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RELATÓRIO FINAL DO 6º ANO
Ana Rita dos
Santos Costa
2 ÍNDICE
1. INTRODUÇÃO...3
2. CORPO DE TRABALHO...4
a. Medicina...4
b. Cirurgia...4
c. Medicina Geral e Familiar...5
d. Pediatria...6
e. Ginecologia e Obstetrícia...7
f. Saúde mental...7
g. Dermatologia...8
3. REFLEXÃO CRÍTICA FINAL...9
4 ANEXOS...11
Certificado de presença “26ª Jornadas de Cardiologia do Hospital Egas Moniz”...11
Certificado de presença “10º Encontros da Primavera – Oncology Spring Meeting”...12
Certificado de presença “Simpósio – O doente com AVC”...13
Declaração de convite de participação nas “1ª Jornadas de Ginecologia Obstetrícia do HVFX”...14
3 1. Introdução
“Medicine is a science of uncertainty and an art of probability”. (Sir William Osler)
A Medicina é muito mais uma missão que uma profissão. Ser médico é uma busca constante pelo
conhecimento, é uma procura incessante pelo deslindar da semiologia, que se traduz em diagnósticos
muitas vezes labirínticos. Mas é esta a vida que escolhi e que tanto desejo abraçar.
As noções aprendidas na Escola Médica são apenas ferramentas, material utilitário para, perante o
doente, pensar e fazer Medicina. Estas não devem ser aplicadas na sua fria indiferença, o que seria
simplesmente aplicar ciência médica dirigida apenas à doença. Medicina é muito mais e dirige-se ao
Doente.
Nesta era da globalização e informatização da Medicina, as Faculdades têm implementado um novo
Curriculum que enfatiza a Aprendizagem Continuada, a aquisição de competências em trabalho de equipa, comunicação, medicina baseada em evidência e profissionalismo. Neste sentido, o 6º ano do
Mestrado Integrado em Medicina foi reestruturado para se tornar num verdadeiro estágio
profissionalizante, que engloba o exercício orientado e programado da Medicina, por diversas áreas
médicas e cirúrgicas, através do ensino tutorado em contexto hospitalar. Tem assim como objectivos
gerais, a aquisição progressiva de autonomia para execução de raciocínios e de procedimentos
médicos, não se limitando à observação dos mesmos; a familiarização com o ambiente profissional, e a
complementação daquele que é o início da relação médico/doente.
Este Relatório Final é referente ao 6º ano (2013/2014) e constitui um elemento de discussão da Prova
Pública Final, pretendendo fazer uma síntese dos elementos considerados representativos do estágio
profissionalizante do 6º ano. O Relatório está dividido em 4 secções, reunidas sob a designação de:
1-Introdução; 2-Corpo do Relatório, com uma descrição sumária das unidades curriculares
correspondentes à exposição sintética das actividades realizadas no contexto de cada estágio,
organizadas por ordem de frequência dos mesmos; 3-Posicionamento Crítico, referente ao ano
profissionalizante e ao curso no geral. Para finalizar, 4-Anexos, com os certificados das Actividades
Extracurriculares realizadas no 6º ano.
4 2. Corpo do Trabalho
a. Medicina | 16 de Setembro a 8 de Novembro de 2013
Regente: Professor Doutor Fernando Nolasco
Local de Estágio e Orientador: Medicina II-Hospital Egas Moniz (HEM); Dr. Francisco Silva
Objectivos: Consolidar conhecimentos, atitudes, comportamentos e posturas adquiridas ao longo
destes 6 anos; proceder de forma autónoma à aquisição da história clínica e observação de qualquer
doente; solicitar Exames Complementares de Diagnóstico (ECD) e interpretá-los; diagnosticar as
situações clínicas mais prevalentes do doente adulto; elaborar diários clínicos; aprimorar a
comunicação com doentes, colegas e outros profissionais; desenvolver a compreensão do que significa
ser médico, da identidade e responsabilidade profissional e dos valores e atitudes que os médicos
devem cultivar.
Descrição: O estágio subdividiu-se em 3 componentes: teórica, teórico-prática e prática. A componente
teórica foi da responsabilidade do Prof. Dr. Pedro Póvoa, decorrendo semanalmente no Edifício Escolar
da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa (FCMUNL), visando temas da
prática clínica diária e discussão de casos clínicos das patologias mais frequentes. A componente
teórico-prática, sob forma de sessões clínicas, tinham como objectivos a apresentação e discussão de
temas com interesse e aplicação actual, sendo que numa delas, apresentei o trabalho “Síndromes paraneoplásicos”. Finalmente, a componente prática possibilitou-me acompanhar os doentes desde a sua entrada no Serviço de Urgência (SU), a sua evolução na enfermaria e, após a alta, durante a
consulta externa. No sentido de enriquecer o meu conhecimento na área da Medicina Interna, participei
em diversos congressos ao longo do ano, cujos diplomas se encontram em anexo: “26ª Jornadas de Cardiologia do Hospital Egas Moniz”; “10º Encontros da Primavera – Oncology Spring Meeting” e
“Simpósio – O doente com AVC”.
b. Cirurgia | 11 de Novembro 2013 a 17 Janeiro 2014
Regente: Professor Doutor José Inácio Guerra Fragata
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Objectivos: Os objectivos da vertente médica da área cirúrgica, são semelhantes aos da Medicina
Interna. Assim sendo, apenas vou referir os específicos da cirurgia: proceder ao diagnóstico das
situações clínicas com indicação cirúrgica mais prevalentes do adulto; identificar as propostas
terapêuticas apropriadas e propor a sua aplicação; solidificar comportamentos, atitudes e formas de
estar num bloco operatório; conhecer os instrumentos, as abordagens e as técnicas cirúrgicas;
participar activamente nas cirurgias.
Descrição: O estágio incidiu essencialmente sobre 3 componentes: teórica, teórico-prática e prática. As
aulas teóricas, organizadas pelo Prof. Dr. Rui Maio, decorreram no Anfiteatro do HBA. A componente
prática decorreu sob supervisão do Dr. Pedro Amado. Acompanhei diariamente, em contexto de
enfermaria, diversos doentes internados e o seu pós-operatório; assisti a visitas clínicas do serviço;
realizei exame objectivo, diários clínicos, notas de alta, terapêutica; auxiliei na prescrição de baixas
médicas e na remoção de pensos. Na consulta externa, para além das consultas propriamente ditas,
assisti ainda à colocação e remoção de pensos, desinfecção de feridas, remoção de agrafos e suturas
e avaliação da ferida operatória. Em contexto de bloco operatório, tive a oportunidade de participar em
duas semanas de Anestesia em diversas áreas cirúrgicas. Acompanhei a preparação pré-operatória
dos doentes, observei a execução de procedimentos anestésicos (indução e manutenção da
anestesia), entubação traqueal e raquianestesia. Em relação à Cirurgia, foi-me permitido adquirir
conhecimentos respeitantes aos instrumentos e materiais usados nos procedimentos cirúrgicos, bem
como a sua manipulação. Graças à disponibilidade de diversos médicos, tive oportunidade de assistir a
variadas cirurgias, não só no âmbito da Cirurgia Geral, mas também na Urologia (Doença de Peyronie)
e Cirurgia Torácica, tendo participado em muitas delas, quer como 1º quer como 2º ajudante. No final
do estágio, apresentei no Minicongresso um caso clínico de Cancro Colorrectal “O pico do iceberg”.
c. Medicina Geral e Familiar | 27 de Janeiro a 21 de Fevereiro de 2014
Regente: Professora Doutora Isabel Santos
Local de Estágio e Orientador: Unidade Saúde familiar (USF) Rosinha (Seixal) - Dra Muriel Vieira e Dra
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Objectivos: Ter noção da vertente preventiva da MGF e do papel fundamental como abordagem de
primeira linha na promoção da saúde, prevenção e intervenção na doença; perceber o funcionamento
da multidisciplinaridade entre especialidades médicas, adquirir uma visão global dos cuidados de
saúde do nosso país; desenvolver competências técnicas e humanas através de uma abordagem
sistemática e uma perspectiva holística e centrada no indivíduo.
Descrição: O estágio foi dividido em duas partes: urbano (USF Conde de Oeiras) e rural (USF Seixal).
Em ambos os locais integrei e participei ativamente nas consultas de Saúde Infantil, Saúde de Adultos,
Saúde Materna, Planeamento Familiar, Consulta de Diabetes, Hipertensão Arterial, Consulta Aberta e
de Intersubstituição e vertente domiciliária. Efetivamente, fiz consulta sozinha em todas estas
variedades de consulta logo desde o primeiro dia.
d. Pediatria | 24 de Fevereiro a 21 de Março de 2014
Regente: Professor Doutor Luis Manuel Varandas
Local de Estágio e Orientador: Pediatria Médica 5.1 – Hospital D. Estefânia (HDE); Dr. António Bessa
de Almeida
Objectivos: Desenvolver ferramentas essenciais à prática formal de assistência ao recém-nascido,
criança e adolescente. compreender a importância da conquista permanente da criança e a gestão
emocional das diferentes personalidades dos pais, alicerçadas à complexidade de uma marcha
diagnóstica; Observar o crescimento e desenvolvimento da criança saudável e com patologia,
integrada no ambiente familiar e social;
Descrição: Durante o estágio pude observar a evolução clínica de diversas crianças e tive a
possibilidade de participar em inúmeras atividades que integram a rotina de um pediatra,
nomeadamente durante as Consultas Externas de Pediatria Médica, Enfermaria e SU, podendo
constatar as patologias mais frequentes em idade pediátrica. Foi ainda possível assistir às reuniões de
serviço e sessões clínicas de Pediatria Médica. Frequentei o Serviço de Imunoalergologia e assisti a 2
aulas teóricas desta especialidade. Finalmente, juntamente com uma colega, realizei um trabalho
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e. Ginecologia e Obstetrícia | 25 de Março a 24 de Abril de 2014
Regente: Professora Doutora Fátima Serrano
Local de Estágio e Orientador: Ginecologia e Obstetrícia - Hospital Vila Franca Xira (HVFX); Dra. Isabel
Rocha
Objectivos: Aquisição de conhecimento e competências no âmbito da “Medicina da Mulher”,
identificando as suas principais patologias, com a elaboração de um raciocínio clínico, de forma a
conseguir diagnosticar e aplicar princípios gerais de atuação nas doenças mais frequentes;
compreender a importância da prevenção e diagnóstico precoce em Ginecologia e Obstetrícia.
Descrição: O estágio encontra-se dividido nas suas duas grandes vertentes: Ginecologia e Obstetrícia.
Nas consultas de Ginecologia assisti e participei nas consultas de Planeamento Familiar, Menopausa,
Ginecologia Geral e Ecografia Ginecológica. Tive a oportunidade de assistir a várias consultas de
Obstetrícia. Nestas, observei a determinação da idade gestacional e data provável do parto a partir da
1ª ecografia, bem como realizei a palpação do colo uterino e auscultação do foco fetal. No Bloco de
Partos observei a realização de diversas cesarianas eletivas e acompanhei a evolução do Trabalho de
Parto de várias parturientes. No final do estágio, apresentei ao Serviço um trabalho sobre a prevenção
do Streptococos B “Prevenção do Streptococos B – A quem, quando, como e porquê?”. Eu e uma colega formos convidadas a apresentá-lo nas “1ª Jornadas de Ginecologia e obstetrícia do HVFX”. Em anexo segue a convocatória.
f. Saúde Mental | 28 de Abril a 23 de Maio de 2014
Regente: Professor Doutor Miguel Xavier
Local de Estágio e Orientador: Pedopsiquiatria e Psiquiatria de Adultos Cascais (CHLO) – Extensão do
HSFX; Dra. Graciete Carvalho (Pedopsiquiatria) e Dra. Dóris Reis (Psiquiatria adultos)
Objectivos: Internalizar um conjunto de preceitos relativos à prática médica, à relação interpessoal com
doentes e famílias e à própria psiquiatria enquanto disciplina médica; integrar o modelo de pensamento
numa perspectiva biopsicossocial, englobando não apenas as diferentes perturbações psiquiátricas,
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com impacto no desenvolvimento de intervenções terapêuticas; desenvolver competências na
abordagem do doente psiquiátrico e gestão de situações agudas.
Descrição: O primeiro dia de estágio comportou uma componente teórica e teve lugar na sede da FCM.
Esse seminário foi leccionado com uma vertente muito prática e do quotidiano de qualquer médico no
Internato Geral, em situação de urgência. A componente prática incidiu sobre a Pedopsiquiatria e
Psiquiatria de Adultos. A frequência da consulta de Pedopsiquiatria permitiu-me observar a relação
médico-doente que surge entre a criança e o pedopsiquiatra que a segue, assim como a colheita de
história psiquiátrica na vertente pedopsiquiátrica e o trabalho desenvolvido com os pais e instituições.
Na vertente da Psiquiatria de Adultos foi possível tomar contacto com a entrevista psiquiátrica em
ambiente de consultório. Foram colocadas hipóteses de diagnóstico e discutiram-se alguns casos
clínicos, com a respectiva terapêutica. No final do estágio, apresentei à Dra. Graciete um trabalho
sobre o absentismo escolar na adolescência (“Programas de Intervenção no Absentismo Escolar”).
g. Dermatologia | 26 de Maio a 6 de Junho de 2014
Regente: Professora Doutora Isabel Viana
Local de Estágio e Orientador: Dermatologia - HEM; Diversos orientadores
Objectivos: Pelo facto da proximidade com a Dermatologia, durante o curso, ter sido escassa
principalmente em termos de componente prática, o meu principal objectivo foi ganhar a percepção das
patologias da pele, técnicas e intervenções cirúrgicas.
Descrição: O estágio foi muito variado, mas muito acompanhado por todos os médicos que se
dispuseram a ensinar-me e mostrar-me toda a diversidade de patologias com que me deparei. Foi-me
permitido assistir às consultas de lesões pigmentadas, úlceras de perna, fototerapia e dermatologia
geral. Pude observar o tratamento em bloco operatório das lesões pigmentadas, através de diversas
técnicas cirúrgicas. Foi uma mais valia ter passado por esta especialidade e queria fazer um
agradecimento especial à Dra. Isabel Viana, que me recebeu de uma forma muito acolhedora e
9 3. Reflexão Crítica Final
Quero começar esta reflexão crítica com uma letra de Frank Sinatra “And now the end is near; and so I face the final curtain. My friend, I´ll say it clear, I´ll state my case, of wich I´m certain.” ... E aqui chego eu, quase ao fim deste longo e árduo caminho. É um caminho difícil, que exige muito sacrifício e muito
querer, mas quando nos vemos quase a cortar a meta, a alma cresce, apazigua-se e espera pelo
derradeiro final desta primeira etapa de conhecimento. Estes seis anos de Medicina foram
inesquecíveis em todos os sentidos. Os primeiros três anos são muito teóricos e distantes do contacto
com o doente. Não nos apercebemos, mas são eles o pilar e a base de todo o nosso conhecimento. Aí
começa toda a jornada. Quando passamos para o quarto ano, tudo muda... as responsabilidades
mudam, a proximidade com o Tutor muda, todos esperam mais de nós. E, aqui entra o doente. Só
quem está no mundo da Medicina sabe como é difícil e angustiante ter a responsabilidade de, perante
um doente, fazer um diagnóstico e administrar a terapêutica, após uma histórica clínica e exame físico
minuciosos. Temos tantas dúvidas... Chegamos a pensar que é impossível, que nunca chegaremos lá.
E, neste ponto, penso que o “lá” só é alcançado uns bons anos mais tarde.
Os primeiros anos do curso são o pilar, mas os últimos três são indispensáveis. É fundamental estar e
viver o Hospital (e o Centro de Saúde), conhecer os Serviços, as rotinas, as dúvidas, as reuniões... A
propósito das reuniões clínicas, como aluna, considerei-as como uma mais-valia. É por demais
importante ouvir a discussão dos casos clínicos e perceber a linha de pensamento dos Médicos, as
suas dúvidas, os seus pedidos de ECD e a terapêutica. Foi no âmbito das mesmas que apresentei
todos os meus trabalhos e, os meus colegas, os deles. A forma como nos é pedido que analisemos os
temas e a sua exposição é bastante distinta dos anos básicos. Os nossos tutores querem que sejamos
práticos, que consigamos transmitir os conhecimentos de forma simples e pragmática. A componente
teórica todos conhecem mas, por vezes, já não têm bem presente algumas nuances das patologias. E
é, com satisfação, que constato que, tanto o meu trabalho como o dos meus colegas e dos internos
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principalmente, aprender muitíssimo com todas estas apresentações. Penso que é um componente
muito importante de avaliação, mas principalmente, um componente de aprendizagem.
Estes últimos três anos foram, como disse, fundamentais na minha formação. Penso que, no geral, os
programas estão bem definidos e foram cumpridos. As metas foram atingidas. No entanto, o sexto ano
suplantou as minhas expectativas. A preocupação dos tutores em me ensinar, a sua proximidade e
dedicação contribuíram em tudo e foram decisivos para me sentir mais segura perante um doente.
Fundamental foi o facto de cada aluno poder estar com um tutor e não haver diversos alunos para cada
médico. Notei uma evolução enorme neste ano e penso que se deveu a este facto. Bem sei que
também é suposto dar mais autonomia ao longo deste ano. No entanto, sem a confiança de ter um
apoio constante e disponível só para mim, peço desculpa pelo egoísmo, não teria sido possível. Os
tutores desdobram-se para nos dar atenção, mas sei que é humanamente impossível ensinar-nos a
todos ao mesmo tempo. Senti, por vezes, que éramos demasiado para o mesmo espaço físico, tanto
nas enfermarias, como nas salas do médicos, como no bloco. Não sei se haverá solução mas, não há
dúvida, que o ensino só atinge o seu esplendor, quando o médico apenas tem ao seu encargo um
aluno... Que já de si não é pouco!
Terminado este ano, quero dizer que aprendi muito, dediquei-me muito e levo muito. Conheci muitas
pessoas e algumas deixaram uma marca boa e profunda. E falo de tutores e de colegas! Senti-me
completamente integrada e percebi o peso da responsabilidade, sendo nós o futuro da Medicina.
Sozinhos não conseguimos, precisamos da ajuda dos mais experientes, de quem sabe, de quem tem
conhecimento e já viu, diagnosticou e tratou muito.
Sinto um enorme orgulho desta Casa onde passei estes seis anos. Deu-me conhecimento e
ferramentas para continuar esta jornada tão rica como é da Medicina. Estes foram apenas os primeiros