• Nenhum resultado encontrado

Benefícios da ventilação não-invasiva associada ao exercício físico em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: uma revisão

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "Benefícios da ventilação não-invasiva associada ao exercício físico em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: uma revisão"

Copied!
16
0
0

Texto

(1)

Artigo de Revisão

Benefícios da ventilação não-invasiva associada ao exercício físico em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica: uma revisão

Benefits of noninvasive ventilation associated with physical exercise in patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease: a review

Marina Barra Paes1, Giulliano Gardenghi2

1. Pós-graduação Lato Sensu em Fisioterapia Cardiopulmonar e Terapia Intensiva pelo CEAFI, Goiânia/GO - Brasil.

2. Fisioterapeuta, Doutor em Ciências pela FMUSP, Coordenador Científico do Serviço de Fisioterapia do Hospital ENCORE/GO, Coordenador Científico do CEAFI Pós-graduação/GO e Coordenador do Curso de Pós-graduação em Fisioterapia Hospitalar do Hospital e Maternidade São Cristóvão, São Paulo/SP – Brasil.

Autor correspondente: Giulliano Gardenghi. Endereço: Rua 05, número 432, apto.

602, Setor Oeste, Goiânia – GO, CEP: 74115–060. E-mail:

coordenacao.cientifica@ceafi.com.br

(2)

Resumo

Introdução: A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) apresenta como principais sintomas a dispnéia e redução da capacidade funcional para o exercício. A reabilitação pulmonar tem como objetivo reduzir esses sintomas e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. A ventilação não-invasiva determina uma pressão positiva constante nas vias aéreas durante a inspiração (IPAP) e na expiração (EPAP), permitindo benefícios quando associada ao exercício. Objetivo: Avaliar os benefícios da ventilação não-invasiva (VNI) por dois níveis pressóricos associada ao exercício em pacientes com DPOC. Metodologia:

Revisão bibliográfica de estudos publicados nos últimos dez anos, selecionados das bases de dados Scielo e PubMed. Resultados: Foram encontrados 11 artigos que mostraram os resultados do uso da VNI durante o exercício físico em pacientes com DPOC moderada a grave. Destes estudos, 10 demostraram os efeitos da VNI em atividades que envolvem os membros inferiores e somente um abordou sobre atividades com os membros superiores.

Considerações finais: O uso da VNI durante o exercício físico em pacientes com DPOC demonstrou benefícios significativos na redução do trabalho respiratório e dispnéia, maior tolerância ao exercício e melhora da qualidade de vida desses pacientes.

Palavras-chave: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Ventilação Pulmonar; Ventilação Não Invasiva.

(3)

Abstract

Introduction: Chronic Obstructive Pulmonary Disease presents as main symptoms dyspnea and reduction of functional capacity for exercise. Pulmonary rehabilitation aims to reduce these symptoms and improve the quality of life of these patients. Noninvasive ventilation determines constant positive airway pressure during inspiration (IPAP) and expiration (EPAP), allowing benefits when associated with exercise. Objective: Assess the benefits of noninvasive ventilation (NVI) for two pressure levels associated with exercise in patients with COPD. Methodology: Bibliographic review of studies published in the last ten years, selected from the Google Academic and PubMed databases. Results: Were found 11 articles that showed the results of the use of NIV during exercise in patients with moderate to severe COPD. Of these studies, 10 demonstrated the effects of NIV on activities involving the lower limbs and only one dealing with activities with the upper limbs. Final considerations: The use of NIV during exercise in patients with COPD demonstrated significant benefits in reducing respiratory work and dyspnea, greater tolerance to exercise and improvement in the quality of life of these patients.

Key words: Chronic Obstructive Pulmonary Disease; Pulmonary Ventilation; Noninvasive Ventilation

(4)

INTRODUÇÃO

A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma doença prevenível, tratável e não totalmente reversível, caracterizada pela obstrução ou limitação crônica e progressiva do fluxo aéreo, associada a uma resposta infamatória anormal dos pulmões a partículas nocivas ou gases tóxicos, causada primariamente pelo tabagismo1. No Brasil, a DPOC é a terceira causa de morte entre as doenças crônicas não transmissíveis2. Sua crescente morbimortalidade é atribuída principalmente às suas manifestações extrapulmonares como a disfunção muscular esquelética e perda da massa muscular, redução da capacidade ao exercício, queixa de fadiga e dispnéia aos pequenos esforços, os quais levam muitas vezes à incapacidade de realizar e/ou tolerar exercícios e consequente imobilidade3.

Quanto ao diagnóstico da DPOC a maioria dos estudiosos referem que o melhor critério seria a associação da espirometria à gasometria. O Volume Expiratório Forçado do Primeiro Segundo (VEF1) sobre a Capacidade Vital Forçada (CVF) – VEF1/CVF -, pode ser utilizado como bom indicador da doença antes que o indivíduo seja submetido a programas de reabilitação. O critério GOLD avalia o estadiamento da doença (graus I a IV) de acordo com o grau de severidade (leve a muito grave) por meio da espirometria. Podemos dizer que a DPOC apresenta períodos estáveis e instáveis. Este último é denominado período de exacerbação onde seus sintomas são exagerados (alteração da dispnéia basal, tosse e/ou expectoração e alteração na coloração do escarro) em relação ao curso natural da doença e afeta diretamente a qualidade de vida e prognóstico do paciente4.

Na DPOC, o processo inflamatório crônico promove a destruição estrutural pulmonar, com espessamento das vias aéreas periféricas, redução do recuo elástico pulmonar e aumento da resistência das vias aéreas. O aprisionamento de ar nas unidades alveolares acontece em decorrência de um tempo expiratório insuficiente, acarretando hipoxemia e hipercapnia. Há um aumento na Capacidade Residual Funcional (CRF) e concomitante redução na Capacidade Inspiratória (CI) e do Volume de Reserva Inspiratório (VRI) resultando numa hiperinsuflação pulmonar e dificuldade nas trocas gasosas, que pioram com a progressão da doença.

Inicialmente, os pacientes apresentam capacidade física reduzida a grandes esforços e posteriormente isso acontece mesmo durante o repouso. O sedentarismo pela intolerância ao exercício físico gera descondicionamento muscular periférico e

(5)

inicia um ciclo vicioso denominado dispneia-inatividade-dispneia, onde a dispneia torna-se cada vez maior com a atividade física4,5.

Durante a atividade, o centro respiratório estimula a contração da musculatura respiratória de maneira rápida e vigorosa no intuito de aumentar a ventilação minuto (VE) pelo aumento do volume corrente (VC) e da frequência respiratória (FR). Na dificuldade em aumentar o VC que esses pacientes apresentam, há um aumento da VE pela aceleração da FR, reduzindo o tempo expiratório. Desta maneira ocorre um maior aprisionamento aéreo dinâmico e redução da CI durante a atividade, denominado hiperinsuflação dinâmica (HD)5.

Os indivíduos com DPOC apresentam intolerância ao exercício físico e disfunção da musculatura periférica - anormalidades estruturais e funcionais - como alteração no tipo e tamanho das fibras, redução da massa, da força e da resistência muscular5,6.

A reabilitação pulmonar tem como objetivo melhorar os sintomas da doença como a dispneia, aumentar a capacidade funcional para o exercício e melhorar a qualidade de vida desses pacientes. O declínio da função pulmonar aumenta com as exacerbações frequentes da doença. A reabilitação pulmonar é um dos meios de prevenir esses episódios6.

Para o paciente com DPOC é um desafio exercitar-se de maneira intensa o suficiente para melhorar a capacidade de oxigênio. A fim de alcançar esse objetivo, uma das maneiras é lançar mão da assistência ventilatória durante a atividade para minimizar a dispnéia e fadiga e melhorar os efeitos do exercício ao compartilhar o trabalho respiratório com o ventilador6,7.

A ventilação não-invasiva (VNI) por dois níveis de pressão é utilizada quando se faz necessário pressões inspiratórias maiores8. Na DPOC, a VNI reduz os efeitos da hiperinsuflação dinâmica, promove maior tolerância ao esforço durante a reabilitação em DPOC grave, especialmente aos que apresentam hiperinsuflação pulmonar ao repouso9,10.

A VNI está indicada como prioridade em tratamento da agudização ou exacerbação da DPOC pois reduz a necessidade de intubação, mortalidade e custos relacionados ao tratamento11,12. A VNI, associada ao exercício físico, em pacientes com DPOC resulta na elevação do VM (Volume Minuto), redução do trabalho ventilatório e da sobrecarga da musculatura inspiratória, da dispnéia ao esforço e

(6)

aumento da oxigenação arterial, da força muscular respiratória e da tolerância ao exercício13.

A utilização da VNI durante o exercício físico pode gerar diversos benefícios em pacientes com DPOC. O conhecimento deles capacita o profissional a proporcionar uma melhor qualidade de vida a esses pacientes.

O objetivo deste artigo é elaborar uma revisão bibliográfica sobre os benefícios da VNI associada ao exercício em pacientes com DPOC.

(7)

MÉTODOS

Trata-se de um artigo de revisão da literatura sobre os efeitos da utilização de ventilação não invasiva por dois níveis de pressão em pacientes com DPOC. Os artigos para a presente revisão foram selecionados das bases de dados Google Acadêmico e PubMed. Foram selecionados artigos escritos em português, inglês e espanhol, publicados nos últimos 10 anos (2007 a 2017). As palavras-chaves utilizadas foram “ventilação pulmonar”, “ventilação não-invasiva” e “doença pulmonar obstrutiva crônica”.

Foram encontrados 232 artigos e selecionados 24 para a elaboração deste estudo. Destes, foram utilizados 11 para a apresentação dos resultados. A análise e seleção dos artigos foi realizada pela coleta de artigos que continham o termo

“ventilação não-invasiva” como parte do título e conteúdo associado à ventilação pulmonar e DPOC. Quando o assunto era relacionado à estes critérios realizava-se a leitura do resumo, para em seguida realizar a leitura por completo e avaliar o artigo.

(8)

RESULTADOS

De acordo com o levantamento bibliográfico realizado foram encontrados 11 artigos que estão relacionados na Tabela 1.

Tabela 1. Resultado da busca de artigos relacionados à utilização de VNI por dois níveis de pressão em pacientes portadores de DPOC.

Referências Objetivos Métodos Conclusão/Resultados

Toledo et al., 2007

Avaliar a influência do TF com e sem VNI em pacientes com DPOC.

18 pacientes, FEV 1 = 34 ± 8%

dos valores previstos, IM:

68 ± 9 anos, distribuídos aleatoriamente em dois grupos: TF em esteira e TF em esteira + VNI. Duração de 30 min, 3x/ semana, durante 12 semanas.

O TF associado à VNI aumenta a capacidade muscular oxidativa, e pode ser um recurso coadjuvante da reabilitação física de pacientes com

doença pulmonar

obstrutiva crônica. Houve melhora significativa da FC, PAS e consumo de O2 após o treinamento.

Borghi et al., 2009

Avaliar o impacto fisiológico da VNI na força e resistência dos músculos dos MMII em pacientes com DPOC grave.

Ensaio clínico em 2 grupos.

G1: 24 pcts com DPOC. G2:

18 indivíduos saudáveis.

Foram submetidos a ensaios de dinanometria isocinética quando submetidos a VNI ou VS com 30min de repouso antes de cada intervenção.

IPAP: 14cm H2O e EPAP:

6cm H2O. A SpO2, FC, PAS e PAD foram medidas no pico do exercício para cada intervenção.

O uso da VNI melhorou a SpO2 e reduziu a fadiga do músculo quadríceps em pacientes com DPOC grave.

Borghi et al., 2010

Investigar qual o melhor adjuvante para promover adaptações

fisiológicas ao TF em pacientes com DPOC grave: VNI ou oxigênio

suplementar.

n = 28, DPOC estável, IM: 68 anos, submetidos a TF (14 com VNI e 14 com O2), SpO2≥90%. TF: caminhada na esteira (70% da Vmax), 3x/semana, durante 6 semanas. Avaliação no início e após as 6 semanas:

concentração de

lactato/velocidade, a TE durante o TC6M, fadiga das pernas, PImáx e qualidade de vida relacionada a saúde.

Os grupos VNI x oxigênio suplementar, obtiveram na proporção lactato/velocidade (33% X 4%); PImáx (80% x 23%); distância de caminhada de 6 min. (122m x 47m); fadiga das pernas (25% x 11%). A VNI por si só foi melhor do que o oxigênio suplementar sozinho nas adaptações fisiológicas ao exercício físico em pacientes DPOC grave.

(9)

Continuação da Tabela 1

Referências Objetivos Métodos Conclusão/Resultados

Fraga et al., 2011

Avaliar o impacto da VNI em resposta aos testes de esforço submáximo e máximo em ensaios de campo a pacientes com DPOC.

N = 11 pacientes DPOC - escala GOLD (III e IV) - IM:

61a.; 8H e 3M. Realizados 3 testes: TC6M, TES e TCPC, com 30 minutos de intervalo entre cada. A distância, sentido e velocidade eram pré- determinados. O teste terminava quando o paciente era incapaz de continuar ou manter a velocidade estabelecida. VNI com máscara nasal, IPAP: 15cm H2O e EPAP: 4cm H2O.

A VNI reduziu o trabalho muscular inspiratório, permitindo uma maior tolerância ao exercício avaliada por diferentes atividades: TC6M, TE e TCPC.

Longuini et al., 2009

Avaliar e comparar a influência do TF associado ou não a VNI sobre a DP, oxigenação e sensação de dispnéia no TCP limitado por sintomas; TC6M em esteira rolante.

n = 22 pacientes com DPOC moderada a grave, divididos

em 2 grupos.

G1: TF em esteira rolante e G2: TF em esteira rolante + VNI.

Houve eficácia do TF associado ou não à VNI.

Porém, na associação de TF + VNI (G2) houve também um aumento da oxigenação.

Dreher et al., 2007

Propor que a VNI aplicada durante a caminhada impede a hipoxemia induzida pelo exercício e

melhora o

desempenho do exercício em pacientes com DPOC grave, que já recebem VNI a longo prazo em casa.

n = 20, ID: 65 anos, DPOC grave, dependente de VNI em casa, dispnéia a leves esforços, são divididos em 2 grupos para TC6M com apoio de um “andador”. G1: somente O2 suplementar e no G2: O2

suplementar + VNI.

O G1 apresentou uma redução da PaO2 e aumento da PaCO2. O G2 apresentou,

além do aumento

significativo da PaO2, uma

inalteração da PaCO2. A VNI aplicada durante a

caminhada em DPOC grave melhora a oxigenação, reduz a dispnéia, aumenta a distância de caminhada (TE) e previne complicações induzidas pela hipóxia.

Dreher et al., 2009

Elucidar a

abordagem mais eficaz para

preservar a

oxigenação durante a caminhada em pacientes com DPOC severa, utilizando VNI.

n = 11 pacientes com DPOC severa, submetidos a 3 testes de 12min. de caminhada durante 3 dias consecutivos, comparando as doses usuais e duplas de O2 vs VNI + dose usual de O2. A VNI e o

“tanque” de O2 foram colocados em uma mochila.

O uso da VNI não promoveu, neste caso, melhora da dispnéia e TE devido à carga de transportar o equipamento ventilatório pesado em uma mochila.

Porém, o uso da VNI em paciente com DPOC severa demonstrou a preservação da oxigenação durante a caminhada.

(10)

Continuação da Tabela 1

Referências Objetivos Métodos Conclusão/Resultados

Carvalho et al., 2012

Avaliar a resposta cardiorrespiratória dos portadores de DPOC durante a atividade aeróbica

(AA) em

cicloergômetro (CE) vertical para MMII com o uso de VNI, comparados à RE.

n = 8 pacientes DPOC estáveis, adultos, ambos os sexos. Mensuração de variáveis durante o repouso, e após o término até a recuperação dos valores basais. Foram submetidos a 3 coletas de dados distintas, em dias não consecutivos: AA + CPAP (PEEP: 8cm H2O); AA + BIPAP (IPAP: 12cm H2O e EPAP: 8cm H2O); AA + RE.

A utilização do BIPAP durante a AA em CE para MMII não inferiu sobre as variáveis cardiorrespiratórias (PA, FC e SpO2). A VNI aumentou o tempo de recuperação da FC aos valores de repouso quando comparado à RE. Houve maior TE, ausência de dispnéia e aperfeiçoamento da performance respiratória.

Márquez et al., 2014

Comparar o uso combinado de TF +

VNI com 2

intervenções

separadamente na insuficiência

hipercápnica crônica por DPOC.

n = 45 pacientes com DPOC grave, divididos em 3 grupos, intervenção de 12 semanas.

G1: TF isolado; G2: VNI isolada; G3: TF + VNI. Foram avaliados: Capacidade de exercício, função pulmonar, índice de BODE, percepção de dispnéia, qualidade de vida e diversos biomarcadores.

A combinação de VNI + TF apresentou maiores benefícios do que os tratamentos isolados.

Melhorias foram observadas em ambos os gases no sangue e os níveis de biomarcadores como Interleucina-8, Fator de Necrose Tumoral α, Proteína C Reativa e proteína surfactante D, diminuíram.

Walker et al., 2015

Investigar se a VNI sem O2 suplementar é capaz de prevenir a hipoxemia severa induzida pelo exercício quando aplicada durante a caminhada.

n = 15 pacientes com DPOC hipercápnicos estáveis realizaram 2 TC6M: usando O2

suplementar e usando VNI sem O2 suplementar.

O uso de VNI durante a caminhada sem o O2

suplementar não previne hipoxemia induzida por exercício em pacientes com DPOC hipercápnica estável.

Pessoa et al., 2012

Verificar se existe HD e dispnéia durante a realização de AVD com os MMSS, com e sem o uso da VNI.

n = 32 pacientes com DPOC moderada a muito grave, com idades entre 54 e 87 anos. Os pacientes elevaram pesos de 0,5 a 5kg durante 5 min, iniciando a elevação a partir da cintura pélvica em direção a uma prateleira localizada acima da cabeça, com e sem uso da VNI (IPAP: 10cm H2O;

EPAP: 4cm H2O)

A dispnéia aumentou após AVD com e sem VNI. Não houve diferença entre os protocolos. Conclui-se que a simulação da AVD com os MMSS resultou em aumento da HD e da dispnéia. A VNI ofertada com pressões preestabelecidas não foi suficiente para evitar a HD e a dispnéia.

Legenda: AA= atividade aeróbica; CE= ciclo ergômetro; DP= distância percorrida; EPAP= Pressão positiva expiratória; FC= frequência cardíaca; G=grupo(s); G1=grupo1; G2=grupo2; H= homens; HD= hiperinsuflação dinâmica; IM=idade média; IPAP= pressão positiva inspiratória; M= mulheres; Min= minuto(s); PA= pressão arterial;

PAD= pressão arterial diastólica; PAS= pressão arterial sistólica; pcts= paciente(s); PImáx= pressão inspiratória máxima; RE= respiração espontânea; SpO2= saturação periférica de oxigênio; TC6M= teste de caminhada de 6 minutos; TCP= teste cardiopulmonar; TCPC= teste de caminhada progressiva com carga; TE= tolerância ao exercício; TEI= teste de esforço incremental; TES= teste de escadas; TF=treinamento físico; Vmax = velocidade máxima; VS= ventilação simulada.

(11)

DISCUSSÃO

Este estudo abordou 11 artigos mostrando os resultados do uso da VNI durante o TF em pacientes com DPOC moderada a grave. Destes estudos, 10 demostraram os efeitos da VNI em atividades que envolvem os membros inferiores (MMII) e somente um trata de atividades com os membros superiores (MMSS).

Neste último, Pessoa et al.14 mostraram que a VNI associada à atividade de elevação de pesos não foi suficiente para evitar a HD (hiperinsuflação dinâmica) e a dispnéia. Os autores alegam que é possível que as pressões (IPAP/EPAP) estabelecidas tenham sido inadequadas para alguns doentes.

Pacientes com DPOC alegam dispnéia mais intensa em atividades prolongadas que solicitem elevação dos braços sem apoio do que em atividades que envolvem os mmii14. Alguns autores abordaram a utilização de oxigênio suplementar associados ao TF, com e/ou sem VNI15,16,17,18.

Borghi et al.15 avaliaram qual o melhor adjuvante associado ao TF, se VNI ou O2, promoveria aos pacientes melhores adaptações fisiológicas. Para isso submeteu 28 pacientes, com idade média de 68 anos, ao TF em esteira três vezes por semana durante seis semanas. Dividiu esses pacientes em dois grupos: o primeiro consistia em TF com VNI isolada e o segundo em TF somente com O2 suplementar. Os autores concluíram que a VNI isolada reflete melhores adaptações fisiológicas do que o O2 isolado quanto à concentração de lactato, tolerância ao esforço (TE), fadiga das pernas e qualidade de vida.

Walker et al.16 aplicaram testes semelhantes, a fim de investigar se a VNI aplicada de maneira isolada, sem a adição de O2, seria capaz de prevenir a hipoxemia induzida pelo TF através de 15 pacientes submetidos ao TC6M (teste de caminhada de 6 minutos) com VNI e O2, isolados. Somente 10 dos 15 pacientes conseguiram completar ambos os testes e com o uso da VNI a distância percorrida (DP) foi menor quando comparada ao uso de O2. Concluíram que o uso da VNI durante a caminhada sem a suplementação de O2 não previne a hipoxemia.

Walker et al.16 e Borghi et al.15 aplicaram testes semelhantes porém com resultados bem diferentes no que tange aos benefícios alcançados pelos pacientes.

Tal fato pode ser justificado pelas diferentes características dos pacientes (grau de estadiamento da doença, sexo, idade, hipercapnia estável ou não) selecionados nos dois estudos bem como pelos parâmetros pressóricos utilizados.

(12)

Dreher et al.17 propôs que o uso da VNI durante a caminhada impede a hipoxemia em pacientes com DPOC grave. Foram selecionados 20 pacientes com idade média de 65 anos, que apresentam dispneia aos pequenos esforços. Foram submetidos a dois testes: o primeiro consistia em caminhar apoiando em um

“andador” usando O2 suplementar. O segundo faria o mesmo porém associando ao O2 o uso da VNI. Constatou-se que na utilização do O2 isolado durante a caminhada houve uma queda na PaO2 e elevação da PaCO2. Quando associou o uso da VNI além de um aumento significativo da PaO2, os valores da PaCO2 permaneceram inalterados. Esse estudo mostrou que a VNI durante a caminhada melhora a oxigenação, reduz a dispnéia, aumenta a TE e previne as complicações induzidas pela hipóxia.

Em 2009, Dreher et al.18 avaliaram se a VNI associada ao TF seria capaz de impedir a hipoxemia causada pelo exercício por meio de três testes de caminhada de doze minutos aplicados por três dias consecutivos em 11 pacientes com DPOC severa onde eles deveriam realizar o teste com O2 suplementar e com O2

suplementar associado à VNI. O cilindro de O2 deveria ser carregado em uma mochila pelo paciente durante o teste. O uso da VNI não foi capaz de aumentar a oxigenação, porém ela foi preservada. Deve-se considerar o peso adicional, isto é, a sobrecarga imposta ao exercício para justificar o resultado.

Os demais autores avaliaram a influência da VNI ao TF, sem a adição de O2

suplementar, mostrando seus efeitos em atividades distintas. Toledo et al.19 mostraram por meio de um teste de esteira com o uso de VNI, a melhora da FC, PAS, consumo de O2 após o TF com aumento da capacidade oxidativa. Borghi et al.20 demonstraram que o uso da VNI associado à dinanometria isocinética resultou em redução da fadiga muscular do quadríceps e melhora da SpO2. Fraga et al.21 provaram por meio de três testes distintos (TC6M; teste de escadas, teste de caminhada progressiva com carga) que a VNI pode reduzir o trabalho muscular inspiratório e aumentar a TE. Longuini et al.22 demonstraram por meio de um teste em esteira envolvendo 22 pacientes, que a atividade física associada à VNI promove um aumento da oxigenação em pacientes com DPOC moderada a grave.

Carvalho et al.23 avaliaram a resposta cardiorrespiratória em 8 pacientes comparando a atividade aeróbica em ciclo ergômetro (CE) realizada em respiração espontânea (RE), CPAP (PEEP: 8cm H2o) e BIPAP (IPAP: 12cm H2O; EPAP: 8cm H2O) e demonstraram que a VNI não inferiu nas variáveis cardiorrespiratórias (PA,

(13)

FC e SpO2) e, inclusive, aumentou o tempo de recuperação da FC aos valores basais quando comparada à RE. Porém, promoveu um aumento da TE, redução na dispneia e aumento na performance respiratória. Marquez et al.24 apresentaram por meio de seu estudo com 45 pacientes, numa intervenção de 12 semanas, que a VNI aliada ao TF promove melhora das trocas gasosas e redução da presença de biomarcadores inflamatórios.

A associação do suporte ventilatório (VNI) ao exercício físico na DPOC promove uma melhor qualidade de vida e sobrevida aos pacientes visto que o tratamento reflete numa melhor performance respiratória, reduz a dispnéia, aumenta a TE, oferece baixo risco de complicações e gera uma boa aceitação por parte dos pacientes.

(14)

CONSIDERAÇÕES FINAIS

A presente revisão evidenciou que pacientes com DPOC submetidos a diferentes exercícios físicos associados ao uso de VNI obtiveram resultados benéficos como o aumento da TE, da capacidade oxidativa, melhora da SpO2, redução do trabalho muscular inspiratório e da fadiga muscular, redução da dispnéia e melhora das trocas gasosas bem como redução da presença de biomarcadores inflamatórios. Porém, alguns autores não alcançaram resultados satisfatórios em seus estudos.

(15)

REFERÊNCIAS

1. Marchiori RC, Susin CF, Lago LD, Felice CD, Silva DB, Severo MD. Diagnóstico e tratamento da DPOC exacerbada na emergência. Revista da AMRIGS.2010;54(2):214-23.

2. Rabahi, MF. Epidemiologia da DPOC: enfrentando desafios. Pulmão RJ.

2013;22(2):4-8.

3. Trevisan ME, Porto AS, Pinheiro TM. Influência do treinamento da musculatura respiratória e de membros inferiores no desempenho funcional de indivíduos com DPOC. Fisioterapia e Pesquisa. 2010;17(3):209-13.

4. Laizo A. Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica – uma revisão. Revista Portuguesa de Pneumologia. 2009;15(6):1157-66.

5. Reis AFC. Efeitos da pressão positiva expiratória sobre a tolerância ao exercício e a hiperinsuflação dinâmica em pacientes com Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica [dissertação]. Belo Horizonte: Escola de Educação Física, Fisioterapia e Terapia Ocupacional/UFMG; 2009. 110 p.

6. Fernandes ABS. Reabilitação respiratória em DPOC – a importância da abordagem fisioterapêutica. Pulmão RJ. 2009;1(1):71-8.

7. Wehrmeister FC, Knorst M, Jardim JR, Macedo SEC, Noal RB, Martínez-Mesa J, et al. Programas de reabilitação pulmonar em pacientes com DPOC. J Bras Pneumol. 2011;37(4):544-55.

8. Mayor JT. Sistema de reabilitação pulmonar por pressão positiva intermitente – SRPPPI [dissertação]. Curitiba: Universidade Tecnológica Federal do Paraná; 2010.

89 p.

9. Júnior LAF, Esquinas AM. Reabilitação pulmonar em DPOC grave com hiperinsuflação: algumas percepções sobre desempenho ao exercício. J Bras Pneumol. 2016;42(5):397-8.

10. Gardenghi G, Santos NMD, Galano S, Giachini FF. Reabilitação pulmonar na Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica. Integração. 2009;58:263-9.

11. Schettino GPP, Reis MAS, Galas F, Park M, Franca SA, Okamoto VN, et al.

Ventilação mecânica não-invasiva com pressão positiva. RBTI. 2007;19(2):246-57.

12. Gómez RC. Ventilación mecánica no invasiva em la exacerbación de la EPOC.

Galicia Clin. 2010;71(10):25-30.

13. Monteiro MB. Efeitos da pressão expiratória positiva na hiperinsuflação dinâmica em pacientes portadores de Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica submetidos ao exercício [tese]. Porto Alegre: Faculdade de Medicina/UFRS; 2008. 158 p.

(16)

14. Pessoa IMBS, Costa D, Velloso M, Mancuso E, Reis MAS, Parreira VF. Efeitos da ventilação não-invasiva sobre a hiperinsuflação dinâmica de pacientes com DPOC durante atividade da vida diária com os membros superiores. Rev. Bras.

Fisioter. 2012;16(1):61-7.

15. Borghi-Silva A, Mendes RG, Toledo AC, Sampaio LMM, Silva TP, Kunikushita LN, et al. Adjuncts to physical training of patients wiyh severe COPD: oxygen or noninvasive ventilation? Respiratory Care. 2010;55(7):885-94.

16. Walker DJ, Walterspacher S, Ekkernkamp E, Storre JH, Windisch W, Dreher M.

Walking with non-Invasive does not prevent exercise-induced hypoxaemia in stable hypercapnic COPD patients. COPD. 2015;12(5):546-51.

17. Dreher M, Strorre JH, Windisch W. Noninvasive ventilation during walking in patientes with severe COPD: a randomised cross-over trial. European Respiratory Journal. 2007.29(5):930-36.

18. Dreher M, Doncheva E, Schwoerer A, Walterspacher S, Sonntag F, Kabitz HJ, et al. Preserving oxygenation during walking in severe chronic obstructive pulmonary disease: noninvasive ventilation versus oxygen therapy. Respiration. 2009.78(2):154- 60.

19. Toledo A, Borghi-Silva A, Sampaio LMM, Ribeiro KP, Baldissera V, Costa D. The impact of noninvasive ventilation during the physical training in patients with maderate-to-severe chronic obstructive pulmonar disease (COPD). Clinics.

2007;62(2):113-20.

20 . Borghi-Silva A, Di Thommazo L, Pantoni CBF, Mendes RG, Salvini TF, Costa D.

Non-invasive ventilation improves peripheral oxygen saturation and reduces fatigability of quadríceps in patients with COPD. Respirology. 2009;14(4):537-44.

21. Fraga MA, Sívori M, Delgadillo S, Bustamante L, Saenz C. La ventilación no invasiva mejora los resultados em las pruebras de ejercicio em patientes com Enfermedad Pulmonar Obstructiva Crónica. Rev. Amer. Med. Respiratoria.

2011;11(3):125-33.

22. Longuini AFA, Raimundo DA, Regueiro EMG, Marrara KT, Di Lorenzo VAP, Jamami M. Efeitos do treinamento físico em indivíduos com doença pulmonar obstrutiva crônica. Fisioter. Mov. 2009;22(4):519-26.

23. Carvalho J, Garmatz E, Hamid ASAA, Fleig TCM, Silva ALG. Resposta cardiorrespiratória ao exercício aeróbico com ventilação não-invasiva em portadores de DPOC. Fiep Bulletin. 2012;82(1): 1-7.

24. Márquez-Martín E, Ruiz FO, Ramos PC, López-Campos JL, Azcona BV, Cortés EB. Randomized trial of non-invasive ventilation combined with exercise trainig in patients with chronic hypercapnic failure due to chronic obstructive pulmonar disease. Repiratory Medicine. 2014;108(12):1741-51.

Referências

Documentos relacionados

Níveis Descritores do nível de desempenho no domínio específico da disciplina Pontuação 6 Refere os dois aspetos a que atribui maior importância, apresentando um juízo de leitura

Os sete primeiros atributos (Utilidade do trabalho à sociedade, Ética no trabalho, Autonomia no trabalho, Desenvolvimento pessoal, Aprendizagem contínua, Boas relações profissionais

aquecimento, pode ver-se um pequeno avião a sobrevoar a zona do Jamor. O gráfico ao lado refere-se ao movimento vertical do pára-quedista e representa a magnitude da velocidade

no turno da tarde no curso de Aperfeiçoamento Profissional em Processos de Mecânica Industrial, os números de candidatos a serem convocados para a próxima

Matéria seca da parte aérea, teor de N nas folhas, número de vagens por planta e de grãos por vagem, massa de 100 grãos e produtividade de grãos de feijoeiro cultivar IAC Carioca

– Inglês (Senac RN) e Instrutor do Eixo de Desenvolvimento Educacional e Social – Idiomas – Francês (Senac RN) que não participar da Prova Prática

Projetados para ter maior rendimento e codificação mais eficiente, a variedade 3340 e 3640 dos Lasers CO 2 da Videojet tem a maior janela de marcação no setor. Os sistemas de

A Coordenação do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UnB (PPGFIL/UnB), no uso de suas atribuições legais, torna público e estabelece as normas do