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Em sua segunda edição, a pesquisa Mobilidade

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Academic year: 2021

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Com maturidade e resiliência, setor automotivo caminha para o futuro

Ricardo Bacellar, líder do setor de Industrial Markets e Automotivo da KPMG no Brasil.

Carros híbridos, conectividade, comércio pela Internet, uso de dados... o que diz a pesquisa Mobilidade 2021 sobre estes e muitos outros temas?

Em sua segunda edição, a pesquisa Mobilidade 2021 foi realizada em duas etapas, por meio de questionário eletrônico, no período de 31 de maio a 25 de junho de 2021. A exemplo do que foi feito na versão anterior, de 2019, os participantes foram divididos em dois subgrupos: aqueles que atuam diretamente na indústria automotiva e os que são consumidores de veículos. Assim, algumas questões foram respondidas apenas pelos executivos, e outras, somente pelo grupo de consumidores.

A pesquisa contou com as participações de respondentes de todas as regiões do Brasil, sendo a maioria da região Sudeste – que, aliás, é a mais populosa do país. Por isso,

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em termos de representatividade geográfica, seu alcance foi muito satisfatório.

Dentre os respondentes das empresas, predominaram pessoas que ocupam cargos decisórios: presidentes, CEOs, diretores etc. Todos atuam em montadoras que, em geral, faturaram mais de R$ 1 bilhão no mercado nacional em 2020.

Prioridades e crescimento conjunto

Os executivos deram destaque às tecnologias para redução de custo e de transformação digital como destinos preferenciais de investimentos. Eles também deram destaque à adequação ao Rota 2030, que incentiva o aperfeiçoamento da eficiência energética dos motores a combustão e constitui o principal movimento mandatório para a indústria automotiva brasileira. Veículos elétricos e tecnologia da gestão/

integração com fornecedores também foram lembrados.

Em comparação com a pesquisa de 2019, a tecnologia de redução de custos cresceu de 59,8% para 63,5%; já a transformação digital ganhou destaque em resposta aos reflexos da pandemia de Covid-19.

E, repetindo o que havia sido apontado na edição anterior da pesquisa, a cooperação com indústrias convergentes foi indicada como a melhor estratégia para obtenção de sucesso das empresas, seguida por parcerias/alianças estratégicas.

6,5 64

Tecnologias de redução de custos

Tecnologias de transformação digital

Tecnologia na gestão/integração de fornecedores

Adequação ao Rota 2030

Tecnologia para vendas online

Parcerias com start-ups

Veículos elétricos

Serviços de mobilidade próprios

Serviços de gestão de frotas

Serviços de assinatura de veículos

28,5

100%

1

6 8

9 10 13,5

15 15 18 20,5 24 62

49 49 43 39 39

45,5 28

30 25

30 30 40 45 44 43 35 49 45 42

2 3 2 2

3 4,5 5 4,5 9 2,5 1

Extremamente importante Muito importante Neutro Pouco importante Sem importância

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Mudança no modelo de negócios

Em sintonia com o que tinha sido apontado na edição anterior da pesquisa, os executivos voltaram a mencionar que a prestação de serviços de mobilidade poderá se tornar a principal fonte de receita das montadoras. Ou seja: a venda de veículos deixará de ser o core business, dentro de alguns anos. Essa maturidade e resiliência certamente serão essenciais à sobrevivência do setor.

O fato de a grande maioria dos profissionais novamente concordarem que há uma mudança radical no modelo de negócios à frente,

repetindo o que vimos na pesquisa de 2019, demonstra a maturidade desta visão no setor automotivo nacional.

Agenda estrutural

Aumentar a cobertura vacinal contra a Covid-19 foi a primeiríssima colocada dentre as medidas que o Governo deveria adotar para criar um ambiente favorável à

retomada dos negócios. Porém, sabe-se que a pandemia é um fator pontual. Por isso é importante analisar também os outros aspectos trazidos pelos respondentes – estes, sim, preocupações de longa data do setor.

Os executivos apontaram a redução de encargos e da carga tributária, bem como os incentivos para Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e exportações como altamente desejáveis. Isso mostra que a indústria brasileira quer ir à luta no cenário global com condições plenas para competir. Justamente por isso, a geração de barreiras protecionistas não é vista com bons olhos pelo setor.

51,2

29,2

13,0 40,2

47,6

4,4 8,7

0,3

1,5 3,9

Concordo plenamente Concordo parcialmente Indeciso

Discordo parcialmente Discordo plenamente

(4)

No que se refere ao enfrentamento da crise, os respondentes parecem confiantes de que o pior já passou. Por isso, em vez de medidas radicais, preferem apostar na redução de custos.

Indústria 4.0

Quanto às prioridades no caminho da transformação digital para os próximos anos, o “mergulho” na Indústria 4.0 aparece em primeiro lugar, seguido por Costumer Experience.

Menos relevantes, mas ainda assim, lembrados pelos respondentes, foram inteligência artificial e Cyber Security, que ficaram à frente de Big Data e Analytics (D&A).

A nova concessionária

A rede de distribuição será um dos elos da cadeia automotiva mais afetados pelas mudanças que vão impactar o setor pelos próximos anos.

Segundo dados da Anfavea, de 2019 para 2020 (último dado disponível), o total de concessionárias de autoveículos no Brasil subiu de 3.980 para 4.052. Mas a decisão tomada pela Ford de deixar de operar no Brasil pode levar a uma redução desse número.

Além disso, dados da Fenabrave revelam que vendas diretas representavam 45% do total acumulado de automóveis e comerciais leves em julho de 2019, índice que caiu para 43% em 2021 (último dado disponível).

Ao mesmo tempo, houve um avanço de 10% nos que entendem que a representatividade das vendas diretas diminuirá na próxima década.

Todo os entrevistados concordam quanto à importância da venda de veículos pela internet nos próximos anos.

Comprar

100%

83,1

43,6 43,1 32,3 27,9 24,3 20,4 10,5 5,0 3,3

Acelerar processo de imunização (vacinação) da população

Redução de encargos trabalhistas

Barreiras protecionistas / elevação de impostos de importação

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Usados ganham espaço

Em 2019, 50% dos respondentes pretendiam comprar um carro novo; no levantamento de 2021, esse contingente caiu para 44%. Já o interesse por usados cresceu de 36% para 40%.

Apesar da crise, a intenção de compra segue aquecida, embora as pessoas estejam dispostas a esperar um pouco mais pelo melhor momento de fechar negócio: o índice dos que pretendem comprar um carro em curto prazo recuou de 22%, em 2019, para 14%, em 2021.

Decisão tomada, o consumidor vai em busca de um carro para chamar de seu. De acordo com a pesquisa, a maioria ainda pensa em fechar negócio na concessionária. Mas a “preparação” para a compra é, cada vez mais, feita pela Internet: em geral, os consumidores chegam às lojas sabendo exatamente o que querem, graças a informações e comparações colhidas via internet e redes sociais.

Saber o que o consumidor quer

Será que as necessidades e preferências do consumidor estão sendo compreendidas pela indústria automotiva?

As respostas, mais uma vez, indicam que não. Em cenário semelhante ao observado em 2019, os clientes parecem insatisfeitos nesse quesito, principalmente por parte das concessionárias.

Custo, sempre relevante

O Total Cost of Ownership (TCO), que representa tudo o que uma pessoa vai gastar com o veículo – e não somente o custo de sua aquisição – continua sendo fator determinante no processo de escolha, a exemplo do que já havia sido detectado em 2019. Sabemos que os combustíveis sofreram alta nos preços, e isso explica o notório aumento da preocupação com o consumo dos veículos por parte dos potenciais compradores.

A qualidade dos serviços de pós-vendas e a rede de assistência técnica (temas correlatos) são prioritários para os consumidores e se sobrepõem a, por exemplo, conectividade e condições comerciais, supervalorizadas pelos respondentes de mercado. Em relação às condições comerciais, vale ressaltar que a liberação de recursos para financiamento de veículos subiu mais de 20% nestes dois anos, e as taxas de juros ficaram praticamente estáveis. Talvez por isso o assunto tenha perdido um pouco da relevância sob a ótica dos clientes.

Tecnologias

O sensor ou câmera de ré subiu ao topo da preferência por acessórios pelo consumidor. Já o GPS perdeu participação, na medida em que os smartphones atendem plenamente a essa

Empresa de tecnologia ou telecomunicações Montadoras

Provedor de serviços de mobilidade Rede de concessionárias

29 35

35 44

13 8

8 6

8 11

14 18

50 46

43 32

100%

Compreensão total Alguma compreensão Compreensão limitada Nenhuma compreensão

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Uso versus posse

Conforme já expusemos antes neste artigo, as montadoras estão abertas à possibilidade de trocarem seu core business, tornando- me mais provedoras de mobilidade e menos

“vendedoras de produtos”. Alinhados a essa premissa, executivos e consumidores têm visões convergentes no que diz respeito à chance de os clientes trocarem a posse de um veículo pelo seu uso: a maioria entende que essa alternativa é viável, embora ainda seja um conceito embrionário.

O que a pesquisa de 2019 já prenunciava e a atual confirma é que não existe um ponto focal de relacionamento do consumidor para assuntos de mobilidade. Perante ele, o bolo está dividido.

Suas decisões poderão mudar mediante novas possibilidades. Por isso, é fundamental que a indústria trace, com mais firmeza e clareza, seus caminhos para a oferta de mobilidade.

Confiança é relevante

Ainda que a disponibilidade seja apontada como o principal fator de decisão do consumidor por um provedor de serviço de mobilidade, uma marca confiável mostrou-se também bastante relevante neste processo.

A pesquisa aponta também que a oferta de serviços de assinatura é bem-vista por mais da metade dos entrevistados, mas um terço deles afirmou não conhecer esse tipo de serviço.

Tamanho desconhecimento é terreno fértil para a indústria desvendar e explorar.

Híbridos: sim, eles estão em pauta!

A curto prazo, os veículos a combustão

continuam a ser a primeira opção dos executivos quanto à priorização de oferta. Mas os elétricos híbridos (HEV) obtiveram grande destaque nas respostas, tanto da indústria quanto dos consumidores.

Essa tecnologia obteve vantagem discreta na comparação com os híbridos plug-in (PHEV) e larga margem em relação aos puramente necessidade. Não por acaso, a integração do veículo com

smartphone ganhou relevância em 2021, na comparação com 2019. Painel digital e interface touchscreen também ganharam relevância.

A maior parte dos consumidores vê como positiva a oferta de um pacote de serviços de conectividade para o veículo, em parceria com uma operadora de telefonia celular. Tudo indica que o “carro conectado” tende a se firmar como uma “necessidade” por parte dos compradores.

Menos tecnologia ou preço mais alto?

Os modelos populares estão praticamente extintos no Brasil. Mas será que os consumidores aceitariam ter um carro mais simples e menos tecnológico se isso o barateasse?

A resposta é sim, principalmente entre os mais jovens, os de menor renda e os consumidores que ainda não têm carro.

Não abriria mão de recursos tecnológicos

em troca de um valor menor na compra do veículo.

Sim, para qualquer modelo.

Sim, mas somente nos modelos básicos.

39,1 47,8

13,4 24,9

47,5 27,2

100%

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elétricos (BEV), que, inclusive, empatam tecnicamente com os elétricos. A preferência pode ser explicada pela autonomia que esses modelos proporcionam.

A pesquisa constatou que a maior parte dos consumidores quer muito que os veículos elétricos estejam à disposição para compra, repetindo cenário já observado em 2019. Mas, para que isso aconteça, será necessário implementar políticas de incentivos que permitam reduzir o preço final do produto.

E mais: a ampliação da infraestrutura de recarga é fundamental, bem como a criação de incentivos para a produção local – no caso dos consumidores, uma possível demonstração de preocupação com reposição de peças/custos de manutenção e consequente valor de revenda.

Vale ressaltar que a indústria não se vê como responsável por criar e alimentar a estrutura de recarga de elétricos no Brasil: ela entende que esse papel cabe às empresas de distribuição de energia. A mesma opinião é compartilhada pelos consumidores.

Made in Brazil

Em 2019, a maior parte dos executivos entrevistados concordava que, no Brasil, a indústria daria conta de fabricar elétricos de todos os modelos. Em 2021, essa parcela está ainda maior, mostrando que os indecisos da primeira edição ficaram mais otimista em relação ao tema.

Como em 2019, o potencial de adesão aos veículos elétricos no Brasil é considerável, porém também permanece

cristalina a resposta de que o maior entrave para sua massificação é o custo.

Conforme já mencionado no capítulo anterior, o modelo de oferta de carros por assinatura e a percepção de valor de investimento que ele proporciona, pode viabilizar a comercialização de carros elétricos populares no Brasil e, atingindo

volumes significativos,

também sua produção local.

Etanol, fonte de energia para produção de hidrogênio

Além dele, também são promissores os resíduos em geral e a energia solar. As opções hídrica e eólica também foram bem lembradas pelos respondentes, em especial pelos mais jovens.

Chamou atenção que metade dos

consumidores tenha declarado conhecer o funcionamento de um veículo elétrico movido a célula de combustível a hidrogênio. Ou seja: essa tecnologia já cruzou a fronteira dos laboratórios, universidades e campos de

29,5

42,9

7,2

17,0

3,3

Plenamente viável Parcialmente viável Indeciso

Parcialmente inviável Plenamente inviável

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prova, embora caiba ressaltar que parte dos entrevistados está ligada a instituições de ensino. Na indústria, esse conhecimento é amplamente majoritário.

Sociedade 5.0

Outro ponto no qual indústria e consumidores têm visões convergentes diz respeito à mobilidade sustentável, com idealizações de veículos com emissão zero, fabricados e abastecidos a partir de fontes renováveis.

Embora utópica, essa visão corrobora a importância da agenda ESG nas indústrias, bem como o anseio por soluções de mobilidade mais sustentáveis.

Dados e individualidade

A maior parte dos consumidores concorda, pelo menos em parte, que a indústria automotiva poderá prestar um serviço melhor e mais customizado com base nos dados dos seus clientes. Mas a forma como os próprios

executivos enxergam a relação dos clientes com seus dados mudou em relação ao estudo feito em 2019: naquela época, 47,5% dos respondentes da indústria acreditavam que os consumidores permitiriam acesso gratuito a eles;

agora, essa parcela caiu para 42%.

Hoje, tanto executivos quanto consumidores acreditam que a melhor contrapartida para o acesso aos dados seria um desconto na compra. Também foi mencionada a possibilidade de acumular milhas em programas de fidelidade próprios ou de terceiros, indicando um canal que poderia ser explorado de forma mais aprofundada pela indústria.

Além disso, o nível de conscientização da indústria quanto à guarda dos dados do consumidor ampliou-se de maneira significativa. Houve aumento de 10% no contingente de executivos que enxergam os dados como pertencentes aos próprios consumidores, enquanto a fatia dos que veem a montadora como a guardiã caiu pela metade.

Já as opiniões dos consumidores sobre o mesmo tema mudaram pouco.

Quanto aos dados do veículo, o movimento é semelhante, embora a montadora ainda lidere na visão dos executivos.

Desconto na compra de um veículo, acessório ou serviço

Sorteio de experiências exclusivas (visita à fábrica, test-drive em um autódromo, ingresso para shows, etc)

Recebimento de brindes exclusivos (bone, camiseta, chaveiro, etc)

9,0 18,0 16,0 24,0 23,0 10,0

70,0 13,0 4,0 8,0 6,0 0 12,0

30,0 22,0 15,0 17,0 4,0

13,0 26,0 17,0 19,0 20,0 4,0 70,0

11,0 3,0 5,0 10,0

2,0

8,0 24,0 18,0 21,0 20,0

9,0 1ª Opção

2ª Opção 3ª Opção

100% 100% 100% 100%

100%

100%

(9)

Conclusões

Resiliente e madura, a indústria automobilística brasileira parece disposta a se reinventar para sobreviver ao futuro. Um futuro que ela, em seus múltiplos elos, bem como seus executivos e consumidores, enxergam como fortemente disruptivo, conectado, comprometido com a sustentabilidade e com a prestação de serviços que atendam às reais necessidades de um público cada vez mais exigente e atento ao valor das boas práticas.n

25,5

47,8 10,2

9,4

7,1

100%

Entre 31 e 50 anos

<30 anos

>51 anos

7,0 9,0 7,0 12,0 14,0

10,0 53,0

45,0 46,0 22,0

25,0 27,0

6,0 7,0 10,0

Concordo plenamente Concordo parcialmente Indeciso

Discordo parcialmente Discordo plenamente

Referências

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