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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS JEFFERSON RICHARD ZIMMER

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

JEFFERSON RICHARD ZIMMER

“CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DO SISTEMA AQUÍFERO BAURU NA ÁREA URBANA DE PRIMAVERA DO LESTE/MT”

CUIABÁ/MT 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM RECURSOS HÍDRICOS

“CARACTERIZAÇÃO HIDROGEOLÓGICA DO SISTEMA AQUÍFERO BAURU NA ÁREA URBANA DE PRIMAVERA DO LESTE/MT”

Dissertação de Mestrado apresentada à Universidade Federal de Mato Grosso Programa de Pós-Graduação em Recursos Hídricos.

Orientador: Prof. Dr. Alterêdo Oliveira Cutrim.

CUIABÁ/MT 2014

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho a Jesus, meu Senhor e Salvador.

À minha maravilhosa esposa e meus amados filhos.

À minha família de origem.

Aos mestres, desde a primeira infância até hoje.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente, agradeço a Deus que me sustenta desde o ventre materno. Louvado seja o Senhor Jesus, digno de toda honra, louvor e glória.

Agradeço a minha amada esposa Bruna Henriques de Jesus Zimmer, grande auxiliadora e minha maior incentivadora. Agradeço principalmente por sua paciência e sabedoria.

Agradeço o amor de meus lindos filhos, Isaque e Jonas, crianças incríveis e surpreendentes. Meus grandes companheiros.

Agradeço a minha família de origem, os meus pais, Léo e Luci, e meus irmãos, Juliano e Jonatha, que sempre contribuíram de várias formas na minha caminhada desde o início.

Agradeço ao meu orientador e amigo, Alterêdo Cutrim, pelos ensinamentos repassados, pela paciência, pela confiança depositada em mim e, principalmente pelo exemplo de trabalho, dedicação e conduta profissional.

Ao Programa de Pós-graduação em Recursos Hídricos da UFMT, em nome de todos os professores e técnicos que colaboraram com meu aprendizado e forneceram a estrutura necessária para o desenvolvimento deste trabalho.

A CAPES pelo investimento financeiro e acadêmico.

Aos queridos amigos e irmãos em Cristo que de alguma maneira colaboraram na minha jornada.

A Igreja Presbiteriana do Brasil, pelo investimento na minha formação profissional. Principalmente a Igreja Presbiteriana do Areão.

A todos aqueles que de alguma forma forneceram e auxiliaram na busca de dados necessários para esta pesquisa.

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RESUMO

Neste trabalho foi realizada a caracterização hidrogeológica do Grupo Bauru na área urbana de Primavera do Leste, usando dados existentes de poços tubulares, de geologia, de morfopedologia e de sondagem elétrica vertical. O Sistema Aquífero Bauru foi avaliado usando, condutividade hidráulica, coeficiente de armazenamento, nível estático, vazão, profundidade de poços e dados de qualidade de água. Os poços que explotam o Bauru foram analisados em termos de estrutura técnica e perfil geológico. Os resultados mostram que, na área, o Bauru tem características hidráulicas similares ao restante do Brasil, indicando boa capacidade para produção de água, conforme mostram as vazões dos poços tubulares. As suas águas são ácidas, alguns locais apresentam teor de ferro acima do VMP, porém podem ser consideradas potáveis. Os poços tubulares menos de 10% atendem os critérios técnicos das normas da ABNT, o que pode está contribuindo para alguns problemas locais de qualidade dessas águas, como turbidez, ferro, etc.

O conhecimento e os dados produzidos constituem uma ferramenta indispensável para embasar a política de gestão de recursos hídricos nesta cidade e a realização de campanhas educativas voltadas ao uso sustentável dessas águas.

Palavras-chave: Caracterização hidrogeológica, Sistema Aquífero Bauru, Poços.

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ABSTRACT

In this work the hydrogeological characterization of the Bauru Group was held in the urban area of Primavera do Leste, using existing data from wells, geology, morfopedologia and vertical electrical sounding. The Bauru Aquifer System was evaluated using hydraulic conductivity, storage coefficient, static water level, discharge, depth of wells and water quality data. The wells that explotam the Bauru were analyzed in terms of technical structure and geological profile. The results show that, in the area, Bauru is similar hydraulic characteristics to the rest of Brazil, indicating a good production capacity water, as shown the discharge wells. Its waters are acidic, some places have iron content above the VMP, but can be considered potable. The wells less than 10% meet the technical criteria of ABNT, which can is contributing to some local water quality problems such as turbidity, iron, etc. The knowledge and data produced are an essential to support the policy of water management in the city and performing on the sustainable use of these waters educational campaigns tool.

Keywords: Hydrogeological Characterization, Bauru Aquifer System, Wells.

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO ... 13

2. OBJETIVOS ... 14

2.1. Geral ... 14

2.2. Específicos ... 14

3. ASPECTOS DA ÁREA DE ESTUDO ... 15

3.1. Localização ... 15

3.2. Aspectos sócio-econômicos... 15

3.3. Clima ... 16

3.4. Vegetação ... 16

3.5. Hidrografia ... 17

3.6. Abastecimento de Água ... 18

4. GEOLOGIA REGIONAL ... 19

5. ESTRATIGRAFIA ... 22

5.1. Grupo Bauru ... 23

5.1.1. Formação Paredão Grande... 24

5.1.2. Formação Quilombinho ... 25

5.1.3. Formação Cachoeira do Bom Jardim ... 25

5.1.4. Formação Cambambe ... 26

5.2. Formação Cachoeirinha ... 26

6. GEOLOGIA LOCAL ... 28

7. MORFOPEDOLOGIA ... 31

8. TERMOS HIDROGEOLÓGICOS ... 35

9. ESTUDOS DE CASO ... 39

10. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA ... 42

10.1. Pesquisa Bibliográfica ... 42

(8)

10.2. Mapeamento Geológico ... 42

10.3. Sondagem Elétrica Vertical – SEV ... 43

10.4. Hidrogeológica ... 46

10.4.1. Distribuição vertical da água subterrânea ... 46

10.4.2. Poço de monitoramento de níveis de água ... 47

10.4.3. Porosidade ... 48

10.4.4. Lei de Darcy ... 49

10.4.5. Condutividade hidráulica ... 50

10.4.6. Transmissividade hidráulica ... 50

10.4.7. Sistemas hidrogeológicos ... 51

10.4.8. Teste de bombeamento ... 52

10.4.9. Reservas ... 55

10.4.10. Qualidade de água ... 56

11. MATERIAL E MÉTODOS ... 57

11.1. Pesquisa Bibliográfica ... 57

11.2. Aquisição e Processamento de Dados Geológicos ... 57

11.3. Aquisição e Processamento de Dados de Poços ... 57

11.4. Morfopedologia ... 58

11.5. Determinação da Transmissividade e da Condutividade Hidráulica dos Aquíferos Explotados ... 59

11.6. Aplicação de Sondagem Elétrica Vertical – SEV ... 60

11.7. Avaliação da Qualidade de Água dos Aquíferos ... 61

11.8. Mapa Hidrogeológico de Primavera do Leste ... 62

12. RESULTADO E DISCUSSÕES ... 63

12.1. Geologia ... 63

12.2. Hidrogeologia ... 64

12.2.1. Avaliação do Sistema Aquífero Bauru... 65

(9)

12.2.2. Avaliação de poços que explotam os aquíferos ... 71 13. CONCLUSÃO E CONSIDERAÇÕES ... 74 14. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 75

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Localização e Vias de Acesso da Área estudada. ... 15

Figura 2 - Mapa Hidrográfico de Primavera do Leste. ... 17

Figura 3 – Mapa geológico da Bacia do Paraná extraído de Milani, E. J.; in: Geologia do Continente Sul Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida (1997). ... 21

Figura 4 – Coluna Estratigráfica da Bacia do Paraná extraído de Milani, E. J. in: Geologia do Continente Sul Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida (1997). ... 22

Figura 5 - Painel estratigráfico do Grupo Bauru no estado de São Paulo (Soares et. al, 1980). ... 23

Figura 6 – Painel estratigráfico do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso (Weska, 1996). ... 24

Figura 9 – Mapa de Solos da área urbana e periurbana de Primavera do Leste (Salomão et. al., 2001). ... 34

Figura 10 – Aquifero Livre e Confinado (DAE Bauru, 2006). ... 35

Figura 11 – Sistema de Aquiferos de meios isotrópicos. ... 37

Figura 12 - Zonas verticais de sub-superfície ... 47

Figura 13 – Representação esquemática de tipos de rochas... 48

Figura 14 - Esboço esquemático do dispositivo de Darcy ... 49

Figura 15 - Ilustração mostrando os conceitos de Condutividade e Transmissividade hidráulica ... 51

Figura 16 – Variáveis do Teste de bombeamento (CPRM, 1998). ... 52

Figura 17 – Equipamentos de bombeamento (CPRM, 1998). ... 53

Figura 18 - Dispositivos para medição de vazão (CPRM, 1998). ... 54

Figura 19 – Medidor de nível elétrico (CPRM, 1998). ... 55

Figura 20 – Esquematização de um poço de bombeamento. ... 59

Figura 21 - Arranjo Schlumberger. ... 61

Figura 22 – Mapa Geológico da área. ... 63

Figura 23 – Escarpas do Grupo Bauru – Formação Cambambe ... 64

Figura 24 - Mapa Hidrogeológico da área estudada...64

Figura 25 – Condutividade Hidráulica do Sistema Aquífero Bauru...65

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Figura 26 – Transmissividade Hidráulica do Sistema Aquífero Bauru....67 Figura 27 - Mapa piezométrico do Bauru...67 Figura 28 - Mapa potenciométrico do Bauru...69 Figura 29 - Mapas de distribuição de vazões e profundidades de

poços...70 Figura 30 – Profundidades de poços no Sistema Aquífero Bauru...74 Figura 31 – Vazão e Capacidade Específica no Sistema Aquífero

Bauru...75

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 – Carta estratigráfica esquemática da área de estudo (modificado CPRM, 2004)...29 Tabela 2 – Espessuras e profundidades das unidades geológicas estimadas através de SEV (Grillaud, 2010)...66 Tabela 3 – Dados dos Parâmetros Físicos do Sistema Aquífero Bauru...69 Tabela 4 – Dados dos Parâmetros Físicos do Sistema Aquífero Bauru...70 Tabela 5 – Dados dos Parâmetros Bacteriológicos do Sistema Aquífero Bauru...71

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1. INTRODUÇÃO

Estudos de águas subterrâneas em áreas urbanas têm sido realizados há várias décadas nos países desenvolvidos. Estas águas circulam no subsolo, através dos vazios das rochas da Terra, cujas dimensões são milimétricas ou menores, ficando alojadas nos poros das rochas quando estas são sedimentares, e nas fraturas e fissuras quando são rochas cristalinas através dos vazios intersticiais e fraturas que ocorrem em tão grande número (Fetter, 2001). A UNESCO (Zektser & Everett, 1998) estimou que 30% das águas doces da Terra seriam águas subterrâneas, ou da ordem de 10,5 milhões de Km3, até a profundidade geral de mil metros, em média, distribuídas nas demandas totais de água da população do mundo – 10% consumo doméstico, 20 % comercial e 70% atividade industrial (agrícola).

No Brasil, esses estudos estão localizados em áreas mais desenvolvidas seguindo a tendência mundial. No Estado de Mato Grosso, somente nas cidades de Rondonópolis, Jaciara, Cuiabá e Várzea Grande foram realizados estudos sobre os seus recursos hídricos subterrâneos (Cutrim, 2004; 2008 e 2011).

O estado de Mato Grosso faz parte dessa realidade de escassez em pesquisas hidrogeológicas, apesar de seu grande potencial hídrico, como os representados pelas Bacias: Amazônica, Paraguai e Araguaia. As águas subterrâneas suprem a demanda de água de 90% das cidades e das atividades sócio econômicas. Nas cidades das regiões sul, sudeste e centro-norte, o suprimento da demanda do abastecimento público e das demais atividades é maior que 50% por águas subterrâneas, como é o caso da cidade de Primavera do Leste - MT.

Nessa cidade são utilizadas as águas superficiais e subterrâneas para seu abastecimento público, porém a segunda é a principal fonte de recursos hídricos para suprir as demandas do setor industrial e de todas as atividades econômicas.

Esta pesquisa se torna de fundamental importância, uma vez que gerou conhecimentos e dados sobre as águas subterrâneas que podem subsidiar a elaboração de uma proposta de gestão integrada desses recursos.

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2. OBJETIVOS

2.1. Geral

Esta pesquisa tem como objetivo principal a caracterização hidrogeológica do Sistema Aquífero Bauru, na área urbana de Primavera do Leste/MT, para gerar dados e conhecimentos para os setores social, econômico e órgãos gestores.

2.2. Específicos

a) Avaliar os aquíferos explotados.

b) Avaliar os poços que explotam os aquíferos.

c) Atualizar o banco de dados hidrogeológicos da área.

d) Propor medidas preventivas e corretivas para uso dos aquíferos à partir dos dados determinados.

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3. ASPECTOS DA ÁREA DE ESTUDO

3.1. Localização

A cidade de Primavera do Leste localiza-se na região Sudeste do Estado de Mato Grosso, nas coordenadas de latitude sul 15°33’45” e longitude oeste de 54°17’41”, cerca de 250 km de distância de Cuiabá (Figura 1).

Figura 1 - Localização e Vias de Acesso.

3.2. Aspectos sócio-econômicos

Primavera do Leste foi criada pela construtora Imobiliária Consentino em 1979, cresceu rapidamente tornando-se distrito do município de Poxoréu em 1981.

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O município foi criado em 13 de maio de 1986, através da Lei Estadual nº 5.014. Nesta ocasião foram apresentadas inúmeras sugestões para denominar o novo município, dentre as quais Nova Primavera e Alto Primavera.

Prevaleceu mesmo o nome Primavera do Leste.

Este município surgiu de um empreendimento colonizador, com o ideal de ser uma cidade moderna e planejada, destacando-se dos demais municípios pelo seu planejamento urbano.

De acordo com a estimativa do IBGE em 2010, Primavera do Leste possui hoje um total de 56.450 habitantes, IDH-M 0,805 (muito alto) e PIB per capita de R$ 49.161,35.

A base econômica do município está voltada para o agronegócio, sendo a 4ª economia de Mato Grosso. A agricultura e os fortes investimentos em pesquisas resultam em uma área com grande produção e alta produtividade, especialmente da soja.

3.3. Clima

O clima enquadra-se na categoria de Tropical-quente (Nimer, 1989).

Tem como característica marcante a frequência de temperaturas altas diariamente, alcançando em seus meses mais quentes (setembro e outubro) valores superiores a 40°C.

Este tipo de clima apresenta dois períodos relativamente distintos, sendo o seco (abril a agosto) e outro úmido com chuvas abundantes (outubro/novembro a março). Na estação úmida a precipitação pluviométrica varia de 1.500 a 2.700 mm/ano.

3.4. Vegetação

A cobertura vegetal do município de Primavera do Leste apresenta-se bastante variada, podendo observar os tipos florísticos: cerrados, matas ciliares e de galeria (SEPLAN-MT, 2000).

(17)

O cerrado é do tipo vegetal predominante, variando de ralo a denso, em função do tipo de solo. Nas áreas ainda preservadas aparece mais denso, formando uma vegetação compacta com árvores de médio porte.

As matas ciliares e de galerias, que se alongam pelos seus cursos de água ainda presente ajudam a caracterizar a vegetação da região.

3.5. Hidrografia

A região de Primavera do Leste encontra-se no divisor de águas de duas grandes bacias: Paraguai e Tocantins.

Entre os principais cursos de água está o Rio das Mortes que recebe afluentes das duas margens da Unidade Chapada dos Guimarães. Destaque para os córregos Traíras, dos Bois e Nova Esperança (Figura 2).

Figura 2 - Mapa Hidrográfico de Primavera do Leste.

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3.6. Abastecimento de Água

Primavera do Leste conta com uma Captação de Água Bruta localizada no Córrego Traíras, com capacidade de retirar 360.000 litros por hora. E também do Córrego Nova Esperança que tem capacidade para aduzir 90.000 litros por hora.

A principal fonte de abastecimento de água é a subterrânea captada por meio de poços tubulares profundos particulares.

O sistema é totalmente hidrometrado, contando com 7.049 ligações de água, sendo que em 2002 foi implantado o sistema de fluoretação da água tratada. Os habitantes atendidos são 31.295.

Hoje a área urbana conta com um sistema de abastecimento de água que atende os padrões de potabilidade exigido pelos organismos de controle da sua qualidade pelo Ministério da Saúde, e pela OMS (Organização Mundial de Saúde) nas estações de tratamento de água (ETA) operada pela empresa Águas de Primavera.

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4. GEOLOGIA REGIONAL

A área de estudo está inserida sobre a bacia sedimentar intracratônica denominada Bacia do Paraná (Figura 3), que ocupa uma área de 1.500.000 Km2 e dimensão norte-sul próxima de 2.000 Km2 no Brasil, estendendo-se ainda pelo Paraguai, Uruguai e Argentina. No território nacional a bacia abrange os estados de São Paulo, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul.

As rochas encontradas nessa Bacia foram depositadas e desenvolvidas durante o ciclo Brasiliano (700-450 Ma), ainda no continente Gondwânico (Schobbenhaus Filho et. al,1975)

A Bacia do Paraná tem sua evolução durante o Paleozóico e o Mesozóico, documentadas em suas estruturas 400 milhões de anos de história geológica. A Figura 4 mostra as seis supersequências principais: Rio Ivaí, Paraná, Gondwana I, Gondwana II, Gondwana III e Bauru (Millani, 1997).

A supersequência Rio Ivaí (Ordoviciano- Siluriana) a mais antiga da Bacia, representa o primeiro cilco de sedimentação apoiada a um embasamento cratônico consolidado após as orogenias Brasilianas (Almeida e Hasui, 1984). O registro completo da Supersequencia Rio Ivaí é formada por conglomerados e arenitos na base (Formação Alto Garça), diamictítos de origem glacial (Formação Iapó) e folhelhos fossilíferos e siltitos (Formação Vila Maria) relacionadas à máxima inundação do cilco Ordoviciano- siluriano.

A Supersequência seguinte, Paraná (Devoniana) materializa um ciclo transgressivo-regressivo, composta por sedimentos arenosos continentais a transicionais, ricos em icnofósseis (eodevonianos) sobrepostos por sedimentos marinhos silico-argilosos (Formação Ponta Grossa).

A supersequência subsequente é a porção basal da sequência pensilvaniana/eo-triássica (Gondwana I), no intervalo correspondente ao Grupo Itararé (na parte sul) e à Formação Aquidauana (na parte norte), a qual foi acumulada sob marcada influência do clima glacial com forte afluxo sedimentar proveniente das áreas vizinhas expostas pela deglaciação. De acordo com a interpretação de Milani (1997), esta supersequência compreende uma parte basal transgressiva, correspondente aos Grupos Itararé (Formações Lagoa Azul, Campo Mourão, Taciba e Aquidauana) constituído por depósitos

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sedimentares de origem glácio-marinha, e Guatá, formado pelas rochas de deposição em ambiente deltáico, marinho e litorâneo da Formação Rio Bonito e marinhos da Formação Palermo com a superfície de inundação máxima na sua parte intermediária. A parte superior, regressiva, está registrada nas rochas marinhas e transicionais do Grupo Passa Dois (Formações Irati, Serra Alta, Teresina, Corumbataí e Rio do Rastro), registrando ao seu final o início da instalação de clima desértico na bacia.

A Supersequência Gondwana III, e representada no Neo-Jurássico/Eo- Cretáceo, um extenso campo de dunas eólicas cobriu inteiramente esta porção do continente (Formação Botucatu), seguido pelo mais volumoso extravasamento intracontinental de lavas basálticas do planeta (Formação Serra Geral) como manifestação magmática dos estágios precoces do rifteamento sul-atlântico.

(21)

Figura 3 – Mapa geológico da Bacia do Paraná extraído de Milani, E. J.; in:

Geologia do Continente Sul Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida (1997).

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5. ESTRATIGRAFIA

Distribuída regionalmente com elevada extensão territorial, a Bacia do Paraná ocorre em várias sequências deposicionais, sendo foco de pesquisa de vários pesquisadores na área das geociências (Figura 4).

Figura 4 – Coluna Estratigráfica da Bacia do Paraná extraído de Milani, E.

J. in: Geologia do Continente Sul Americano: Evolução da Obra de Fernando Flávio Marques de Almeida (1997).

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5.1. Grupo Bauru

O Grupo Bauru foi estudado e reconhecido inicialmente por Gonzaga de Campos (1905). Soares et. al. (1980) elevaram esta unidade para categoria de Grupo no estado de São Paulo, com base em estudos realizados, subdividindo nas formações Caiuá, Santo Anastácio, Adamantina e Marília (Figura 5).

Figura 5 - Painel estratigráfico do Grupo Bauru no estado de São Paulo (Soares et. al, 1980).

Segundo Oliveira et. al. (1992), estas unidades foram correlacionadas com aquelas definidas nas regiões de Poxoréu e Dom Aquino, cujas seções tipos foram descritas respectivamente por Weska (1987) e que depois foram reconhecidas nos municípios de Dom Aquino e Poxoréu por Pisani & Arrais (1991), Maciel & Ribeiro (1991).

Weska et al. (1993), propõe a elevação da unidade à categoria de Grupo para a região da Chapada dos Guimarães, Dom Aquino e Poxoréo em

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Mato Grosso, e o dividem nas formações Paredão Grande, Quilombinho, Cachoeira do Bom Jardim e Cambambe (Figura 6).

Figura 6 – Painel estratigráfico do Grupo Bauru no estado de Mato Grosso (Weska, 1996).

5.1.1. Formação Paredão Grande

A formação é composta por rochas ígneas alcalinas (derrames, diques e rochas Vulcano-clásticas) recorrentes ao longo do desenvolvimento da sedimentação. A idade deste magmatismo é de 83,9 + 4 Ma. (Ar-Ar).

Análises petrográficas caracterizaram as rochas componentes dos derrames como apresentando textura geral porfirítica ou microporfirítica, de grão fino com matriz intergranular a intersertal (Weska 1996; Gibson et al.

1997).

Depósitos identificados como de natureza piroclástica foram descritos como brechas vulcânicas e tufos, podendo ocorrer interação com a sedimentação siliciclástica de ambiente desértico sob a forma de pavimentos contendo bombas vulcânicas ou sedimentos nas frações areia e silte englobados nos derrames.

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5.1.2. Formação Quilombinho

Esta unidade conglomerática basal está junto as formações vulcânicas, com espessuras da ordem de 30 a 50 m (Weska et al., 1988) sendo constituída por clastos dominantemente provenientes da erosão destes centros vulcânicos, ocorrendo ainda seixos de quartzo e clastos de rochas das unidades mais antigas. Ocorrem orto e paraconglomerados, arenitos e subordinadamente pelitos.

As cores são róseas a acinzentadas e as camadas apresentam geometria lenticular. Os conglomerados exibem acamamento gradacional normal e inverso enquanto nos arenitos são encontradas estratificações cruzada tangencial e laminação plano-paralela.

O ambiente deposicional é interpretado como de leque aluvial e a deposição sob regime de enxurradas, constituindo- se de depósitos de fluxo em lençol, barras conglomeráticas e areno-conglomeráticas e dunas tipo 3D.

As camadas de pelitos exibem laminação plano-paralela e intercalações de camadas de arenito fino a muito fino com laminação cruzada cavalgante, indicando deposição por desaceleração do fluxo e decantação em condições de baixa energia, em sítios laterais aos canais fluviais (Weska, 2006).

5.1.3. Formação Cachoeira do Bom Jardim

Constituída por ortoconglomerado composto por seixos de rochas sedimentares e vulcânicas, com intercalações de lentes de arenito róseo com seixos na base e exibindo estratificação cruzada tangencial (Weska, 2006).

Sucedendo as camadas basais ocorrem camadas sigmoidais amalgamadas de arenito médio a grosso, podendo ser conglomerático com seixos de quartzo e arenito dispersos, maciços ou com estratificação cruzada tangencial e camadas lenticulares de arenito fino, que passam a predominar em direção ao topo da unidade. Na região de Poxoréo a ocorrência de calcário (brecha e marga) reveste-se de importância para a atividade agrícola do Estado.

(26)

Ocorrem com menor frequência camadas de paraconglomerado e camadas com presença de fendas de ressecamento. Uma característica marcante desta unidade, conforme Costa et al. (2003) e Godoy et al. (2003) é a presença de calcretes.

A sucessão de camadas representa um ciclo regressivo, ocasionado pelo aplainamento das áreas-fonte e uma deposição em ambiente desértico por sistemas de leques aluviais, fluvio-deltáico e lacustre, conforme interpretado por Weska et al. (1987).

5.1.4. Formação Cambambe

A Formação Cambambe é o topo do Grupo Bauru em Mato Grosso (Weska et al. 1993, Weska 2006) e sua espessura na região de Chapada dos Guimarães atinge duas centenas de metros (Weska et al. 1993).

Constituída por arenitos e arenitos conglomeráticos, aos quais se intercalam lentes de conglomerados e siltitos.

As cores são avermelhadas a róseas e a presença de silcretes é uma característica marcante desta unidade. Os conglomerados ocorrem como paraconglomerados com gradação e como ortoconglomerados maciços ou com estratificação cruzada acanalada, enquanto que os arenitos exibem laminação plano-paralela ou estratificação cruzada acanalada e cruzada tabular.

As camadas de pelitos são maciças ou com laminação plano-paralela. O ambiente deposicional é interpretado como de leque aluvial, fluvial efêmero e lacustre em condições de extrema aridez (Costa et al., 2003 e Godoy et al., 2003).

5.2. Formação Cachoeirinha

A unidade foi identificada e caracterizada por Oliveira e Muhlmann (1965) a leste de São Vicente, Mato Grosso, sob a denominação de Unidade

“C”.

(27)

Gonçalves e Schneider elevaram a categoria da unidade, definindo-a como Formação Cachoeirinha, cuja seção tipo situa-se no Distrito de Cachoeirinha, cerca de 30 km a norte de Poxoréu, onde ocorrem arenitos amarelados, medio a grossos, argilosos e niveis de conglomerados, além de argilito cinza-esverdeado com grãos de areia esparsos e estratificação incipiente. Estes sedimentos inconsolidados depositaram-se discordantemente sobre todas as formações subjacentes.

A conceituação da Formação Cachoeirinha é muito controversa, havendo alguns autores que discordam de sua caracterização como unidade autônoma, englobando os sedimentos nas coberturas lateríticas (Ianhez et al., 1983). Em que pese estas restrições, adotou-se a definição de Pena et al.

(1975) que a consideram uma sequência sedimentar isolada do Terciário Inferior.

É constituída de argilas e areias brancas, cinza, amarelas e avermelhadas, intercaladas tanto com níveis conglomeráticos quanto com outros laterizados, todos lenticulares. Na área em apreço recobre os grupos Aquidauana e Bauru, em pequena extensão no extremo sudeste da folha.

Assim como a Formação Araguaia, a Formação Cachoeirinha também teria sido originada por falhamentos e arqueamentos terciários, ambas sob a forma de bacias continentais.

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6. GEOLOGIA LOCAL

Grillaud (2010) caracteriza a geologia da área como sendo da Formação Cachoeirinha, do Terciário/Quaternário, sobreposta ao Grupo Bauru, pertencente à Bacia do Paraná. Os depósitos aluvionários existentes na área são constituídos por sedimentos areno-argilosos e cascalhos subordinados ao longo do córrego dos Bois e do córrego Traíras (Figura 7).

Figura 7 – Mapa Geológico Primavera do Leste e entorno (Modificado de Grillaud, 2010).

Gonçalves e Schneider (1970), em relatório interno da PETROBRÁS, classificam a unidade geológica de superfície como Formação Cachoeirinha.

Esses autores afirmam que esta formação é constituída por sedimentos inconsolidados, areno-argilosos, de cor vermelha, parcialmente laterizados, apresentando uma espessura que vai de 20 a 80 metros, ocorrendo nos níveis topográficos mais elevados, formando extensos chapadões e assentando discordantemente sobre os sedimentos do Grupo Bauru.

Para Barros et. al. (1982), a Cobertura Detrito-Laterítica possui superfície aplainadas constituídas dominantemente por solos argilo-arenosos, cor vermelha, ricos em concreções ferruginosas.

Weska et. al. (1993), situa a Formação Cachoeirinha como cobertura do Grupo Bauru no período Terciário, composta por cascalhos e areias

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inconsolidadas com matriz areno-argilosa de coloração marrom, e na base a Formação Cambambe constituída por conglomerado petromítico, cíclico com seixos de silexitos e quartzos. O cimento é silicoso, intercalando lentes de siltito argiloso com pelotas de argila.

Salomão et. al. (2001), diz que na área há uma camada de cobertura detrito-laterítica constituída por sedimentos ricos em concreções ferruginosas com níveis de argilas coloridas e areias inconsolidadas.

A carta estratigráfica do CPRM (2004) serviu de base para enriquecer o conhecimento geológico da região e assim gerar dados para estudos hidrogeológicos (Tabela 1).

Tabela 1 – Carta estratigráfica esquemática da área de estudo (modificado CPRM, 2004).

No perfil geológico elaborado a partir dos dados de poços perfurados na área urbana mais os perfis de SEV (Sondagem Elétrica Vertical) é possível identificar arenitos amarelados, médio-grosseiro, argiloso, estratificação espessa e material conglomerático; e argilito cinza, esverdeado com grãos de areia esparsos e estratificação incipiente (Figura 8).

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Figura 8 - Perfil geológico - perfuração de um poço à direita local, e a esquerda um perfil geológico na região, do Grupo Bauru (Weska, 1993).

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7. MORFOPEDOLOGIA

O estudo pedológico é de grande importância no auxilio de estudos hidrogeológicos. A morfologia do solo está ligada a fatores muito importantes das águas subterrâneas, sendo o primeiro deles a capacidade de filtração do solo, podendo servir como um filtro natural para os aquíferos, regulando a infiltração de contaminantes para essas águas, outro fator é a capacidade de armazenar água para recarregar o aquífero e em muitos casos permitem produzir água suficiente para abastecer pequenas propriedades (ABAS, 2014).

Segundo Costa (2003) na região tem-se compartimentos pedológicos proporcionalmente homogêneos no que se refere aos fatores do meio físico e circulação hídrica.

Na área de estudo os fundos de vale encontram-se as colinas, que se declinam suavemente em forma de U amplos, onde o solo é constituído por horizonte gleizado e horizonte plíntico sob substrato da Formação Cachoeirinha e Cambambe, sendo observadas inúmeras surgências de água.

Nas proximidades dos fundos de vale estão as planícies de inundação de alguns rios e córregos, onde os solos são constituídos por gleissolos e plintosolos.

Na área estudada foram observados os seguintes solos:

a) Latossolo Vermelho-Amarelo: essa classe pedológica envolve os solosminerais hidromórficos, com horizonte B latossólico de coloração vermelha a vermelho-amarelado com matizes da ordem de 2,5 YR a 7,5 YR e teores de Fe2O3 provenientes do ataque sulfúrico iguais ou inferiores a 11% e normalmente acima de 7% quando argilosos ou muito argilosos e não concrecionários, e não apresentam atração magnética (Guerra & Cunha 1996).

Também com matizes de 7,5YR a 10YR de textura argilosa média, estrutura granular microagregada com grau de desenvolvimento fraca e uma porosidade média com a presença de muitos microporos e permeabilidade média. Esses solos são muito profundos de seqüência A-B de diferenciação suave (DORES, 2000).

As características morfológicas observadas em campo dos Latossolos Vermelho - Amarelo da região de Primavera do Leste permitem inferir que o funcionamento hídrico por água de chuva apresenta tendência para alta

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infiltração, tanto nos horizontes superficiais como subsuperficiais, abastecendo o lençol freático, que se encontra a uma profundidade acima de 4 metros.

b) Areia Quartzosa - nesta classe estão os solos profundos de constituição areno-quartzosa compreendendo, as classes texturais areia e areia franca, coloração amarelada e avermelhada, extremamente pobre em nutrientes e com horizonte A fracamente desenvolvido. Esses solos comumente ocorrem em superfície de topografia plana e suavemente ondulada. Na área em apreço apresentam-se principalmente no compartimento de fundo de vale.

c) Solo Hidromorfico (Solo Glei Humico e Plintico) - essa classe de solo compreende indivíduos formados por camadas estratificadas, ou não, de natureza arenosa e com lençol freático próximo à superfície. Apresentam, em geral, horizonte superficial pouco desenvolvido embora ocorram em ambientes de drenagem extremamente deficiente, não possuem cores neutras cinzentas devido ao material sedimentar ser de natureza areno-quartzosa e desprovido, quase que completamente, de material argiloso.

As características morfológicas estão relacionadas com os domínios de depressões quaternárias e apresentam relevo praticamente plano, ou seja, esses solos são desenvolvidos em várzeas áreas deprimidas planícies aluvionais locais de terras baixas, vinculadas a excesso de água, ou mesmo em bordas de chapadas em áreas de surgência de água subterrânea.

O solo GLEI PLÍNTICO se diferencia pela presença de um nível plíntico porém em quantidade bem menor do volume do horizonte gleizado. Esses solos ocorrem em áreas mal drenadas com a presença do lençol freático aflorante e subaflorante (Salomão, 2001). Nesse caso as águas de chuva não se infiltram, constituindo áreas de acúmulo de água.

d) Plintossolo Concrecionário - o solo Plíntico geralmente é oriundo de solos onde as imposições intempéricas de diferentes condições morfoclimáticas atuaram ou atuam diretamente sobre eles resultando num material endurecido de cor avermelhada e quando os solos apresentam petroplintita (nódulos e concreções lateríticas) são denominados de Plintossolos Concrecionários (Pétricos).

Quando a petroplintita se encontra pouco profunda e formando uma camada contínua e espessa (couraça laterítica) as limitações quanto as

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facilidades de escavações se tomam mais sérias, como também, se constituem em um impedimento natural para a percolação das águas de chuva, portanto nos Plintossolos Concrecionários o comportamento hídrico se caracteriza pelo escoamento essencialmente superficial (Guerra & Cunha, 1996).

Na área, estes solos ocorrem no compartimento de Borda de Platô. Foi constatada a presença de Areias Quartzosas, sobrepostas a um horizonte plíntico com a presença de fragmentos de nódulos arredondados e subarrendondados e lamelares em uma superfície degradada sugerindo que já houve a existência de uma couraça laterítica sobre a Formação Cachoeirinha, que é composta por cascalho, seixos de quartzo e uma couraça detrito- laterítica (Salomão, 2001).

e) Solo Litólico - esta classe de solos são rasos ou muito rasos, pouco desenvolvidos, com seqüência de horizonte A, C e R ou A e R. Em geral, apresentam horizonte A diretamente sobre o substrato rochoso, embora podem exibir horizonte B incipiente muito pouco espesso acima do material rochoso pouco intemperizado, sobreposto ao substrato rochoso. Normalmente são solos muito pobres e ácidos. Os solos Litólicos apresentam uma grande diversificação morfológica, e geralmente contidos a paisagens mais íngremes, associados a afloramentos de rochas das encostas das serras (Guerra &

Cunha, op. cit).

Nas duas toposseqüências realizadas no perímetro periurbano de Primavera do Leste, os solos apresentaram algumas mudanças devido à morfologia do terreno (Figura 9).

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Figura 9 – Mapa de Solos da área urbana e periurbana de Primavera do Leste (Salomão et. al., 2001).

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8. TERMOS HIDROGEOLÓGICOS

Foram relacionados alguns conceitos hidrogeológicos para melhor entendimento dos resultados alcançados, e para que esteja de acordo com os objetivos deste trabalho.

O universo hidrogeológico possui uma imensa riqueza de conceitos segundo Wrege (1995), sendo as principais definições:

Aquíferos - denominação destinada às formações geológicas ou camadas que apresentam condições favoráveis para armazenar (porosidade) e circular (permeável) um volume considerável de água.

Aquífero livre ou Aquífero Raso - é um aquífero onde as suas águas encontram-se em contato com a atmosfera em toda a sua extensão através de uma zona de aeração e em condições normais de pressão (Figura 10).

Figura 10 – Aquifero Livre e Confinado (DAE Bauru, 2006).

Aquífero confinado ou cativo - é um aquífero encerrado entre dois Aquicludes ou Aquitardes (Figura 10).

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Aquicludes - denominação dada às formações geológicas ou camadas com capacidade de armazenar grandes volumes de água, mas que permite uma circulação muito lenta ou quase nula.

Aquífugo - Formação geológica absolutamente impermeável, não armazena nem transmitem água subterrânea. Por exemplo: granitos, gnaisses e basaltos sem alteração e sem fraturas.

Aquitardes - Formação geológica que podendo conter quantidades apreciáveis de água, transmitem muito lentamente, não sendo viável o seu aproveitamento econômico.

Capacidade específica - significa a relação entre vazão obtida de um poço e o respectivo rebaixamento do aquífero.

Captação - captação de água subterrânea é todo e qualquer dispositivo que permita extrair a água contida em um sistema aquífero, quer seja por gravidade (galerias), por bombeamento ou por qualquer outro sistema de elevação.

Condutividade hidráulica - parâmetro que expressa a permeabilidade de um meio (no sentido qualitativo). Estabelece a relação entre o escoamento específico (= velocidade de Darcy) e o gradiente hidráulico na lei de Darcy. A condutividade hidráulica é função das propriedades do meio e do fluido, depende, portanto, da temperatura.

Exploração - são os processos que objetivam descobrir e quantificar os recursos.

Explotação - de água subterrânea significa a sua extração para disponibilizá-la ao uso.

Gerenciamento - significa o conjunto de ações administrativas que visam controlar ações sobre um sistema aquífero para atingir objetivos e prazos satisfazendo a política de recursos hídricos.

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Hidrogeologia dos meios Isotrópicos - os meios porosos (arenitos e similares) são divididos em dois tipos de aquíferos, o confinado e o livre, isto em relação a pressão hidrostática do meio (Figura 11).

Figura 11 – Sistema de Aquíferos de meios isotrópicos.

(modificado de Pinto et. al., 1976).

Pressão de Confinamento – Pressão a que ficam submetidas as águas armazenadas nos aquíferos confinados. Tal pressão, superior à pressão atmosférica, é engrenada pela influência das estruturas pela influência das estruturas no comportamento dos fluxos, aliada ao peso da camada confinante e afins sobrepostos.

Rebaixamento - ação de baixar artificialmente o nível piezométrico ou freático de um aquífero.

Recarga - quantidade de água que escoa verticalmente até atingir o nível freático, aumentando assim a quantidade de água subterrânea armazenada.

Reserva ativa ou renovável ou reguladora - corresponde ao volume de água do aquífero que oscila com a sazonalidade.

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Reserva explotável - é o volume de água que pode ser extraído do aquífero em condições técnicas e econômicas viáveis.

Reserva permanente - é o volume de água do aquífero que não sofre influência da sazonalidade.

Rio efluente - rio que recebe água das formações geológicas adjacentes.

Rio influente - rio que cede água às formações geológicas adjacentes.

Transmissividade - exprime a capacidade de um material de transportar a água nele Armazenada.

Vazão Específica - é a razão entre vazão de bombeamento (Q) e o rebaixamento (s) produzido no poço em função do bombeamento, para um determinado tempo.

Zonas aquíferas – São domínios aquíferos poucos extensos, encerrados em contextos litológicos, cujas permeabilidades são muito variáveis, e que pode chegar a ser praticamente nulas em parcelas muito importantes.

Zona jorrante - é o domínio geográfico no qual os níveis piezométricos de um sistema aquífero se encontra acima da superfície topográfica.

Zona saturada - parte de um meio poroso natural onde todos os poros se encontram totalmente preenchidos por água e onde a pressão é igual ou superior à atmosférica.

Zona não saturada - zona compreendida entre a superfície topográfica e a zona saturada.

Zona vadosa - o mesmo que zona não saturada.

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9. ESTUDOS DE CASO

Oliveira (2010) estudou a Sub-Bacia Hidrográfica de Alcântara, no âmbito da Hidrogeologia Urbana de Lisboa. Realizaram duas campanhas de amostragem, uma na estação úmida e outra na estação seca, para recolher amostras de água em vários locais dentro da Sub-Bacia de Alcântara com vista à comparação da composição química da água. A análise estatística foi feita por amostragem, correlacionando-se as amostras para verificar a existência de semelhanças ou diferenças na composição química da água.

Herrera e Orozco (2010), em seu trabalho, estudam as características geológicas e hidrogeológicas do setor “Ojo de Agua” na bacia sul da Cidade da Guatemala, onde 72% do uso da água procede de aquíferos no Vale Central e também cerca de 20% do uso total da cidade de Guatemala. Levando em conta a importância do abastecimento público por água potável de qualidade e tendo em vista a necessidade de continuar a usufruir deste aqüífero de forma sustentável, esta pesquisa determinou o modelo hidrogeológico conceitual e estabeleceu novos locais de perfuração. Chama a atenção a direção do fluxo de águas subterrânea definida por controle tectônico, devido a um sistema de falhas com orientação NS.

Viviani e Hirata (2008), falando sobre a problemática do uso da água em São Paulo – SP, maior cidade da América Latina, diz que a água subterrânea é um recurso muito importante para o Brasil em suas áreas urbanas. A dependência é aumentada por causa da falta de água superficial de boa qualidade, a bom preço, bem como pelo preço da água subterrânea e, em algumas áreas, pela falta de outra opção (em áreas pobres periurbanas). Ainda que o correto controle da ocupação da terra pode reduzir drasticamente os problemas de contaminação de aquíferos. Também lembra a necessidade de pessoal técnico bem treinado e que o conceito de sustentabilidade associado à extração e vulnerabilidade à contaminação de aqüíferos não é ainda bem entendido pela população de forma geral.

Reginato e Strieder (2004), mostram neste trabalho a caracterização hidrogeológica e hidrodinâmica do aquífero fraturado da Formação Serra Geral.

A área de estudo localiza-se na região nordeste do estado do Rio Grande do Sul e em parte da bacia hidrográfica Taquari-Antas, abrangendo um total de

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onze municípios. Foram analisados dados de 690 poços tubulares onde foram identificados dados sobre a profundidade dos poços, posição do nível estático, número de entradas de água, vazão e os parâmetros transmissividade e capacidade específica. Com essa análise, foi efetuada uma caracterização geral para o sistema aquífero, bem como uma caracterização detalhada para onze regiões abrangidas pelos municípios. Nesse caso, observou-se que cada região possui comportamento diferenciado e apresenta potencialidades diferentes.

Aguiar e Veríssimo (2012), neste projeto teve o objetivo de gerar e disponibilizar informações e conhecimento sobre a ocorrência, potencialidade, circulação e utilização das águas subterrâneas na porção oriental da Bacia Sedimentar do Parnaíba, especificamente, na zona de afloramento do aquífero Serra Grande. Os estudos iniciaram pelo levantamento do conhecimento existente, passando pela caracterização geológica e geométrica do reservatório e culminaram na caracterização hidrogeológica propriamente dita. Espera-se, ao final dos estudos, que essas informações sirvam para fomentar o uso adequado dos recursos hídricos e, consequentemente, o desenvolvimento socioeconômico sustentável da região, melhorando as condições de vida da população.

Moreira e Braga (2009), relatam que a utilização do método da eletrorresistividade têm tido grande avanço nas áreas ambiental e hidrogeológica. A possibilidade de aquisição de dados geofísicos em grande escala a um custo relativamente baixo permite sua aplicação em estudos ambientais e hidrogeológicos, preferencialmente integrados as técnicas diretas de investigação.

Campos (1998) apresenta um estudo hidrogeológico da cidade de Porto Velho (RO). Esse trabalho consiste na caracterização dos aquíferos sedimentares constituídos por sedimentos fluviais e colúvio-aluviais, utilizando dados de poços tubulares. O estudo permitiu o conhecimento da vazão e da capacidade específica, além da determinação da transmissividade e da condutividade hidráulica desses aquíferos.

Campos et al. (2002) apresentam a caracterização hidrogeológica do Sistema Aqüífero Sedimentar de São Paulo, constituído pelas Formações

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Resende, São Paulo, Tremembé, Itaquaquecetuba e coberturas alúvio- coluvionares.

Campos e Reis (2002) realizaram uma avaliação hidrogeológica na área urbana do município de Ariquemes - RO. Nesse estudo os autores determinaram a condutividade hidráulica, a transmissividade e o armazenamento do aqüífero constituído pela alteração das rochas graníticas.

Além disso, foi feita a classificação da água desse aqüífero.

Rosa Filho et al. (1996) identificaram os principais aqüíferos usados para o abastecimento da cidade de Curitiba – PR, e os principais tipos de usos das águas desses aqüíferos.

Cutrim (2007), com o objetivo de fazer a caracterização hidrogeológica do Grupo Parecis, em Lucas do Rio Verde (MT), utilizou dados da geologia regional e de poços tubulares profundos e de monitoramento de nível estático no ano hidrológico. O Sistema Aquífero Parecis (SAP) foi identificado como livre, com espessura média de 200 metros, transmissividade de 8,64 m2/dia a 7,52 m2/dia, condutividade hidráulica de 7,20x10 -1 m/dia a 6,73x10 -1 m/dia, capacidade específica de 2,63 m2/h a 2,27 m2/h, para suprir poços com vazão de até 100 m3/h. Os dados mostram que o SAP é um sistema aquífero com capacidade para suprir grandes demandas de água.

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10. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

10.1. Pesquisa Bibliográfica

São os principais conceitos teóricos necessários ao desenvolvimento de um trabalho, é o suporte teórico para os estudos, análise e reflexões, sobre os dados e/ou informações coletadas.

A fundamentação teórica é uma apresentação de idéias presentes nas obras estudadas, mostrando a relação que possuem com o tema pesquisado.

10.2. Mapeamento Geológico

O conhecimento geológico de uma determinada área ou região é obtido através da execução de pesquisas de campo e de laboratório, denominadas levantamento geológico ou mapeamento geológico.

O termo “levantamento geológico” designa genericamente as atividades de cartografia geológica ou mapeamento geológico (ou geofísico, geoquímico, hidrogeológico). O seu propósito básico é estabelecer a natureza, a forma tridimensional, a posição espacial, a origem, a idade, a evolução, e a importância regional ou global dos corpos rochosos (Price, 1992).

Os levantamentos geológicos correspondem a uma atividade estratégica de longo prazo, que envolve a utilização de várias disciplinas especializadas das geociências, como a petrografia, sedimentologia, paleontologia, estratigrafia, geologia estrutural, petrologia, foto-interpretação, sensoriamento remoto, geofísica, geoquímica, metalogenia, geocronologia, etc.

A utilização dos resultados dos levantamentos geológicos também se reveste desse caráter multidisciplinar, pois os mesmos trazem informações úteis à descoberta e ao gerenciamento dos recursos minerais, energéticos e hídricos; ao desenvolvimento da agricultura (fertilizantes, corretivos agrícolas) e da construção civil (areia, argila, brita, calcário); para o planejamento da ocupação do solo e da gestão territorial; para a prevenção de catástrofes naturais (enchentes, deslizamentos de massa, terremotos, erupções

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vulcânicas); para a proteção do meio ambiente; para o planejamento das políticas públicas; e, para a própria evolução das ciências geológicas.

De uma maneira geral, pode-se dizer que o conhecimento geológico de um determinado país é diretamente proporcional ao número de cartas ou mapas geológicos existentes em seu território, e de suas respectivas escalas.

Em princípio, quanto maior a escala dos mapas mais precisa e detalhado será o conhecimento.

10.3. Sondagem Elétrica Vertical – SEV

A eletrorresistividade é um método geofísico cujo principio está baseado na determinação da resistividade elétrica dos materiais que, juntamente com a constante dielétrica do material geológico e a permeabilidade magnética, expressam fundamentalmente as propriedades desse material. Os diferentes tipos de materiais existentes no ambiente geológico , apresentam como uma de suas propriedades fundamentais o parâmetro físico resistividade elétrica, o qual reflete algumas de suas características servindo para caracterizar seus estados em termos de alteração, fraturamento e etc. e até identifica-los litologicamente, sem necessidade de alterações físicas (BRAGA,2007).

Segundo Lakubovskii & Liajov uma rocha de condutora de corrente elétrica pode ser considerada como sendo um agregado com estrutura de minerais sólidos, líquidos e gases, na qual sua resistividade é influenciada pelos seguintes fatores:

1) Resistividade dos minerais que formam a parte sólida da rocha;

2) Resistividade dos líquidos e gases que preenchem seus poros;

3) Umidade e porosidade das rochas;

4) Textura da rocha e a forma e distribuição de seus poros;

5) Processos que ocorrem no contato dos líquidos contidos nos poros e a estrutura mineral, tais como: processo de adsorção de íons na superfície do esqueleto mineral, diminuindo a resistividade total destas rochas.

A técnica da sondagem elétrica vertical consiste, basicamente, na análise e interpretação de um parâmetro físico (resistividades e\ou carga

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aparente), obtido a partir de medidas efetuadas na superfície do terreno, investigando de maneira pontual a variação em profundidade.

Existem dois tipos de arranjo para o desenvolvimento da técnica da SEV: Schlumberger e Wenner. Enquanto o primeiro arranjo e utilizado nos países europeus, principalmente França e Rússia, e no Brasil, o segundo é utilizado mais comumente no Canadá, Estados Unidos e Inglaterra.

 Arranjo Schlumberger – além de ser mais prático no campo, sendo necessário apenas o deslocamento de dois eletrodos, as leituras nos equipamentos são menos sujeitas as interferências produzidas por ruídos indesejáveis, tais como, potenciais artificiais produzidos por cabos e estações de alta tensão.

 Arranjo Wenner – neste arranjo os quatros eletrodos apresentam uma separação crescente durante todo o desenvolvimento do ensaio, sendo, deslocados simultaneamente, mantendo sempre a relação: AM = MN = NB = a, e o centro do arranjo permanece fixo.

O desenvolvimento de campo de uma SEV inicia-se pela escolha exata do centro do perfil a ser levantado AMNB, colocando uma forma de identificação, ou seja, uma estaca. A medida que aumenta a distancia dos eletrodos de corrente AB, consequentemente aumenta o volume total da superfície, alcançando camadas mas profundas.

A operação de campo nas medidas terrestres consiste basicamente em injetar corrente em dois pontos da superfície do terreno e medir a resposta dessa excitação em forma de diferença de potencial. Normalmente são utilizados dois eletrodos de corrente e dois de potencial, dispostos seguindo uma linha reta. Outro parâmetro a ser pensado antes da execução em campo, são os arranjos dos eletrodos. Existem no mínimo 5 tipos de arranjos consagrados.

Outra consideração que devemos estar atentos e quanto aos alinhamentos dos perfis a ser levantados, devendo obedecer a critérios geológicos e topográficos, para que as leituras sofram menos interferências e traduzem a radiografia do ponto investigado mais próximo possível da realidade.

Os resultados sucessivos estarão, portanto, ligados com as variações das atividades aparentes e\ou cargabilidades aparentes com a profundidade.

Referências

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