2.4 Um Livro e suas Imagens
2.4.6 Estilos gráficos preponderantes
2.4.6.2 Art Déco
Art déco é um movimento artístico internacional que começou na Europa em
1910, conheceu o seu apogeu nos anos 1920 e 1930 e declinou entre 1935 e 1939.
A Art déco afetou as artes decorativas, a arquitetura, o design de interiores e
desenho industrial, assim como as artes visuais, a moda, a pintura, as artes gráficas
e o cinema.
A cada época deu-se o tom de sua realidade, a arte não fugiu a esse
entendimento. Seguindo esse raciocínio, nos debruçamos sobre a arte que logo vem
a seguir a Art Nouveau com seus aparatos orgânicos e formas assimétricas, etc.
Surge nesse embalo a Art Déco que segundo (GALLAS, ano, p.10) desenvolveu a
geometrização paulatina das formas orgânicas da Art Nouveau. A efetivação desse
novo modo de se conceber arte, foi a exposição de arte moderna de Paris em 1925.
Mesmo que se dera em Paris a Art Déco tomou proporções globais. A Art
Déco abriu novas possibilidades nas construções e produtos oriundos desse novo
entender da vida nesse momento. A utilização do aço, metais nobres
concomitantemente com madeiras, sendo utilizado na fabricação máquinas
sofisticadas. O mundo estava numa ebulição: duas grandes guerras, economia em
declínio, o automóvel em franca expansão, a invenção do rádio, o crescimento das
cidades de modo vertical. Geopoliticamente de um lado o comunismo do leste
europeu, do outro lado o fortalecimento bélico e econômico dos Estados Unidos.
Mas o que se pode ter de transição é justamente sair do orgânico para o
racional como jarras, estatuetas, floreiras e os próprios projetos arquitetônicos.
Vejamos essas ilustrações de Art Déco
Fig. 25 - Vaso decorado em pasta de vidro do Austríaco Josef Haffmann, 1914. <https://br.pinterest.com/pin/426927239646927352/> Acesso em: 21 mar. 2017.
Fig. 26 - Art déco do Chrysler Building, em Nova York, construído em 1928/1930 pelo arquiteto William Van Alen.
https://www.google.com/search/Artdéco/Chrysler/Buildin/NovaYor/construídoem1928. Acesso em: 20 mar.2017.
A arte no período cafeeiro teve forte influência da semana de arte moderna de
1922. Atividades artísticas e literárias no museu do café deram-se dia 18 de
fevereiro desse ano, as ações relembram importante evento cultural ocorrido nessa
semana memorável:
A Semana de Arte Moderna de 1922 foi um divisor de águas na cultura do nosso País. Em um período em que artistas brasileiros buscavam uma identidade própria e a liberdade de expressão, o evento foi uma explosão de ideias, que mostrou as novas tendências artísticas já vigorantes na Europa. Para celebrar esse momento tão importante para o Brasil, o Museu do Café, instituição da Secretaria da Cultura do Estado de São Paulo, promove atividades gratuitas voltadas para as artes e literatura no dia 18 de fevereiro.
Abrindo a programação, o arquiteto e artista plástico Paulo von Poser e a professora Claudia Braga realizam, às 11h, a intervenção artística “Desenhando o Museu do Café”, onde os participantes serão envolvidos na produção de desenhos da fachada do edifício da Bolsa Oficial de Café. Disponível em: <http://revistacafeicultura.com.br/?mat=63741>. Acesso 12 jun. 2017
Arte Decó em São Paulo
Nossa atenção hoje se volta ao edifício do Banco de São Paulo
14, construído
entre 1935 e 1938, seu projeto é de autoria do arquiteto Álvaro de Arruda Botelho,
em estilo Art Decó, que estava em alta na época. Um marco do estilo nos anos
1920 foi a Exposição Internacional de Artes Decorativas e Industriais Modernas,
realizada em 1925, em Paris. É fácil notar formas geométricas, linhas retas,
círculos, design abstrato e estilizado.
Fig. 27 - <http://www.revistaqualimovel.com.br/noticias/8-predios-belissimos-e-curiosos-de-sao-paulo>. Acesso em: 20 mar.2018.
Edifício Guinle Inaugurado em 1916 com sete andares e 36 metros de altura o
Guinle foi o primeiro edifício de concreto armado do país e o mais alto da cidade até
então.
14<https://spcity.com.br/art-deco-a-riqueza-de-detalhes-em-um-edificio-historico-no-centro-de-sao-paulo>. Acesso em: 20 mar. 2018
Considerado o primeiro prédio vertical de São Paulo, foi projeto pelos
arquitetos Hipólito Gustavo Pujol Júnior e Augusto de Toledo. Construído entre 1913
e 1916, a fachada do prédio possui ramos e frutos de café.
Fig. 28 - <Edifício Guinle primeiro Arranha Céu (Art Nouveau) de 1924>. Acesso em: 20 mar. 2018.
Fig. 29 - <Dado ao exposto quanto Art Nouveou e Art Déco, veremos em nosso LIVRO/JORNAL expressões pictóricas conforme essa tendência nesse edifício>. Acesso
Gravura em Art Nouveau em nosso LIVRO/JORNAL
Considerações Finais
Um importante aspecto para a sobrevivência da humanidade é a maneira
como a mesma passa para posteridade modos imprescindíveis à própria existência,
em todas as facetas do existir. Desde as mais simples ou rudes necessidades
básicas para que se chegasse a bom termo da sobrevivência: como alimentação,
vestimenta, moradias, vida em comunidades, etc. De certa forma, também, tem-se
conhecimento da sua metafísica, algo relacionado às crenças e mitos,
compreendendo cada momento e mundo de então. Tudo fora repassado aos
semelhantes, inda que de modo oral, em primeiro momento. Mas, ao que tudo
indica, o aprimoramento passa pela ação inventiva, algo peculiar ao ser humano; e
de certo a invenção é a mãe das necessidades. Daí, as inscrições rupestres vem de
certa forma estruturar o legado que até hoje se perpetua. Por isso, podemos levantar
informações de nossos ancestrais sobre o momento e mundo que os cercavam. No
entanto, nesse momento não se pode deter-se a uma explanação de uma proposta
quanto à evolução da humanidade quanto à comunicação. Não é a intenção dessas
considerações finais, e nem teria espaço e tempo para tal. Apenas indicar que
Comunicar é a própria ideia de compartilhar.
A Dissertação que ora se encerra, vem trazer a lume um conteúdo de uma
peça inserida no contexto de informe acadêmico, social e histórico para o tempo
que se chama hoje (século XXI). Pois, se trata, como vimos, de uma obra
significativa, relatada em um LIVRO/JORNAL datado do ano de 1927 vinculada ao
Centro Histórico e Cultural da Universidade Presbiteriana Mackenzie (cujo
conteúdo comemora o Bicentenário da cultura cafeeira em terras brasileiras). A
relevância está no fato de um momento marcante da história brasileira; uma nação
jovem e que passou a figurar frente ao mundos, quando se insere no contexto
mundial como “nação” promissora com seus atributos geográficos, culturais e
econômicos, mostrados nas páginas bem talhadas dessa obra rara, mesmo que de
modo en passant, quando aqui se relata a competitividade internacional do mundo
de então na produção de café.
O Brasil estava numa crescente e vigorosa ascensão na sua produção de
café, pois as demais produções relevantes como a cana-de-açúcar, a mineração,
entre outras, fora ultrapassada em muito, por essa rubiácea.
Verdadeiramente a cafeicultura foi o carro chefe de esse desabrochar, desse
protótipo de nação. Pois, nesse período o Brasil ainda estava vinculada à metrópole
(Portugal).
De certo, o café deu seu salto numa pujança tal, relatadas na obra desse
LIVRO/JORNAL, mesmo que de início se demonstrava com um modo tímido lá nos
idos do início do século XVIII, cuja produção cafeeira era algo promissor sem muita
pretensão naquele momento.
A bebida escura já ganhava os paladares de nossa sociedade interna e aos
poucos ganhava também a sociedade externa. Todavia o seu apogeu deu-se no
raiar do século XIX. Tal economia já ganhava de muitas nações, que há muito já
estavam estabelecidas e consolidadas na esfera internacional.
O Brasil, nesse momento, tomava a dianteira da economia internacional,
capitaneada pela cultura do café com uma exportação extraordinária, que no auge
de sua exportação já tinha o Porto de Santos como um dos maiores do mundo
naquele momento. Porém, a obra (LIVRO/JORNAL) objeto dessa Dissertação, traz
em seus conteúdos um bom apanhado multidisciplinarplinar com enfoque:
Histórico, Econômico,Social,Cultural, etc.
Outro apanhado são as formas de cunho de expressão gráfica, artística, e
com uma riqueza de detalhes. Conforme fora explanado nos conteúdos dessa obra
rara. De certo, a academia será enriquecida com essa Dissertação, pois vislumbra
conteúdos pertinentes ao mundo dos saberes, o que inclui o mundo acadêmico;
pois saberes e sabores (café) tem a mesma raiz (latim sapere, ter sabor,
conhecer). O alimento produz a vida humana em toda sua extensão. Está ligado ao
surgimento das civilizações. As sociedades se estabeleceram, entre outros fatores,
através do cultivo dos alimentos. O alimento é considerado “o caráter essencial da
cultura” (LE GOFF, 2003, p.222).
O que sempre tem me inquietado em toda minha jornada de vida foi o apelo
do aprender desde tenra idade. Nascido em uma família numerosa, com um pai
“filósofo” por intuição e uma mãe “poetisa”, também, por intuição.
Uma vida simples lá pelos idos da década de 1960. Dava gosto ver meus pais
se esmerando pelos seus filhos, quando dos parcos recursos comprare-se
dicionários e coleções de pesquisas. Ainda hoje deixo de lado o aparato tecnológico
e vou ao meu velho Aurélio, carcomido, com um apêndice que me é tão útil.
Nutro-me do legado em forma de livros deixado por eles.
Isso posto, não há outra forma concreta de vida em busca de conhecimento,
quando me lanço ao modo formal da academia; cuja fonte de pesquisa é o
LIVRO/JORNAL, uma obra rara já dissecada nas páginas findas. E, ao me deparar
com esse livro raro, saltou-me aos olhos, fiquei fascinado com tão rica obra; tão bem
talhada, cravejadas de conteúdos importantes, relevantes; quando o mesmo
descreve sobre um produto: o café. De início, o café era despretensioso. Porém, tal
planta foi tomando corpo no cenário nacional, mudando a própria história de um
protótipo de nação (Caderno 2, página 16). Como não tomar gosto por tal fonte? Se
essa fonte (LIVRO/JORNAL) traz quase um compêndio em forma de notícias. A
cafeicultura foi o divisor de águas que impulsionou o desenvolvimento do Brasil. A
exemplo disso, é a indústria de tecido de algodão, que fora impulsionada pelo café.
Tudo Isso está relatado nesse livro raro.
Por onde passou, o café deixou marcas indeléveis em diversos campos. Na
saúde, conforme relato do cientista alemão Justus von Liebieg: “O café tornara-se
uma substância não só estimulante, mas numa certa forma de aditivo para saúde”.
O café sustentou a Guerra contra o Paraguai. Desencadeou a abolição da
escravatura. Municiou a Proclamação da República. Lançou estradas de ferro.
Remodelou e saneou o Rio de Janeiro. Permitiu o trabalho do Marechal Cândido
Rodon. Mexeu com as Constituições (Império e República). O Café trouxe orgulho
nacional. Vejamos que dois séculos se passaram e uma cultura se mantinha
crescendo e vigorosa; conforme relatado no Caderno 1, página 2, de nosso
LIVRO/JORNAL.
O que se dizer do Estado de São Paulo que no início século XVIII era uma
província sem grandes expressões. Mas com a chegada do café, essa quase
insignificante província aos poucos se desenvolvia alvissareiramente. A produção do
café em São Paulo tomou impulso no início do século XIX.
A sociedade paulistana de casa de pau a pique ou taipa de mão passou aos
casarões. Com vários palacetes implantados na cidade de São Paulo:
tipo de casa unifamiliar, de um ou mais andares, com porão, ostentando apuro estilístico, afastada das divisas do lote, de preferência dos quatro lados, situada em meio a jardins, possuindo área de serviços e edículas nos fundos. (HOMEM, 1996. p.13).
Enfim, nesse trato de conteúdos expressivos o livro nos dá subsídios para
explorarmos o que de fato interessa para a academia. Portanto o mestrado em
Educação, Arte e História da Cultura foi brindado por esse primor de obra; pois um
dos personagens dessa dissertação nos faz lembrar: “Um país se faz com homens e
livros”. Ele nos alerta de modo didático que a proposta de nação passa pelo o enlevo
do saber. Educação.
Outro enfoque do mestrado é Arte. Portanto, tivemos nessa obra rara a grata
satisfação de a cada folha desfraldada, porções generosas de aportes imagéticos,
sejam pinturas, fotografias, vinhetas, e tantos outros aportes de imagens que
poderíamos desenvolver outros conteúdos para uma próxima empreitada de
pesquisa.
Um dado relevante é que a pesquisa, que ora se encerra, fora patrocinada
pela Universidade Presbiteriana Mackenzie por meio do programa de Mestrado
em Educação, Arte e História da Cultura. Sendo uma pesquisada de maneira
autóctone, ou seja, a própria Instituição abriu espaço de si mesma através Centro
Histórico e Cultural Mackenzie – CHCM. Condição única para a efetivação da
realização desse mestrado. Pois o material, fonte dessa pesquisa, só se encontra
nas dependência desse Centro Cultural.
Fora dispensado a mim, todo esse aporte institucional, cultural, acadêmico
e logístico, sem o qual não se teria a mínima chance de realização.
Educação se faz com as devidas condições; sejam incentivos, orientação, e o
esmero de uma equipe verdadeiramente multidisciplinar.
A representação logística em forma de prédio - Centro Histórico e Cultural
construído para abrigar a Escola de Engenharia sendo a construção mais antiga da
Universidade Presbiteriana Mackenzie no campus Higienópolis.
Fig. 31 - <http://www.jornadadopatrimonio.prefeitura.sp.gov.br/site1/events/centro-historico-e-cultural-mackenzie>. Acesso em: 20 mar. 2018.
Fig. 32 - Construção do prédio 1 (HOMEM, 2011, p.53)