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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU

EM EDUCAÇAO, ARTE E HISTORIA DA CULTURA.

CANDIDO MARCILIO RIBEIRO

LIVRO RARO: DISPOSITIVO INTERDISCIPLINAR Seu conteúdo e sua preservação

São Paulo

2018

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CANDIDO MARCILIO RIBEIRO

LIVRO RARO: DISPOSITIVO INTERDISCIPLINAR Seu conteúdo e sua preservação

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação, Arte e História da Cultura.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Rizolli

São Paulo

2018

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De três coisas precisa o homem para ser feliz:

benção divina, livros e amigo.

Henri Lacordaire Um país se faz com homens e livros.

Monteiro Lobato

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CANDIDO MARCILIO RIBEIRO

LIVRO RARO: DISPOSITIVO INTERDISCIPLINAR Seu conteúdo e sua preservação

Dissertação de Mestrado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Educação, Arte e História da Cultura da Universidade Presbiteriana Mackenzie, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Educação, Arte e História da Cultura.

Orientador: Prof. Dr. Marcos Rizolli

São Paulo

2018

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Dedico à minha esposa Simone pelo incentivo e sorriso;

aos filho Marcilio Jr. e Rafael inspiradores da vida; à nora Milena apoiadora; ao neto Augusto, resumo especial de minha vida (Salmos 128: 5a e 6a “O Senhor te abençoe...vejas os filhos de teus filhos”)

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AGRADECIMENTOS

Alguém já disse que a ingratidão perde a afeição. Dado ao exposto, quero ir a exaustão por ser grato.

Todo agradecimento comete a injustiça de omitir nomes. Qualquer obra é fruto do esforço de muitas pessoas. Mais do que cumprir um protocolo, ou mesmo a elegância face às convenções, a gratidão faz a vida valer a pena, pois somos ajudados constantemente.

Então, vamos à empreitada dos agradecimentos:

Ao Deus Trino que articulou a minha vida desde o ventre de minha mãe: “Tu formaste o meu interior no ceio de minha mãe. Os teus olhos me viram a substância ainda informe.” Salmo de Davi 139.

Aos pilares da minha, vida Wilson (pai) e Deuzinha (mãe), ambos in memorian. Por eles estou assoberbado de amor filial. Deles sinto ausência e não carência.

À Simone (esposa) criatura adorável que entre tantas contribuições, seu sorriso paga meu dia.

Ao Marcilio Junior e ao Rafael, filhos que me são alegria e realização, posso até dispensar o plantio de uma árvore.

À nora/filha Milena que me deu generosidade e o neto Augusto, ambos fizeram meu coração transbordar de alegria.

Às Famílias Ribeiro e Menezes, continuação das pilastras acima citadas.

À Família Klassen: “Amigos mais chegados que irmãos”.

Ao Reverendo Jader Borges Filho.

Ao Prof. Dr. Marcos Rizolli, que com sua elegância foi capaz de orientar com maestria minha dissertação de modo eficaz e generoso.

Ao Dr. Manassés Claudino Fonteles, que juntamente com os seus, agiu de mododo

generoso em um momento especial de minha vida.

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À Biblioteca “George Alexander” que em conjunto, direta e indiretamente, deu-me o apoio necessário, na pessoa da Supervisora Sra. Rosely Bianconsini Mulin, que aqui trago meu muito obrigado como respresentante de toda essa turma do bem.

Aos professores do Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura, meus mestres com carinho. “Tios” e “tias” que se esmeraram para me fazer um mestre que também quer ter carinho pelos que a mim vierem.

Ao Instituto Presbiteriano Mackenzie que não só dispôs a liberação da Bolsa de Estudo, aliou a isso um quantum de generosidade dessa estimada instituição.

À Universidade Presbiteriana Mackenzie que emana o ensino, a pesquisa e a

extensão, dando o aporte necessário e indispensável à realização do meu mestrado.

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RESUMO

John Milton escreveu:

Pois os livros não são, absolutamente meros objetos inanimados, mas contêm, sim, em si mesmos, uma vida em potencial, que é tão ativa quanto aquela que anima a criatura de quem eles são a progênie; e não apenas isso, mas eles ainda preservam, como se em um frasco, a mais pura eficiência extraída daquele intelecto vivo que os engendrou. (BARTILETT, 2013, p. 23)

A vida de um livro é sua expressão de comunicação ao público em geral. O livro, conforme o texto de John Milton, deixa de ser um objeto inanimado pois seu conteúdo mexe com a vida de todo aquele que se debruça sobre o mesmo. Nossa empreitada vislumbra um conteúdo de um LIVRO/JORNAL datado do ano de 1927 cujo conteúdo relata o Bicentenário da atividade cafeeira no Brasil. Tal obra é enriquecida com aportes argumentativos: econômicos, culturais, sociais; e gráficos:

ilustrações, desenhos, pinturas, gravuras, fotografias, propagandas e vinhetas bem talhadas trazendo visualidades adequadas. Porém, dado ao tempo e o material peculiar da referida obra; há de se notar um desgaste razoável, pois mesmo em meio a preservação do Centro Histórico e Cultural da Universidade Presbiteriana Mackenzie o que se pode prever é um desgaste tanto aceitável. Presumimos, que de alguma forma podemos sugerir interveção quanto ao restauro e preservação dessa brilhante e rara obra.

Palavras-chave: atividade cafeeira, sociedade, cultura, artes gráficas,

interdisciplinaridade.

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ABSTRACT

John Milton wrote:

For books are not merely inanimate objects, but contain in themselves a potential life, which is as active as that which animates the creature of whom they are the progeny; and not only that, but they still preserve, as if in a flask, the purest efficiency extracted from that living intellect that begot them.

(BARTILETT, 2013, p. 23)

The life of a book is its expression of communication to the general public.

The book, according to the text of John Milton, ceases to be an inanimate object because its content touches the life of everyone who bends over it.

Our work envisages a content from a BOOK / JOURNAL dated from 1927, the contents of which relate to the Bicentennial of coffee activity in Brazil.

This work is enriched with economic, cultural, social and engravings ora paintings, sometimes well-tailored photographs with appropriate illustration. However, given the time and the peculiar material of said work; it should be noted a reasonable wear, for even amid the preservation of the Historic Center of the Mackenzie Presbyterian University what can be expected is an expected wear and tear is acceptable. We presume, that somehow we ask to suggest intervention as to the restoration and preservation of this brilliant and rare work.

Keywords: Coffee culture, economy, culture, illustration.

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Sumário

Considerações Iniciais...14

Capitulo 1 1. CONTEÚDOS PREPONDERANTES DO LIVRO/JORNAL (1727 A 1927)...18

1.1 Relatos Históricos...20

1.1.1 Economia...23

1.1.2 Política...27

1.1.3 Sociedade...28

1.1.4 As Artes – Artes Visuais, Música, Teatro, Ópera, Saraus...33

Capítulo 2 2. ASPECTOS GRÁFICOS DO LIVRO/JORNAL...46

2.1 A Edição em Fascículos...46

2.2 Conteúdos em Mosaico...48

2.3 Textos e Tipografias...48

2.4 Um Livro e suas Imagens...51

2.4.1 Ilustrações...51

2.4.2 Reproduções de obras de Arte...53

2.4.3 Fotografias...54

2.4.4 Propagandas...55

2.4.5 Vinhetas...57

(13)

2.4.6 Estilos gráficos preponderantes...58

2.4.6.1 Art Nouveau...59

2.4.6.2 Art Déco...63

Considerações Finais...69

Referências...74

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LISTA DE ILUSTRAÇÃO

Figura 1- Capa do livro em couro...p.18 Figura 2 - Folha de rosto do livro...p.19 Figura 3 - Embarque do café no Porto de Santos, em fotografia de 1880 feita por Marc Ferrez (1843- 1923)...p.26 Figura 4 - Figura demonstrando a dinâmica do café nas cidades paulistanas...p.28 Figura 5 - Folheto da semana de arte moderna de 1922 onde se faz menção de Guiomar Novaes e Villa-Lobos...p.37 Figura 6 - Folheto à época da semana de 1922 relatando a independência do Brasil...p.38 Figura 7 - Folheto à época da semana de 1922 usando ponto de partida o modernismo...p. 39 Figura 8 - Teatro João Caetano em nosso LIVRO/JORNAL...p. 41 Figura 9 - A premiada tela "Café" (1935), que projetou Portinari para o mundo...p.43 Figura 10 - O DERRUBADOR BRASILEIRO – poesia referente à sua obra de 1879...p. 44 Figura 11 - Palácio das Indústrias em sua primeira aparição fotográfica...p.47 Figura 12 - Fotografias demonstrando a evolução do Palácio das Indústria...p.47 Figura 13 - Tipos de letras usadas em jornais à época...p.48 Figura 14 - Figura da capa de nosso LIVRO/JORNAL em couro...p.49 Figura 15 - Propaganda de nosso LIVRO/JORNAL...p.50 Figura 16 - Ilustração natural à pena – Cidade de São Paulo – vista do alto do Hotel Esplanada..p.52 Figura 17 - Borda do artigo – Uma irmandade de Grandes cafesistas e civilizadores...p.53 Figura 18 - Pintura característica à época em nosso LIVRO/JORNAL...p.54 Figura 19 - Fotografias dos cafezais do LIVRO/JORNAL...p.55 Figura 20 - Propaganda emblemática do LIVRO/JORNAL...p.56 Figura 21 - Imagens clássica de moldura da época...p.57 Figura 22 - Capa para o primeiro número da Revue du Brésil (1896)...p.61 Figura 23 - Entrada da Estação Porte Dauphine do Metropolitano de Paris, 1900-1912...p.62 Figura 24 - Salão Dourado do Teatro Municipal de São Paulo...p.63 Figura 25 - Vaso decorado em pasta de vidro do Austíaco Josef Haffmann, 1914...p.64 Figura 26 - Art déco do Chrysler Building, em Nova York, construído em 1928/1930 pelo arquitecto William Van Alen...p.65

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Figura 27 – Banco de São Paulo (Arte Déco)...p.66 Figura 28 - Edifício Guinle peimeiro Arranha Céu (Art Nouveau) de 1924...p.67 Figura 29 - Dado ao exposto quanto Art Nouveou e Art Déco, veremos em nosso LIVRO/JORNAL expressões pictóricas conforme essa tendência nesse edifício...p.67 Figura 30 – Figura mitológica segurando galhos...p.68 Figura 31 – Prédio 1 do Mackenzie final do século XIX...p.73 Figura 32 – Construção do prédio 1...p.73

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Considerações Iniciais

O objetivo dessa dissertação é possibilitar aos interessados em livros, a ampliação dos horizontes do intangível ao tangível, baseado em um exemplar raro pertencente ao Centro Histórico e Cultural da Universidade Presbiteriana Mackenzie, que tão gentilmente nos abriu as portas para que pudéssemos nos debruçar sobre uma rara obra literária, diria até raríssima, pois ela é de uma singularidade e particularidade que nos saltou aos olhos como fonte inspiradora para nossa pequisa. Como dito: um livro que se torna relevante para as pessoas de seu tempo, já faz jus a uma façanha. Imagine se ele se torna relevante, mesmo depois de muitas décadas (lançado em 1927)? Além da façanha referida, tal livro ascende ao patamar da raridade, como será descrito nas próximas páginas. O livro de nossa pesquisa se encaixa nesse perfil.

A priori, essa dissetação busca trazer a lume os conteúdos plausíveis presentes nessa obra rara. A obra relata o período cafeeiro entre os anos de 1727 a 1927, apresentando um o conteúdo que faz um passeio bicentenário pela economia, relatando matizes sócio-histórico-culturais, e atrelado a esses conteúdos, verifica-se a multi faceta de porções imagéticas, bem talhada, e que traduz o que se tinha nesse período das artes e gravuras.

As mudanças sociais ocorridas na história da humanidade são consequência

ao que se deixou escrito desde a forma

rupestre até aos livros que temos acesso

hoje. Portanto, para acompanhar essa dinâmica sóciocultural de cada ser e em cada

sociedade, os escritos, de toda forma e meio variados, foram o perpetuador da

informação e formação de vida humana. Se pudermos atualizar a informação, vemos

que há bem pouco tempo, dado a longa história do aparecimento do homem, o livro

que hoje nós temos impresso no papel fora inventado ou aprontado na imprensa de

tipos móveis por Johann Gutemberg (1454). Tal invenção barateou o livro e por

conseguinte chegou ao alcance de muitas pessoas, tanto eruditas como leigas. No

dizer de Jacque Verger (1999, p. 129) “...em Paris por volta de 1400, o preço médio

de um livro correspondia aproximadamente a sete dias de “salário e pensão” de um

secretário do rei...”.

(17)

O livro modificou a educação e o povo teve acesso ao conhecimento, pois tal conhecimento era destinado a poucos.

Há quem diga que o livro impresso na oficina de Gutemberg, foi um dos fatores primordiais para acabar com a IDADE MÉDIA, trazendo luz à esse nebuloso período.

Mesmo sem termos chegado a um milênio da invenção da imprensa, podemos falar da raridade de livros impressos nesse interregno. Portanto, falaremos nessa dissertação da raridade de uma obra que nos é importante, e de sua preservação.

O que é obra rara?

O conceito de livro raro é muito mais abrangente. O livro pode ser raro em virtude das características estabelecidas por fontes bibliográficas; único em relação aos exemplares do mundo ou estar dentro de um limite histórico, ou ainda apresentar aspectos bibliográficos diferenciados (papel, gravuras, encadernação, etc), dentre outros critérios. A antiguidade é um dos fatores relevantes, mas também são analisados o conteúdo, a importância do autor e a dificuldade em encontrá-lo. O que caracteriza um exemplar raro são detalhes técnicos bibliográficos que dão à obra sua preciosidade, tanto na forma, quanto no conteúdo

Segundo Sant´Ana (1996), o conceito de obra rara está mais ligado ao livro, mas pode incluir também os periódicos, mapas, folhas volantes, cartões-postais e outros materiais impressos.

Fotografias, manuscritos, gravuras e desenhos são obras únicas e originais,

e, portanto, não recebem esta denominação de obra rara; devem receber, no

entanto, o mesmo cuidado dispensado às obras raras em relação à preservação e

conservação.

(18)

Alguns dos critérios a serem adotados: Seleção do Acervo Raro baseia-se nesses quatro elementos: RARO, ÚNICO, PRECIOSO, CURIOSO.

RARO

Conceitos consagrados e agregados, de acordo com as características da instituição e do acervo.

ÚNICO

A unicidade é um conceito relativo que em algum momento poderá ser alterado, devido ao caos documentário de diversas instituições, ou falta de recursos humanos e materiais para identificação, tratamento técnico e disponibilização de dados sobre o acervo. Se faz necessário consultas constantes a outros acervos ou catálogos de livreiros.

PRECIOSO

É de suma importância para uma determinada instituição, mas não necessariamente tem o mesmo valor para outra. Entretanto, podemos acrescentar a estes itens outra característica:

CURIOSO

Referindo-se àquelas obras em que o assunto foi tratado de maneira “sui generis” ou de apresentação tipográfica incomum. Algumas ações como o inventário, a análise e descrição bibliológica, contribuem para um olhar mais atento e minucioso deste tipo de acervo, que poderá ser acessado no site abaixo mencionado:

<https://www.bn.gov.br/sites/default/files/documentos/producao/apresentacao/criterios-raridade- bibliografica-conhecer-preservar/criterios_de_raridade_bibliografica-planor_17_curso_2014>.

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HIPÓTESE

Como podemos extrair do apanhado de um jornal, que relata dois séculos da cultura cafaeira no Brasil, um conteúdo multi e interdisciplinar para ser contemplado na academia? E de que modo a preservação de tal obra pode e deve ser levada a sério pela Instituição que a resguarda?

OBJETIVOS

OBJETIVO GERAL

Temos como finalidade extrair dessa obra rara, conteúdos dos mais variados, como fator histórico, cultural e econômico. Nos seus doze artigos (publicações) a obra pesquisada, desafia-nos a espiar a dinâmica das páginas tão bem talhadas a que se reportam.

OBJETIVO ESPECÍFICO

Perceber o relato acurado de tal obra rara. A referida obra foi-se tomando corpo nos relatos, informações e reportagens dos mais variados conteúdos, o que nos faz levar a bom termo a preservação ou mesmo o restauro.

JUSTIFICATIVA

A escolha desse livro deve-se ao fato de sua singularidade em conteúdos e a

unicidadade do mesmo, pois se trata de um LIVRO/JORNAL do ano de 1927,

relatando o Bicentenário da cafeicultura brasileira. Ao perceber-se sua raridade e

importância, constatou-se a fragilidade e o desgaste por fatores variados. Hoje o

mundo livreiro repôe imediatamente obras que se desgastam, pois o mercado assim

o quer. Tais descartes não geram grandes preocupações. Quanto à nossa obra, nos

preocupa, pois a mesma não pode ser reposta, o que nos resta é preservá-la,

restaurá-la para a posteridade.

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CAPÍTULO 1

Fig. 1 - Capa do LIVRO/JORNAL em couro.

(21)

Fig. 2 - Folha de rosto.

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Estrutura bibliográfica

Tombo: 29.073

Registro: 02564

Descrição:

- Data e lugar da publicação: 1927 – São Paulo - Há ilustrações por toda a obra

- Idioma: Português

Número de chamada local: 633.76 J76 e

Título principal: O Jornal – Edição comemorativa do Bicentenário do cafeeiro no Brasil

Área da publicação, distribuição: São Paulo – Palácio das Indústrias - 1927

Descrição física: 192 p. – contém ilustração – 58 cm

Doação: Engenheiro Renato de Moraes Dantas (Em 21 de maio de 1952)

Impressão: casa Duprat e Casa Meyensa reunidas

Observação: Edição impressa com tinta, especialmente para esse jornal, por

Lorilleux e & Cia - Gravuras executadas por Edgar Silva

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CONTEÚDOS PREPONDERANTES DO LIVRO/JORNAL (1727 A 1927).

1.1 Relatos Históricos

Essa obra relata período cafeeiro entre os anos de 1727 a 1927, apresentando um o conteúdo que faz um passeio bicentenário pela economia, relatando matizes sócio-históricoculturais. Entretanto, nessa obra elencamos relatos quantos aos aspectos sócio, histórico e cultural.

O café fora introduzido no Brasil no início no século XVIII, quando as mudas da planta foram cultivadas pela primeira vez, conforme a literatura histórica relata, por Francisco de Melo Palheta, em 1727, no Pará. A partir daí, o café foi se difundido timidamente no litoral brasileiro, e aos poucos foi tomando espaço no Brasil, passando pelo Nordeste, até chegar à região do Rio de Janeiro, por volta de 1760.

Portanto, sua produção em escala comercial para exportação ganhou força apenas no início do século XIX.

O café, se bem que fora introduzido no Brasil desde começos do século XVIII e se cultivasse por todas as partes para fins de consumo local, assume importância comercial no fim desse século, quando ocorre a alta de preços causada pela desorganização do grande produtor que era a colônia francesa do Haiti. No primeiro decênio da independência o café já contribuía com 18 por cento do valor das exportações no Brasil, colocando-se em terceiro lugar depois do açúcar e do algodão. E nos dois decênios seguintes já passa para primeiro lugar, representando mais de quarenta por cento do valor das exportações. Conforme já observamos, todo o aumento que se constata no valor das exportações brasileiras, no correr da primeira metade do século passado, devesse estritamente à contribuição do café. (FURTADO, 2001, p. 113).

Tal dimensão de produção cafeeira só foi possível com o aumento da procura do produto pelos mercados consumidores da Europa e dos EUA.

O consumo de café no continente europeu e no norte da América ocorreu após a planta percorrer, desde a Antiguidade, um trajeto que a levou das planícies etíopes africanas até as mesas e xícaras dos países industrializados do século XIX.

Porém, para isso foi necessária uma expansão de seu consumo pelo Império

Árabe e pelo mundo islâmico, sendo posteriormente apresentada aos europeus, que

tornaram seu consumo mais expressivo por volta do século XVII.

(24)

A produção do café no Brasil expandiu-se a partir da Baixada Fluminense e do vale do rio Paraíba, que atravessava as províncias do Rio de Janeiro e de São Paulo.

A cafeicultura no Brasil beneficiou-se da estrutura escravista do país, sendo incorporada ao sistema

plantation, caracterizado basicamente pela monocultura

voltada para a exportação, a mão de obra escrava e o cultivo em grandes latifúndios.

Nessa região do Brasil, a produção cafeeira beneficiou-se do clima e do solo apropriado ao seu desenvolvimento. Outro fator que veio a contribuir para a desenvoltura cafeeira, foi o aproveitamento do espaço onde se fazia o plantio do café, que coincidentemente, era a rota de transportes de mercadorias entre o Rio de Janeiro e as zonas de mineração que, por conseguinte contribuiu também para a adoção da lavoura cafeeira, já que parte das terras estava desmatada, facilitando inicialmente a introdução das roças de café e beneficiando o escoamento da produção através das estradas existentes.

(SLEMIAN) O capital inicial para a produção do café veio dos próprios fazendeiros e comerciantes, principalmente os que conseguiram acumular capital com o impulso econômico verificado após a vinda da Família Real ao Brasil, a partir de 1808:

“Resistindo ao avanço das tropas napoleônicas e sob proteção inglesa, D.

João, regente de Portugal, foi forçado a transferir-se com a família real e sua corte para sua colônia americana, onde chegou em janeiro de 1808.

Esse acontecimento marca o início da emancipação política do Brasil”

(MALERBA, , 1999. p.7)

Isso significou um salto iminente de um Brasil provinciano ao futuro país independente. A monarquia ainda estava consolidada nesse período cafeeiro, cuja produção progredia a largos passos.

Outro fator histórico importante foi a independência do Brasil nesse primeiro centenário (o sete de setembro de 1822), logo após cinco ano (1827) fechava-se o tempo do centenário cafeeiro em terras brasileiras, consolidando assim um marco de uma cultura agrícola tão vigorosa.

As inquietações quanto à forma de governo monárquico já batiam à porta de

nossa nação à época; e mais uma vez a cafeicultura, de algum modo, estava à

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frente nessa demanda política governamental. Um novo regime já despontava no horizonte: A proclamação da república em 1889. O café estava intrinsicamente ligado a esse momento histórico.

1.1.1 Economia

Breve relato sobre ECONOMIA.

A ciência que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar os seus recursos escassos é a ciência econômica.

Economia é “[...] a ciência social que estuda como o indivíduo e a sociedade decidem utilizar recursos produtivos escassos, na produção de bens e serviços, de modo a distribuí-los entre as várias pessoas e grupos da sociedade, com a finalidade de satisfazer às necessidades humanas”.

A Economia é uma Ciência Social, “[...] porque estuda como as pessoas e as organizações na sociedade se empenham na produção, troca e consumo de bens”

(PASSOS; NOGAMI, 1999, p. 7).

Nesse relato sobre economia eu seu aspecto abrangente podemos inferir na trajetória da cultura do café no Brasil, com sua relevância econômica para o desenvolvimento do nosso país; e como consequência impulsionou a indústria de nossa nação. O café como uma base econômica do Segundo Reinado, retrata:

A superação da crise regencial, a reorientação centralista e conservadora e a consequente estabilidade do Império a partir de 1850 [...]. Como vimos, a estrutura econômica e social do Brasil não havia sido alterada com a emancipação política e continuava, em essência, tão colonial e escravista quanto fora durante o período colonial. Estruturada para a monocultura, a economia colonial e escravista no Brasil prosperou quando produziu uma mercadoria de grande aceitação no mercado europeu e, também, quando não era ameaçada pela concorrência. Assim aconteceu com o açúcar no passado e agora com o café, em meados do século XIX.

Desenvolvendo-se principalmente no sudeste (Rio, Minas e São Paulo), a cafeicultura forneceu uma sólida base econômica para o domínio dos grandes proprietários daquela região e favoreceu, enfim, a definitiva consolidação do Estado nacional (CULTURA BRASIL).

O café foi considerado no período do Império brasileiro, uma importante fonte

de renda para a economia, em decorrência de sua participação na receita cambial,

na transferência de renda aos outros setores da economia, na contribuição para a

(26)

formação de capital no setor agrícola do país, além de possuir significativa capacidade de absorção de mão-de-obra.

Verifica-se que ao ser introduzido em terras brasileiras no ano de 1727, o café, efetivamente, passou a ter importância econômica só após dos anos de 1731.

De modo tímido advêm as primeiras exportações em 1731 e 1732, que se tornaram significativas a partir do ano de 1802. Já, em 1831, a receita oriunda das vendas relativas ao café no mercado representou efetivo auxílio no pagamento da dívida externa brasileira.

Em 1849 e 1850, a produção brasileira de café atingiu quarenta por cento da produção mundial e, chegou a contribuir isoladamente com setenta por cento do valor das exportações, no período de 1925 a 1929 e, mesmo que tenha, ao longo do tempo, atenuado essa participação, dada a contínua diversificação da pauta de exportações, o produto constitui-se, hodiernamente, expressivo gerador de divisas

(EMBRAPA, p.7)

O que temos de relato em nosso LIVRO/JORNAL de pesquisa é a riqueza de informes quanto à trajetória histórica do café, que segundo Lyra Castro (Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio do Governo Washington Luís -1926-1930) café é sinônimo de riqueza (Caderno 1, página 2).

Onde temos seu início no estado do Pará, introduzido por Francisco de Mello Palheta no ano de 1727. Logo tomou proporções em quase todo território nacional, preferindo a terra roxa, o que favoreceu uma desenvoltura produtiva em tais terras.

Minas Gerais, Espírito Santo e Paraná. Porém, sua maior pujança deu-se em terras paulistas, não só pela terra, mas o clima, o que mui favoreceu a cultura do café em terras brasileiras.

Os custos de produção do café eram de certo modo elevados dados os

impostos, taxas e outras despesas. Portanto, a mão-de-obra escrava foi um fator

preponderante para fortalecer a cultura do café, pois o lucro aumentaria de maneira

substanciosa. Outro aspecto da importância do café deu-se pela implantação de

uma boa rede de estradas rodoviárias e ferroviárias. Pois, com este novo polo

produtor, o café mudou seu sistema de escoamento, fazendo com que a produção

em terras paulistas fora viabilizada a partir do porto de Santos.

(27)

De início a produção do café paulista saia da capital paulistana para a cidade do Rio de Janeiro, porém em meado do século XIX, dera-se a mudança radical na exportação do café, o tão esperado Porto de Santos. E que já se podia contar com uma firma bem estruturada: Theodoro Wille.

O porto de Santos já nascia com uma pujança inigualável, que remetia à época um maior porto de exportação de café do mundo.

Dado a esse desenvolvimento, criou-se a necessidade de Bancos tanto nacionais com estrangeiros, para viabilizar tal exportação. Um fator preponderante para o escoamento do café foi a criação da ferrovia Santos-Jundiaí (1867), a qual possibilitou um transporte mais regular, com menos riscos e maior grau de eficiência, impulsionando a expansão da cafeicultura como produto rei.

Ratificando a nova modalidade do comércio e exportação do café, centralizados agora em Santos; em detrimento de outros portos, desencadeando um intenso processo de urbanização e a expansão acelerada e contínua dessa cidade.

Em nosso LIVRO/JORNAL de pesquisa encontramos em seu Caderno 1,

página 5 o relato da era áurea da exportação do café pelo do Porto de Santos que

vai do ano de 1990 a 1926.

(28)

Fig. 3 - Embarque do café no Porto de Santos, em fotografia de 1880 feita por Marc Ferrez (1843-1923).

https://www.google.com/Embarque/café/PortodeSantos,emfotografiade1880porMarcFerrez(1 843-1923). 20 de Nov. 2017

A influência do café na dinâmica da criação de Bancos. O que se sabe que o

financiamento da cafeicultura escravista, o que se fazia antes era por meio dos

adiantamentos concedidos por comerciantes que bancavam o cultivo do café

(CORREA, p. 32). Porém, dado ao volume e a conjuntura que a novo modelo de

tratativas na produção e comercialização do café, viu-se a uma nova configuração

de forma de crédito o que levaria a instigar o Estado na criação de Bancos Agrícolas

(1906) – Bancos de Custeio Rural (CORREA, p.11). O fator social mais

emblemático nesse período foi a sinalização da abolição da escravatura do negro.

(29)

1.1.2 Política

1

A situação política no período cafeeiro já sinalizava um enfraquecimento da monarquia logo após a proclamação da independência, e na segunda metade do século XIX caracterizou-se pela crise do Vale do Paraíba - até então, a mais importante região produtora de café brasileira - e a emergência dos cafeicultores do Oeste paulista. Ao contrário dos grandes fazendeiros do Paraíba, que apoiavam as instituições monárquicas, o Oeste paulista fazia oposição à centralização do Império.

De outro lado, ampliou-se a propaganda republicana. Embora a proposta sempre tivesse tido espaço nas discussões políticas, foi em 1870 que o Partido Republicano foi formalmente criado, no Rio de Janeiro.

Nos anos seguintes, outros partidos semelhantes seriam organizados em províncias importantes do Império. Os republicanos "históricos" criticavam a centralização da Monarquia, seu caráter hereditário, o poder excessivo nas mãos de Pedro 2°, a vitaliciedade do Senado e o sistema político em geral, que excluía a maioria absoluta da população.

Outro elemento fundamental para a crise da Monarquia foi o desgaste entre os militares e o Império. O Exército brasileiro, cada vez mais "popular" em sua composição, passou a estar em franca contradição com o elitismo que sempre caracterizou o regime monárquico.

As ideias trazidas da Guerra do Paraguai só alimentaram a disposição militar em "purificar" os costumes políticos, consolidando a autoimagem do Exército, de salvador nacional.

2

A política do café com leite foi um grande acordo nacional, político e econômico que regulou a lógica de poder durante quase toda a Primeira República, também conhecida como República Velha (1889-1930).

1 https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/monarquia-e-republica-entenda-a-transicao-entre-essas- duas-formas-de-governo.htm?cmpid=copiaecola

2 Revista filosófica. Revista Estudos Filosóficos nº 3 /2009 – versão eletrônica – ISSN 2177-2967 http://www.ufsj.edu.br/revistaestudosfilosoficos DFIME – UFSJ - São João Del-Rei-MG Pág. 129 – 141

(30)

O acordo que envolvia as oligarquias estaduais e o governo federal funcionava para manter o controle e o poder nas mãos das elites, grandes proprietários de terras do Brasil.

Na política do café com leite os políticos paulistas e mineiros alternavam-se na cadeira de Presidente da República, por isso o nome do acordo. As economias paulista e mineira eram o café e o leite respectivamente, mantinha-se assim a ordem política e econômica favoráveis a esses Estados, mas principalmente aos oligarcas locais.

Fig. 4 - Figura demonstrando a dinâmica do café nas cidades paulistanas.

<https://www.google.com/search/Figura/demonstrando/dinâmicadocafénascidadespaulistana s>. Acesso em: 20 de jun. 2017

1.1.3 Sociedade

A civilização brasileira, no período da cafeicultura trazia muito orgulho ao

Brasil de então. Há o relato no Caderno 2 página 16 do senhor Miguel Calmon “A

(31)

civilização brasileira de que tanto nos orgulhamos, é, sobretudo fruto da lavoura cafeeira”. A bebida escura, cada dia caía no gosto da população de um mudo geral.

O prognóstico era de um futuro promissor, e que não só se via a produção se alargar visto à demanda interna, mas muito mais a perspectiva externa. Já se percebia o café como sendo, não só uma bebida estimulante, mas de certa forma um aditivo para saúde, e já despertava como uma dinâmica social, quando se estalavam lugares para se encontra e beber a bebida escura. Era o que circulava no mundo de então (Conforme o cientista alemão Justus von Liebig - 1803 -1873), citado em nosso LIVRO/JORNAL (Caderno 1, página 2).

Segundo Liebieg o valor do café corresponde a uma necessidade biológica imprescindível. Todos esses aparatos, sem sombra de dúvidas, serviriam de mola propulsora do cultivo da nobre rubiácea.

O café já concorria com as bebidas fermentadas, chegou a ultrapassar, em muito, os chás, tão apreciados naquela época. Despontava, assim, como uma bebida que se propunha a uma produção significativa e que logo entraria no circuito mercantil de sua época.

No início século XIX não eram só os bens materiais, as propriedades, a quantidade de escravos, etc., que compunham o legado das famílias cafeeiras, mas o empoderamento de tais famílias, através de títulos de nobreza e o impacto que isso traria ao desenvolvimento para região. O dinheiro vindo do café deu lastro suficiente para se apropriar de títulos tão requeridos.

O café, mais uma vez, estava na linha de frente do progresso. Impulsionou a

indústria das mais variadas, pois com o avanço dos centros urbanos principalmente

nas cidades do Rio de Janeiro e São Paulo, demandava-se pelas necessidades

peculiares à vida nas cidades. Um desdobramento desse avanço progressista vem

acoalhar uma nova mão de obra na nova configuração urbana em pleno

desenvolvimento. Já a muito havia de modo intenso a exportação de café, e que ao

mesmo tempo, já se importava produtos necessários ao mercado interno brasileiro.

(32)

As máquinas começavam a chegar num, tímido parque fabril, porém, promissor, pois muitos cafeicultores se lançavam, também, nas fábricas, com grandes investimentos.

O advento de novas formas de trabalho possibilitou a estrutura urbana desenvolvida pela produção cafeeira; e agora favorecido com o fluxo de produtos manufaturados, impulsionava, assim, o desenvolvimento desses centros urbanos.

Os principais tipos de atividades industriais desse período estavam relacionados aos setores: têxtil, de bebidas e de alimentos. A modernização agrícola contribuiu decisivamente para que indústria se desenvolvesse, também.

Quanto aos Senhores enriquecidos pelos cafezais, começavam a se apropriar por estruturas mais refinadas. Surgia, assim, uma elite avantajada pelas posses.

Deixava-se para trás construções em dois pavimentos, com telhado de quatro águas, parede caiada de branco de pau-a-pique, variava conforme a região.

Agora surgiam as construções condizentes com a pujança da nova ordem econômica: os Barões do café.

O café transformou a vida dos proprietários das lavouras. Os barões do café e as famílias foram adaptando os gostos e costumes aos moldes da ostentação e do luxo , novos modos de viver impostos pela riqueza do café e pelos títulos de baronato.

As fazendas de café, tanto as fluminenses, quanto as paulistas, formaram uma unidade autossuficiente, autárquica e contínua. A estrutura dessas grandes propriedades fundava-se na monocultura exportadora e no braço escravo. Quando o café atingia uma região, as vilas mudavam de fisionomia rapidamente: antes pequenas e sem vida, logo se transformavam em cidades com vida própria em torno das quais se ampliava o comércio de vários outros produtos (GRIEG, 2000, p. 36).

O café trouxera muitos lucros, e de arrasto vinham as transformações dos hábitos de uma elite refinada e influente.

Em 1860, São Paulo era uma província. Quase metade da população vivia em

áreas rurais e os que moravam na zona urbana se dedicavam as atividades

agrícolas.

(33)

Em menos de 20 anos, com a explosão do café e a chegada da estrada de ferro ligando o Rio a São Paulo, a cidade se transformou. Em 1872, surge a primeira linha de bondes a tração animal. Cria-se uma empresa para cuidar do esgoto. Cerca de 700 lampiões de gás são instalados nas ruas. São Paulo começava a dar um salto com em sua jornada ruma ao progresso:

As atividades cafeeiras fizeram da capital paulista, em posição privilegiada, no entroncamento de caminhos e reunindo as prerrogativas de centro comercial e sede administrativa da Província, a grande subsidiária de sua riqueza. A ferrovia, que facilitou o transporte do produto e deu à cidade centro de centro redistribuidor de café, a superpopulação que o ouro verde atraiu, compreendendo a grande imigração subvencionada, e as demais obras de infraestrutura, como luz, água e sistema de esgoto. (HOMEM, 2011, p.20)

Os palacetes vão ser erguidos em chácaras que usufruem desses primeiros serviços. O Estado também ajudou ao estabelecer padrões mínimos de higiene para as novas construções, como a obrigatoriedade de porões e a proibição de alcovas (quartos sem janelas).

Com uma mão de Francisco de Paula Ramos de Azevedo, que estudou arquitetura na Bélgica, a elite começa a erguer as suas casas luxuosas, com capacidade para abrigar três gerações ao mesmo tempo.

Surpreendentemente, três dos principais palacetes erguidos no período (todos na região central) ainda estão em bom estado.

3

A saber: chácara do Carvalho, na alameda Barão de Limeira (hoje Instituto de Educação Boni Consili), o palacete de Elias Chaves, na avenida Rio Branco (palácio dos Campos Elíseos, sede da Secretaria de Ciência e Tecnologia) e o palacete de dona Veridiana, na avenida Higienópolis (clube São Paulo).

Como eram imóveis muito grandes, diz Maria Cecília, só sobreviveram aqueles que puderam ser adaptados a outros usos.

Os que permaneceram como residências, se deterioraram à medida que os proprietários empobreceram. Os palacetes que viraram repartições, restaurantes ou escolas ficaram para contar história.

3 ³<http://netleland.net/hsampa/mansoesPaulista/mansoes>. Acesso em: 22 nov. 2017.

(34)

No dia 8 de Dezembro de 1891, foi inaugurada Avenida Paulista, que recebeu este nome em homenagem aos Paulistas e Paulistanos. Durante muitos anos os Barões do Café residiram na Avenida Paulista.

A Avenida Paulista foi projetada pelo engenheiro uruguaio Joaquim Eugenio de Lima, que, juntamente com mais dois sócios, adquiriu parte da Chácara do Capão, incluindo a área do Morro do Caaguaçú. Essa área foi loteada, e a Paulista foi construída no alto do espigão, a 900 metros do nível do mar.

Para a época, ela era algo nunca visto: muito larga, com três vias separadas por magnólias e plátanos e com imensos lotes de cada lado. Foi a primeira via pública asfaltada e arborizada de São Paulo.

A primeira fase da Avenida Paulista foi de 1891 (sua inauguração) até 1937.

Aos poucos, ela se transformou no centro de animação da cidade. Os ricos senhores do café, os grandes comerciantes e os chefes das indústrias construíram elegantes mansões nos lotes da avenida. Lá, aconteceram corridas de charrete, de cabriolés e dos primeiros automóveis e os grandes carnavais dos anos 20 e 30.

No final da década de 1920, seu nome foi alterado para Avenida Carlos de Campos, em homenagem ao ex-governador do estado de São Paulo, mas o povo não gostou, então o nome dela voltou a ser Avenida Paulista.

Como se pode perceber, a Avenida Paulista sempre sofreu transformações, porém, apesar de tudo o que aconteceu, ela permanece com seu charme, importância para a cidade e para América Latina, sendo hoje Centro Financeiro e Cultural do Brasil.

Nomes ilustres que fizeram a História da Cidade de São Paulo residiram na Avenida Paulista, como Conde Francisco Matarazzo, Von Bulow, Caio Prado, Numa de Oliveira, Horácio Sabino, Joaquim Franco de Mello, Francisco Alberto Silva Pereira, Matarazzos, Siciliano, Pinotti Gamba, Yolanda Penteado, Von Hardt, o Barão Vermelho, Scarpa, Ramos de Azevedo, Cerqueira Cezar, Dumont´s Villares, Scurachio, Andraus, Tomasellis, entre tantos outros.

Hoje em dia na Avenida Paulista só resta cinco Casarões que foram

tombados como patrimônio histórico da Cidade de São Paulo.

(35)

Estes casarões mostram um pouco da Bela Época da Elite Paulistana, quando ancestrais de muitas famílias atuais desembarcaram no Brasil foram trabalhar nas residências dos Barões do Café, do Comércio e Indústria na Avenida Paulista.

Mas uma das transformações foi a perda de mansões e palacetes, que ao longo dos anos foram substituídos por enormes edifícios, estacionamentos, Shopping Centers, entre outras ocupações.

1.1.4 A literatura e as Artes – Música, Artes Visuais, Teatro, Ópera, Saraus...

A História tem por finalidade, entre outras, resgatar os aspectos culturais de um povo ou lugar, para o entendimento do processo de desenvolvimento. Usando dessa premissa, aqui nos atemos ao período da cafeicultura em terras brasileiras, mais precisamente o espírito que pairava sobre esse momento da história. Veremos então o Espírito de Época dessa época, passando primeiro pela definição do termo:

O conceito de espírito de época remonta a Johann Gottfried Herder e outros românticos alemães, mas ficou melhor conhecido pela obra de Hegel, Filosofia da História. Em 1769, Herder escreveu uma crítica ao trabalho Genius seculi do filólogo Christian Adolph Klotz, introduzindo a palavra Zeitgeist como uma tradução de genius seculi (Latim: genius - "espírito guardião" e saeculi - "do século"). Os alemães românticos, tentados normalmente à redução filosófica do passado às essências, trataram de construir o "espírito da época" como um argumento histórico de sua defesa intelectual. Hegel acreditava que a arte reflete, por sua própria natureza, a cultura da época em que esta foi feita. Cultura e arte são conceitos inseparáveis porque um determinado artista é um produto de sua época e, assim sendo, carrega essa cultura em qualquer trabalho que faça.

Consequentemente, ele acreditava que no mundo moderno não é possível recriar arte clássica, que ele acreditava ser uma "cultura livre e ética", que dependia mais da filosofia da arte e teoria da arte, no lugar de uma reflexão da construção social, ou Zeitgeist em que este dado artista vivia.

Hegel da muitos exemplos para mostrar que o Absoluto é Espírito. De modo mais interessante, afirma que esse espírito se manifesta nos indivíduos, nas instituições sociais como a família & o estado, e na arte, na religião e na filosofia de uma época.

Esta ideia do Espírito Objetivo como a encarnação externa da mente foi adotada por outros filósofos. O conceito de zeitgeist (literalmente, Espírito do Tempo) – as inter-relações entre indivíduos, sociedade, arte, religião de uma determinada época – é fundamental na história moderna.

A importância de se entender o todo, o sistema como um todo, ajudou nitidamente a dar forma ao marxismo e a muita coisa depois.

Hegel via então a história como “a marcha da razão no mundo” e as instituições humanas como o produto do devir dialético.

<https://www.significados.com.br/zeitgeis>. Acesso em: 21 nov. 2017.

(36)

Na literatura

A nova ordem de então, já se avizinhava, isso incluía o novo modelo literário, que estava para romper com a literatura e artes plásticas de modo radical e fortemente oposta a tudo que fora anteriormente produzidos (parnasianismo, simbolismo e a arte acadêmica).

Agora, a nova literatura estava cheia de irreverência e escândalo, e também se aproximava da realidade social, tendo como um dos motivos o declínio do café.

Essa nova posição fazia da sua linguagem uma denuncia das formas históricas, políticas e econômicas, analisando o que acontecia no Brasil de então (a política do café-com-leite e as inúmeras revoltas que aconteciam). Os principais escritores dessa época foram: Euclides da Cunha, Graça Aranha, Lima Barreto, Augusto dos Anjos e João do Rio, Monteiro Lobato.

Monteiro Lobato narrou o declínio do vale:

No dia 20 de dezembro de 1917, Monteiro Lobato publica o artigo Paranoia ou Mistificação? no qual critica mordazmente a exposição da artista plástica brasileira Anita Malfatti, recém-chegada da Europa. No período em que esteve estudando no exterior, mantivera contato íntimo com as tendências vanguardistas.

Esse episódio culmina no início da estética modernista no Brasil, o que mais tarde teria como ápice a Semana de Arte Moderna de 1922; tal acontecimento também serviu para distanciar Monteiro Lobato dos artistas modernistas, pois estes viam em Lobato uma figura reacionária e conversadora presa ao esquizofrênico tradicionalismo das letras. Um pequeno trecho desse artigo nos revela o porquê do sentimento de revolta e estranhamento dos modernistas:

Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso & Cia. [...] Sejamos sinceros:

futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não passam de outros ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da forma – mas caricatura que não visa, como a verdadeira, ressaltar uma ideia, mas sim desnortear, aparvalhar, atordoar a ingenuidade do espectador (LOBATO, 1922, p. 32).

(37)

Citaremos um proeminente autor desse período, o qual se opunha à maioria de seus contemporâneos: Lima Barreto.

4

Afonso Henriques de Lima Barreto nasceu em 13 de maio de 1881 na cidade do Rio de Janeiro. Sua família era negra e humilde e seus pais descendentes de escravos. Ele ficou órfão de mãe quando tinha apenas 6 anos de idade. Foi um dos principais escritores do pré-modernismo brasileiro. Além de escritor, ele foi jornalista e suas obras estão relacionadas com temáticas sociais e nacionalistas. Conferia à sua obra ficcional o sentido militante de uma "missão social, de contribuir para a felicidade de um povo, de uma nação, da humanidade".

A denúncia conferida por Barreto à sua literatura emerge com muita intensidade e frequência nos contos, tematizantes em sua essência da discriminação racial e social, o preconceito de cor, a miséria e a opressão social.

Seus textos denunciavam flagrantes urbanos, as elites econômicas, a burocracia, etc. Criou personagens variados; desprovidos pela sorte, ao contrário dos poderosos de então, magnatas, banqueiros, empresários, fazendeiros do café, etc.

Na música

O Espírito de Época, também atingira a música no período da produção de café, um período de grande ebulição social. Em meados do século XIX, já se configuravam novas ordens instigadas pelas revoltas e pela abolição da escravatura em 1888, fatores determinantes na formação de uma nova camada da sociedade composta quase exclusivamente de negros, já então ex-escravos.

O que traduz bem nesse momento é a

5

Semana de Arte Moderna de 1922;

uma época cheia de turbulências políticas, sociais, econômicas e culturais. As novas vanguardas estéticas surgiam, e o mundo se espantava com as novas linguagens desprovidas de regrinhas de então.

Alvo de críticas e em parte ignorada, a Semana não foi bem entendida em sua época, a qual não se encaixava no contexto da República Velha (1889-1930),

4 <http://www.passeiweb.com/estudos/livros/os_melhores_contos_de_lima_barreto>. Acesso em: 22 nov. 2017.

5 <https://pt.wikipedia.org/wiki/Semana_de_Arte_Moderna>. Acesso em: 22 nov. 2017.

(38)

controlada pelas oligarquias cafeeiras - as famílias quatrocentonas - e pela política do café com leite (1898 -1930). O capitalismo crescia no Brasil, consolidando a república e a elite paulista está totalmente influenciada pelos padrões estéticos europeus mais tradicionais. Portanto, o objetivo de tal semana era renovar o ambiente artístico e cultural em nossa terra brasileira: "a perfeita demonstração do que há em nosso meio em escultura, arquitetura, música e literatura sob o ponto de vista rigorosamente atual", como informava o Correio Paulistano, órgão do partido governista paulista, em 29 de janeiro de 1922.

Citaremos dois importantes músicos dessa época:

Guiomar Novaes e Heitor Villa-Lobos

Guiomar Novaes. Nascida em São João da Boa Vista, 28 de fevereiro de 1894 - 7 de março de 1979 em São Paulo. Filha de Ana de Carvalho Meneses e de Manuel José da Cruz Novaes, Guiomar foi a décima sétima dos dezenove filhos do casal. A família logo se estabeleceu em São Paulo.

6Desde os seis anos de idade passou ater aulas de piano, mostrando extraordinária habilidade. Foi vizinha de Monteiro Lobato, a quem inspirou para criar a personagem Narizinho, a "menina do nariz arrebitado" do Sítio do Pica-Pau Amarelo.

Já dispontava na nova modalidade de música, a qual faria parte entre os modernistas:

7Em 1922 Guiomar participou da Semana de Arte Moderna – evento que revolucionou as artes brasileiras, marcando a chegada do modernismo –, apesar de um pouco contristada com as paródias feitas a Chopin no 1º Festival da Semana de 22.. A partir de 1922, Guiomar passou a incluir nos seus recitais as obras de Villa-Lobos, tornando-se importante divulgadora desse seu compatriota nos Estados Unidos.

6 <http://jundiahy.blogspot.com.br/2016/05/guiomar-novaes-visita-jundiai-1935>. Acesso em: 19. jun. 2017.

7 <https://pt.wikipedia.org/wiki/Guiomar_Novaes>. Acesso em: 19 06. Jun. 2017.

(39)

Fig. 5 - Folheto da semana de arte moderna de 1922 onde se faz menção de Guiomar Novaes e Villa-Lobos.

<https://www.google.com/search/folhetos/semana/1922>. Acesso em: 20 de jun. 2017

(40)

Fig. 6 - Folheto à época da semana de 1922 relatando a independência do Brasil.

<https://www.google.com/search/folhetos/semana/1922>. Acesso em: 20 de jun. 2017

(41)

Fig. 7 - Folheto à época da semana de 1922 usando ponto de partida o modernismo.

<https://www.google.com/search/folhetos/semana/1922>. Acesso em: 20 de jun. 2017

No teatro

O período cafeeiro dava o mote para muitos seguimentos da sociedade desde

o século XVIII, mas o impulso maior deu-se no início do século XIX. Dentre as

contribuições advindas do cafeeiro temos o teatro; mesmo que tinha sua

manifestação um tanto quanto tímida, sem uma expressão pujante. Porém, com a

chegada da família real no início do século XIX ao Brasil, em 1808, o teatro dá um

grande salto. Quando D. João VI assina um decreto de 28 de maio de 1810 que

reconhece a necessidade da construção de "teatros decentes" para a nobreza que

necessitava de diversão. Grandes espetáculos começaram a chegar ao Brasil,

porém, além de serem estrangeiros e refletirem os gostos europeus da época eram

(42)

somente para os aristocratas e o povo não tinha qualquer participação, o teatro não tinha uma identidade brasileira.

No século XIX o teatro brasileiro

8

começa a se configurar e um grande marco foi a representação da tragédia Antônio José ou O Poeta e a Inquisição de Gonçalves Magalhães em 13 de março de 1838. Esse drama foi encenado por uma companhia genuinamente brasileira, com atores e propósitos nacionalistas, formada pelo ator João Caetano. Nessa época surgem as Comédias de Costume com o escritor teatral Luíz Carlos Martins Pena que buscava em fatos da época situações para arrancar da plateia muitos risos. Muitos autores teatrais surgiram como Antônio Gonçalves Dias, Manuel Antônio Álvares de Azevedo, Casimiro de Abreu, Castro Alves, Luís Antônio Burgain, Manuel de Araújo Porto Alegre, Joaquim Norberto da Silva, Antônio Gonçalves Teixeira e Souza, Agrário de Menezes, Barata Ribeiro, Luigi Vicenzo de Simoni e Francisco José Pinheiro Guimarães.

Em 1855 surge o teatro realista no Brasil, o teatro deixa de lado os dramalhões e visa o debate de temas atuais, problemas sociais e conflitos psicológicos tentando mostras e revelar o cotidiano da sociedade, o amor adúltero, a falsidade e o egoísmo humanos. Um dos mais importantes autores dessa época é Joaquim Manoel de Macedo, autor da obra-prima A Moreninha, de Arthur Azevedo.

8 <http://www.arte.seed.pr.gov.br/modules/conteudo/conteudo.php?conteudo=196>. Acesso em 26 fev.2018.

(43)

Fig. 8 - Teatro João Caetano em nosso LIVRO/JORNAL.

(44)

Na pintura

O Espírito de Época na pintura desse período se reporta no auge da produção do café:

Pintura Acadêmica no Brasil Pintura Acadêmica no Brasil

Em meados do século XIX, o Império Brasileiro conheceu certa prosperidade econômica proporcionada pelo café, e certa estabilidade política, depois que D. Pedro II assumiu o governo e dominou as muitas as muitas rebeliões que agitaram o Brasil até 1848. Além disso, o próprio imperador procurou dar ao país um desenvolvimento cultural mais sólido, incentivando as letras, as ciências e as artes. Estas ganharam um impulso de tendência nitidamente conservadora, que refletia modelos clássicos europeus. (AUTOR, p. ano)9

Citaremos dois representantes dessa arte nesse período: Candido Portinari e Almeida Junior.

Candido Portinari, o pintor do café.

Filho de imigrantes italianos que trabalhavam na colheita do café. Ele retratou aspectos da cafeicultura brasileira do século XX.

Portinari nasceu em 30 de dezembro de 1903, numa fazenda de café perto do pequeno povoado de Brodowski, no estado de São Paulo. De origem humilde, tem uma infância pobre; recebendo apenas a instrução primária. Desde criança manifesta sua vocação artística. Começa a pintar aos 9 anos. Sua obra magna (cafezal) está exposta na sede das Nações Unidas. Tornara-se um dos maiores pintores do seu tempo. Percebemos fortes traços desse período como veremos a seguir:

“Vim da terra vermelha e do cafezal.

As almas penadas, os brejos e as matas virgens Acompanham-me como o espantalho,

Que é o meu autorretrato.

Todas as coisas frágeis e pobres Se parecem comigo.”

- Candido Portinari

"O alvo da minha pintura é o sentimento. Para mim, a técnica é meramente um meio. Porém, um meio indispensável."

- Candido Portinari.

9 <http://www.ia.unesp.br/Home/AreadoAluno/almeida_junior>. Acesso 20 jun. 2017.

(45)

Vejamos, abaixo, sua tela.

Fig. 9 - A premiada tela "Café" (1935), que projetou Portinari para o mundo (Foto: Projeto Portinari/Divulgação). Disponível em:

<http://revistagloborural.globo.com/Noticias/Cultura/noticia/2016/08/o-cafe-de-portinari>.

Acesso em: 20 de jun. 2017.

Almeida Junior, o pintor do cotidiano paulista.

No dizer de Gastão Pereira da Silva, "era o mais autêntico e genuíno representante do tradicional tipo paulista, mas sem nenhum traquejo de homem de cidade”

10

.

10 <http://www.ia.unesp.br/Home/AreadoAluno/almeida_junior.pdf>. Acesso em: 20 de jun. 2017.

(46)

Fig. 10 - O DERRUBADOR BRASILEIRO – poesia referente à sua obra de 1879.11

11 O Derrubador Brasileiro. In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e Cultura Brasileiras. São Paulo: Itaú Cultural, 2017. Disponível em: <http://enciclopedia.itaucultural.org.br/obra984/o-derrubador-brasileiro>. Acesso em: 20 de jun. 2017. Verbete da Enciclopédia. ISBN: 978-85-7979-060-7

(47)

Poesia sobre a obra de Almeida Júnior:

O DERRUBADOR BRASILEIRO

Duro trabalhador que não se descontenta, Teu corpo se une ao se inclinar;

Tu te vais embora escavando sem descanso A erva que deves arrancar.

Quem foge ao trabalho é um frouxo!

Porém o repouso faz melhor trabalhar,

Para ‘trabalhar melhor’ interrompe tua tarefa ...

Todo solo é lento a desbravar Já repousado? ...

Tu estremeças; Retornas a teus afazeres;

Por tuas mãos a picareta é retomada ...

Coragem! Em ti, valente manobrista, Simbolizaram-se e pressentem a obra.

Aqueles que desbravam os espíritos.

F. Fertiault (Tradução de Dr. Aphrodisio Baptista dos Anjos)12

Ao se debruçar nesse derradeiro momento da explanação supracitada, nos atemos a um conteúdo assoberbado de entalhes ora prosaico e trivial, ora rebuscado com uma sofisticação impar. A obra, objeto dessa dissertação, proporcionou aporte riquíssimo subsidiando uma pesquisa vasta em conteúdos dos mais variados, no entanto, elencamos aqui o que de mais substancioso fora para essa pesquisa: a história de uma nação em franco desenvolvimento; economia produzida por uma recém-chegada planta que trazia a novidade de uma bebida escura não fermentada, e que caíra no gosto de todos; a cultura vinda à reboque por tal economia. A obra, já referida é rica, também, na expressão imagética, e o que se pode retirar da mesma são as muitas formas de expressões gráficas;

conteúdos a serem explanados no próximo capítulo.

A mim foi de grande valia essa obra rara, dada a multiplicidade dos conteúdos, tão necessários ao mestrado em Educação, Arte e História da Cultura, que por definição do mesmo, requer uma trama peculiar ao curso, e mais uma vez nos referimos a essa obra, como essencial para a desenvoltura de nossa pesquisa.

Tecemos juntamente com o orientador a tão requerida multidisciplinaridade e interdisciplinaridade que essa obra rara proporcionou a essa dissertação.

12 <http://artefontedeconhecimento.blogspot.com/2011/09/o-derrubador-almeida-jr-1850-1899>. Acesso em: 08 fev. 2018.

(48)

CAPÍTULO 2

2. ASPECTOS GRÁFICOS DO LIVRO/JORNAL

2.1 A Edição em Fascículos (dos jornais ao LIVRO/JORNAL)

O livro que balisa nossa Dissertação, é uma obra rara, do ano de 1927 de

O JORNAL – EDIÇÃO COMEMORATIVA DO BI-CENTENARIO DO CAFEEIRO NO BRASIL – OUTUBRO DE 1927 – PALÁCIO DAS INDÚSTRIAS S. PAVLO. Há o

relato no Caderno 3, página 2: “O Palácio das Indoustrias de S. Paulo, com uma architetura francesa. Início da construção em 30 de maio de 1911 e inaugurado em 29 de abril de 1924. A edição comemorativa desse bicentenário fora publicada em 12 exemplares encadernados, do Jornal ligado ao Palácio das Indústrias de São Paulo.

O livro relata o Bicentenário (1727-1927) da cultura cafeeira em terras brasileiras.

O Palácio das Indústrias fora especialmente construído para sediar eventos;

representou um ponto de culminância na sequência de eventos industriais que ocorriam em São Paulo desde 1875. Um dos marcos relevante foi a exposição de 1917, que se configura como uma manifestação expressiva do pensamento industrialista paulista, assim como expoente do processo modernizador da cidade.

A análise circunscrita deste evento através de sua materialidade nos permite compreender as transformações ocorridas na São Paulo do início do século XX que alçaram ao status de metrópole

13

.

Há o relato sobre o Palácio das Indústrias em São Paulo onde se realizavam as exposições do café (Caderno 3, página 2)

13 <http://portal.iphan.gov.br/uploads/ckfinder/arquivos/VI_coloquio_t3_exposicao_1917> Acesso em: 20 de jun. 2017.

(49)

Fig. 11 - Palácio das Indústrias em sua primeira aparição fotográfica.

Fig. 12 - Fotografias demonstrando a evolução do Palácio das Indústria, ano.

Disponível em:<https://www.google.com.br/search/palacio/industrias/historia>. Acesso em:

28 fev. 2018.

(50)

2.2 Conteúdos em Mosaico

2.3 Textos e Tipografias (famílias das letras)

De acordo com a definição do Grande Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa, tipografia é o “conjunto de procedimentos artísticos e técnicos que abrangem as diversas etapas da produção gráfica (desde a criação dos caracteres até a impressão e acabamento), espelhados no sistema de impressão direta com o uso de matriz em relevo; imprensa”. Em nosso LIVRO/JORNAL temos riqueza de detalhes nas expressões gráficas desde a capa e em todas as páginas dessa publicação:

Fig. 13 - Tipos de letras usadas em jornais à época.

<https://www.google.com/Tiposdeletras/emjornaisàépoca1927>. Acesso em: 28 fev. 2018

(51)

Capa de nosso LIVRO/JORNAL

Fig. 14 - Figura da capa de nosso LIVRO/JORNAL em couro.

Referências

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