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EFEITO DAS POLINIZAÇÕES NO VINGAMENTO DE FRUTOS DE CAPSICUM CHINENSE JACQ

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Academic year: 2021

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EFEITO DAS POLINIZAÇÕES NO VINGAMENTO DE

FRUTOS DE CAPSICUM CHINENSE JACQ

Lucifrancy Vilagelim Costa1, Teresa Gomes Lopes1 ; Ricardo Lopes2; Silfran Rogério Marialva Alves1; Aildo da Silva Gama3

1

Universidade Federal do Amazonas, FCA/DPVA, Av. Gal Rodrigo Otávio, 3000, 69.077-000, Manaus–AM;

2

Embrapa Amazônia Ocidental, C.P. 319, 69.011-970, Manaus–AM; 3Escola Agrotécnica Federal de Manaus, Setor Olericultura, C. P. 2204, 69083-000, Manaus–AM.; E-mail: aildogama@bol.com.br

RESUMO

As pimentas possuem grande importância sócio-econômica, sendo exploradas tanto pela agricultura familiar como em cultivos agroindustriais. O mercado é bastante diversificado, indo desde o consumo in natura e conserva caseiras até a exportação do produto industrializado. A espécie silvestre Capsicum chinense, que tem seu centro de diversidade na Amazônia, apresenta alta variabilidade genética. O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito das polinizações no vingamento de frutos de C. chinense Jacq. Foram avaliados cinco acessos e quatro tratamentos; polinização natural (PN), proteção de botões florais (PB), autopolinização manual (AM) e polinização cruzada manual (PC). Foi utilizado o delineamento experimental inteiramente casualisados (DIC) com três repetições e parcelas experimentais compostas de 30 flores. Os frutos vingados foram colhidos quando maduros e os dados submetidos à análise de variância e teste de médias.Todos os tratamentos avaliados em C. chinense produziram frutos com taxas de vingamento que variaram com os acessos. Os resultados demonstraram que não existem restrições para a obtenção de progênies a partir da autofecundação dos acessos de C. chinense¸ indicando que os acessos são autocompatíveis, que agentes polinizadores

não tem grande importância na polinização dos acessos, que esses comportam-se como plantas autógamas e que a proteção de botões florais é uma estratégia viável para obter progênies de autofecundação.

PALAVRAS-CHAVES: pimentas, melhoramento genético, plantas autógamas, progênies.

ABSTRACT

Effect of pollinization in the beaming of the C. chinense fruits

Peppers are of great socio-economic importance, being explored by family agriculture as well as agroindustrial plantations. The market is also diversified, from in natura comsuption or home made pickles to the exportation of the industrialized product. The sylvan specie Capsicum chinense, which has its center of diversity in Amazon, presents high genetic variability. The aim of this work was to study of the effect of pollinization in the beaming of the C. chinense Jacq. fruits, we evaluated five accesses and four treatments; natural pollination (PN), protection of floral bottoms (PB), manual self pollination (AM) and manual cross pollination (PC). We utilized a fully randomized experimental delineation (DIC) with three repetitions and experimental parcels composed of 30 flowers. The

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developed fruits were collected when mature and the data submitted to the variance analysis and test of means. All treatments evaluate in C. chinense produced fruits with rates of development that varied with the accesses. The results showed that there are not resctrictions for the obtentian progenies from self fecundation of C. chinense accesses, indicating that the accesses are self compatible, that polinizing agents do not have great importance in the polination of the accesses, that these behave as self-fecundation plants and that the protection of the floral bottoms is a viable strategy for the obtention of progenies for self fecundation.

KEYWORDS: pepper, plant breeding, self-fecundation plants, progenies. INTRODUÇÃO

As pimentas e os pimentões (Capsicum spp.) compõem uma importante parte do mercado de hortaliças frescas do Brasil, e também do forte segmento de condimentos, temperos e conservas, a nível mundial. O gênero Capsicum possui 5 táxons domesticados, 10 semidomesticados e 20 silvestres (Andrews, 1984). O Brasil é importante centro de diversidade para o gênero, mas pouco se sabe sobre as espécies nativas, especialmente as encontradas na Amazônia.

O cultivo de pimentas possui grande importância sócio-econômica, é realizado por pequenos, médios e grandes produtores ou integrados às agroindústrias. O mercado é bastante diversificado, indo desde o consumo de pimentas na formas in natura e conserva caseiras até a exportação do produto industrializado (Henz, 2004). Embora as pimentas tenham alcançado posição de destaque na olericultura nacional, as informações sobre algumas espécies, como Capsicum chinense Jacq., são escassas. Existe carência de variedades comerciais e a pesquisa de suporte ao melhoramento é incipiente. Informações relativas à biologia reprodutiva de pimentas são importantes, para que se possa planejar e executar o melhoramento da cultura, assim como para definir a viabilidade das estratégias a serem adotadas. O objetivo deste trabalho foi estudar o efeito das polinizações no vingamento de frutos de C. chinense Jacq.

MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em casa de vegetação tipo arco com 25 m de comprimento por 8 m de largura, no Setor de Olericultura da FCA da Universidade Federal do Amazonas. Foram utilizados cinco acessos de Capsicum chinense, dois do morfotipo murupi (RIH05 e RIH15) e três do morfotipo pimenta-de-cheiro (RIH24, RIH25 e RIH35) originados do alto Rio Negro da coleção de pimenteiras da Faculdade de Ciências Agrárias da Universidade Federal do Amazonas.

A germinação das sementes foi realizada em bandejas de poliestireno expandido de 128 células preenchidas com substrato Plantimax HT®. Quando as mudas atingiram, aproximadamente, 10 cm de altura foram transplantadas para sacos de 5 Kg, contendo solo previamente analisado e realizado a adubação com base nas exigências da cultura. Durante a condução do experimento foram realizadas irrigações diárias e controle fitossanitário por meio de pulverizações com oxicloreto de cobre (50g/20L água) e imidacloprid (6g/20L água) quando necessário.

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Para estudar o efeito da polinização no vingamento de frutos na espécie C. chinense o experimento foi conduzido no período chuvoso com a temperatura máxima de 33º C, a mínima 22º C e a umidade relativa do ar com média de 88%. Foi empregado o delineamento experimental inteiramente casualizado no esquema fatorial simples 4 (polinizações) x 5 (acessos) num total de 20 tratamentos com três repetições. Cada parcela experimental foi composta de quatro plantas do acesso nas quais o tratamento foi aplicado em 30 flores tomadas aleatoriamente, totalizando 90 flores analisadas por tratamento. Foram aplicados os seguintes tratamentos: 1) polinização natural (PN); 2) proteção de botões florais antes da antese (PB); 3) polinização cruzada manual (PC); 4) autopolinização manual (AM). Para identificação das flores nas quais foram aplicados os tratamentos utilizou-se linha de algodão, com cores específicas para cada tratamento, fixada no pedúnculo da flor com etiqueta adesiva, na qual foi registrado o dia de aplicação do tratamento e o número da flor polinizada. No tratamento PN as flores foram identificadas na manhã da antese. No tratamento PB, os botões foram cobertos antes da antese utilizando sacos de papel manteiga de 15 cm x 20 cm.

Os sacos foram mantidos por três dias após a abertura das flores evitando que o estigma ainda viável recebesse pólen de agentes polinizadores (George, 1999). Nos tratamentos com polinização manual, polinização cruzada e autopolinização, procedeu-se à emasculação dos botões florais antes da antese e estes foram isolados com sacos de papel manteiga. Os botões foram monitorados diariamente e as polinizações realizadas no dia da antese. A proteção dos botões foi mantida por três dias após a realização das polinizações. Na aplicação da polinização cruzada manual, na manhã da antese, as flores previamente emasculadas e protegidas foram polinizadas esfregando diretamente sobre o estigma anteras de flores recém abertas coletadas em diferentes genótipos. Na autopolinização manual, na manhã da antese, aplicou-se pólen de anteras de flores da mesma planta recém aberta que também foram protegidas antes da antese realizando o esfregamento direto no estigma da flor emasculada. As flores foram mantidas cobertas por três dias após a polinização.

Após a aplicação dos tratamentos foi acompanhada diariamente a queda das estruturas reprodutivas (flores ou pequenos frutos) até a colheita dos frutos maduros. Os dados referentes ao percentual de frutos vingados em relação ao número de flores polinizadas foram submetidos à análise de variância e teste de médias (Tukey, P < 0,05). As análises foram realizadas no programa GENES (Cruz, 2006).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Na análise de variância verificou-se efeito significativo entre os tratamentos e da interação entre eles para a característica vingamento de frutos (P < 0,05). No desdobramento do efeito de acessos dentro do tratamento apenas em PB não foi verificado efeito significativo dos acessos. Quando o efeito de tratamentos foi desdobrado dentro dos acessos, apenas no acesso RIH15 o efeito dos tratamentos não foi significativo.

Todos os tratamentos produziram frutos e a média geral foi de 38 %, variando de 13,3 % no tratamento proteção do botão floral (PB) no acesso RIH24, 77,8% no tratamento autopolinização manual (AM) no acesso RIH35. No teste de médias (Tabela 1), apenas no acesso RIH15, morfotipo murupi, não foi identificada diferença estatisticamente significativa entre as médias dos tratamentos. Nesse acesso as médias variaram de 18,9 %, tratamento PB, a 26,7 %, tratamento PN.

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Maior discriminação das médias dos tratamentos foi observada nos acessos RIH24 e RIH35, ambos do morfotipo pimenta-de-cheiro e nos quais a resposta aos tratamentos foi similar. No acesso RIH24 as médias dos tratamentos AM (65,6 %) e PN (67,8 %) não diferiram estatisticamente entre si, sendo superiores a média de PC (41,1 %) e PB (13,3 %), sendo PB estatisticamente inferior a PC. No acesso RIH35 as médias dos tratamentos AM (77,8 %) e PN (64,4 %) não diferiram estatisticamente entre si, sendo superiores a média de PC (37,8 %) e PB (14,4 %), sendo PB estatisticamente inferior a PC. No acesso RIH05 as médias dos tratamentos AM (56,7 %), PN (54,4 %) e PC (36,7 %) não diferiram estatisticamente entre si e PC não diferiu estatisticamente de PB (25,6 %). Nos acessos do morfotipo pimenta-de-cheiro a amplitude de variação entre as médias dos tratamentos foi mais elevada do que a verificada nos acessos de murupi, bem como houve maior diferenciação das médias. Considerando as médias de frutos vingados obtidas nos cinco genótipos, verifica-se que o tratamento PB apresentou valores inferiores aos demais, com exceção no acesso RIH15, embora, com diferença estatisticamente significativa dos demais tratamentos apenas nos acessos RIH24 e RIH35, sendo inferior mas com diferença não significativa estatisticamente da média de PC no acesso RIH05 e de PN e PC no acesso RIH25.

A utilização da proteção de botões florais demonstra-se como estratégia viável para garantir a produção de frutos oriundos de autofecundação, embora com menor eficácia quando comparado com o número de frutos vingados a partir de AM; contudo deve-se considerar o laborioso trabalho da realização das polinizações. As porcentagens médias de frutos vingados, obtidas a partir da AM, indicam que não existe auto-incompatibilidade nas plantas avaliadas, pois os valores foram superiores ou não diferiram estatisticamente das médias de fixação de frutos a partir dos tratamentos PC e PN. Os resultados obtidos a partir da autopolinização manual, em relação aos demais tratamentos, estão de acordo com a classificação das pimenteiras como espécies de sistema reprodutivo com predominância da autofecundação (Casali e Couto, 1984). Contudo, existem relatos na literatura de taxas de cruzamento de até 68 % (Murthy e Murthy, 1962, Citado por Godoy et al., 2006). De acordo com Casali e Couto (1984), os níveis de polinização cruzada podem variar entre diferentes genótipos.

Os valores médios de vingamento de frutos obtidos a partir da PC, com exceção das médias nos acessos RIH24 e RIH35, não deferiram estatisticamente dos valores médios da fixação de fruto obtida a partir da polinização natural. Se comparados os valores sem critério estatístico, em apenas um dos cinco genótipos a média de frutos vingados a partir da PC foi superior a PN.

Os resultados obtidos indicam que na espécie C. chinense a polinização natural é eficiente e não apresenta alta dependência de agentes polinizadores. Na polinização cruzada manual foi utilizada uma mistura de pólen de diferentes plantas não sendo possível determinar se existem genótipos incompatíveis. Pelo fato de ter sido aplicado o mesmo procedimento de emasculação nas flores que foram submetidas ao tratamento AM e ao PC, se o procedimento de emasculação acarretasse injúrias que provocassem a queda das estruturas reprodutivas os valores do vigamento de frutos deveriam ser afetados na mesma proporção nesses tratamentos. As médias de PB variaram de 13,3 % (RIH24) a 25,6 % (RIH05), mas não diferiram estatisticamente entre si. Já as médias de AM variaram de 22,2 % (RIH15) a 77,8 % (RIH35), e apenas a média obtida no RIH15 foi estatisticamente diferente e inferior a dos demais acessos. As médias de PN variaram de 26,7 % (RIH15) a 67,8 % (RIH24) e as de PC de 17,7 % (RIH15) a 41,1 % (RIH24).

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Os resultados demonstram resposta diferencial dos acessos aos tratamentos. Portanto, pode-se concluir que não existem restrições à obtenção de progênies a partir da autofecundação dos acessos de Capsicum chinense¸ indicando que os acessos são auto-compatíveis; o vingamento natural de frutos dos acessos é semelhante ao obtido com o uso da autopolinização manual, indicando que agentes polinizadores não tem grande importância na polinização dos acessos de Capsicum chinense e que os acessos comportam-se como plantas autógamas; a proteção de botões florais, embora menos eficiente do que a autopolinização manual é uma estratégia viável para obter progênies de autofecundação dos acessos Capsicum chinense.

AGRADECIMENTOS

A FAPEAM e ao CNPq pelo apoio e ajuda financeira.

REFERÊNCIAS

ANDREWS, J. 1984. Peppers: the domesticted Capsicum. Austin: University of Texas Press, 170p.

CASALI, VWD.; COUTO FAA. 1984. Origem e botânica de Capsicum. Informe Agropecuário10: 113.

CRUZ, CD. 2006. Programa Genes - Estatística Experimental e Matrizes. 1. ed. Viçosa: Editora UFV. 285p.

GEORGE, RAT. 1999. Vegetable seed production. London: CABI Publishing, 2.ed. 219p. GODOY, M.C.; GODOY, A.R.; CARDOSO, A.I.I. 2006. Influência do estádio de maturação da flor na produção de sementes de pimentão com polinização. Bragantia 65: 83-87.

HENZ, P.G. 2004. Fontes de Resistência em Capsicum spp. Colletotrium gloeosporioides. Revista Horticultura Brasileira 12: 82.

Tabela 1. Porcentagem de frutos vingados em morfotipos de Capsicum chinense a partir dos tratamentos

polinização natural (PN), autopolinização manual (AM), proteção de botões (PB) e polinização cruzada (PC). Universidade Federal do Amazonas, 2007.

Trata- Acessos

mento Pimenta-de-cheiro

1

Murupi1

RIH25 RIH24 RIH35 RIH15 RIH05

AM 71,1 a A 65,6 a A 77,8 a A 22,2 a B 56,7 a A

PN 30,0 b B 67,8 a A 64,4 a A 26,7 a B 54,4 a A

PC 38,9 b A B 41,1 b A 37,8 b A B 17,8 a B 36,7 a b A B

PB 21,1 b A 13,3 c A 14,4 c A 18,9 a A 25,6 b A

1

Médias seguidas de mesma letra não diferem estatisticamente entre si pelo teste Tukey ao nível de 5%. Letras minúsculas comparam médias dos tratamentos dentro de acessos (vertical) e maiúsculas de acessos dentro de tratamentos (horizontal).

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