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Livro Eletrônico Aula 00 Economia Brasileira p/ CLDF (Consultor Técnico Legislativo - Economista) Com videoaulas - Pós-Edital

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Aula 00

Economia Brasileira p/ CLDF (Consultor Técnico Legislativo - Economista) Com videoaulas - Pós-Edital

Professor: Vicente Camillo

(2)

Aula 00

A PRESENTA‚ÌO DO C URSO

G OVERNOS M ILITARES

PAEG

M ILAGRE E CONïMICO II PND

Sum‡rio

Sum‡rio ... 1 !

Apresenta•‹o do Curso ... 2 !

Conteœdo e Estrutura do Curso ... 2 !

Metodologia ... 3 !

A Metodologia Funciona? ... 4 !

Cronograma e Avisos ... 5 !

Governos Militares: Contextualiza•‹o ... 7 !

Governos Castello Branco, Costa e Silva e MŽdici (1964-1973) ... 8 !

PAEG... 8 !

Milagre Econ™mico (1968-1973) ... 17 !

Governos Geisel e Figueiredo (1974-1984) ... 23 !

Governo Geisel e o II PND (1974-1978) ... 23 !

Governo Figueiredo e o a Crise da D’vida (1979-1984) ... 27 !

Quest›es Propostas ... 33 !

Gabaritos ... 44 !

Quest›es Comentadas ... 45 !

Considera•›es Finais ... 60 !

(3)

A PRESENTA‚ÌO DO C URSO

Estimado aluno (a), tudo bem?

Fico muito satisfeito em ministrar o presente curso de ECONOMIA BRASILEIRA PARA CONSULTOR TƒCNICO LEGISLATIVO (ECONOMISTA) DA CåMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL (CLDF).

O curso est‡ sendo lan•ado com base no edital publicado pela FCC

1

. (ƒ importante citar que o presente curso contempla 100% do conteœdo exigido pelo edital).

Bom, meu nome Ž Vicente Camillo, sou Economista formado pela Universidade Estadual Paulista (UNESP), com especializa•›es em Regula•‹o do Mercado de Capitais (Columbia Law School), Contabilidade e Auditoria (FIPECAFI/USP) e Carreiras Pœblicas (Anhanguera/Uniderp).

Atualmente trabalho na Comiss‹o de Valores Mobili‡rios, cuja sede (meu local de trabalho) Ž no Rio de Janeiro/RJ. L‡ trabalho com a regula•‹o das companhias abertas, alŽm de representar a autarquia em f—runs nacionais e internacionais sobre governan•a corporativa e desenvolvimento.

Ministro aulas de Economia, Conhecimentos Banc‡rios, Estrutura e Funcionamento do Sistema Financeiro e Direito Societ‡rio, em n’vel de gradua•‹o, em cursos livres preparat—rios para concursos pœblicos e certifica•›es. Sou professor do EstratŽgia Concursos desde 2013!

AlŽm do meu e-mail vdalvocamillo@gmail.com e do F—rum de Dœvidas dispon’vel na ‡rea restrita aos alunos matriculados no curso, voc• pode me encontrar em minha p‡gina pessoal do Facebook, onde posto, rotineiramente, materiais, dicas, exerc’cios resolvidos e assuntos relacionados. ƒ s— acessar em:

https://www.facebook.com/profvicentecamillo.

1

http://www.concursosfcc.com.br/concursos/caldf118/final_edital_2_consultor_tecnico_28_05_versa

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Conteœdo e Estrutura do Curso

Nosso curso ser‡ dividido em 05 aulas, abrangendo todos os t—picos previstos no œltimo edital.

Em todas aulas adotaremos a mesma metodologia: apresenta•‹o te—rica e resolu•‹o de (muitos!) exerc’cios.

O curso tambŽm ir‡ tambŽm contemplar v’deo aulas para todos os t—picos. Caso voc• n‹o as tenha visualizado, Ž porque est‹o sendo gravadas e em processo de edi•‹o.

O aluno interessado na aprova•‹o neste certame necessita cumprir com dois objetivos: compreender a matŽria e saber resolver as quest›es. Nada adianta saber tudo sobre mercado de valores mobili‡rios, mas n‹o ter a pr‡tica (a manha) na resolu•‹o de quest›es. Afinal, o que importa Ž pontuar o m‡ximo poss’vel na prova!

Por isto que me comprometo na oferta destes dois pressupostos necess‡rios para sua aprova•‹o. A apresenta•‹o da teoria ser‡ feita de modo a facilitar a compreens‹o e memoriza•‹o da mesma. A resolu•‹o de quest›es permite colocar em pr‡tica o esfor•o da compreens‹o.

Assim, as aulas ter‹o a seguinte estrutura:

Teoria esquematizada e adequada ˆ linguagem da banca Quest›es resolvidas da banca organizadora

Videoaulas

F—rum de dœvidas e atendimento individualizado ao aluno

Metodologia

Os assuntos ser‹o tratados ponto a ponto, com LINGUAGEM OBJETIVA, CLARA,

ATUALIZADA e de FÁCIL ABSORÇÃO. Teremos, ainda, videoaulas da matŽria

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para que voc• ̂ possa complementar o estudo. Tudo para facilitar o aprendizado.

A resolu•‹o de quest›es e ́ uma das tŽcnicas mais eficazes para a absor•‹o do conhecimento e uma importante ferramenta para sua prepara•‹o, pois alŽm de aprender a parte te—rica, voc• ̂ aprende a fazer a prova. Quanto mais quest›es forem feitas, melhor tende a ser o ’ndice de acertos. O motivo e ́ muito simples: quando falamos em provas de concurso, todo aluno deve ter em mente que o seu objetivo e ́ aprender a resolver quest›es da forma como elas s‹o elaboradas e cobradas pelas bancas.

O foco no EstratŽgia Concursos s‹o os materiais em pdf. As aulas em v’deo visam COMPLEMENTAR o estudo e compreendem a PARTE TEÓRICA DOS PRINCIPAIS PONTOS DA DISCIPLINA. O objetivo e ́ facilitar o aprendizado e a absor•‹o do conteœdo daqueles que ter‹o um primeiro contato com a disciplina.

Nosso estudo n‹o se limita apenas a ̀ apresenta•‹o das aulas ao longo do curso. E ́ natural surgirem dœvidas. Por isso, estarei sempre a ̀ disposi•‹o para responder aos seus questionamentos por meio do f—rum de dœvidas.

A Metodologia Funciona?

Acreditamos que a nossa metodologia seja o ideal para o nosso objetivo: Fazer voc•̂ acertar as quest›es de prova. Temos certeza que estamos no caminho certo quando recebemos avalia•›es atravŽs do nosso sistema em rela•‹o aos cursos ministrados, como as apresentadas abaixo:

==0==

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E, Ž claro, voc• pode tambŽm conferir os resultados dos nossos alunos no seguinte endere•o: https://www.estrategiaconcursos.com.br/resultados

Cronograma e Avisos

Segue um aviso e o cronograma de aulas para sua organiza•‹o e conhecimento.

J‡ aproveito para te desejar bons estudos, persist•ncia e sucesso nessa caminhada. Afinal, este Ž o lema do EstratŽgia Concursos:

“O SEGREDO DO SUCESSO É A CONSTÂNCIA NO OBJETIVO”

Este curso é protegido por direitos autorais (copyright), nos termos da Lei 9.610/98, que altera, atualiza e consolida a legislação sobre

direitos autorais e dá outras providências. Grupos de rateio e pirataria são clandestinos, violam a lei e prejudicam os professores

que elaboram os cursos.

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G OVERNOS M ILITARES : C ONTEXTUALIZA‚ÌO

Nesta aula, iremos analisar a pol’tica econ™mica e seus resultados durante todo o Governo Militar, per’odo compreendido entre 1964 e 1984, em dois t—picos: (i) Governos Castello Branco (PAEG), Costa e Silva e MŽdici (Milagre Econ™mico) e;

(ii) Governos Geisel (II PND) e Jo‹o Figueiredo.

A divis‹o em dois per’odos Ž œtil, pois no inicio do primeiro, com o PAEG, foram colocados os alicerces da pol’tica econ™mica que permitiu o Brasil crescer de forma muito r‡pida no per’odo que ficou conhecido como o Milagre Econ™mico.

Por sua vez, o segundo per’odo registrou as bases do colapso econ™mico que o Brasil viveria nos anos 80, per’odo que ficou conhecido como a ÒdŽcada perdidaÓ.

Iremos usar e abusar, novamente, do Giambiagi (2011). Como j‡ mencionado, o referido livro Ž o mais adotado em provas de concursos. Portanto, cita•›es ao mesmo ser‹o frequentes e muito œteis no momento da prova.

Feita esta breve introdu•‹o, podemos iniciar.

Boa aula!

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G OVERNOS C ASTELLO B RANCO , C OSTA E S ILVA E M ƒDICI

(1964-1973)

A economia brasileira no in’cio do Regime Militar operava em regime de estagfla•‹o, ou seja, vigorava ao mesmo tempo uma estagna•‹o econ™mica com infla•‹o elevada, consequ•ncia da instabilidade pol’tica e econ™mica vivida no Governo Goulart.

Contextualizando, ap—s um crescimento real mŽdio de 8,8% ao ano no per’odo 1957-62, o PIB brasileiro cresceu apenas 0,6% em 1963, enquanto a infla•‹o (medida pelo IGP) elevou-se da mŽdia de 32,5% ao ano naqueles anos para 79,9%

em 1963.

Neste contexto Ž iniciado o governo do Marechal Castello Branco, que colocou sob a batuta de Roberto Campos e Ot‡vio Gouveia de Bulh›es a miss‹o de resolver a situa•‹o.

PAEG

A resolu•‹o veio com a proposta de um plano econ™mico diferente de todos os outros praticados atŽ ent‹o. O PAEG (Plano de A•‹o Econ™mica do Governo) foi elaborado com a inten•‹o de promover reformas conjunturais (de curto prazo) e estruturais (de mŽdio e longo prazos) na economia brasileira para resolver o problema do desenvolvimento com infla•‹o registrado atŽ ent‹o.

Nos per’odos anteriores do processo de desenvolvimento brasileiro, no ‰mbito do programa de substitui•‹o de importa•›es, o crescimento veio acompanhado de infla•‹o e desequil’brios externos. Em resumo, o Brasil registrava crescimento econ™mico, sua indœstria se desenvolvia, mas ao custo elevado de desequil’brios fiscais, externos e aumento da infla•‹o.

Neste sentido, de acordo com Giambiagi (2011), o PAEG entendia que:

Quanto ˆ infla•‹o, a avalia•‹o de Campos era de que Òa

responsabilidade primordial do processo inflacion‡rio cabe aos dŽficits

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governamentais e ˆ cont’nua press‹o salarialÓ. Os dŽficits alimentavam a expans‹o dos meios de pagamento que, por sua vez, sancionavam os aumentos de sal‡rios. Esse diagn—stico inspirou as principais medidas do Paeg: (1) um programa de ajuste fiscal, com base em metas de aumento da receita (via aumento da arrecada•‹o tribut‡ria e de tarifas pœblicas) e de conten•‹o (ou corte, em 1964) de despesas governamentais; (2) um or•amento monet‡rio que previa taxas decrescentes de expans‹o dos meios de pagamentos; (3) uma pol’tica de controle do crŽdito ao setor privado, pela qual o crŽdito total ficaria limitado ˆs mesmas taxas de expans‹o definidas para os meios de pagamento; 4) um mecanismo de corre•‹o salarial pelo qual Òas revis›es salariais (...) dever‹o guiar-se pelo critŽrio da manuten•‹o, durante o per’odo de vig•ncia de cada reajustamento, do sal‡rio real mŽdio verificado no bi•nio anterior, acrescido de porcentagem correspondente ao aumento de produtividadeÓ. Essa regra salarial foi aplicada, inicialmente, ˆ administra•‹o pœblica e, a partir de 1966, estendeu-se ao setor privado.

Com base nessas medidas, o Paeg estabeleceu metas decrescentes de infla•‹o para o per’odo de 1964-66: 70% em 1964, 25% em 1965 e 10% em 1966. As metas de infla•‹o, comparadas com as metas monet‡rias e fiscais, permitem perceber que, em termos reais, o plano previa crescimento nulo dos meios de pagamento em 1964, comportando alguma expans‹o no bi•nio 1965-66 (Quadro 3.1). No campo fiscal, constata-se tambŽm uma pol’tica austera para 1964, especialmente no que tange ao corte de despesas, com algum al’vio em 1965. Apesar da austeridade monet‡ria e fiscal, como observa Resende,7 no Paeg, Ò(...) o combate ˆ infla•‹o estava sempre qualificado no sentido de n‹o amea•ar o ritmo da atividade produtivaÓ. O Plano previa taxas reais de crescimento do PIB de 6% ao ano no bi•nio 1965-66.

As metas do Paeg para a infla•‹o indicavam uma estratŽgia

assumidamente gradualista. O Plano n‹o se prop™s a eliminar o processo

inflacion‡rio em curto

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espa•o de tempo, mas apenas a atenu‡-lo ao longo de tr•s anos, admitindo ainda uma infla•‹o de dois d’gitos (10%) no terceiro ano.

Em resumo, em fun•‹o de o processo inflacion‡rio brasileiro ser derivado dos dŽficits fiscais e consequente aumento na quantidade de moeda para financiar estes gastos acima das receitas, bem como de reajustes salariais em desajuste com o aumento do custo de vida e produtividade, o PAEG promoveu reformas econ™micas que buscavam corrigir estas distor•›es.

E, em fun•‹o da op•‹o de manter o crescimento econ™mico e combater a infla•‹o com gradualismo, o PAEG pode ser caracterizado como um plano misto, com componentes ortodoxos e heterodoxos.

Reformas Econ™micas do PAEG

Em suma, tr•s reformas foram promovidas neste per’odo: (i) reforma financeira; (ii) reforma tribut‡ria e; (iii) reforma do mercado de trabalho.

1. Reforma Financeira à o objetivo da reforma financeira foi criar um sistema financeiro capaz de financiar despesas e investimentos sem a emiss‹o de moeda, cuja consequ•ncia Ž o aumento da infla•‹o.

Giambiagi (2011) destaca que:

As reformas de 1964-67 tiveram por objetivo expl’cito complementar o

SFB, constituindo um segmento privado de longo prazo no Brasil. A

car•ncia dessas institui•›es e instrumentos tinha ficado patente

durante o Plano de Metas, cujo financiamento teve como fontes

predominantes a emiss‹o de moeda, algumas fontes fiscais ou

parafiscais e o capital externo. A precariedade daquele segmento do

SFB determinava ainda que a emiss‹o de moeda se tornasse uma

fonte de financiamento inflacion‡ria, na medida em que os recursos

novos criados pelo governo n‹o retornavam ao sistema sob a forma

de poupan•a financeira, mas, sim, de dep—sitos ˆ vista (dispon’veis

para gasto imediato). Diante desse quadro, o objetivo central da

reforma financeira foi dotar o SFB de mecanismos de financiamento

capazes de sustentar o processo de industrializa•‹o j‡ em curso, de

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forma n‹o inflacion‡ria. Para tanto, era necess‡rio, em primeiro lugar, reorganizar o funcionamento do mercado monet‡rio, o que foi feito com a cria•‹o de duas novas institui•›es: o Banco Central do Brasil (Bacen), como executor da pol’tica monet‡ria, e o Conselho Monet‡rio Nacional (CMN), com fun•›es normativa e reguladora do SFB.

Bulh›es e Roberto Campos, que formularam a reforma, seguia o modelo segmentado, vigente nos Estados Unidos. Neste, as institui•›es financeiras atuam em segmentos distintos do mercado, cabendo aos bancos de investimento o papel de prover financiamento de longo prazo, como intermedi‡rios na coloca•‹o de t’tulos no mercado de capitais e, em menor escala, como emprestadores finais. No Brasil, manteve-se ainda um papel importante para os bancos pœblicos no crŽdito de longo prazo. A estrutura financeira ent‹o criada Ž apresentada no Quadro 3.2.9 Para viabilizar esse modelo, era necess‡rio estabelecer regras claras de funcionamento do mercado de capitais e dotar as institui•›es financeiras, bem como as empresas interessadas no financiamento direto, de condi•›es de acesso a recursos de longo prazo. As regras de funcionamento do mercado foram estabelecidas numa sŽrie de Leis e Resolu•›es do governo.10 Quanto ˆ capta•‹o de longo prazo, o diagn—stico era de que tanto a gera•‹o, quanto a aloca•‹o de poupan•a no Brasil eram prejudicadas pelo baixo retorno real dos ativos de longo prazo, em um contexto de infla•‹o crescente e juros nominais limitados (ao teto de 12% ao ano pela Lei da Usura e pela Cl‡usula Ouro (que impedia a indexa•‹o de contratos).

O aumento do retorno real dos ativos requeria a conten•‹o do

processo inflacion‡rio. Esse problema seria enfrentado com o Paeg. A

op•‹o do governo pelo gradualismo no combate ˆ infla•‹o exigia,

contudo, a cria•‹o de mecanismos de prote•‹o do retorno real dos

ativos, bem como de incentivo ˆ demanda, durante o per’odo de

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transi•‹o para a baixa infla•‹o.11 Os mecanismos ent‹o criados foram diferenciados por segmento de mercado: (1) para os t’tulos pœblicos foi criada, em julho de 1964, a ORTN (Obriga•›es Reajust‡veis do Tesouro Nacional), que instituiu a corre•‹o monet‡ria da d’vida pœblica, com base na infla•‹o ocorrida ao longo de cada per’odo de pagamento de juros; (2) para os ativos privados de renda fixa (t’tulos e emprŽstimos), a Lei do Mercado de Capitais (1965) e Resolu•›es posteriores do Bacen autorizaram a emiss‹o de diversos tipos de instrumentos financeiros com corre•‹o monet‡ria; (3) quanto aos ativos de renda vari‡vel (a•›es), foram concedidas redu•›es ou isen•›es de imposto de renda para as empresas emissoras de a•›es e para os poupadores; (4) para os bancos pœblicos foram ainda criados novos mecanismos de capta•‹o de longo prazo, a partir de fundos especiais, formados por recursos das pr—prias autoridades monet‡rias ou por poupan•a compuls—ria. Outro aspecto importante das reformas de 1964-66 foi a amplia•‹o do grau de abertura da economia ao capital externo, de risco (investimentos diretos) e, principalmente, de emprŽstimo. Os principais expedientes criados para atrair esses recursos foram os seguintes: (1) regulamenta•‹o de alguns t—picos da Lei no 4.131 (de 1962), de forma a permitir a capta•‹o direta de recursos externos por empresas privadas nacionais; (2) Resolu•‹o 63 do Bacen, que regulamentou a capta•‹o de emprŽstimos externos pelos bancos nacionais para repasse ˆs empresas domŽsticas; (3) mudan•a na legisla•‹o sobre investimentos estrangeiros no pa’s, de modo a facilitar as remessas de lucros ao exterior Ñ o objetivo era tornar o mercado brasileiro mais competitivo na capta•‹o de investimentos diretos.

2. Reforma Tribut‡ria à o objetivo da reforma tribut‡ria foi conferir maior

arrecada•‹o fiscal ao governo e, assim, contribuir na redu•‹o do dŽficit

pœblico, alŽm de prover maior racionalidade e efici•ncia ao sistema

tribut‡rio.

(14)

Giambiagi (2011) destaca que:

Para tanto, as principais medidas implementadas foram: (1) institui•‹o da arrecada•‹o de impostos atravŽs da rede banc‡ria; (2) extin•‹o dos impostos do selo (federal), sobre profiss›es e divers›es pœblicas (municipais); (3) cria•‹o do ISS (Imposto Sobre Servi•os), a ser arrecadado pelos munic’pios; (4) substitui•‹o do imposto estadual sobre vendas, incidente sobre o faturamento das empresas, pelo ICM (Imposto sobre Circula•‹o de Mercadorias), incidente apenas sobre o valor adicionado a cada etapa de comercializa•‹o do produto; (5) amplia•‹o da base de incid•ncia do imposto sobre a renda de pessoas f’sicas; (6) cria•‹o de uma sŽrie de mecanismos de isen•‹o e incentivos a atividades consideradas priorit‡rias pelo governo ˆ Žpoca Ñ basicamente, aplica•›es financeiras, para estimular a poupan•a, e investimentos (em capital fixo) em regi›es e setores espec’ficos; e (7) cria•‹o do Fundo de Participa•‹o dos Estados e Munic’pios (FPEM), atravŽs do qual parte dos impostos arrecadados no n’vel federal (no qual se concentrou a arrecada•‹o) era repassada ˆs demais esferas de governo.

Esse conjunto de medidas resultou em significativa eleva•‹o da carga tribut‡ria do pa’s, que passou de 16% do PIB em 1963 para 21% em 1967. Do ponto de vista distributivo, a reforma tribut‡ria do governo Castello Branco foi regressiva, beneficiando as classes de renda mais alta (os poupadores) com os incentivos e isen•›es sobre o imposto de renda. Assim, a maior parte do aumento de arrecada•‹o foi obtida atravŽs dos impostos indiretos, que, em termos relativos, penalizam mais as classes de baixa renda.

Outra caracter’stica da reforma tribut‡ria foi o seu car‡ter

centralizador, do ponto de vista federativo. Foi limitado o direito dos

estados e munic’pios legislarem sobre tributa•‹o. Esses direitos ficaram

restritos ao imposto sobre transmiss‹o de im—veis (de baixa

arrecada•‹o) e ao ICM, no caso dos estados, e ao ISS e IPTU (Imposto

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sobre Propriedade Territorial Urbana), no caso dos munic’pios. AlŽm disso, a reforma atribuiu exclusivamente ˆ Uni‹o o poder de decis‹o sobre o percentual das transfer•ncias atravŽs do FPEM; conferiu ˆ Uni‹o o poder de inger•ncia sobre a aloca•‹o de parte desses recursos (50% dos recursos deveriam ser alocados a investimentos) e eliminou o princ’pio da anualidade, pelo qual novos tributos s— podem entrar em vigor no ano seguinte ˆ sua aprova•‹o pelo Congresso, para impostos indiretos (principal alvo do aumento da carga tribut‡ria) e contribui•›es.

3. Reforma Mercado de Trabalho à por sua vez, a reforma promovida no mercado de trabalho teve como objetivo elevar a produtividade da economia.

Neste sentido, foi criado o Fundo de Garantia por Tempo de Servi•o (FGTS) para substituir o regime de trabalho vigente nos anos de 1960, que garantia estabilidade do trabalhador no emprego ap—s dez anos de servi•o no mesmo estabelecimento. Com o FGTS, as empresas ganharam o direito de demitir funcion‡rios a qualquer momento. Em caso de demiss‹o ou em algumas situa•›es especiais (como a compra de im—vel, por exemplo), os recursos s‹o liberados para o trabalhador. A ideia era que a flexibiliza•‹o do mercado de trabalho, permitida pelo Fundo, n‹o estimularia as demiss›es, mas, sim, as contrata•›es de empregados, na medida em que diminu’a o risco e os custos de longo prazo do emprego para os empregadores.

Adicionalmente, foi adotada uma nova pol’tica de reajustes salarial cujo objetivo era conter a espiral inflacion‡ria pre•os-sal‡rio vigente ˆ Žpoca atravŽs de reajustes salariais que consideravam a mŽdia de sal‡rios nos dois anos anteriores e adicionavam a este valor um ganho real compat’vel com o aumento na produtividade do trabalho. Desta forma, os aumentos salariais n‹o pressionariam a infla•‹o.

Ressalta-se que, na pr‡tica, o regime de corre•‹o salarial adotado foi

prejudicial aos trabalhadores e iniciou o processo de piora na distribui•‹o da

renda (fato continuado em todo o regime militar) por dois principais motivos:

(16)

(i) o reajuste salarial considerava a infla•‹o prevista pelo Governo que, em geral, era inferior ˆ infla•‹o efetiva; e (ii) os ganhos de produtividade repassados correspondiam a 2/3 do aumento da produtividade total estimada, valor estimado de forma conservadora e, em geral, inferior ao realizado.

Resultados do PAEG

O PAEG apresentou relativo sucesso em seus objetivos. Abaixo, seguem tabelas

retiradas de Giambiagi (2011) com a s’ntese dos resultados:

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Em resumo, o per’odo apresentou relativo crescimento econ™mico, apesar de

menor que nos per’odos anterior e posterior, queda na infla•‹o, apesar de menor

que o esperado, melhora nas contas pœblicas (com o aumento das receitas e

redu•‹o dos gastos) e tambŽm nas contas externas (com o ingresso de capitais

externos, aumento das exporta•›es e redu•‹o das importa•›es).

(18)

De fato, os resultados do PAEG foram sentidos nos anos posteriores, no per’odo do Milagre Econ™mico, em fun•‹o da necessidade de tempo para maturar as reformas realizadas.

A t’tulo de exemplo, Giambiagi (2011) destaca que

Em rela•‹o ˆ reforma financeira, os efeitos do Paeg foram mais lentos, s— se fazendo sentir ao longo dos anos seguintes. O principal efeito vis’vel a curto prazo Ñ e, talvez, o maior mŽrito da reforma Ñ foi a efetiva cria•‹o de um mercado de d’vida pœblica no pa’s, viabilizando, de forma permanente, o financiamento n‹o monet‡rio dos dŽficits do governo. A partir de 1965, esses dŽficits passaram a ser, predominantemente, financiados com d’vida pœblica Ñ cerca de 55% em 1965 e de 86% em 1966.

Milagre Econ™mico (1968-1973)

O per’odo do Milagre Econ™mico ficou assim conhecido por conta da conflu•ncia de excelentes resultados econ™micos registrados: (i) forte crescimento no produto (mŽdia de 11% a.a.); (ii) infla•‹o em queda; e (iii) melhora nas contas externas.

Como afirmado anteriormente, o per’odo se valeu das reformas promovidas pelo PAEG, que possibilitaram o crescimento sem infla•‹o atravŽs do aumento de produtividade, melhora nas contas fiscais, aumento no ingresso de capitais externos e aumento do crŽdito em fun•‹o da reforma financeira.

Sobre o in’cio deste per’odo, Giambiagi (2011) destaca que:

Ao assumir o governo em mar•o de 1967, o general Costa e Silva convidou

o professor de Economia da USP, Antonio Delfim Netto, para assumir a

pasta da Fazenda. Delfim Netto manteve, em linhas gerais, a pol’tica de

combate gradual ˆ infla•‹o, mas imprimiu uma mudan•a de •nfase da

pol’tica econ™mica em dois sentidos: (1) o controle da infla•‹o passou a

enfatizar o componente de custos, em vez da demanda, j‡ que a

economia operou em ritmo de stop and go nos tr•s anos do governo

Castello Branco; e (2) por isso mesmo, o combate ˆ infla•‹o deveria ser

conciliado com pol’ticas de incentivo ˆ retomada do crescimento

(19)

econ™mico. Essa reorienta•‹o atendia ˆ j‡ mencionada necessidade de o governo militar legitimar-se no poder como uma alternativa melhor para o pa’s que a do governo deposto, marcado pela tend•ncia ˆ estagfla•‹o.

Na nova estratŽgia, as pol’ticas fiscal e salarial do Paeg foram mantidas praticamente sem altera•›es: os dŽficits do governo foram sendo reduzidos e as corre•›es salariais seguiram a regra criada em 1966, baseada na infla•‹o estimada (pelo governo), e n‹o na infla•‹o efetiva. Mas 1967 marca um ponto de inflex‹o na pol’tica monet‡ria, que se tornou expansiva, ap—s a forte restri•‹o da liquidez em 1966. Para compensar os poss’veis efeitos da expans‹o monet‡ria sobre a infla•‹o, foram institu’dos controles de pre•os, atravŽs de um —rg‹o criado exclusivamente para esse fim Ñ a Conep (Comiss‹o Nacional de Estabiliza•‹o de Pre•os), mais tarde substitu’da pela CIP (Comiss‹o Interministerial de Pre•os). A Conep passou a ÒtabelarÓ n‹o apenas pre•os pœblicos (tarifas, c‰mbio e juros do crŽdito pœblico), mas tambŽm uma sŽrie de pre•os privados Ñ basicamente, insumos industriais. Os juros cobrados pelos bancos comerciais foram tambŽm tabelados pelo Bacen. Em meados de 1968 foi lan•ado o Plano EstratŽgico de Desenvolvimento (PED), cujas prioridades eram: (1) a estabiliza•‹o gradual dos pre•os, mas sem a fixa•‹o de metas expl’citas de infla•‹o; (2) o fortalecimento da empresa privada, visando ˆ retomada dos investimentos; (3) a consolida•‹o da infraestrutura, a cargo do governo; e (4) a amplia•‹o do mercado interno, visando a sustenta•‹o da demanda de bens de consumo, especialmente dos dur‡veis. A aus•ncia de metas expl’citas de infla•‹o no PED, tecnicamente, deixava maior espa•o para a implementa•‹o de pol’ticas de crescimento. Outro refor•o nesse sentido foi a ado•‹o da pol’tica de minidesvaloriza•›es cambiais a partir de 1968, evitando que a infla•‹o (ainda na casa dos dois d’gitos) causasse uma defasagem cambial significativa, que viesse a prejudicar a balan•a comercial e, indiretamente, a atividade econ™mica.

No campo fiscal, havia a determina•‹o de que os investimentos pœblicos

em infraestrutura n‹o comprometessem o ajuste fiscal em curso. Isso foi

(20)

obtido atravŽs do aumento da participa•‹o das empresas estatais nesses investimentos, reduzindo a participa•‹o da administra•‹o direta (Tabela 3.4). Como resultado, o governo p™de conciliar a realiza•‹o dos novos investimentos pœblicos com a redu•‹o do dŽficit prim‡rio (que, nessa Žpoca, n‹o abrangia o resultado das estatais) e atŽ com a gera•‹o de super‡vits, a partir de 1970 (Tabela 3.1). Ademais, essas empresas tinham melhores condi•›es de auxiliar na implementa•‹o do PED, porque, em geral, contavam com outras fontes de financiamento (emprŽstimos), que n‹o os recursos or•ament‡rios.

Esta nova orienta•‹o de pol’tica econ™mica permitiu que a infla•‹o continuasse bem comportada por conta dos seguintes principais fatores: (1) a capacidade ociosa da economia, herdada do per’odo de fraco crescimento (1962-67); (2) o controle direto do governo sobre pre•os industriais e juros; (3) a pol’tica salarial em vigor, que, em geral, resultou em queda dos sal‡rios reais; e (4) a pol’tica agr’cola implementada, que contribuiu para expandir a produ•‹o e evitar press›es inflacion‡rias no setor, atravŽs de financiamentos pœblicos subsidiados e de isen•›es fiscais para a compra de fertilizantes e tratores.

Em rela•‹o ˆ situa•‹o de nossas contas externas, o resultado positivo auferido no per’odo foi facilitado pelos seguintes fatores: (1) a disponibilidade de liquidez a juros baixos no mercado externo; (2) a posi•‹o favor‡vel dos termos de troca, diante do aumento dos pre•os das commodities export‡veis; e (3) a expans‹o do comŽrcio mundial. Desta forma, a grande liquidez externa permitiu ao Brasil crescer sem apresentar restri•›es externas a este processo.

Sobre o contexto externo, Giambiagi (2011) tra•a coment‡rios importantes:

[A] forte expans‹o econ™mica em 1968-73 no Brasil refletiu tambŽm a forte entrada de capital no pa’s: os investimentos externos diretos (aqueles aplicados diretamente ˆ produ•‹o de bens e servi•os) e os emprŽstimos em moeda cresceram continuamente no per’odo (exceto em 1972, no primeiro caso, e em 1973, no segundo). Esses recursos foram os grandes respons‡veis pelo ÒmilagreÓ brasileiro em rela•‹o ao BP, j‡ que a tend•ncia

0

(21)

ˆ deteriora•‹o das contas externas, sugerida nos modelos te—ricos, foi confirmada para a conta de transa•›es correntes.

As exporta•›es e importa•›es tambŽm cresceram vigorosamente no per’odo de 1968-73, a taxas acumuladas de, respectivamente, 275% e 330%. O crescimento das exporta•›es foi liderado pelos bens manufaturados (+639%) e, quanto ˆ composi•‹o das receitas, pelo aumento do quantum (volume f’sico) (+109%), embora a contribui•‹o dos pre•os (em d—lares) das mercadorias exportadas pelo Brasil tambŽm tenha sido significativa (+77%). A expans‹o das importa•›es teve um perfil semelhante, com maior crescimento dos volumes (+177%) que dos pre•os (+54%). A elevada sensibilidade do quantum de importa•›es ao crescimento do PIB nesse per’odo refletiu, essencialmente, o est‡gio de desenvolvimento industrial da economia brasileira ˆ Žpoca: face ˆ depend•ncia externa do pa’s com rela•‹o a bens de capital e insumos (especialmente petr—leo e derivados), o crescimento do setor de bens de consumo dur‡veis pressionou as importa•›es desses itens. A moderada valoriza•‹o real do c‰mbio no per’odo de 1970-73 estimulou tambŽm a importa•‹o de bens j‡ produzidos no Brasil. A despeito disso, devido ao bom desempenho das exporta•›es, a balan•a comercial foi equilibrada na mŽdia de 1968-1973, mas registrou dŽficits significativos no bi•nio 1971- 1972.

A conta de servi•os e rendas registrou dŽficits crescentes, passando de

cerca de US$600 milh›es em 1967 para US$2,1 bilh›es em 1973. A causa

desse salto foi o aumento das despesas com juros e remessas de lucros Ñ

reflexo da crescente capta•‹o de capital externo Ñ e com fretes Ñ

decorrente do aumento da corrente de comŽrcio (soma das importa•›es

e exporta•›es). Assim, o dŽficit em conta corrente saltou de US$276 milh›es

em 1967 para US$2,1 bilh›es em 1973. Portanto, o ÒmilagreÓ no campo das

contas externas s— foi poss’vel porque o ingresso de capital no pa’s elevou-

se acentuadamente: a d’vida externa bruta brasileira saltou de US$3,4

bilh›es para US$14,9 bilh›es no mesmo per’odo Ñ um aumento de 332%.

(22)

Esse endividamento mais do que compensou a necessidade de financiamento do dŽficit em conta-corrente, permitindo inclusive o acœmulo de reservas internacionais pelo Bacen, que chegaram a US$6,4 bilh›es em 1973, ante US$0,2 bilh‹o em 1967.

E, a t’tulo de conclus‹o, o mesmo autor conclui que:

O per’odo de 1968-73, de certa forma, beneficiou-se das dificuldades da fase anterior. A percep•‹o da inefic‡cia da pol’tica econ™mica em curso, no sentido de promover a retomada do crescimento, levou o governo Costa e Silva (1967-69) a ÒafrouxarÓ a pol’tica monet‡ria a partir de 1967 e a lan•ar o PED em meados de 1968. O PED foi um plano nitidamente mais ÒdesenvolvimentistaÓ que o Paeg, prevendo a continuidade do combate gradual ˆ infla•‹o, mas acompanhado de investimentos pœblicos e pol’ticas prop’cias ˆ recupera•‹o dos investimentos privados. ƒ claro, porŽm, que o fato de a infla•‹o j‡ ter sido significativamente reduzida nos anos anteriores facilitou a ado•‹o de um plano dessa natureza em 1968, bem como a manuten•‹o dessa linha de a•‹o no governo MŽdici (1969- 73).

Embalada pelo PED, a economia brasileira iniciou, em 1968, uma fase de crescimento vigoroso, que se estendeu e se acelerou atŽ 1973. O ÒmilagreÓ realizado nesse per’odo foi a combina•‹o desse crescimento com a redu•‹o das taxas de infla•‹o e com a total elimina•‹o dos dŽficits do balan•o de pagamentos Ñ ali‡s, convertidos em super‡vits. Essa fa•anha foi tornada poss’vel por dois grupos de fatores: de um lado, atuaram algumas condi•›es econ™micas e pol’ticas favor‡veis e, de outro, a habilidade do governo no aproveitamento das oportunidades que essa conjuntura oferecia.

No primeiro grupo deve-se mencionar: (1) a exist•ncia de capacidade

ociosa na economia, fruto da debilidade econ™mica da fase anterior; (2) o

quadro de ampla liquidez no mercado internacional; (3) o regime

autorit‡rio vigente, que facilitava a implementa•‹o das pol’ticas do

(23)

governo; (4) a ÒsimpatiaÓ americana pelo regime. No segundo grupo, a habilidade do governo se revelou em diversos aspectos da pol’tica econ™mica do per’odo de 1968-73: (1) na ado•‹o do controle de pre•os (inclusive sal‡rios); (2) na pol’tica de juros tabelados (em n’veis baixos); (3) na pol’tica de crawling peg para o c‰mbio (baseada em minidesvaloriza•›es cambiais, de acordo com a infla•‹o), que evitou movimentos bruscos da taxa de c‰mbio real, estimulando as exporta•›es e, indiretamente, o n’vel de atividade econ™mica; e (4) na pol’tica deliberada de capta•‹o de recursos externos Ñ um Òaux’lio luxuosoÓ que favoreceu o controle do c‰mbio e o financiamento da expans‹o econ™mica. Esses foram, em suma, os alicerces do Òmilagre econ™micoÓ brasileiro.

A heran•a que o per’odo de 1964-73 transmitiu ao governo Geisel (1974-79)

foi um misto de vantagens e problemas. As vantagens —bvias foram: a

infla•‹o muito mais baixa, na casa dos 15% em 1973, ante 80% em 1963; a

reorganiza•‹o da estrutura fiscal e financeira; e a recupera•‹o do BP. Uma

vantagem n‹o muito evidente ˆ Žpoca, mas que se tornou clara a partir

de 1974, foi o pr—prio ritmo acelerado de crescimento do per’odo do

ÒmilagreÓ, que, em certa medida, condicionou a ousada op•‹o de pol’tica

econ™mica do governo Geisel, guiada pelo objetivo de manuten•‹o do

crescimento, apesar das dificuldades externas do per’odo. Os grandes

problemas foram: a corre•‹o monet‡ria, com seus efeitos perversos sobre a

din‰mica dos pre•os; e o aumento da depend•ncia externa do pa’s, em

dois setores: industrial (bens de capital, petr—leo e seus derivados) e

financeiro, este como reflexo da pol’tica de endividamento. Essas

condi•›es mostrariam seus desafios e riscos a partir do primeiro choque dos

pre•os do petr—leo em fins de 1973. Essas quest›es s‹o analisadas no

cap’tulo seguinte.

(24)

G OVERNOS G EISEL E F IGUEIREDO (1974-1984)

O per’odo analisado neste t—pico compreende a execu•‹o do II Plano Nacional de Desenvolvimento (II PND) e da Crise da D’vida Externa (Crise da D’vida), fato que inaugurou a dŽcada de 80 e a fez conhecida como a ÒDŽcada PerdidaÓ.

Adicionalmente, como veremos, o II PND marca o œltimo per’odo do processo de substitui•‹o de importa•›es, iniciado com a orienta•‹o governamental explicita na dŽcada de 30. Com a eclos‹o da Crise da D’vida e suas consequ•ncias, o estado brasileiro se viu impossibilitado de continuar com este processo.

Governo Geisel e o II PND (1974-1978)

O Governo Geisel Ž iniciado no contexto econ™mico presente ao final do per’odo do Milagre Econ™mico, sobre o qual podemos destacar as seguintes quest›es:

ü Aumento da d’vida externa brasileira à O per’odo do Milagre foi beneficiado co, elevado ingresso de capitais externos. No entanto, isto ocasionou em aumento na d’vida externa assumida pelo Brasil e, consequentemente, maior depend•ncia e vulnerabilidade em rela•‹o ao cen‡rio econ™mico e financeiro internacional;

ü Aumento na depend•ncia do petr—leo à O forte crescimento industrial anterior legou um aumento na depend•ncia do petr—leo como energia b‡sica e necess‡ria ao desenvolvimento; e

ü Choque do petr—leo à No cen‡rio externo ocorreram 2 choques do petr—leo, cujo pre•o do barril passou de US$ 2,48 em 1972 para US$ 35,69 em 1979.

Em resumo, o cen‡rio externo j‡ n‹o era muito favor‡vel ao Brasil como anteriormente. Ao mesmo tempo que elevamos nossa d’vida externa e, com isso, passamos a estar mais dependentes e vulner‡veis ao cen‡rio econ™mico e financeiro internacional, passamos a importar bens mais caros em d—lar, o que tambŽm prejudicou o saldo do balan•o de pagamentos e agravou um pouco mais nossa depend•ncia externa.

ƒ neste cen‡rio que o II PND foi adotado. Nas palavras de Giambiagi (2011):

(25)

O quadro de depend•ncia estrutural e restri•‹o externa que caracterizava a economia brasileira no in’cio de 1974 impunha ao presidente Geisel, que assumiu o governo em mar•o do mesmo ano, a ado•‹o de algum plano de ajuste externo. Teoricamente, tr•s possibilidades se apresentavam: (1) atrelar o crescimento do PIB ˆs condi•›es gerais do mercado internacional, permitindo um crescimento maior somente nos per’odos favor‡veis ˆ gera•‹o (via exporta•›es) e/ou ˆ capta•‹o (via endividamento) de divisas pelo pa’s; (2) promover o ajuste externo atravŽs de mudan•as de pre•os relativos (desvaloriza•‹o cambial), o que permite o crescimento econ™mico somente se este for liderado pelo aumento das exporta•›es l’quidas (e, portanto, pela redu•‹o da absor•‹o interna); (3) buscar a supera•‹o da depend•ncia externa, investindo na amplia•‹o da capacidade de produ•‹o domŽstica de bens de capital e petr—leo, o que, indiretamente e a longo prazo, contribuiria para reduzir tambŽm a depend•ncia financeira.6 As duas primeiras caracterizam um modelo de ajuste conjuntural e potencialmente recessivo. A œltima se define como uma estratŽgia de ajuste estrutural, que visa remover ou atenuar a restri•‹o externa ao crescimento, de forma duradoura, atravŽs da substitui•‹o de importa•›es e do aumento da capacidade de exportar.

No curto prazo, porŽm, os tr•s caminhos dependiam, em maior ou menor grau, do ÒavalÓ do mercado internacional, seja atravŽs da importa•‹o de produtos brasileiros ou da oferta adicional de crŽdito. A terceira alternativa era a mais dependente dessa condi•‹o, porque os novos investimentos implicariam, inicialmente, aumento da demanda por importa•›es de bens de capital e insumos (inclusive petr—leo). Diante da restrita capacidade de importar e exportar daquele momento, isso s— seria poss’vel mediante novos aumentos da d’vida externa brasileira, o que dependia, de forma crucial, das condi•›es de crŽdito no mercado internacional.

O modelo de ajuste externo adotado no governo Geisel foi o de ajuste

estrutural, materializado no II PND, anunciado em meados de 1974. Tratava-

se de um ousado plano de investimentos pœblicos e privados (estes seriam

(26)

incentivados por pol’ticas espec’ficas), a serem implementados ao longo do per’odo de 1974-79, que se propunha a Òcobrir a ‡rea de fronteira entre o subdesenvolvimento e o desenvolvimentoÓ. Os novos investimentos eram dirigidos aos setores, identificados, em 1974, como os grandes Òpontos de estrangulamentoÓ que explicavam a restri•‹o estrutural e externa ao crescimento da economia brasileira: infraestrutura, bens de produ•‹o (capital e insumos), energia e exporta•‹o.

De acordo com Giambiagi (2011):

Nos anos 1974-78, percebe-se n’tida deteriora•‹o na composi•‹o do BP.

Em termos de mŽdias anuais, nesse per’odo: (1) o dŽficit em conta-corrente eleva-se para US$6,5 bilh›es, ante US$1,2 bilh‹o no per’odo de 1968-73; (2) parte dessa deteriora•‹o deve-se ˆ balan•a comercial, que sai de uma situa•‹o, em mŽdia, equilibrada entre 1968- 73 para um dŽficit anual mŽdio de US$2,3 bilh›es entre 1974-78; (3) o dŽficit da conta de servi•os e rendas eleva-se para US$4,3 bilh›es, ante uma mŽdia anual de US$1,2 bilh‹o entre 1968-73, sendo esse aumento liderado pelas remessas de lucros e despesas com juros sobre a d’vida externa (parte dela, vale lembrar, contra’da antes do II PND); (4) o super‡vit da conta de capital eleva-se sensivelmente, da mŽdia de US$2,2 bilh›es entre 1968-73 para US$7,9 bilh›es entre 1974-78, permitindo a gera•‹o de super‡vits no BP a partir de 1976, apesar do dŽficit crescente na conta corrente; e (5) entre os mesmos per’odos, deteriora-se a posi•‹o financeira do pa’s, tend•ncia expressa no aumento da rela•‹o Òd’vida externa/exporta•›esÓ (Tabela 4.5), de 1,8 para 2,5.

O per’odo de 1979-80 manteve, em termos de mŽdias anuais, as

tend•ncias de aumento do dŽficit em conta-corrente, do super‡vit na

conta de capital e da rela•‹o Òd’vida/exporta•›esÓ. Contudo, duas

diferen•as importantes podem ser percebidas em rela•‹o ao per’odo

anterior: no bi•nio 1979-80, o aumento do dŽficit em conta-corrente Ž

explicado, predominantemente, pelo aumento das despesas financeiras

(rendas), j‡ que o dŽficit comercial mŽdio do per’odo Ž apenas

(27)

marginalmente superior ao dos anos 1974-78 Ñ o que se explica pelo significativo aumento da taxa de crescimento das exporta•›es (Tabela 4.5); o super‡vit da conta de capital n‹o Ž mais suficiente para financiar o elevado dŽficit em conta-corrente, tornando o BP significativamente deficit‡rio (dŽficit mŽdio de US$3,3 bilh›es). As tend•ncias do BP nesse per’odo refletem os choques externos antes mencionados Ñ o segundo choque do petr—leo e o aumento dos juros no mercado financeiro internacional Ñ e prenunciam a crise da d’vida, que viria ˆ tona em 1983.

No per’odo de 1981-83, embora o quadro de elevado dŽficit em conta- corrente tenha se mantido, houve n’tida revers‹o da tend•ncia da balan•a comercial, que se torna superavit‡ria.

(...)

Os efeitos do II PND sobre as exporta•›es brasileiras foram tambŽm vis’veis.

O quantum de exporta•›es cresceu continuamente a partir de 1978, ˆ exce•‹o apenas do ano de 1982 (que foi o auge da recess‹o internacional provocada pelo segundo choque do petr—leo e pelo aumento dos juros externos). TambŽm a partir desse ano, o crescimento real das exporta•›es torna-se, sistematicamente, superior ˆs taxas de crescimento real do PIB (com a mesma exce•‹o de 1982). AlŽm disso, a composi•‹o da pauta de exporta•›es brasileira passou por mudan•as importantes a partir do II PND: o peso dos bens b‡sicos nas exporta•›es totais reduziu-se continuamente desde ent‹o (de 65% em 1973 para 32%

em 1984), sendo essa queda inteiramente compensada pelo aumento do peso relativo dos bens manufaturados (de 23% para 56% no mesmo per’odo).

Em suma, os objetivos (e as expectativas) de mudan•a estrutural que

motivaram o II PND foram, em geral, alcan•ados. No entanto, os custos

macroecon™micos desse •xito n‹o foram desprez’veis. Sem dœvida, parte

das dificuldades que marcaram a economia brasileira na dŽcada de 1980

pode ser atribu’da ˆ ousadia do II PND Ñ mais especificamente ˆ ousadia

(28)

da estratŽgia de endividamento externo que o viabilizou. Contudo, como se mostrar‡ na se•‹o seguinte, outra parte importante da explica•‹o dessas dificuldades deve ser buscada no modelo de ajuste externo adotado nos anos 1979-84 para enfrentar os choques externos do per’odo.

Para finalizar o per’odo, vamos analisar brevemente a tabela abaixo:

Ela denota, no decorrer dos anos analisados, o acumulo de saldos negativos na balan•a comercial e no saldo em transa•›es correntes, o que acarretou em crescente aumento na necessidade de capitais externos. Ademais, verifica-se no per’odo a crescente infla•‹o e o decrescente crescimento do PIB.

Esta Ž a situa•‹o econ™mica brasileira ao final dos anos 70.

Governo Figueiredo e o a Crise da D’vida (1979-1984)

Se compreendermos bem o per’odo anterior, o entendimento do Governo

Figueiredo e seus desdobramentos econ™micos ser‹o de f‡cil assimila•‹o. Afinal,

este per’odo resume as consequ•ncias dos excessos cometidos no passado. A

conta finalmente chegou e o valor n‹o foi pequeno.

(29)

Antes de iniciarmos o cen‡rio interno da economia brasileira, vamos citar alguns acontecimentos externos.

Como citado anteriormente, os anos 70 ficaram marcados com os Choques do Petr—leo e forte aumento no pre•o no insumo b‡sico da economia industrial. Em termos macroecon™micos, o choque do petr—leo Ž visto como um Òchoque de ofertaÓ, pois eleva os custos de produ•‹o e, consequentemente, tende a reduzir a oferta de bens industriais e manufaturados e elevar o pre•o dos mesmos. O resultado Ž uma redu•‹o no crescimento econ™mico mundial, bem como aumento da infla•‹o no mundo, sobretudo nos pa’ses desenvolvidos e mais industrializados.

E foi, de fato, o que ocorreu.

Todavia, pa’ses desenvolvidos n‹o s‹o lenientes com a infla•‹o, em especial os EUA. E alta infla•‹o se resolve com alta na taxa de juros e desacelera•‹o da atividade econ™mica.

Os EUA adotaram este processo nos idos de 78 e 79, elevando a taxa b‡sica de juros norte-americana para dois d’gitos. O efeito imediato desta decis‹o foi o aumento do fluxo de capitais para os EUA. Entre depositar os recursos no Brasil e outros pa’ses em desenvolvimento, ou nos EUA com taxas de juros crescentes, Ž claro que o sistema financeiro internacional escolheu os EUA.

Ocorre que, como vimos de forma exaustiva, o Brasil era forte importador de capitais, por conta da escassez de poupan•a interna e da escolha em financiar os investimentos no II PND. Em resumo, o Brasil continuava fortemente dependente do setor externo e necessitava atrair capitais para financiar suas dividas anteriormente contra’das e para continuar a financiar suas importa•›es presentes ˆ Žpoca.

No entanto, os capitais escolheram os pa’ses desenvolvidos, em especial os EUA,

em fun•‹o do aumento da taxa de juros destes pa’ses. A ent‹o restri•‹o externa

que o Brasil possu’a transformou-se em estrangulamento externo com a sa’da de

capitais. N‹o havia outra solu•‹o ao Brasil a n‹o ser a ado•‹o de um ajuste

recessivo que contemplasse a redu•‹o na demanda por divisas, afinal elas n‹o

mais estavam dispon’veis, e aumento nas exporta•›es para gerar receita em

(30)

d—lares e continuar a cumprir com as obriga•›es externas anteriormente contra’das.

E foi esta a solu•‹o adotada pelo Brasil ap—s 1980: o ajuste recessivo.

Segundo Giambiagi (2011):

O objetivo agora era a redu•‹o da absor•‹o interna, de modo a gerar excedentes export‡veis. Na nova estratŽgia, a pol’tica monet‡ria ganhava o centro da cena, e a manuten•‹o de juros reais elevados era sua principal via de atua•‹o. Os juros altos atuariam duplamente sobre o BP:

reduzindo o dŽficit em conta corrente, atravŽs da redu•‹o da absor•‹o

interna, e, ao ÒempurraremÓ as empresas (inclusive as estatais) para o

mercado internacional, em busca de juros menores, atrairiam capital

estrangeiro para financiar aquele dŽficit, que, reconhecidamente, n‹o

seria eliminado a curto prazo. A pol’tica monet‡ria restritiva foi

efetivamente implementada atŽ o fim do governo Figueiredo, gerando

forte recess‹o no per’odo de 1981-83, quando o PIB encolheu 2,2% ao ano,

em mŽdia. A recess‹o, aliada aos efeitos estruturais do II PND, promoveu a

revers‹o dos dŽficits que caracterizaram a balan•a comercial durante a

dŽcada de 1970 Ñ como j‡ observado, a balan•a torna-se superavit‡ria a

partir de 1981. Contudo, isso n‹o amenizou a perda de reservas

internacionais pelo pa’s porque, em 1981, embaladas pela alta dos juros

internacionais, as despesas com rendas deram um salto para US$10,3

bilh›es (ante US$7,0 bilh›es no ano anterior) e outro em 1982, para US$13,5

bilh›es. AlŽm disso, diante dos riscos ent‹o atribu’dos a pa’ses altamente

endividados, como o Brasil, especialmente depois da morat—ria do MŽxico

(setembro de 1982), os juros altos no mercado interno n‹o foram capazes

de atrair capital suficiente para cobrir as novas despesas. Assim, as reservas

internacionais chegaram a US$4,0 bilh›es em 1982 (equivalentes a 2,5

meses de importa•‹o) e teriam sido ainda menores se o pa’s n‹o tivesse,

ao fim desse ano, recorrido a um emprŽstimo do FMI (Fundo Monet‡rio

Internacional), que injetou US$4,2 bilh›es na conta de capital.

(31)

(...)

No bi•nio 1983-84, a pol’tica fiscal tornou-se tambŽm restritiva (o que n‹o

tinha ocorrido atŽ 1982): a carga tribut‡ria foi elevada em 1983 e os

investimentos pœblicos foram drasticamente cortados, contribuindo para a

redu•‹o da taxa de investimento da economia para 20% do PIB em 1983,

ante 23% em 1982. Nesse caso, a restri•‹o n‹o visava somente atingir a

demanda agregada, mas tambŽm o pr—prio dŽficit pœblico, que, em 1982,

alcan•ara 7,3% do PIB no conceito operacional e 16,4% no conceito

nominal. Essa deteriora•‹o fiscal refletia, de um lado, a resist•ncia do gasto

pœblico ˆ baixa e, de outro, os efeitos danosos do ajuste externo do

per’odo de 1979-80. O aumento da infla•‹o erodia a receita real do

governo, caracterizando o chamado Òefeito TanziÓ. AlŽm disso, elevava os

encargos da d’vida pœblica, atravŽs da corre•‹o monet‡ria. A

maxidesvaloriza•‹o cambial de 1979 e a pol’tica de juros altos a partir de

ent‹o tambŽm afetaram as despesas financeiras do setor pœblico,

elevando os encargos da d’vida interna (com juros reais e corre•‹o

cambial) e externa (grande parte dela de responsabilidade do governo,

devido ˆs Resolu•›es 432/230). A indexa•‹o da d’vida pœblica foi uma

estratŽgia crescentemente usada pelo governo para facilitar o

financiamento de seus dŽficits, atravŽs da prote•‹o dos rendimentos dos

t’tulos contra a corros‹o inflacion‡ria e contra o elevado custo de

oportunidade representado por poss’veis desvaloriza•›es cambiais. Essa

estratŽ- gia, iniciada com a cria•‹o da corre•‹o monet‡ria em 1964,

funcionou bem atŽ fins da dŽcada de 1970, enquanto a infla•‹o e o

c‰mbio estavam sob controle. No ambiente inst‡vel do per’odo de 1981-84,

porŽm, a indexa•‹o da d’vida tornou-se uma armadilha para o governo: a

acelera•‹o da infla•‹o, as corre•›es cambiais, a pol’tica de juros altos e,

paralelamente, as Resolu•›es 432 e 230 mantinham o dŽficit nominal e,

portanto, a d’vida pœblica, em crescimento mesmo diante da pol’tica fiscal

restritiva. Esta, por sua vez, se tornava tambŽm cada vez menos eficaz para

gerar saldos prim‡rios (n‹o financeiros) positivos, porque a pol’tica

(32)

monet‡ria e a instabilidade do per’odo golpeavam duplamente a capacidade de arrecada•‹o do governo: pela retra•‹o da economia e pelo efeito Tanzi. Assim, apesar da pol’tica fiscal restritiva, o dŽficit nominal do governo e a d’vida pœblica mobili‡ria federal subiram, respectivamente, para 24,6% e 14,3% do PIB em 1984.

A pol’tica de ajuste externo de 1981-84, mais uma vez auxiliada pelas mudan•as estruturais promovidas pelo II PND, produziu super‡vits comerciais recordes em 1983 e, principalmente em 1984, explicados, predominantemente, pela varia•‹o do quantum de exporta•›es e importa•›es. No primeiro caso, o aumento mais intenso se deu em 1984, como efeito da recupera•‹o da economia mundial. No caso das importa•›es, a maior contribui•‹o para o ajuste externo ocorreu no per’odo 1981-83, motivada pela recess‹o domŽstica. Em 1984, considerando o crescimento real do PIB de 5,4%, a queda das importa•›es (de quase 10%), liderada pelo encolhimento de 7,4% do quantum, refletiu, fundamentalmente, o j‡ mencionado sucesso do II PND na substitui•‹o de importa•›es de bens de capital e petr—leo. Ainda assim, o ajuste externo de 1984 caracteriza-se como parte do ajuste recessivo implementado a partir de 1981, j‡ que refletiu uma mudan•a na distribui•‹o do PIB entre os componentes da demanda agregada claramente favor‡vel ˆ transfer•ncia l’quida de recursos reais ao exterior (que ocorre quando o agregado das contas de comŽrcio e servi•os no BP Ž superavit‡rio): em 1984, o consumo, a FBCF e as importa•›es perdem participa•‹o no PIB, sendo essas perdas compensadas pelo aumento do peso relativo das exporta•›es.

Para finalizar o t—pico, vejamos o comportamento da varia•‹o do PIB e das

contas externas desde 1973:

(33)

Nota-se que, a partir de 1980, a ado•‹o do modelo do ajuste recessivo resultou

em forte retra•‹o da taxa de crescimento do PIB (de algo em orno de 10% em

1980, caiu para -3% em 1981). Neste mesmo per’odo os saldos negativos nas

(34)

contas externas come•aram a ser revertidos, uma resultante necess‡ria para o per’odo.

A tabela abaixo, retirada de Giambiagi (2011), sintetiza os dados

macroecon™micos do per’odo:

(35)

Q UESTÍES P ROPOSTAS

Quest‹o 01 (ESAF ATPS (MPOG)/MPOG/Assist•ncia Social/2012)

O PAEG (Plano de A•‹o Econ™mica do Governo) do governo Castelo Branco adotou um conjunto de medidas para conter a infla•‹o e promover o crescimento econ™mico. O Plano tinha como meta:

a) reduzir o dŽficit pœblico via aumento de receitas e redu•‹o dos gastos.

b) amplia•‹o do crŽdito via redu•‹o da taxa de juros.

c) aumento dos sal‡rios reais e da demanda agregada.

d) ampliar a capacidade de financiamento da economia por meio do aumento da propens‹o marginal a consumir.

e) reduzir a participa•‹o do capital estrangeiro na economia.

Quest‹o 02 CESPE AEES/SEGER ES/Ci•ncias Econ™micas/2013)

Assinale a op•‹o correta acerca do Programa de A•‹o Econ™mica do Governo (PAEG) e do per’odo econ™mico compreendido entre os anos 1964 e 1967.

a) O PAEG desconsiderava, entre seus objetivos, a corre•‹o das desigualdades regionais da economia brasileira.

b) Uma medida adotada no ‰mbito do PAEG para superar a restri•‹o externa em face dos problemas de balan•o de pagamentos foi a limita•‹o da entrada de capitais estrangeiros no Brasil e da forte aprecia•‹o da taxa de c‰mbio.

c) O diagn—stico e a estratŽgia de combate da infla•‹o estabelecidos no PAEG fundamentavam-se, primordialmente, em teorias heterodoxas.

d) Entre as a•›es de combate ˆ infla•‹o elencadas no PAEG, identificam-se a

ado•‹o de forte aperto monet‡rio e a ampla restri•‹o ao crŽdito, duas

estratŽgias de choque.

(36)

e) O crescimento dos sal‡rios consistia na principal causa de desequil’brio da economia em face das press›es inflacion‡rias ao final do per’odo econ™mico firmado entre os anos 1964 e 1967.

Quest‹o 03 (CESPE Diplomata/IRBr/2008)

A an‡lise da hist—ria econ™mica do Brasil Ž importante para se entender a situa•‹o da economia brasileira. Com rela•‹o a esse tema, julgue (C ou E) o item subsequente.

Para aumentar a efici•ncia e a competitividade do sistema financeiro, a reforma do per’odo 19641967, alŽm de permitir a capta•‹o direta de recursos externos pelas empresas privadas nacionais, modificou a legisla•‹o, para facilitar remessas de lucros para o exterior, contribuindo, assim, para ampliar a abertura da economia ao capital externo.

Quest‹o 04 (CESPE Eco (MJ)/MJ/2013)

A respeito do Programa de A•‹o Econ™mica do Governo (PAEG), julgue o item.

Por meio do PAEG, adotou-se uma estratŽgia de combate ˆ infla•‹o baseada na eleva•‹o da taxa b‡sica de juros e na aprecia•‹o da taxa de c‰mbio.

Quest‹o 05 (CESPE Eco (MJ)/MJ/2013)

A respeito do Programa de A•‹o Econ™mica do Governo (PAEG), julgue o item.

Os reajustes salariais foram restringidos e passaram a ser corrigidos por f—rmulas oficiais do governo.

Quest‹o 06 (CESGRANRIO PB (BNDES)/BNDES/Economia/2013)

Em meados da dŽcada de 1960, foi implementado no Brasil o Plano de A•‹o

Econ™mica do Governo (PAEG). O conjunto de medidas adotadas nesse Plano

(37)

a) visou a mudar o padr‹o do desenvolvimento brasileiro, baseando-o, primordialmente, no aumento das exporta•›es.

b) extinguiu a corre•‹o monet‡ria, causadora da inŽrcia inflacion‡ria.

c) incluiu a emiss‹o de t’tulos do governo para o financiamento n‹o inflacion‡rio do dŽficit pœblico.

d) reajustou os sal‡rios acima da taxa inflacion‡ria para redistribuir a renda.

e) congelou os pre•os administrados, realimentadores do processo inflacion‡rio.

Quest‹o 07 (FGV Analista(DPE MT)/DPE MT/Economista/2015)

Em rela•‹o ao Programa de A•‹o Econ™mica do Governo (PAEG), lan•ado em novembro de 1964, analise as afirmativas a seguir.

( ) O programa tinha o objetivo de retomar o crescimento econ™mico, que havia estagnado nos anos anteriores.

( ) Uma das formas de conter o processo inflacion‡rio foi elevar o fluxo de importa•›es como aumentar a competitividade da indœstria local.

( ) Um dos instrumentos utilizados foi a pol’tica de est’mulos ao ingresso de capitais, como uma das formas de acelera•‹o do crescimento.

Assinale:

a) se somente a afirmativa I estiver correta.

b) se somente a afirmativa II estiver correta.

c) se somente as afirmativas I e III estiverem corretas.

d) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.

e) se todas as afirmativas estiverem corretas.

Quest‹o 08 (FGV ADP (DPE RO)/DPE RO/Analista em Economia/2015) Entre os objetivos do PAEG, NÌO se inclui:

a) a acelera•‹o do ritmo de desenvolvimento econ™mico;

b) o controle inflacion‡rio, visando um maior equil’brio de pre•os;

c) a redu•‹o de desigualdade econ™mica entre setores e regi›es;

(38)

d) o aumento das oportunidades de emprego produtivo ˆ popula•‹o economicamente ativa;

e) o uso do super‡vit da balan•a de pagamentos para impulsionar a economia.

Quest‹o 09 (CESPE Eco (MPOG)/MPOG/"PGCE (Especial)"/2015)

Acerca dos principais planos de desenvolvimento e de estabiliza•‹o implementados desde a segunda metade do sŽculo XX, julgue o pr—ximo item.

O Programa de A•‹o Econ™mica do Governo (PAEG) identificou, nos dŽficits pœblicos, importante fonte da press‹o inflacion‡ria no per’odo, contudo a aus•ncia de controle dos sal‡rios culminou com a acelera•‹o da infla•‹o inercial.

Quest‹o 10 (CESPE ECO(MTE)/MTE/2008)

No tocante ˆ an‡lise da economia brasileira contempor‰nea, incluindo-se os aspectos relativos ao seu desenvolvimento econ™mico e social, julgue o item a seguir.

A pol’tica de minidesvaloriza•›es cambiais, adotada a partir de 1968, por elevar substancialmente o pre•o das importa•›es, resultou nas fortes press›es inflacion‡rias, que caracterizaram o per’odo do milagre econ™mico.

Quest‹o 11 (CESPE AUFC/TCU/1998)

No processo de desenvolvimento socioecon™mico brasileiro, sobressaiu o papel do Estado na execu•‹o de programas e projetos de grande escala nas ‡reas de energia, transportes, siderurgia, minera•‹o e telecomunica•›es. Considerando o per’odo posterior a 1930, julgue os itens a seguir.

A era desenvolvimentista foi capaz de criar uma economia industrial bastante

avan•ada, porŽm foi incapaz de solucionar as quest›es de distribui•‹o de renda

e as desigualdades extremas na distribui•‹o da riqueza no Brasil.

Referências

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