminoácidos, síntese proteica e crescimento de ossos longos. Também, opõe-se à ação da insulina, uma vez que reduz a utilização de glicose plasmática, aumentando a síntese de glicose no fígado e elevando a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo, buscando poupar a demanda tecidual por glicose plasmática.

Por sua vez, o cortisol é um membro da família dos hormônios esteroides, liberados pelo córtex adrenal, denominados glicocorticoides, e quando liberado mediante estresse físico ou emocional, causa a redução da glicemia e estimula o hipotálamo a secretar o hormônio liberador de corticotrofina, pela hipófise anterior do hormônio adenocorticotrófico (ACTH) e, posteriormente, o ACTH promove no córtex adrenal a liberação do cortisol para a circulação (CHATARD et al., 2002).

O exercício aeróbico intenso e o vigoroso provocam o aumento da concentração sérica de cortisol, o qual, por sua vez, irá favorecer a manutenção da glicemia por meio do estímulo da liberação de aminoácidos a partir do tecido muscular (proteólise muscular), pela estimulação da gliconeogênese

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hepática e por favorecer a mobilização de ácidos graxos livres do tecido adiposo.

Importante destacarmos que indivíduos treinados apresentam menor aumento da concentração sérica do cortisol durante o exercício em comparação com indivíduos não treinados (VIRU; VIRU, 2004).

Já as catecolaminas (adrenalina – noradrenalina – dopamina) sintetizadas pelas glândulas suprarrenais e pelo sistema nervoso, representam os hormônios derivados do catecol. Sua liberação via medula adrenal é estimulada pelo sistema nervoso simpático, promovendo a possibilidade da resposta para “atacar ou fugir”. Em exercícios prolongados e contínuos, as concentrações plasmáticas de catecolaminas aumentam com a duração do exercício e com a intensidade.

Também, se torna válido discorrer que o exercício físico com característica intermitente, como levantamento de peso, de apenas alguns segundos de duração, também resulta em aumento da concentração plasmática de catecolaminas (HIRSCHBRUCH, 2016).

Tem sido demonstrado que o exercício físico é um potente estimulador da liberação do GH, quando indivíduos treinados ou atletas de resistência apresentam menor liberação do GH comparado a indivíduos não treinados; mulheres apresentam maior amplitude e frequência na liberação do GH; indivíduos mais velhos apresentam menor liberação de GH que indivíduos jovens (± 20 anos); a liberação é mais elevada de acordo com a intensidade do treinamento; sessões com duração ≥ 30 minutos aumentam a liberação do GH; exercício de forma intermitente em um mesmo dia aumentaram a concentração de repouso do GH; período do dia não tem nenhum efeito significativo na liberação do GH (HIRSCHBRUCH, 2016).

IMPORTANTE

Já no caso de exercícios resistidos, a musculação pode influenciar no GH das seguintes formas: indivíduos não treinados em geral apresentam concentração do GH menor que indivíduos treinados ou atletas diante de um mesmo esforço; homens apresentam maior amplitude e frequência na liberação do GH que mulheres; indivíduos mais velhos (± 70 anos) ou de meia idade;

(± 40 anos) apresentam menor liberação do GH que indivíduos jovens (± 20 anos); maior liberação do GH em intensidades moderadas (± 60% de 1-RM) se comparada a sessões de baixa; (≤ 40%) ou elevada intensidade (≥ 80%); sessões de maior volume (≥ 8 e ≤ 15 repetições por série) resultam em maior liberação do GH; intervalos mais curtos (± 1 min) entre as séries parecem aumentar a liberação do GH comparado com intervalos mais longos (± 3 min); maior concentração de ácido lático pode estimular a liberação do GH (AMARAL NETO, 2020).

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2.5 TESTOSTERONA E EXERCÍCIO FÍSICO

A testosterona é um hormônio esteroide que apresenta consideráveis efeitos anabólicos sobre o tecido muscular, destacando o aumento da síntese proteica e a redução no catabolismo proteico dentro da fibra muscular.

Tem sido demonstrado que o exercício físico (intensidade, duração e tipo de exercício) provoca aumento agudo na concentração sanguínea de testosterona (BLAZEVICH; GIORGI, 2001).

O treinamento de força também promove aumento da concentração plasmática de testosterona após o exercício (BLAZEVICH; GIORGI, 2001).

Destaca-se que diferentes protocolos de treinamento podem induzir diferentes respostas da testosterona durante e/ou após o exercício.

ATENCAO

FIGURA 4 – MECANISMO DE AÇÃO DA TESTOSTERONA

FONTE: <https://bit.ly/2Ug0HuQ>. Acesso em: 10 maio 2021.

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2.6 INFLUÊNCIA DO TREINAMENTO FÍSICO SOBRE AS RESPOSTAS HORMONAIS INDUZIDAS PELO EXERCÍCIO

Em geral, as respostas hormonais (Quadro 1) a um período de exercício são significativamente atenuadas após o treinamento. A atividade nervosa simpática, refletida pela concentração de noradrenalina plasmática durante o exercício, encontra-se diminuída na mesma taxa de absoluta de trabalho após um período de treinamento, porém permanece constante em relação à mesma taxa relativa de trabalho.

As concentrações plasmáticas dos hormônios ACTH, cortisol, gluca- gon e GH também apresentam menores aumentos durante o exercí- cio submáximo em indivíduos treinados. A concentração plasmática insulina, de modo geral, diminui durante o exercício intenso, con- tudo, em indivíduos treinados, essa diminuição da insulinemia é menor. Esse fato está relacionado, em parte, à diminuição induzida pelo treinamento sobre a resposta da adrenalina durante o exercício, uma vez que esse hormônio inibe a secreção pancreática de insulina (HIRSCHBRUCH, 2016, p. 388).

QUADRO 1 – RESUMO DOS EFEITOS METABÓLICOS DOS HORMÔNIOS

Efeito metabólico Hormônio

Captação da glicose celular Insulina

Síntese de glicogênio Insulina

Síntese de triacilgliceróis Insulina

Diminuição da glicemia Insulina

Glicogenólise hepática Adrenalina, glucagon

Glicogenólise muscular Glucagon

Lipólise Adrenalina

Síntese de proteínas Cortisol, adrenalina, hormônio do crescimento

Catabolismo proteico Hormônio do crescimento Aumento da glicemia – efeito direto Insulina

Aumento da glicemia – efeito indireto Cortisol, adrenalina, glucagon Aumento da taxa metabólica Adrenalina, noradrenalina e tiroxina

FONTE: Hirschbruch (2016, p. 388)

3 SISTEMA IMUNE E EXERCÍCIO

É de suma importância considerar a influência do exercício sobre o sistema imunológico, em razão do aumento no número de casos de doenças infecciosas e queda no desempenho de atletas, principalmente em situações de treinamento intenso e prolongado.

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Nesse sentido, diferentes estudos vêm demonstrando que o exercício exaustivo pode causar alterações tanto no sistema imune inato quanto específico, incluindo: redução da atividade de neutrófilos, da concentração de imunoglobulinas A (IgA), da atividade citolítica de células natural killer (NK) e da capacidade proliferativa de linfócitos, juntamente ao aumento da concentração plasmática de citocinas pró e anti-inflamatórias.

A imunomodulação mediada pelo exercício físico está relacionada com questões multifatoriais, incluindo alterações circulatórias (hemodinâmicas) e hormonais (liberação de cortisol e catecolaminas). Além de estar ligada a fatores metabólicos, como a concentração plasmática de glutamina (GLEESON, 2006).

Estudos verificaram que o exercício tem relevante papel na redução da ocorrência e da gravidade de infecções e doenças relacionadas ao câncer humano.

Todavia, os mecanismos pelos quais o exercício agudo ou o treinamento físico alteram a resposta imune do indivíduo ainda não tenham sido completamente compreendidos. O efeito particular dependo do tipo, da intensidade e da duração do exercício (Figura 5). Dessa forma, sugere-se que exercícios de intensidade moderada podem melhorar a imunocompetência, enquanto o exercício intenso e prolongado pode direcionar à situação oposta. Verificou-se que, após exercício intenso e prolongado, ocorre supressão parcial de parâmetros da imunocompetência de atletas, caracterizando esse período como uma “janela aberta” para a invasão de microrganismos.

Quanto aos exercícios moderados, os efeitos imunológicos se apresentam diante da redução do risco para infecções. Os parâmetros laboratoriais que podem explicar os benefícios clínicos demonstram aumento de diversos fatores, como atividade citotóxica de células NK, fagocitose, expressão de moléculas de adesão e concentração salivar de IgA (BISHOP et al., 1999).

A doença mais comum observada em atletas é uma branda infecção viral do trato respiratório, sendo que, em sua revisão de literatura, verificou-se que a incidência de infecções do trato respiratório superior (ITRS) acomete somente atletas engajados em exercícios intensos e prolongados. Todavia, ressalta-se que uma dieta inadequada e repouso insuficiente são também fatores importantes que colaboram para a ocorrência de ITRS, como resfriados e gripes (HIRSCHBRUCH, 2016).

INTERESSANTE

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