INTERFERENTES ENCONTRADOS NA COCAÍNA NO MUNICÍPIO DE TRÊS CORAÇÕES INTERFERENTS FOUND IN COCAINE IN THE MUNICIPALITY OF TRÊS CORAÇÕES

INTERFERENTES ENCONTRADOS NA COCAÍNA NO MUNICÍPIO DE TRÊS CORAÇÕES

INTERFERENTS FOUND IN COCAINE IN THE MUNICIPALITY OF TRÊS CORAÇÕES

Amanda Aparecida COSTA¹; Francine Rios BUENO²; Poliana de Cássia SANTOS³; Daniela Barbosa REIS

1

Acadêmica do Curso de Farmácia e-mail: amandacosta131@outlook.com¹;

2

Acadêmica do Curso de Farmácia e-mail: francinerios@yahoo.com.br²;

3

Acadêmica do Curso de Farmácia e-mail: polly-1994@live.co m³

4

Professora e Orientadora do Curso de Farmácia e-mail: daniela.reis@unincor.edu.br

Resumo

O uso de drogas não é um problema recente, já vem desde a antiguidade e nos dias de hoje é considera do uma questão de saúde pública. A cocaína é extraída da planta Erythroxylum popularmente conhecida como coca, que são exclusivas da América do Sul, África e Índia, o cultivo no Brasil não é muito viável do ponto de vista econômico pois a planta apresenta baixo teor de cocaína em suas folhas o que dificulta a extração do seu principal alcaloide. É uma droga psicoativa, pois atua no sistema nervoso central, faz parte do grupo de drogas psicotrópicas porque causa dependência provocada pelo uso abusivo. O objetivo do trabalho é analisar os documentos de drogas apreendidas na Polícia Civil no ano de 2017 no município de Três Corações, identificando os dados obtidos da cocaína e após, descrever cada interferente encontrado. As amostras apreendidas pelo Departamento de Polícia Civil foram analisadas qualitativamente por espectrometria de massas após a separação por cromatografia gasosa. As anális es foram feitas assim que apreenderam as drogas e os laudos arquivados no computador acoplado ao cromatógrafo. Nas amostras estudadas foram encontrados diluentes e adulterantes. Os diluentes são acrescentados para aumentar o volume, apresentando aspecto visual similar ao da cocaína. Os adulterantes, além de possuírem aspecto semelhante ao da droga, apresentam atividade farmacológica A perícia de drogas da Polícia Civil é feita por um farmacêutico. É evidente que a função de quem atua com a perícia criminal farmacêutica tem um valor imprescindível no esclarecimento de condutas em contextos criminosos.

Palavras-chave: cocaína; cromatografia; interferente.

Abstract

Drugs consumption is not a recent issue, it comes since antiquity and nowadays is c onsidered a public health issue.

Cocaine is extracted from the Erythroxylum plant popularly known as coca, which are unique to South America, Africa and India, cultivation in Brazil is not very economically feasible because the plant has a low content of cocaine in it s leaves. hinders the extraction of its main alkaloid. It is a psychoactive drug, because it acts in the central nervous system, is part of the group of psychotropic drugs because it causes addiction caused by abusive use. The goal of this article is to analyze the captured drugs’ documents of the civil police of the year of 2017 at Três Corações city, identifying the data of cocaine and later describe each interfering substance found. The samples captured by the civil police department were analyzed qualitatively by mass spectrometry after being parting by gas chromatography. The analysis was performed as soon as the drugs were captured and the reports archived in the computer linked to the chromatograph. Diluents and adulterants were found in the studied s amples. Diluents are added to give volume, showing visual aspect similar to the cocaine. The adulterants, besides having a similar aspect of the drug, show pharmaceutical activity. The expertise of the drugs in the civil police is made by a pharmaceutical. It’s clear that the function of who works withcriminal pharmaceutical expertise has an indispensable value in the clarification of criminal context.

Keywor ds: cocaine; chromatography; interfering.

1. INTRODUÇÃO

O uso de drogas não é um problema recente, já vem desde a antiguidade e nos dias de hoje é considerado uma questão de saúde

pública, a quantidade de jovens envolvidos

com drogas está aumentando, e isso pode

causar consequências sérias na vida adulta,

tanto pessoais quanto para as pessoas ao seu

redor. A fase da adolescência é bastante delicada, fase que os jovens não aceitam quase nenhum tipo de orientações, pois estão se aproximando da vida adulta onde começa a ter controle de si mesmo, é um momento onde os jovens se afastam da família e se aproximam dos amigos que mais se identificam e se esse grupo de amigos estiver fazendo o uso de drogas o induz a usar também, esse período é que os jovens estão mais vulneráveis e se expõe a muitos riscos, é um fenômeno muito frequente e de difícil abordagem.

(INTISTUTE OF MEDICINE, 1990)

Estudos epidemiológicos no Brasil e no mundo nos mostram que o consumo de drogas começam na passagem da infância para a adolescência. No Brasil até o início da década 80 ainda não se encontravam números alarmantes de estudantes usuários de drogas, mas estudos realizados a partir de 1987, tem constatado o aumento do consumo principalmente no uso de inalantes, de maconha, cocaína e de crack. (CARLINI- COTRIM B, CARLINI, EA, 1987)

Existem alguns fatores que podem desencadear o uso de drogas pelos adolescentes, mas são mais comuns emoções associadas ao intenso sofrimento psíquico, como por exemplo a depressão, culpa, ansiedade exagerada, auto estima baixa, problemas com brigas familiares, separação dos pais, bulling na escola, ou até mesmo como uma maneira de chamar atenção dos

pais. (ADDICTION RESEARCH

FOUNDATION GROUP, 1991)

Colocando em ênfase a cocaína, é uma droga que estimula as ações dopaminérgica e noradrenérgica, quando usada em grande quantidade pode causar intoxicação, acarretando crises convulsivas, isquemia cardíaca e cerebral. O uso prolongado pode ocasionar depressão, síndrome do pânico, mania, esquizofrenia, transtornos de personalidade. O uso endovenoso é complicado também pela possível transmissão de doenças como, AIDS, hepatite B e C, a cocaína pode desenvolver dependência de forma muito rápida. (FERRI C, 1999)

O objetivo do trabalho é analisar os documentos de drogas apreendidas na Polícia Civil no ano de 2017 no município de Três Corações, identificando os dados obtidos da

cocaína e após, descrever cada interferente encontrado.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O consumo de drogas ilícitas no Brasil tem aumentado com o passar dos anos, e a maior aquisição para uso é por jovens. Entre as principais drogas ilícitas utilizadas, temos a maconha em primeiro lugar, na maioria das vezes os jovens iniciam o uso por ela, por ser considerada uma droga mais leve e com substâncias fitoterápicas, logo em seguida temos anfetaminas, cocaína, opiáceos e ecstasy. (UNODC, 2009)

A cocaína é extraída da planta Erythroxylum popularmente conhecida como coca, que são exclusivas da América do Sul, África e Índia, o cultivo no Brasil não é muito viável do ponto de vista econômico pois a planta apresenta baixo teor de cocaína em suas folhas o que dificulta a extração do seu principal alcaloide. (VARGAS, R. 2001)

A cocaína é uma droga de origem natural, que é obtida pela a extração da planta com solvente orgânico e reações ácido-base para a purificação e obtenção das diferentes formas de apresentação da droga, mas pode também ser obtida de maneira sintética porém não são usuais para as práticas ilícitas pois tem um custo maior. (SANCHEZ, Z.V.D.M;

SANTOS, M.G.R, 2016)

É uma droga psicoativa, pois atua no sistema nervoso central, faz parte do grupo de drogas psicotrópicas porque causa dependência provocada pelo uso abusivo.

(SANCHEZ, Z.V.D.M; SANTOS, M.G.R, 2016)

É uma substância dopaminérgica, se tornou uma questão de saúde pública e é responsável por grande número de dependentes. (UNODC, 2009)

O usuário permanente pode desenvolver

problemas psiquiátricos, tais como ansiedade,

mania, depressão, transtornos de

personalidade, o uso da cocaína em quantidade

alta pode levar a intoxicação e com isso

provocar quadros paranoides, crises

convulsivas, até mesmo isquemia cerebral e

cardíaca. É mais comum ser usada por

aspiração nasal, mas pode também ser

administrada por via endovenosa, sendo o seu

pó misturado em água e aplicado, aumentando

então o risco de uma doença infectocontagiosa. (MARQUES, A.C.P.R;

CRUZ, M.S. 2000)

Encontra-se três tipos de apresentação da cocaína, o hidrocloreto de cocaína que é a forma de pó, que pode ser tanto aspirada quando aplicada por via endovenosa e o crack.

(CARLINI, E.A. et al, 2001) Depois da droga ter sido absorvida, segue até os receptores, o fluxo sanguíneo no cérebro tem mais intensidade, a substância ultrapassa a barreira hematoencefálica chegando então rapidamente ao sistema nervoso central, essa intensidade e rapidez se dá por conta da substância ser muito solúvel em lipídios. A alteração comportamental do usuário acontece após a entrada da substância no cérebro, pois ela induz a ação dos neurônios e suas sinapses.

(STRAUB, 2014)

A cocaína bloqueia o transportador de dopamina, e isso produz a aglomeração de neurotransmissor na fenda sináptica, acarretando uma hiperestimulação dos neurônios pós-sinápticos no sistema mesolímbico, tendo como consequência a euforia e agitação. (AZEVEDO, 2014)

O efeito da cocaína se dá por mais ou menos quarenta minutos, a maioria dos usuários tem a sensação de poder, agressividade, excitação física e mental, são sintomas comuns a dilatação da pupila, taquicardíaca, dentes anestesiados, podendo levar a overdose em doses muito altas, por ser uma droga de efeito rápido os usuários procuram aspirar cada vez com mais frequência para que tenha seus desejos satisfeitos, a pessoa que faz o uso da droga por muito tempo corre o grande risco de perda de memória, perda da capacidade analítica, destruição do septo nasal, cefaleia, dentre outros, quando chega em seu efeito tóxico por doses elevadas com curto espaço de tempo pode levar ao AVC (acidente vascular cerebral) e até mesmo um enfarte do miocárdio.

(REGO, 2010)

O abuso do uso de drogas ilícitas é um dos problemas que mais afetam o contexto social atual. O aumento do consumo de drogas além de refletir muito na saúde do usuário, prejudica também o convívio familiar e social, além disso é um mercado que tem uma movimentação milionária anual, sendo que o

tráfico de drogas ilícitas não ocorre apenas no Brasil, mas em inúmeros outros países.

(SANTOS, M. J.; KASSOUF, A. L.; 2007) É de extrema importância levar em consideração que pessoas que são usuárias de drogas estão mais suscetíveis a cometer crimes, podendo ter relação com o que a droga faz no SNC e estes ficam alucinados e também a necessidade de arrecadar fundos para conseguir sustentar o seu vício faz jus ao destaque uma das atuais medidas legislativas tomadas com relação ao assunto supra, a lei 11.343 de 23 de agosto de 2006 (VADE MECUM, 2009), a qual instituiu o SISNAD – Sistema Nacional de Políticas Públicas sobre Drogas e dispõe não somente sobre os crimes relacionados às drogas, mas também aponta medidas relativas à prevenção e reinserção social de usuários e dependentes de substâncias desta classe. (FAJNZYLBER, P., LEDERMAN, D., & LOAYZA, N. 1998)

3. MATERIAIS E MÉTODOS

As amostras apreendidas pelo Departamento de Polícia Civil foram analisadas qualitativamente por espectrometria de massas após a separação por cromatografia gasosa, utilizando um cromatógrafo gasoso Agilent 6890 N acoplado a um MSD (detector de massas seletivo). As análises foram feitas assim que apreenderam as drogas e os laudos arquivados no computador acoplado ao cromatógrafo.

Esse tipo de análise foi realizado durante o período de janeiro a dezembro de 2017, na época em que os laudos periciais foram construídos pelo farmacêutico responsável por análise de drogas.

Foram selecionados os dados de 1187 amostras, quantificados pelo sistema para serem estudados e relatados no trabalho os interferentes da cocaína.

3.1. FASE PRÉ-ANALÍTICA

3.1.1. PREPARAÇÃO DO MATERIAL

Recebido o material apreendido, o

farmacêutico faz os devidos registros da droga

no sistema informatizado, segue o mesmo para

a bancada de preparo que consiste em obter

uma parte da peça recebida, a qual será

misturada em eppendorf com 1,5ml de metanol concentrado (Álcool metílico). Em seguida o material será deixado em repouso por no mínimo 5 minutos e posteriormente encaminhado para o aparelho de vortex onde fica por 30 segundos ou mais a depender da diluição do material dentro do eppendorf.

Posteriormente, será retirada de dentro desse mesmo eppendorf uma alíquota de sobrenadante na quantidade de 1,0 ml, aproximadamente. Com esta amostra liquida será preenchido um “Vial” (frasco de vidro especifico para análise maquinário de exame definitivo). Consequentemente agem em conjunto a cromatografia gasosa e a espectrometria de massa para através da análise do conteúdo do “ Vial” gerar um relatório positivo ou negativo a respeito do material apreendido e analisado.

3.1.2. CROMATOGRAFIA GASOSA A cromatografia gasosa é uma técnica utilizada para separação e análise de misturas e substâncias voláteis. Utilizamos um equipamento CGAE, que faz o levantamento de dados e transfere para um computador acoplado. A única função da fase móvel em cromatografia gasosa é carregar a amostra

através da coluna, chamada então de gás de arraste. Este não tem nenhuma reação com a amostra, nem com a fase estacionária, precisa também que não tenha nenhuma impureza que possa estragar a fase estacionária. A amostra é injetada (injetor de amostra) e arrastada pela fase móvel (gás de arraste) através da coluna que contém a fase estacionária (coluna CG aquecida), na qual ocorre a separação da mistura. As substâncias separadas saem da coluna carreadas pela fase móvel e passam por um detector que gera um sinal elétrico proporcional à quantidade de substâncias separadas na coluna. Em um sistema cromatografia gasosa acoplada ao espectro de massas (GC-MS) as amostras provenientes do cromatógrafo a gás, no estado gasoso, são bombardeadas por elétrons e são quebradas gerando íons positivos, negativos e radicais e a partir da diferença entre massa/carga dos íons gerados irá separá-los, após a separação é gerado um gráfico conforme mencionado na figura 1, onde temos o maior pico que é a cocaína e os menores são suas impurezas.

(COLLINS, C. H.; BRAGA, G.L.; BONATO, P. S., 2006)

Figura 1: Modelo de análise do teor de cocaína pela técnica de cromatografia líquida de alta eficiência com

detector UV-Vis, 2009.

Fonte:

Scielo, 2009.

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

As drogas apreendidas pela Polícia Civil são submetidas a um teste rápido, antes de ser examinada através da Cromatografia. O teste rápido é feito com tiocianato de cobalto (reagente utilizado para a determinação de alcaloides). Se a substância ficar na cor azul, há uma confirmação que é cocaína, onde a amostra é levada para análise na Cromatografia.

A Cromatografia aponta todas as substâncias que possuem atividades farmacológicas no organismo presentes na amostra.

Nas amostras estudadas foram encontrados diluentes e adulterantes. Os diluentes são geralmente substâncias sem atividades farmacológicas relevantes. Eles são acrescentados para aumentar o volume, apresentando aspecto visual similar ao da cocaína. Podendo ser eles açúcares, bicarbonato, sulfato de magnésio, amido, farinha de trigo, leite em pó, entre outros. Já os adulterantes, além de possuírem aspecto semelhante ao da droga, apresentam atividade farmacológica, como por exemplo lidocaína, cafeína, tetracaína, teofilina, acetaminofeno, levamisol, tetralisol, entre outras.

Tabela 1: Quantidade de amostras de cocaínas encontradas nos meses de janeiro a dezembro / 2017.

Fonte: Os próprios autores.

N ú m er o d e am os tr as an al is ad as

Meses do ano de 2017

A tabela 1 mostra a quantidade de cocaína apreendida durante o ano de 2017, podendo observar que no mês de fevereiro e agosto foram apreendidas um número mais relevante de cocaína com isso aumenta o número de análises.

Tabela 2: Princípios ativos identificados nas amostras examinadas em 2017

Fonte: Os próprios autores.

Com os resultados da Tabela 2, os principais interferentes encontrados na cocaína foram:

4.1. ACETAMINOFENO (PARACETAMOL)

O Acetominofeno é o mesmo fármaco que o paracetamol, desenvolvido em 1852, possui efeito antitérmico e analgésico, em 1951 foi aprovada a sua venda sendo assim passou ser utilizado por todo o mundo. (VANE, J.R.; BOTTING, R.M.1995)

Alguns anos após o consumismo deste foi constatada a intoxicação aguda acarretando necrose hepática e até casos de morte, por conta desses casos, em 2009 foi estabelecida a redução da dose diária

(FOOD AND DRUG

ADMINISTRATION, 2011). O

paracetamol é um medicamento metabolizado principalmente no fígado, seu mecanismo de ação anti-inflamatória ainda não foi totalmente concluído, podendo atuar no sistema nervoso central, inibindo a síntese de prostaglandinas, pode também bloquear a geração de impulso doloroso ao nível periférico. O paracetamol tem ação antipirética por atuar ao nível central sobre o centro hipotalâmico regulador de temperatura e produz uma vasodilatação periférica.

(BULAS MED)

4.2. LEVAMISOL

Medicamento mais conhecido como ascaridil, indicado para tratamento específico de ascaridíase. O levamisol é um anti-helmíntico que paralisa a musculatura do verme em segundos, os vermes ficam incapazes de se mover e são expelidos pelos movimentos peristálticos normais. É absorvido no trato gastro intestinal, é metabolizado no fígado e excretado pelos rins. O uso exagerado deste fármaco pode levar há uma toxicidade aguda e carcinogenicidade (aparecimento de carcinoma). Não se deve ser administrado concomitantemente com

álcool (BULA ANVISA).

4.3. TETRALISOL

Medicamento utilizado contra infecções que são causadas por microrganismos que são sensíveis a tetraciclina, mais comum na dermatologia, indicado para tratamento de acne, ou rosácea. Utilizar esse medicamento com orientação médica, o abuso no uso pode agravar uma insuficiência renal hepática ou crônica, pode resultar também em uma hepatotoxicidade. Medicamento não pode ser usado com retinoides por que podem levar a hipertensão intracraniana. (BULA ANVISA)

4.4. CAFEÍNA

Temos hoje a cafeína como uma das drogas mais utilizada na vida adulta, sendo encontrada em medicamentos, comidas, bebidas, suplementos alimentares, produtos utilizados para a perda de peso (SMITH, 2002; VAN DE NEYNDE et al., 2008). Após a cafeína ser ingerida é absorvida no trato gastrointestinal rapidamente (DURLAC et al., 2002).

Colocando em ênfase a questão neurológica a cafeína é um estimulante, ela bloqueia os receptores de adenosina nos neurônios e na medula espinhal, tendo como consequência o aumento da atividade do sistema nervoso central, produz efeitos psicoestimulantes, atuando de forma positiva no humor e no desempenho psicomotor. (SNYDER;

SKLAR, 1984)

4.5. TEOFILINA

A teofilina é um fármaco utilizado

como tratamento e prevenção de

broncoespasmo, que é causado devido a

asma, doença de vias aéreas superiores. Ele

age no sistema respiratório, melhorando a

respiração do paciente que se sente

sufocado e sem ar devido a doença, é um

medicamento completamente absorvido

por via oral logo após a ingestão. Pacientes

com problema cardíaco e úlcera devem ter cautela ao utilizar o medicamento. (BULA ANVISA).

4.6. LIDOCAÍNA

A lidocaína é um anestésico utilizado para alívio de dor temporário, a matéria prima é encontrada na forma de pó, mas normalmente é comercializada como pomada para uso tópico, é utilizado para ferimentos pequenos na epiderme, como feridas, queimaduras de primeiro grau, algumas irritações doloridas como picada de insetos. É absorvido imediatamente após a aplicação, aliviando a dor no local.

(BULA EMS)

4.7. TETRACAÍNA

A substância é um anestésico, normalmente encontrado em forma de medicamento gel associado a outro fármaco para anestesiar pequenas áreas, a utilização é comum antes de algum procedimento doloroso como por exemplo inserção de agulha. Esse fármaco não pode ser utilizado por pessoas que estejam com doença no fígado, rins ou coração, áreas machucadas e boca. (BULA ANVISA)

4.8. IBUPROFENO

É um medicamento analgésico e anti-inflamatório, e é indicado para diversos tipos de patologia desde febre até artrite, reumatismo. É um medicamento não esteroide (não são derivados de hormônio) que inibem a produção de prostaglandinas (substâncias que estimulam a inflamação no organismo), age na inflamação, na dor e também contra febre. Podemos observar que o Ibuprofeno possui interação medicamentosa com outros de uso comum por todos, como por exemplo, ácido acetilsalicílico, anticoagulantes (pode provocar sangramento), diuréticos (pode diminuir o efeito esperado deste), risco de lesões gastrointestinais, risco de lesão nos rins. O

medicamento tem boa absorção oral, sendo então absorvido no trato gastrointestinal, o mais indicado é que faça o uso após uma refeição leve para proteger o estômago mesmo sendo comprovado que sua eficácia é maior quando se ingere com estômago vazio. (BULA ANVISA)

4.9. PIRIDINA

Consiste em um composto heterocíclico, líquido, com cheiro enjoativo, que está presente no alcatrão mineral e no alcatrão da hulha. É solúvel em água, atua como base forte, sendo utilizada como solvente, na fabricação de plásticos, na preparação do álcool desnaturado e na síntese de produtos farmacêuticos e pesticidas. (PORTO EDITORA, 2003-2018)

4.10. NICOTINA

É um alcalóide vegetal que é originada da planta do tabaco. É sintetizada nas raízes, subindo pelo caule até as folhas. As maiores concentrações são encontradas no talo, porém varia de acordo com os tipos da planta. O uso da nicotina pode causar hipertensão, aterosclerose, espassamentos da parede das artérias e obliteração, que pode provocar gangrena (doença de Reynaud), impotência, doenças coronárias, angina do peito, infarto do miocárdio e acidentes vasculares cerebrais. (ROSEMBERG, JOSÉ, 2003)

4.11. GABAPENTINA

É um medicamento utilizado para o

tratamento de epilepsia, tratamento de

crises convulsivas, alívio da dor

prolongada causada pelas lesões nos

nervos. Tem como efeitos colaterais a

febre, fraqueza, sonolência, tonturas, visão

turva, comportamentos agressivos, pressão

elevada, vômito, diarreia, alteração do

apetite. Gabapentina pode causar

anafilaxia, dependência e pode afetar as

habilidades de executar certas atividades, como dirigir ou operar máquinas. (BULA ANVISA)

4.12.METRONIDAZOL

É indicado para o tratamento de in- fecções causadas por vermes, como giardí- ase, amebíase e tricomoníase, no tratamen- to de vaginites e uretrites e no tratamento de outras infecções causadas por bactérias anaerobias. Metronidazol é um composto com propriedades anti-infecciosas e ativi- dade antimicrobiana, contra microorga- nismos anaeróbios, ou seja, microorganis- mos que crescem na presença de baixas concentrações ou completa ausência de oxigênio. Além disso, Metronidazol possui também uma atividade antiparasitária, eli- minando vermes e parasitas do corpo. O Metronidazol pode causar distúrbios gas- trintestinais, como dor de estômago, náu- sea, vômito; distúrbios no sistema imuno- lógico, como angioedema, choque anafilá- tico; distúrbios do sistema nervoso, como convulsões, tonturas, dificuldade de andar;

distúrbios psiquiátricos, como confusão e alucinação; distúrbios visuais, como visão borrada, visão dupla; distúrbios hepatobili- ares, como hepatite colestática ou mista;

distúrbios na pele e tecido subcutâneo, como rubor, prurido, urticária; distúrbios gerais, como febre. (BULA ANVISA)

4.13. ORFENADRINA

É um antagonista dos receptores colinérgicos muscarínicos, tanto centrais como periféricos. Exerce outra atividade farmacológica sobre os receptores histaminérgicos, uma vez que possui uma débil ação anti-histamínica. Desenvolve uma notável atividade relaxante muscular;

diminui o tônus aumentado do músculo esquelético e a função motora, sem perturbar a consciência nem a força muscular. No Mal de Parkinson, a Orfenadrina pode ser incluída entre os recursos terapêuticos, já que por seu efeito anticolinérgico reduz a rigidez e o tremor

dos pacientes com Parkinson idiopático, pós-encefalítico ou medicamentoso. A Orfenadrina aumenta as concentrações de serotonina e norepinefrina e inibe a captação de dopamina. Pode causar secura na boca, distúrbios da micção, astenia, fadiga, sonolência, hipotensão ortostática, taquicardia sinusal, visão turva, alterações no sistema nervoso central, como alucinações e estados confusionais. (VADE MECUM. 2006/2007).

4.14. MANITOL

Manitol é indicado para a promoção da diurese na fase oligúrica da insuficiên- cia renal aguda, pode reverter ou preveni a disfunção renal, utilizado no pré e pós- operatório de neurocirurgias, no tratamento de edema cerebral, na redução da pressão intra- ocular, tratamento de episódios agu- dos de glaucoma de ângulo fechado e se- cundária, se isolado ou associado com ou- tros diuréticos promove a excreção renal de toxinas, e o uso precoce de matinol po- de prevenir lesões renais causadas pela ingestão ou inalação de tetracloreto de car- bono. O matinol induz a diurese através da elevação da osmolaridade do filtrado glo- merular, impedindo a reabsorção tubular da água; aumenta a excreção de sódio e cloretos. (FUNDAÇÃO EZEQUIEL DIAS (FUNED), 2006)

4.15. BENZOCAÍNA

A benzocaína é um anestésico tópi-

co e de rápida absorção, útil no alívio das

dores da boca e da garganta provenientes

de faringites e amigdalites e outras afec-

ções. Este componente está habitualmente

presente em muitos medicamentos que

agem no alivio das dores da boca e da gar-

ganta, indicados para o tratamento de irri-

tações e dores orofaríngeas de origem in-

feccioso assim como em casos de amidali-

te, faringite, laringite, gengivite, estomatite

e afta. (BULA ANVISA)

4.16. PROCAÍNA

A procaína é um anestésico local utilizado há décadas por dentistas. Atual- mente, tem sido utilizada para tratar a de- pressão, aumentar a libido, agir em proces- sos inflamatórios, no emagrecimento, entre outras utilidades. A procaína impede a geração e a condução do impulso nervoso através de sua interação direta com os ca- nais de sódio, bloqueando assim o fluxo de sódio para dentro da célula e impedindo o potencial de ação. (PROCAÍNA – UNESP, 2010)

4.17. NORCOCAÍNA

A norcocaína é um metabolito menor da cocaína, é o único produto de biotrans- formação farmacologicamente ativo na cocaína. Norcocaína, é um anestésico local mais potente do que a própria cocaína, e também mais efetivo na inibição da recap- tação de noradrenalina no cérebro. É pro- duzido pela N-desmetilação da cocaína pelo sistema citocromo P-450. (MARCOS PASSAGLI, 2013)

5. CONCLUSÃO

Podemos concluir que a maioria das drogas apreendidas e analisadas possuem substâncias, diluentes e adulterantes. Esses diluentes e adulterantes são utilizados pelo fabricante das drogas ilícitas com o intuito de aumentar o volume e obter maior rendimento do produto.

A perícia de drogas da Polícia Civil é feita por um farmacêutico. É evidente que a função de quem atua com a perícia criminal farmacêutica tem um valor imprescindível no alcance de esclarecer condutas em contextos criminosos.

6. REFERÊNCIAS

ADDICTION RESEARCH

FOUNDATION GROUP. Youth & drugs:

an educational package for

professionals. Workbook Unit 1:

Adolescent development. Toronto:

Addiction Research Foundation of Ontario; 1991.

AZEVEDO, L.B.A. Alterações comportamentais, bioquímicas e moleculares em modelo animal de inalação crônica de “crack”: papel dos sistemas dopaminérgicos e endocanabinoíde no cortéx pré-frontal.

Vitória, 2014. Disponível

em:<http://dspace2.ufes.br/bitstream/10/51 36/1/tese_6936_LORENA%20BIANCHIE NE%20AREAL%20DE%20AZEVEDO.p df>.

CARLINI-COTRIM B, CARLINI,

EA.Carlini-Cotrim B, Carlini, EA. O consumo de solventes e outras drogas em crianças e adolescentes de baixa renda na Grande São Paulo. Parte I:

estudantes de primeiro e segundo graus da rede estadual. Rev ABP-APAL 1987;8(2):49-58.

CARLINI, E.A. et al. Drogas psicotrópicas: o que são e como agem.

Revista IMESC, p.9-35, 2001. Disponível em:

http://www.gruponitro.com.br/atendimento profissionais/%23/pdfs/artigos/multidiscipl inares/efeito_das_drogas_psicotropicas_no _snc.pdf>.

COLLINS, C. H.; BRAGA, G.L.;

BONATO, P. S.; Fundamentos de Cromatografia, Ed. Unicamp: Campinas, 2006, p.18-21.

DURLAC, P. J.et al. A rapid effect of

caffeinated beverages on two choice

reaction time tasks. Nutritional

neuroscience, Londres, v. 5, n. 6, p. 433-

442, dec. 2002.

FERRI C. Cocaína: padrão de consumo e fatores associados à procura de tratamento. São Paulo: Departamento de Psiquiatria da Uni-versidade Federal de São Paulo, 1999.

FAINZYLBER, P., LEDRMAN, D., &

LOAYZA,N. Determinants of Crime Rates in Latin America and the World:

Viewpoints. The World Bank, Washington, 1998.

FOOD AND DRUG ADMINISTRATION.

Department of Health and Human Services. CFR Parts 201 and 343 [Docket No. 1977N–0094L] RIN 0910-AF36 Internal Analgesic, Antipyretic, andAnti- rheumatic Drug Products for Over-the- Counter Human Use; Proposed Amendment of the Tentative Final Monograph, 2016. Disponível em:

http://www.accessdata.fda.gov/scripts/oc/o hrms/frbydocket.cfm.

INSTITUTE OF MEDICINE. Treating drug problems: a study of the evolution, effectiveness, and financing of public and private drug treatment systems.

eport prepared by the Institute of Medicine, Committee for the Substance Abuse Coverage Study, Division of Health Care Services. Washington (DC):

National Academy Press; 1990.

Lei 11.343/ 2006 Em: Vade Mecum. s SObra Coletiva de autoria da Editora Saraiva com a colaboração de Antonio Luiz Toledo, Márcia Cristina Vaz doantos Windt e Lívia Céspedes. 7. ed. atual. ampl.

Saraiva: São Paulo, 2009. p. 1731

MARQUES, A.C.P.R; CRUZ, M.S. O adolescente e o uso de drogas. Rev. Bras.

Psiquiatr., v.22, suppl.2, p.32-36, 2000.

Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/

rbp/v22s2/3794.pdf>.

REGO, X.F.J. Dependência química: os efeitos da cocaína no sistema nervoso central. IPEMED, São Paulo, novembro

de 2010. Disponível em:

<http://psiquiatriabh.com. br/wp/wp- content/uploads/2015/01/Os-efeitos-da- cocaina-no-sistema-nervoso-central.pdf>.

SANCHEZ, Z.V.D.M; SANTOS, M.G.R:

Classificação e efeitos farmacológico das drogas: O que são drogas de abuso.

Cap.1 Disponível em:

<http://www2.unifesp.br/

dpsicobio/Nova_versao_pagina_psicobio/

CAPITULO1CLASEFEITOSFARMACO LOGI CO.pdf>. Acesso em: 12 nov. 2016.

SANTOS, M. J.; KASSOUF, A.L.

Economia, 8 (2007) 187.

SMITH, A. Effects of caffeine on human behavior. Food and Chemical Toxicology, Nova Iorque, v. 40, n. 9, p.

1243-1255, sept. 2002.

STRAUB, R.O. Psicologia da saúde: uma abordagem biopsicossocial. 3.ed. Porto Alegre: Artmed, 2014. p.218.

SNYDER, S. H.; SKLAR, P. Behavioral and molecular actions of caffeine: focus on adenosine.Journal of Psychiatry Research, Oxford, v. 18, n. 2, p. 91-106, jun. 1984.

UNODC – United Nations Office for Drug Control and Crime Prevention.

World Drug Re-port; 2009.

VANE, J.R.; BOTTING, R.M. A better

understanding of anti-inflammatory

drugs based on isoforms of cyclooxy-

genase (COX-1 and COX-2). Advances

in Prostaglandin, Thromboxane and

Leukotriene Research, v. 23, p.41-48, 1995.

VAN DE NEYNDE, F.et al.De effecten van energiedranken op de cognitieve prestaties. tijdschrift voor psychiatrie, Utrecht, v. 50, n. 5, p. 273-281, may 2008.

VARGAS, R. Determinação do DNA da cocaína. Perícia Federal, Brasília, 8, 16- 21, 2001.

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bul a/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=2 4435562016&pIdAnexo=3986071

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bul a/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=7 828422015&pIdAnexo=2833358

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bul a/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=1 0479642014&pIdAnexo=2321200

https://www.ems.com.br/arquivos/produtos /bulas/bula_lidocaina_10819_1274.pdf

http://www.anvisa.gov.br/datavisa/fila_bul a/frmVisualizarBula.asp?pNuTransacao=2 3745442016&pIdAnexo=3944465

https://www.bulas.med.br/p/bulas-de-

medicamentos/bula/6623/paracetamol.htm