TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
A PADRONIZAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS PELA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL NO PROCESSO JURISDICIONAL CIVEL: UMA CRÍTICA À NOVA
CIÊNCIA DO DIREITO 1
Matheus Boniatti Feksa 2
SUMÁRIO: INTRODUÇÃO; 1. A ALTA MODERNIDADE E O DESENVOLVIMENTO TECNOLÓGICO: antecedentes históricos das novas tecnologias e o surgimento da Inteligência Artificial; 2. A APLICAÇÃO DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA O APERFEIÇOAMENTO DE TAREFAS DO PODER JUDICIÁRIO: O início de uma nova era; 3. DA INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL CONGÊNERE À AUTOMATIZAÇÃO PROCESSUAL: um olhar direcionado ao no processo jurisdicional civil. CONCLUSÃO. REFERÊNCIAS.
RESUMO
O advento da modernização em meio ao judiciário já é uma realidade inegável. No entanto marchar ao encontro de padronização de decisões pela informática do direito, visando uma ciência exata seria resultar em uma ciência na qual o progresso e transformações conforme a atividade social/fática não impulsionassem o surgimento de novos direitos ou a readequação dos já positivados. Partindo desta reflexão, o presente artigo se propôs a examinar, por meio de uma análise doutrinário-crítica, os impactos do avanço da nova técnica automatizada do direito, especialmente considerando as configurações de um fordismo jurídico. Com efeito, buscou-se responder qual a possibilidade de implementação da Inteligência Artificial no processo jurisdicional cível e quais seriam as possíveis consequências, no que tange ao avanço dos direitos já positivados e o advento de novos direitos por meio da prestação jurisdicional. Para fluência do presente trabalho, optou-se pela utilização do método de abordagem hipotético-dedutivo tendo como fito a análise da problemática quanto às falhas da ciência jurídica fordista. Ademais, utilizou-se dos métodos de procedimento monográfico e histórico, aliados à técnica de pesquisa bibliográfica, para melhor análise do tema e embasamento da análise crítico-conclusiva. Finalmente, o que se depreende é a necessidade de aprimoramento constante e estudos aprofundados antes da máquina artificial que não é capaz de, sequer, entender os princípios básicos do direito como uma garantia de humanidade do cidadão, adentrar à produção de sentenças, estas tão bem analisadas pelos magistrados, figuras seculares que não podem serem descartadas pelo progresso ao progresso.
Palavras-Chave: Inteligência Artificial; Fordismo Jurídico; Softwares; Padronização Sentencial Civil.
1 Artigo realizado como requisito de obtenção parcial de aprovação da disciplina de Trabalho Final de Graduação II, do Curso de Direito da Faculdade Metodista Centenário – FMC, sob a orientação do(a) Profª. Drª. Michele Camargo
2 Acadêmico do Curso de Direito da FMC. Endereço eletrônico: boniattiboni@gmail.com
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
THE STANDARDIZATION OF JUDICIAL DECISIONS BY ARTIFICIAL INTELLIGENCE IN THE CIVIL JUDICIAL PROCESS: A CRITIQUE OF THE NEW
SCIENCE OF LAW
SUMMARY: INTRODUCTION; 1. HIGH MODERNITY AND TECHNOLOGICAL DEVELOPMENT: historical background of new technologies and the emergence of Artificial Intelligence; 2. THE APPLICATION OF ARTIFICIAL INTELLIGENCE FOR THE IMPROVEMENT OF JUDICIAL POWER TASKS: The beginning of a new era; 3. FROM CONGENERIAL ARTIFICIAL INTELLIGENCE TO PROCESS AUTOMATIZATION: a look at the civil judicial process.
CONCLUSION. REFERENCES.
ABSTRACT
The advent of modernization in the judiciary is already an undeniable reality. However, to march towards the standardization of decisions by the informatics of law, aiming at an exact science would result in a science in which progress and transformations according to social/practical activity would not drive the emergence of new rights or the readjustment of those already established. Based on this reflection, the present article proposed to examine, by means of a doctrinal-critical analysis, the impacts of the advance of the new automated technique of law, especially considering the configurations of a legal fordism. In effect, we sought to answer what is the possibility of implementing Artificial Intelligence in the civil jurisdictional process and what would be the possible consequences, with regard to the advancement of rights already established and the advent of new rights through jurisdictional provision. For the flow of this work, the hypothetical-deductive approach was chosen, with the purpose of analyzing the problematic regarding the failures of the Fordist legal science.
Furthermore, the monographic and historical methods of procedure were used, together with the bibliographical research technique, for a better analysis of the theme and the basis of the critical- conclusive analysis. Finally, what can be deduced is the need for constant improvement and in-depth studies before the artificial machine, which is not even capable of understanding the basic principles of law as a guarantee of the citizen's humanity, enters into the production of sentences, which are so well analyzed by magistrates, secular figures who cannot be discarded by progress to progress.
Key Words: Artificial Intelligence; Legal Fordism; Softwares; Civil Sentential Standardization
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
“Na vida urbana, impessoal e mecanizada, o homem já não pode ser aquilo que ele faz; é aquilo que ele encontra feito na sequência das coisas acabadas e uniformizadas que ele consome, tornando-se um objeto amorfo entre outros objetos amorfos.”
(Flávio Loureiro Chaves)
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
Dedico este trabalho à minha família, em
especial às minhas avós, que me
ensinaram a ser um homem de coragem e
garra e aos meus avôs, in memoriam, que
sempre me incentivaram a encontrar o
limite das minhas forças e a ultrapassá-lo.
TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO II
INTRODUÇÃO
Séculos antes da eclosão do direito digital ou de grandes ideais para a ciência do direito, as transformações jurídicas decorrentes das sociais já foram objetos de estudos filosóficos 3 .
Atualmente, transformações sociais são fenômenos comuns e constantes em qualquer sociedade contemporânea, a sede por novas formas de acesso à justiça e segurança é o que move o ser social a ainda usar cadeias artificiais – neste tempo, as de inteligência artificial – e estudos para que o objetivo à alcançar seja o da celeridade na conquista de novos direitos e na reciclagem de antigos. O ponto central não é a celeridade, sequer a incessante busca dela, mas sim a consequência que a aceleração ocasiona. A produção em massa de sentenças no meio civil poderá progredir com direitos? A máquina jurídica não está preparada para comportar exatidão em decisões das mais diversas áreas, uma vez que a analogia do aparato jurídico é fundamental para a resolução de conflitos surgidos destas modificações sociais.
Decorrente da evolução tecnológica, pelo desenvolvimento da informatização em rede e pela digitalização da maioria dos meios laborais, a nova ciência do direito, aqui diretamente relacionada à padronização judicial, também pode ser denominada como fordismo jurídico.
O nominado Fordismo Jurídico acaba sendo a produção em massa de decisões judiciais, estas baseadas em ferramentas tecnológicas sobre as quais ainda não há comprovação de que haveria uma apreciação correta pela legislação vigente, muito menos em prover uma atualização legal, visto ser o processo decisional, como também o processo legislativo, um procedimento que carece de analogias.
O contraste decorrente da falta de uma base sólida teórica importa para o entendimento das consequências da futura massificação judicial perante o ordenamento jurídico que, em partes, não tem uma estrutura formada de modo concreto a recepcionar o acompanhamento e adequações das revoluções digitais,
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