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OS PARÂMETROS CLÍNICOS DE RATOS OBESOS.

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Academic year: 2021

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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE SINOP INSTITUTO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE- ICS CURSO DE BACHARELADO EM ENFERMAGEM

ANGÉLICA MACEDO BORGÊS PAULINO

O EFEITO DO TRATAMENTO COM Hibiscus sabdariffa SOBRE OS PARÂMETROS CLÍNICOS DE RATOS OBESOS.

Sinop – MT 2018

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ANGÉLICA MACEDO BORGÊS PAULINO

O EFEITO DO TRATAMENTO COM Hibiscus sabdariffa SOBRE OS PARÂMETROS CLÍNICOS DE RATOS OBESOS.

Trabalho de curso apresentado para banca examinadora do curso de Graduação em Enfermagem da Universidade Federal de Mato Grosso- campus Sinop, como requisito para obtenção do título de Bacharelado em Enfermagem.

Orientador: Prof. Dr. Mario Mateus Sugizaki.

Sinop-MT 2018

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FICHA CATALOGRÁFICA

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FOLHA DE APROVAÇÂO

O EFEITO DO TRATAMENTO COM Hibiscus sabdariffa (Hs) SOBRE OS PARÂMETROS CLÍNICOS DE RATOS OBESOS.

Esta monografia foi submetida à avaliação por Banca Examinadora para obtenção do título de: Bacharel em Enfermagem.

Aprovada na sua versão final em dia de setembro de 2018, atendendo às normas da legislação vigente da UFMT – Campus Universitário de Sinop e do Curso de Graduação

em Enfermagem.

_________________________ Coordenador do curso Banca Examinadora:

___________________________________________ Prof. Dr.Mario Mateus Sugizaki.

Universidade Federal de Mato Grosso – Campus de Sinop Membro Efetivo – Orientador/ Presidente da Banca

___________________________________________ Prof.

Universidade Federal de Mato Grosso – Campus de Sinop Membro Efetivo – Banca examinadora

___________________________________________ Prof.

Universidade Federal de Mato Grosso - Campus de Sinop Membro Efetivo – Banca examinadora

___________________________________________ Prof.

Universidade Federal de Mato Grosso - Campus de Sinop Membro Suplente – Banca examinadora

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Dedico este trabalho primeiramente a Deus, minha família e meu esposo, o qual tem estado comigo nos dias felizes e nos dias mais árduos da minha caminhada, o mesmo tem me incentivado e me apoiado nesta etapa de minha vida.

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AGRADECIMENTOS

Com muita alegria, neste momento tão esperado, agradeço primeiramente a Deus, o qual sempre teve tudo planejado para que chegasse até aqui, por ter me ajudado quando pensei que não ia conseguir, por guiar, cuidar e zelar de mim, sem Ele sei que não teria conseguido chegar até aqui. Obrigada meu Papai!

Agradeço a minha família, por fazer parte desta caminhada, meus pais por terem me permitido mudar de cidade e por ter confiado em mim, por me ouvirem choram e minha mãe por orar sem cessar, mesmo sendo eu que a obrigava, a minhas irmãs por serem amigas quando precisei.

Em especial quero agradecer ao meu esposo Maykon, a mais de 3 anos e 9 meses tem me apoiado e ajudado para que sempre fizesse o melhor, por acreditar que posso fazer tudo que sempre sonhei, tem suportado dias nos quais o estresse e a preocupação estavam me deixando muito chata. Ele é um amigo insubstituível, mesmo sem entender nada de laboratório e sabendo que eu amo este tipo de estudo, aprendeu a amar e compreender as horas que não pude estar presente. Obrigada por tudo!

Não poderia esquecer a minha amiga Carol, a qual me incentivou e me inspirou a entrar para o laboratório e trabalhar com iniciação científica, me ensinou um pouco do que gosto antes mesmo de terminar sua faculdade em apenas algumas semanas. A Morenna uma grande amiga, que sempre briga comigo para me ajudar claro, mas que acima de tudo tem me ensinado praticamente tudo que sei dos procedimentos e técnicas laboratoriais, é uma verdadeira mãezona. Agradeço aos meus amigos, colegas e ex-colegas de laboratório: Karla, Renata Piran, Milena, Larissa, Thais, Lívia, Cintia, Paulo, Gabriel, Miguel, Ingrid, Amadeu, Felipe, Alef e Mariana. Aos técnicos do laboratório Larissa e Cleberson.

Agradeço a toda equipe do laboratório os professores: Dr. André, Dra. Renata, Dr. Giseli, Dra. Eveline, Dra. Marina e em especial meu orientador Dr. Mario Mateus Sugizaki, o qual admiro imensamente, tem se mostrado muito paciente e me auxiliou em todos os momentos que precisei, pelos conselhos que me ajudaram a escolher o caminho que deveria seguir, mesmo eu apresentando muito insegurança, nunca desistiu de mim, este contribuiu muito para este trabalho me ensinando e motivando, muito obrigado professor.

Agradeço também a Bianca uma das minhas amigas da faculdade, que cuido como irmã (rindo), que tem estudado comigo em todos os semestres para provas e projetos

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futuros, tem sido uma amiga muito dedicada, tem aguentado minhas chatices durante os momentos mais cansativos. Agradeço a Luciana uma grande amiga, que tem me apoiado em todos os meus planos e tem me incentivado nos momentos mais difíceis, que mesmo que pareça uma moça muito séria para os outros, porém eu não à vejo desta forma é muito carinhosa e amorosa e pronta a ajudar em qualquer situação. Minha CDF preferida! Agradeço a Thais e a Ana, duas amigas que trazem a alegria junto a elas, a Thais minha parceira do projeto com bombeiros, a qual fazia de todos os dias uma diversão, é a pessoa que faz qualquer momento difícil ter um lado bom e que possa ser aproveitado como lição.

À Universidade Federal de Mato Grosso, Campus Universitário de Sinop, e ao Instituto de Ciências da Saúde. Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e à Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Mato Grosso pelo apoio financeiro.

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“A fé em Deus é a força que me mantém de pé perante as adversidades da vida! ”

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RESUMO

A obesidade é caracterizada pelo acúmulo de gordura no tecido adiposo e tem se destacado como um problema de saúde pública mundial abrangendo cerca de 30% da população, incluindo todas as faixas etárias e classes sociais. Resulta no aumento do risco de mortalidade associada a outras doenças, entre elas: doença cardiovascular (hipertensão), hipertrigliceridemia, diabete mellitus tipo 2, disfunção metabólica, dislipidemia e várias outras doenças. O Hibiscus sabdariffa (Hs) é uma planta que possui possíveis efeitos benéficos sobre a obesidade, contém o ácido hidroxicítrico, o qual possui efeito antiobesogênico, inibindo o acúmulo de lipídios no citoplasma. Diante disso, nosso objetivo foi avaliar a influência do tratamento com o Hs sobre os parâmetros clínicos de animais obesos. Foram utilizados ratos Wistars machos, distribuídos em três grupos: controle (C) recebeu dieta padrão, obeso (O) recebeu uma dieta hipercalórica e água com sacarose, obeso + Hibiscus sabdariffa (OHs) tiveram indução a obesidade como o grupo anterior e o tratamento com Hibiscus Sabdariffa (150mg/kg/dia) via gavagem. Os animais foram submetidos a indução a obesidade durante 60 dias (tempo 1) e 60 dias de tratamento com Hs (tempo 2). Os parâmetros clínicos foram avaliados através de análises séricas de amostras de soro, peso, gordura corporal e perfil glicêmico. A comparação entre os grupos foi realizada pela técnica de teste “t” e ANOVA de uma via complementada por Bonferroni, p<0,05. O peso corporal e o ganho de peso foram maiores no grupo O comparado com o C no tempo 1. No tempo 2 após a indução a obesidade, o peso e a gordura corporal, assim como o consumo energético foram maiores no grupo O relacionado ao C. O consumo no grupo OHs reduziu significativamente comparado com O e C. Na análise dos dados séricos o TG aumentou significativamente nos grupos O e OHs relacionado com C. Já o ALT foi menor nos grupos O e OHs comparado com C. Os órgãos ventrículo esquerdo, coração, rins, baço, estômago, gastrocnêmico e músculo extensor longo dos dedos do grupo O e OHs apresentam menor peso comparado com C. Os dados revelam que o tratamento com o Hs, reduz a intolerância à glicose de ratos obesos. Então conclui-se a dieta hipercalórica resultou em indução a obesidade e que o tratamento com o Hs reduziu o ganho de peso e consumo enérgico, além de apresentar eficácia na melhora da intolerância à glicose de ratos obesos.

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ABSTRACT

Obesity is characterized by the fat accumulation in adipose tissues and has emerged as a global public health problem covering about 30% of the population, including all age groups and social classes. It results in the increased risk of mortality associated with other diseases, including cardiovascular disease (hypertension), hypertriglyceridemia, type 2 diabetes mellitus, metabolic dysfunction, and dyslipidemia, among others. Hibiscus sabdariffa (Hs) is a plant that has possible beneficial effects on obesity; it contains hydroxycitric acid, which has an antiobesogenic effect, inhibiting the lipid accumulation in the cytoplasm. Therefore, this study aimed to evaluate the influence of treatment with Hs on the clinical parameters of obese animals. Male Wistar rats were distributed in three groups: control (C) received standard diet, obese (O) received a hypercaloric diet and water plus sucrose, obese + Hibiscus sabdariffa (OHs) had obesity induction as the previous group and treatment with Hibiscus Sabdariffa (150 mg/kg/day) by gavage. The animals were submitted to obesity induction for 60 days (time 1) and 60 days of Hs treatment (time 2). The clinical parameters were evaluated through serum analysis of serum samples, weight, body fat and glycemic profile. The clinical parameters were evaluated through serum analysis, weight, body fat and glycemic profile. The comparison between groups was performed by the t-test and one-way ANOVA complemented by Bonferroni method, p <0.05. Body weight and weight gain were higher in group O when compared to C at time 1. At time 2 after obesity induction, weight and body fat, as well as energy intake, were higher in group O when related to C. The consumption reduced significantly in the OHs group when compared to O and C. Data of serum analysis showed that TG increased significantly in O and OHs groups related to C. ALT was lower in O and OHs groups compared to C. The organs of O and OHs groups, left ventricle, heart, kidneys, spleen, stomach, gastrocnemius, and the extensor digitorum longus muscle presented lower weight compared to C. Data show that treatment with Hs reduces glucose intolerance in obese rats. It was concluded that the hypercaloric diet resulted in the obesity induction and that the treatment with Hs reduced weight gain and energetic intake, besides being effective in improving glucose intolerance in obese rats.

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LISTA DE TABELAS E GRÁFICOS

Quadro 1- Composição da ração padrão e hipercalórica 30

Tabela 1 - Dados de peso corporal inicial, final e consumo de ração na fase de

indução à obesidade 34

Tabela 2 - Dados de peso corporal inicial, final e consumo em Kcal após 60

dias de indução à obesidade no T2 35

Tabela 3 - Dados da gordura corporal e índice de adiposidade após 60 dias de

tratamento com Hs 35

Tabela 4 - Dados da relação de peso dos órgãos pelo peso corporal final após

60 dias de tratamento com Hs 36

Tabela 5 - Dados do perfil bioquímico sérico após 60 dias de tratamento com Hs

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1- Fisiopatologia da Obesidade 23

Figura 2- Hibiscus sabdariffa 25

Figura 3- Protocolo Experimental 29

Figura 4- Extrato de Hs 31

Figura 5A- Dados da área sobre a curva do teste de tolerância a glicose (GTT) 37 Figura 5B- Dados de glicemia coletados durante o teste de tolerância a glicose (GTT) 38

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGL Ácido graxo livre

ALT Alanina aminotransferase

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária AST Aspartato aminotransferase

C Controle

CT Colesterol total

DCV Doença Cardiovascular

DHGNA Doença Hepática Gordurosa não Alcóolica DM Diabetes mellitus

EDL Músculo Extensor longo dos dedos GASTRO Gastrocnêmico

GTT Teste de tolerância a glicose HDL Lipoproteína de alta densidade HFD

Hs

Dieta hipercalórica Hibiscus Sabdariffa L.

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IFN Interferon

IL Interleucinas

IMC Índice de Massa Corporal LDL Lipoproteína de baixa densidade LPS Lipopolissacarídeo

M1 Macrófagos 1 M2 Macrófagos 2

MCP Proteína Quimiotáctica de Monócito

O Obeso

OHs Obeso + Hibiscus sabdariffa OMS Organização Mundial de Saúde PAS Pressão arterial sistólica

PCI Peso corporal inicial PCF Peso corporal final SM Síndrome Metabólica

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T1 Tempo 1

T2 Tempo 2

T3 Tempo 3

TNF Fator de necrose tumoral TG Triglicerídeos

VD Ventrículo Direito VE Ventrículo Esquerdo

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 16 2 JUSTIFICATIVA ... 18 3 HIPOTÉSE ... 19 4 OBJETIVO ... 20 5 REVISÃO DE LITERATURA ... 21 5.1 OBESIDADE ... 21 5.2 Hibiscus Sabdariffa ... 25

5.3 Hibiscus Sabdariffa E OBESIDADE ... 26

6 METODOLOGIA ... 29

6.1 ANIMAL E MODELO EXPERIMENTAL ... 29

6.2 MODELO DA DIETA E SUPLEMENTAÇÃO ... 30

6.3 PREPARAÇÃO E TRATAMENTO COM Hibiscus sabdariffa L. ... 31

6.4 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E ÍNDICE DE ADIPOSIDADE ... 32

6.5 GLICEMIA EM JEJUM E TESTE DE TOLERÂNCIA A GLICOSE 32 6.6 COLETA E ARMAZENAMENTO DE ÓRGÃOS ... 32

6.7 ANÁLISES DE PERFIL SÉRICOS ... 33

6.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA ... 33

7 RESULTADOS ... 34

8 DISCUSSÃO ... 39

9 CONCLUSÃO ... 42

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1 INTRODUÇÃO

A obesidade é uma patologia caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura no tecido adiposo, a ingesta de energia é armazenada como triglicerídeos, ultrapassando o gasto energético (HASSAN; EL-GHARIB, 2015). Reconhecida como um problema de saúde pública mundial (ARROYO-JOHNSON; MINCEY, 2016) e a Organização Mundial da Saúde (OMS) estima que aproximadamente 1 bilhão de pessoas tem excesso de peso e 300 milhões são obesos. Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) entre o ano de 2008-2009, na população brasileira cerca de 49% eram sobrepesos e 15% obesos (PORTAL MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018).

Os indivíduos obesos tendem a desenvolver algumas alterações no estado de saúde, resultando no aumento do risco de mortalidade associada a outras doenças, entre elas: doença cardiovascular (hipertensão), hipertrigliceridemia (elevação do colesterol total, triglicerídeos, lipoproteína de baixa densidade - LDL, lipoproteína de alta densidade – HDL e lipoproteína de muito baixa densidade -VLDL), diabetes mellitus tipo 2 (DM), resistência à insulina , doença do fígado gorduroso não alcoólico (DHGNA), osteoartrite, doenças respiratórias, apneia do sono e câncer (LAVIE, MILANI ; VENTURA, 2009; EBBERT ; JENSEN, 2013).

A primeira opção de tratamento que também pode ser preventiva é a mudança do estilo de vida, na qual requer uma dieta balanceada que associada ao exercício físico melhora sua eficácia na perda de peso corporal. O tratamento farmacológico é instituído casos em que os pacientes não apresentam resultados satisfatórios com a terapêutica primária, outra alternativa são as cirurgias bariátricas (GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017).

Devido efeitos colaterais apresentados pelos tratamentos farmacológicos, houve uma necessidade de novos estudos de substâncias naturais com objetivo de atenuar a obesidade (HASSAN; EL-GHARIB, 2015). Uma intervenção utilizada desde a antiguidade é a fitoterapia designada como “tratamento pelas plantas”, usando partes como folhas e caules de flores, raízes e frutos, desencadeando uma efetividade terapêutica (WEISHEIME et al., 2015). O uso de extratos e chás de origem vegetal, é uma escolha para a perda de peso com menores efeitos adversos e melhor acessibilidade (VERDI; YOUNES; BERTOL, 2013).

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O Hibiscus sabdariffa L. (Hs) é uma planta medicinal da família Malvaceae, nativa da Malásia, cultivada no Brasil, principalmente em regiões sub-tropicais e tropicais (GHELLER et al., 2017). Estudos demonstraram efeitos do tratamento com Hs na obesidade como redução do peso corporal, de níveis de colesterol, triglicerídeos, ácidos graxos livres e glicemia, assim como a modulação dos níveis de HDL e LDL (ALARCON-AGUILAR et al., 2007; HUANG et al., 2015; SABZHABAEE et al., 2013; CHANG et al., 2014). Devido o Hs também possuir ação benéfica aos parâmetros metabólicos e tem capacidade anti-inflamatória, então avaliaremos o seu efeito sobre os parâmetros de ratos obesos.

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2 JUSTIFICATIVA

A obesidade tem se mostrado um problema mundial, a qual vem acompanhada de várias consequências como doença cardiovascular (DCV), DHGNA, dislipidemia, câncer (cólon, mama, rins, vesícula biliar e endométrio) entre outras (NISSEN et al., 2012). Na literatura foram encontrados alguns estudos no qual o Hs apresentou efeito benéfico sobre a obesidade e doenças associadas, entretanto existem divergências sobre esses efeitos. Desta forma é importante novos estudos sobre o tratamento de Hs na obesidade.

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3 HIPOTÉSE

A hipótese deste trabalho é que a obesidade promoverá prejuízo na gordura corporal, perfil lipídico e glicêmico de ratos e que o tratamento com Hibiscus sabdariffa promoverá melhora destes parâmetros.

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4 OBJETIVO

Avaliar os efeitos do tratamento com Hs sobre os parâmetros da gordura corporal, perfil lipídico e glicêmico de ratos obesos.

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5 REVISÃO DE LITERATURA

5.1 OBESIDADE

A obesidade é caracterizada como uma doença crônica sistêmica, a qual apresenta um acúmulo exacerbado de gordura corporal, evidenciado por um desequilíbrio entre a ingestão e gasto energético. O excesso de energia é acumulado em células adipócitas, levando ao aumento do tamanho ou número destas células, o que resulta em efeitos adversos para a saúde (ABDELAAL; ROUX; DOCHERTY, 2017; BRAY, 2004). Esse armazenamento ocorre com o excesso de energia como triglicerídeos nas gotículas lipídicas dos adipócitos, assim a uma multiplicação tanto no número (hiperplasia) como no tamanho (hipertrofia) dos adipócitos, esse número de adipócitos, é concretizado na infância e adolescência, e segue até a vida adulta (JERNAS et al., 2006; JUNG; CHOI, 2014; SKURK et al., 2007).

A obesidade é considerada um problema mundial, que tem englobado todas as faixas etárias, causando um aumento significativo na mortalidade e morbidade associado a doenças coronarianas, DM tipo 2 e câncer (RANJBAR; JOUYANDEH; ABDOLLAHI, 2013). Segundo os autores Abdelaal, Roux e Docherty (2017), mais da metade da população europeia se encontra acima do peso, sendo 30% obesa, destaca-se também que dobrou o índice de obesidade em todo o mundo nas últimas três décadas e meia (ARROYO-JOHNSON; MINCEY, 2016). De acordo com a OMS, no Brasil, cerca de 50% da população está acima do peso, e este índice vem crescendo consideravelmente. Presume-se que 700 milhões e 2,3 bilhões de adultos, estejam obesos e com sobrepeso, respectivamente, no período de 2025 (ABESO, 2018).

O excesso de gordura na obesidade pode ser distribuído na forma andróide, concentrando-se nas regiões torácicas e abdominais, onde o indivíduo aparenta um formato de “maçã”, e pode ser distribuída na forma ginecóide, acumulando a gordura na região do quadril, tornando o indivíduo similar ao formato de “pêra”. A forma andróide tem acarretado um risco maior de DCV (VEGA, 2002).

O cálculo utilizado para identificar essa obesidade e sobrepeso, definido por Índice de Massa Corporal (IMC), é o peso em quilogramas dividido pela altura ao quadrado metros (Kg/m2). Se o cálculo do IMC for maior ou igual 25kg/m2 considera-se sobrepeso, mas se o resultado for igual ou maior 30Kg/m2 configura obesidade. (WANNMACHER, 2016).

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As causas são multifatoriais, incluem genética, fisiológica, psicológica, ambiental, social e econômica. Com a mudança do estilo de vida da sociedade, principalmente em cidades grandes onde há pouco tempo e muitos afazeres, as pessoas têm optado por alimentos de fácil acesso, baixo custo e rápido preparo, os mesmos são encontrados em restaurantes, lanchonetes, mercearias (alimentos congelados e industrializados) entre outros, eles possuem grande quantidade de açucares, gordura e sódio, contribuindo para uma ingesta calórica diária elevada. Este aumento de ingesta calórica associado ao sedentarismo tem auxiliado para o desequilíbrio de ingesta e gasto, devido a população preferir atividades sem gastos energéticos como televisão, internet, vídeos games entre outros (LECUBE et al., 2016; WRIGHT; ARONNE, 2012).

As principais consequências associadas a obesidade são as DCV (hipertensão, doença arterial coronariana, aterosclerose e acidentes vasculares cerebrais), resistência à insulina, dislipidemia, DM tipo 2, câncer, anormalias reprodutivas, problemas respiratórios, DHGNA e artrite (HASLAM; JAMES, 2005; JUNG; CHOI, 2014; SANTOS et al., 2008).

A gordura acumulada no tecido adiposo é essencial no estado nutricional específico, como por exemplo a fome (REDINGER, 2007). Quando há uma ingesta excessiva de alimentos, gera um aumento no armazenamento de gorduras e consequentemente levando a obesidade, resultando em liberação exacerbada de ácidos graxos pela lipólise elevada. Através deste mecanismo de liberação, os ácidos graxos livres (AGL) entram para circulação sanguínea, resultando em uma lipotoxicidade, gerando um estresse oxidativo, comprometendo o tecido adiposo e demais órgão (fígado e pâncreas), bem como na síndrome metabólica. O AGLs advindos de depósitos de triglicerídeos inibe a lipogênese, dificultando a liberação de níveis séricos de triglicerídeos, ocasionando uma hipertrigliceridemia (REDINGER, 2007).

Os AGLs são transportados para o fígado pela circulação portal, o excesso do mesmo provoca a produção elevada de lipídios, gliconeogênese e resistência à insulina. Sendo assim os AGLs estimulam os macrófagos M1 a liberar citocinas, articulando a inflamação do tecido adiposo (XU et al., 2003; SHI et al., 2012; SCHIPPER et al., 2012). A função endócrina secreta várias adipocinas, entre elas as quimiocinas, citocinas e hormônios, algumas implicam no equilíbrio energético e inflamação (SPIEGELMAN et al., 2001). Na inflamação os adipócitos auxiliam na secreção de agentes pró-inflamatórios como a proteína quimiotáctica de monócitos (MCP) -1, o fator de necrose tumoral (TNF) -α, interleucinas (IL) -1, IL-6 e IL-8, as quais possibilitam a resistência à insulina

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(SUGANAMI et al., 2005). O aumento do tecido adiposo ocasiona elevação da proliferação de células imunes pró-inflamatórias (interferon tipo I (IFN) -γ, linfócito T helper, glicoproteínas de superfície do linfócito T -CD8), entretanto, a atenuação da resistência à insulina é proveniente da secreção de adiponectinas (proteína hormonal, regula a glicose no sangue e a degradação de ácidos graxos) (JUNG; CHOI, 2014; LEE et al., 2014).

Os macrófagos M2 contribuem na remodelação do tecido adiposo, através da erradicação de adipócitos mortos e o agrupamento e diferenciação de progenitores de adipócitos (JUNG; CHOI, 2014). Alguns estudos evidenciaram a redução da absorção ou extração de macrófagos nos adipócitos que pode ser induzida por perda de peso, atenuando a expressão de citocinas inflamatórias, beneficiando a sensibilidade da insulina (CANCELLO et al., 2005; CLÈMENT et al., 2004; FENG et al., 2011; NOMIYAMA et al., 2007).

Figura 1- Fisiopatologia da Obesidade. Fonte Adaptada: JUNG; CHOI, 2014.

Algumas classes de medicamentos interferem no ganho de peso, entre elas estão: psicotrópicas, hipoglicemiantes, anti-hipertensivos, anti-histamínicos, hormônios esteroides, contraceptivos e inibidores das proteases. Outros fatores relacionados são a diminuição do sono, declínio do consumo de tabaco, distúrbios endócrinos (hipotireoidismo) e o estresse (LECUBE et al., 2016; WRIGHT; ARONNE, 2012).

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De acordo com as Diretrizes Brasileiras de Obesidade (2016), os medicamentos aprovados para o tratamento farmacológico da obesidade são: lisdexanfetamina (inibe a receptação de norepinefrina e dopamina), associação de bupropiona (age no hipotálamo, sobre os receptores adrenérgicos e dopaminérgicos) e naltrexona (antagonista do receptor opíoide), topiramato (efeitos inibitórios sobre receptores de glutamato) , fluoxetina e sertralina (ambos inibidores seletivos da recaptação de serotonina, reduzindo a ingesta alimentar), liraglutida (antagonista do peptídeo semelhante ao glucagon-1, que tem ação hipotalâmica, relacionado a diminuição do esvaziamento gástrico), sibutramina (reduz ingesta alimentar, bloqueando a receptação de noradrenalina e serotonina), orlistate (inibe a lipase gastrintestinal, diminuindo a absorção de triglicerídeos pelo intestino) e associação de sibutramina com orlistate. Contudo, estes medicamentos só devem ser utilizados em casos que o tratamento não farmacológico, não surtiu resultados e o paciente apresente as seguintes características: IMC maior ou igual a 30kg/m2, IMC maior ou igual a 25 ou 27 kg/m2 juntamente a comorbidades. Além desses tratamentos, a cirurgia bariátrica tem sido uma opção em casos extremos (GONZÁLEZ-MUNIESA et al., 2017).

O principal tratamento não farmacológico indicado é a dieta com restrição calórica que associada ao exercício físico melhora sua eficácia. Recomenda-se também a mudança no estilo de vida e apoio psicológico como estratégia de motivação para o paciente (MARCOS et al., 2014). Atualmente são utilizados vários suplementos de ervas e plantas para perda de peso como uma pratica alternativa e complementar. Esses produtos utilizados abrangem extratos brutos e compostos isolados de plantas, por possuírem efeitos anti-obesidade, anti-inflamatório e antioxidantes. Estão sendo estudados e utilizados as seguintes plantas medicinais: Camellia sinensis, Hypericum perforatum, Persea americana, Phaseolus vulgaris, Capsicum annuum, Rosmarinus officinalis, Ilex paraguariensis, Citrus paradis, Citrus limon, Punica granatum, Aloe vera, Taraxacum officinale, Arachis hypogaea e o Hibiscus sabdariffa L., para o tratamento de diabetes, doenças crônicas e obesidade (RANJBAR; JOUYANDEH; ABDOLLAHI, 2013; GAMBOA-GÓMEZ et al., 2015).

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5.2 Hibiscus Sabdariffa

O Hs é uma planta medicinal nativa da Ásia proveniente da família malvaceae do gênero Hibiscus. É caracterizada por um cálice vermelho e possui cinco grandes sépalas (Figura 2), cultivado na África, Sudeste da Ásia e na América do Sul. (TORRES, 2014; SHEN et al., 2016; UYEDA, 2015; ALI, WABEL; BLUNDEN, 2005; FORMAGIO et al., 2015).

Figura 2- Hibiscus sabdariffa Fonte: SANDMAN, 2013.

O Hs também é conhecido como “flor de Jamaica”, Jamaica, rosela, vinagreira, caruru-azedo, azedinha, caruru-da guiné, quiabo-azedo, quiabo- de- angola, em inglês é conhecido como roselle ou vermelho-sorrel e em árabe como karkedeh. O seu cálice seco tem sido consumido no México e por povos indígenas, como ingredientes de alimentos funcionais que além da sensação de frescor, oferece considerável quantidade de ácidos orgânicos, fitoesteróis e polifenóis (flavonoides e antocianinas) (KAFESHANI et al., 2017). Os cálices secos do Hs são usados para preparo de bebidas à base de ervas, vinhos, compotas, gelatinas, sorvetes, chocolates, pudins e bolos, no Egito é utilizado em bebidas fermentadas e nas Índias Ocidentais como agente aromatizante (DA COSTA-ROCHA et al., 2014).

No Brasil, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), instituiu a portaria nº 519 de 1998, onde as flores do hibiscus podem ser consumidas ou ingeridas como chá e as sementes podem ser fontes antioxidantes, podendo ser consumida na alimentação, pois é fonte de proteínas, e quando torrada também pode substituir o café (MACIEL et al., 2012).

No México, os cálices secos do Hs passam por um processo de cozimento e assim são usados para produção de refrigerantes, consumido como bebida fria ou quente, pois possuem fibras dietéticas e polifenóis (SÀYAGO- AYERDI et al., 2014). Segundo

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recomendações da American Dietetic Association (Associação Dietética Americana), para adultos o consumo de fibras deve variar de 25,0 a 30,0g/dia (BORDERIAS et al., 2005).

O extrato do cálice, devido seu efeito terapêutico é utilizado como tratamento não farmacológico de doenças crônicas como a hipertensão, diabetes e distúrbios hepáticos (TORRES, 2014; SHEN et al., 2016; UYEDA, 2015; ALI; WABEL; BLUNDEN, 2005). O extrato do cálice tem composições fitoquímicas muito importantes como ácido ascórbico, araquídico, cítrico, esteárico, e ácido málico, pectinas, flavonoídes, os ácidos fenólicos, as antocianinas (delfinidina-3-sambubiosídeo e cianidina-3-sambubiosídeo), os ácidos orgânicos, os fitoesteróis e polifenóis (GUARDIOLA; MACH, 2014; SAYAGO-AYERDI et al., 2007; CHANG et al., 2014; SHEN et al., 2016). Seus efeitos mais conhecidos são antioxidantes, hipotensor, hipocolesterolêmico (HOPKINS et al., 2013), imunomodulador, hepatoprotetor (ADEYEMI et al., 2014), renoprotetor, diurético, anti-obesidade, hipoglicêmico, antimicrobiano, antibacteriano, antifúngico e anticancerígeno (ABADALLAH, 2016; PATEL, 2014; DA COSTA-ROCHA et al., 2014).

Os polifenóis extraídos do Hs, segundo o estudo de Shen et al. (2016), pode inibir a inflamação induzida pela lipopolissacarídeo(LPS). Os polifenóis também são vistos como fator de melhora relacionado a obesidade (HERRANZ-LÓPES et al., 2017).

As antocianinas são um essencial componente polifenólico em extratos aquosos de Hs, as quais provém pigmentação avermelhada das flores e são também responsáveis juntamente com os polifenóis pelo efeito anti-hipertensivo e hipocolesterolêmico (HERRANZ-LÓPES et al., 2017, HOPKINS et al., 2013). Há evidencias, que a ação antioxidante dos flavonoídes, antocianinas e quercetina auxiliam para atenuação do depósito de gordura no corpo (UYEDA, 2015).

O principal ácido orgânico presente no cálice do Hs é o ácido hidroxicítrico que contém efeito antiobesogênico, mediante a inibição do acúmulo de lipídios citoplasmáticos e pela diferenciação de pré- adipócitos em adipócitos (KIM, et al., 2004).

5.3 Hibiscus Sabdariffa E OBESIDADE

Pesquisa realizada por Kafeshani et al. (2017) avaliou o efeito do chá verde (comprimido de 450mg com de 240mg de catequinas) ou chá de Hs (comprimido de 450

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mg com cerca de 250mg de antocianinas) sobre a pressão arterial e perfil lipídico em 36 homens adultos saudáveis durante 6 semanas. Os pacientes que receberam chá de Hs apresentaram redução de LDL e colesterol total (CT) e aumento do HDL e redução da pressão arterial sistólica (PAS).

Huang et al. (2015) investigaram os efeitos anti-obesidades do extrato aquoso do Hs, em hamster Mesocricetus, divididos em 6 grupos que foram alimentados com alimentos saudáveis, e com dieta hiperlipídica (HFD), HFD suplementados com distintas concentrações de Hs (25, 50 e 100mg) e HFD suplementados com antocianinas, durante 10 semanas. Os grupos alimentados com HFD que receberam tratamento com Hs, mostraram atenuação do acúmulo de gordura no fígado de maneira dose-dependente, atenuação dos níveis de colesterol hepáticos e dos TGs, também mostrou redução dos níveis séricos das aminotransferase. Quando verificado o efeito do Hs na paraoxonase 1 (enzima antioxidante hepática), mostrou grande regulação dos peróxidos lipídicos e proteção associada a oxidação.

Com o objetivo de determinar se a administração do extrato aquoso de Hs promove proteção contra a esteatose hepática Villalpando-Arteaga et al. (2013), realizou um estudo com camundongos machos, sendo um grupo alimentado com dieta padrão e dois grupos alimentados com dieta rica em gordura, sendo um dos grupos suplementados com Hs (dose de 33mg/kg de peso corporal). A suplementação com Hs foi realizada 3x por semana, durante 8 semanas. Os animais que receberam a suplementação de Hs apresentaram diminuição significativa do ganho de peso corporal, da gordura visceral, dos níveis de glicose, de TGs e de LDL em relação aos animais que receberam dieta com alto teor de gordura.

Chang et al. (2014) realizou um ensaio clínico no qual participaram 35 indivíduos com IMC maior que 27 e com idade entre 18 a 65 anos, os mesmos foram divididos em grupos, no qual um era controle e o outro grupo recebeu tratamento com Hs, sendo 2 capsulas após as refeições, 3x por dia, durante 12 semanas. Os indivíduos que fizeram tratamento com Hs, receberam capsulas contendo 450mg de extrato de Hs e 50mg de amido, já os que receberam placebo continha 500mg de amido. Os resultados encontrados nos indivíduos com tratamento de Hs comparado com os controles foram: atenuação do peso, IMC, gordura corporal, relação cintura-quadril e nos AGLs circulantes, porém não apresentaram alteração nos perfis lipídicos e nas aminotransferase.

Em um ensaio clínico, 43 adultos com dislipidemia de ambos os sexos foram divididos em 2 grupo: o grupo controle foi instruído a modificar seu estilo de vida; o

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grupo de intervenção além de instruído a modificar seu estilo de vida recebeu 2 xícaras/dias de Hs (2g de Hs para 240ml de água fervente, durante 30min), durante 12 semanas, foram avaliados os perfis lipídicos no início, seis e 12 semanas durante os estudos. O estudo apresentou uma redução significativa do colesterol total, LDL e HDL comparando ambos os grupos, porém após as 12 semanas só houve diferença significativa no HDL (HAJIFARAJI et al., 2018).

Sabzhabaee et al. (2013) realizou um ensaio clínico com 72 adolescentes com TG, colesterol total sérico e LDL maiores que 90, HDL menor que 10 percentis. Os pacientes foram divididos em grupo casos e controle. O grupo casos recebeu 2 gramas de pó de Hs/dia e o controle recebeu placebo em pó juntamente com recomendações de atividade física e dietética, ambos durante 4 semanas. Os dados mostram uma redução significativa no TG, colesterol total, e LDL, exceto o HDL que não apresentou resultado significativo.

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6 METODOLOGIA

Os procedimentos experimentais deste estudo foram aprovados pelos Comitê de Ética em Pesquisa Animal da UFMT sob número 23108.722977/2017-35 e seguiu as recomendações do Guide for the Careand Use of Experimental Animals dos Princípios Éticos na Experimentação Animal do Colégio Brasileiro de Experimentação Animal (COBEA).

6.1 ANIMAL E MODELO EXPERIMENTAL

No atual estudo foram utilizados 24 ratos Wistar machos, jovens, com 30 dias de idade, provenientes do Biotério Central da Universidade Federal de Mato Grosso – UFMT, Campus de Cuiabá – Mato Grosso, Brasil. Durante a fase experimental T1/T2, os ratos foram mantidos em caixas coletiva, com 4 animais por caixa, em ambiente com temperatura (24±2ºC), umidade controlada (55±5%) e ciclo claro escuro invertido (12hrs). As caixas foram higienizadas e forradas com maravalha esterilizada a cada 48 horas.

Inicialmente, os animais no T1 (tempo 1) período de 60 dias foram divididos em 2 grupos: dieta padrão (C) e dieta hipercalórica (O) para alcançarem o peso adequado para então iniciar o tratamento com Hs. Após indução a obesidade iniciamos o egundo período de tratamento com o Hs no T2 (tempo 2) período dos 60 dias até os 120dias, onde os animais do grupo O foram divididos em: obeso (O) e obeso + Hibiscus sabdariffa (OHs), totalizando 3 grupos experimentais independentes (C, O, e OHs, contendo 8 animais por grupo). Ao final do experimento os animais foram anestesiados com tiopental (50mg/kg) e submetidos a eutanásia.

C

Dieta hipercalórica Dieta hipercalórica O

0 T1 60 dias

Dieta hipercalórica + Hs OHs

T2 120dias

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6.2 MODELO DA DIETA E SUPLEMENTAÇÃO

Os ratos do grupo C receberam ração padrão para roedores (NUVILAB CR-1, Colombo, Paraná, Brasil) e água da torneira à vontade. Os grupos obesos, uma ração hiperlipídica (Quadro 1) e água com sacarose (300g/ 1000ml). Esse consumo foi controlado três vezes na semana com pesagem da ração e mensuração da água, pois a ingestão calórica foi determinada pelo produto do consumo e teor energético das dietas.

Foram realizados os acompanhamentos do consumo hídrico e alimentar; a ingesta calórica foi determinada pelo produto do consumo e teor energético das dietas, para dieta hiperlipídica o cálculo foi 5,25kcal/g de ração e 1,2kcal/ml de água com sacarose e o cálculo para dieta padrão foi 3,77kcal/g de ração, para o acompanhamento do desenvolvimento do animal, aferindo também o peso corporal 2x por semana. Após o período experimental de 120 dia os animais foram anestesiados com tiopental

(50mg/kg) e eutanasiados para análises posteriores.

Quadro 1. Composição de ração padrão e hipercalórica Rações

Componentes Padrão Hipercalórica*

Pó de ração (g) 1000 359

Caseína (g) - 105

Banha (g) - 200

Leite condensado (g) - 200

Bolacha Maisena (g) - 136

Mistura Vitamínica# - Sim

Mistura Mineral# - Sim

*Os animais submetidos a ração hipercalórica receberam também a adição de 300g de sacarose na água de beber. #Para cada 1000g de ração hipercalórica foram acrescentados: ferro: 25,2mg;

potássio: 104,8mg; selênio: 73,1mcg; sulfato de molibdênio: 150,0mcg; vitamina B12: 34,5 mcg; vitamina B6: 6mg; biotina: 0,12mg; vitamina E: 48,9 UI; vitamina D: 2447,0 UI e vitamina A: 15291,2 UI.

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6.3 PREPARAÇÃO E TRATAMENTO COM Hibiscus sabdariffa L.

O Hs foi adquirido de uma empresa especializada em produtos naturais denominada Chá & Cia – Ervas Medicinais, localizada no município de São José dos Campos/SP, comercializado em forma de pó do cálice da planta (www.chaecia.com.br).

O preparo do extrato etanólico de Hs foi desenvolvido através de técnica de maceração. Foi separado uma amostra de Hs em pó e pesado, posteriormente deixado na estufa à temperatura de 35ºC durante 3 horas para secagem, então realizamos uma nova pesagem para avaliar a porcentagem de secagem. Em seguida pesamos uma amostra em gramas do pó desidratado de Hs e diluímos em álcool etílico 100% utilizando a medida de 10g de pó para 100 ml de álcool, sendo necessário cobrir a vidraria com papel alumínio, a fim de evitar a oxidação do extrato. A solução diluída foi agitada diariamente por duas horas, durante 7 dias.

Após a agitação a solução foi armazenada em geladeira (temperatura entre 4 a 8ºC), mantendo o papel alumínio envolto até o final do processo de preparo do extrato. Ao final dos sete dias de agitação, a solução então foi filtrada em papel filtro e posteriormente encaminhada para rotaevaporador, onde foi exposta a banho-maria à 45ºC até que a solução obtivesse uma consistência viscosa, essa consistência foi obtida em aproximadamente dois dias.

Quando o ponto de consistência foi atingido, colocamos em estufa à 45ºC durante quatro dias. No final, o extrato etanólico pronto foi diluído em água destilada. Os animais do grupo OHs, receberam diariamente o extrato de Hs na dose 150mg/Kg/dia via gavagem. O tratamento com o extrato etílico de Hs teve duração de 60 dias (8 semanas) após a indução a obesidade.

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6.4 CARACTERIZAÇÃO DO ESTADO NUTRICIONAL E ÍNDICE DE ADIPOSIDADE

O índice de adiposidade é utilizado como indicador de obesidade, permitindo avaliar precisamente a quantidade de gordura corporal dos animais. Após o sacrifício foi dissecado os depósitos de gordura epidídimal, visceral e retroperitonial dos animais. A soma dos depósitos normalizada pelo peso corporal [(epidídimal + retroperitonial + visceral) /peso corporal x 100] sendo assim considerado o índice de adiposidade.

6.5 GLICEMIA EM JEJUM E TESTE DE TOLERÂNCIA A GLICOSE

A glicemia dos animais foi medida através da coleta de uma gota de sangue caudal dos ratos submetidos a privação alimentar de 8 horas e com o auxílio de glicosímetro (InjexSens II) e fitas reagentes adequadas para esse aparelho.

Como os animais obesos podem apresentar níveis glicêmicos normais em condições basais, foi analisado o perfil glicêmico após uma sobrecarga de glicose. A partir deste teste é possível constatar se os ratos obesos desenvolveram intolerância à glicose, isto é, apresentaram níveis de glicemia elevados em relação ao grupo C após a sobrecarga de glicose. As coletas de sangue, na artéria caudal, são realizadas na condição basal após um período de jejum de 15 horas e após administração via gavagem de glicose 25% (Sigma- Aldrich, ®St Louis, MO, USA), equivalente a 2 g/kg. As amostras sanguíneas são coletadas nos momentos 0, considerado condição basal, e após 15, 30, 60, 90 e 120 minutos da administração da glicose. As mensurações dos níveis glicêmicos foram realizadas com glicosímetro portátil Accu-Chek Go Kit (Roche Diagnostig Brazil Ltda, São Paulo, Brasil) A intolerância à glicose foi avaliada pelo perfil da curva e área glicêmica.

6.6 COLETA E ARMAZENAMENTO DE ÓRGÃOS

Após a eutanásia dos animais, foram retirados os seguintes órgãos: o coração, a aorta torácica, fígado, baço, rins, estomago, músculo esquelético (EDL e Gastro), cérebro, gordura epidídimal, visceral e retro para pesagem dos tecidos e análise. Estes tecidos foram armazenados separadamente no biofrezzer com temperatura abaixo de -80ºC.

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6.7 ANÁLISES DE PERFIL SÉRICOS

Após o período experimental os animais foram submetidos ao jejum por 8 horas, em seguida anestesiados e eutanasiados. Foram coletadas amostras de sangue em tubos Falcon, centrifugadas (3000rpm; 10 minutos; Eppendorf®Centrifuge 5804-R, Hamburg, Germany) para separação do soro. Como os animais obesos podem apresentar alterações do perfil lipídico e glicêmico, o soro foi utilizado para analisar os parâmetros bioquímicas sérica de colesterol, HDL, LDL, VLDL e TGs, enzimas como a AST, ALT, e biomarcadores séricos nefrológicos como a uréia e a creatinina, também foram analisadas as dosagens de albumina séricas, para todas essas dosagens foram utilizados kits comerciais (Analisa).

6.8 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Os dados foram expressos em média e desvio padrão. A comparação entre os grupos foi realizada o teste “t” para comparação do grupo C e O e o teste ANOVA de uma via complementado pelo teste de Bonferroni utilizando o programa Graphpad Prisma da versão 7. O nível de significância considerado para todas as variáveis foi de 5%.

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7 RESULTADOS

A Tabela 1 apresenta os dados referente às características gerais dos animais e consumo de ração e água no T1. Observou-se que após 60 dias de indução a obesidade os ratos do grupo O tiveram peso corporal final 13,3% maior que o grupo C. Entretanto o ganho de peso foi 43 % maior no grupo O em relação ao grupo C. O consumo calórico total foi semelhante entre os grupos.

Tabela 1. Dados de peso corporal inicial, final e consumo de ração na fase de indução à obesidade

Variáveis C O

PCI (g) 272 ± 42 259 ± 35

PCF (g) 435 ± 66 493 ± 73*

Ganho (g) 163 ± 32 233 ± 59*

Consumo Ração (kcal/g) 114 ± 12 87 ± 18

Consumo Água (kcal/ml) 0 33,7 ± 6,3

Consumo total (kcal) 114 ± 12 119 ± 24

Dados expressos em média e desvio padrão da média. C: controle; O: obeso; PCI: peso corporal inicial, PCF: peso corporal final, ração padrão equivale a 3,77kcal equivale para 1 grama de ração; ração hipercalórica equivale a 5,25kcal para 1 grama de ração. Água com açúcar equivale a 1,2Kcal para 1ml de água com 30% de sacarose. Utilizamos o teste “t”, complementando com teste de Bonferroni, * p < 0,05 vs C.

A Tabela 2 apresenta os dados referentes as características gerais dos animais e o consumo de ração e água no T2. Observou-se que após os 60 dias de tratamento com Hs os ratos O tiveram peso corporal inicial, final, ganho de peso e consumo calórico, 23%, 53%, 429% e 26% maior que o grupo C respectivamente. O peso corporal final e o ganho de peso foram 35% e 245% maiores, respectivamente, no grupo OHs quando comparado com o grupo C. Entretanto, o tratamento com Hs reduziu o ganho de peso e o consumo kcal quando comparado ao grupo O.

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Tabela 2. Dados de peso corporal inicial, final e consumo em Kcal após 60 dias indução de obesidade no T2.

Variáveis C O OHs

PCI (g) 420 ± 48 517 ± 54* 493 ± 84

PCF (g) 454 ± 44 697 ± 79* 613 ± 106*

Ganho (g) 34 ±14 180 ± 47* 119 ± 21*#

Consumo Ração Kcal/g 105 ± 15 89 ± 17 75 ± 13

Consumo Água Kcal/ml 0 43,2 ± 7,6 38,5 ± 6,4

Consumo total Kcal 105 ± 14 133 ± 19* 114 ± 14# Dados expressos em média e desvio padrão da média. C: controle; O: obeso; OHs: obeso +

Hibiscus sabdariffa L.; PCI: peso corporal inicial, PCF: peso corporal final, ração padrão equivale

a 3,77kcal equivale para 1 grama de ração; ração hipercalórica equivale a 5,25kcal para 1 grama de ração. Agua com açúcar equivale a 1,2kcal para 1ml de água com 30% de sacarose. ANOVA de uma via, complementando com teste de Bonferroni, * p < 0,05 vs C e # p<0,05 vs O.

A Tabela 3 mostra os dados do depósito de gordura dos animais e o índice de adiposidade após 60 dias de tratamento com Hs. Notou-se que a gordura epidídimal foi 157% e 108% maior nos grupos O e OHs em relação com o C respectivamente. A gordura visceral foi 315% e 183% maior nos grupos O e OHs em relação com o C respectivamente. A gordura retroperitonial foi 228% e 175% maior nos grupos O e OHs comparado com o C respectivamente. A gordura total foi 157% e 148% maior nos grupos O e OHs quando comparados com o grupo C, respectivamente. O índice de adiposidade foi 129% e 110% maior nos grupos O e OHs comparado com o C, respectivamente. Em todas as gorduras corporais e no índice de adiposidade não houve diferença significativa entre os grupos OHs e O.

Tabela 3. Dados de gordura corporal e índice de adiposidade após 60 dias de tratamento com Hs. Variáveis C O OHs Gordura epidídimal (g) 8,94 ± 4,77 23,0 ± 3,83* 18,6 ± 6,48* Gordura visceral (g) 6,13 ± 4,00 25,5 ± 6,84* 17,4 ± 9,83* Gordura retroperitonial (g) 11,2 ± 6,99 36,8 ± 9,54* 30,8 ± 11,4* Gordura total/PCF (g) 47 ± 17 121 ± 15* 117 ± 16* Índice de adiposidade (%) 5,28 ± 2,28 12,1 ± 1,47* 11,1 ± 2,37* Dados expressos em média e desvio padrão da média. C: controle; O: obeso; OHs: Obeso +Hibiscus sabdariffa L.; PCF: peso corporal final; ANOVA de uma via, completada com o teste de Bonferroni. * p < 0,05 vs C.

A Tabela 4 apresenta dados da relação do peso de órgãos pelo peso corporal final após 60 dias de tratamento com Hs. O ventrículo esquerdo, rins, baço, estomago,

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gastrocnêmico e o musculo extensor longo dos dedos foram significativamente menores nos grupos O e OHs em relação ao C. O coração foi significativamente menor no grupo O em relação ao C.

Tabela 4. Dados da relação de pesos dos órgãos pelo peso corporal final após 60 dias de tratamento com Hs. Órgãos C O OHs Cérebro/ PCF 3,76 ± 0,75 2,99 ± 0,29 3,64 ±0,71 Átrio/ PCF 0,205 ± 0,052 0,200 ± 0,039 0,230 ± 0,080 VD/ PCF 0,553 ± 0,074 0,509 ± 0,090 0,489 ± 0,177 VE/ PCF 1,95 ± 0,19 1,62 ± 0,17* 1,69 ± 0,19* Coração/ PCF 2,71 ± 0,28 2,33 ± 0,19* 2,41 ± 0,35 Fígado/ PCF 26,7 ± 1,26 26,1 ± 1,79 25,4 ± 1,95 Rins/ PCF 6,69 ± 0,71 5,33 ± 0,44* 5,27 ± 0,67* Baço/ PCF 1,70 ± 0,24 1,32 ± 0,14* 1,38 ± 0,11* Estômago/ PCF 3,57 ± 0,54 1,87 ± 0,28* 2,40 ± 0,51* Gastro/ PCF 5,15 ± 1,12 4,06 ±0,29* 4,60 ± 0,85 EDL/ PCF 0,393 ± 0,065 0,307 ± 0,026* 0,351 ± 0,032 Tíbia (cm) 43,4 ± 1,43 43,8 ± 1,02 43,0 ± 1,38 Dados expressos em média e desvio padrão da média. C: controle; O: obeso; OHs: obeso +

Hibiscus sabdariffa L.; PCF: peso corporal final. ANOVA de uma via complementada com o

teste de Bonferroni, * p < 0,05 vs C.

A Tabela 5 refere-se aos dados do perfil bioquímico sérico após 60 dias de tratamento com Hs. O TG foi 202% e 191% maior nos grupos O e OHs em relação C, respectivamente. A ALT foi menor significativamente nos grupos O e OHs em relação ao C. O colesterol, LDL, VLDL, HDL, TG e glicemia em jejum não foi diferente entre os grupos.

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Tabela 5. Dados do perfil bioquímico sérico após 60 dias de tratamento

Bioquímica C O OHs Colesterol (mg/dL) 105 ± 14 126 ± 19 113 ± 20 HDL (mg/dL) 28,9 ± 14,5 37,6 ± 7,29 28,6 ± 6,8 LDL (mg/dL) 68 ± 9,8 72 ± 13 68 ± 17 VLDL (mg/dL) 6,6 ± 3,1 22 ± 13 18 ± 11 TG (mg/dL) 36 ± 8,3 109 ± 71* 105 ± 48* Albumina (mg/dL) 1,94 ± 1,09 2,63 ± 0,26 2,18 ± 1,08 Creatinina (mg/dL) 23 ± 12 25 ± 11 25 ± 12 Uréia (mg/dL) 30 ± 7,4 28 ± 11 38 ± 23 ALT (mg/dL) 80 ± 17 59 ± 8,8* 60 ± 8,6* AST (mg/dL) 262 ± 58 210 ± 38 221 ± 33

Dados expressos em média e desvio padrão da média. C: controle; O: obeso; OHs: obeso +

Hibiscus sabdariffa L.; ANOVA de uma via, complementada com o teste Bonferroni, * p < 0,05

vs C.

A Figura 5A apresentada os dados de área sob a curva glicêmica. A curva glicêmica foi maior no grupo O e OHs quando comparado com o grupo C. O tratamento com Hs melhorou a tolerância a glicose quando comparado com aos animais O. A Figura 5B apresenta os dados de glicemia, coletados durante o teste de tolerância a glicose (GTT), em tempos 0, 15’, 30’, 60’,90’ e 120’. No tempo de 15’ a glicemia foi maior no grupo O quando comparado com o grupo C. Nos tempos 30’ e 120’ a glicemia foi maior nos grupos O e OHs em relação ao grupo C e a glicemia foi menor no grupo OHs quando comparado com o grupo O.

C O OHs 0 10000 20000 30000 40000 50000

*

#

*

Á re a s o b a c u rv a

Figura 5A. Dados de área sobre a curva do teste de tolerância a glicose (GTT); C: controle; O: obeso; OHs: obeso + Hibiscus sabdariffa L. ANOVA de uma via, complementada com o teste Bonferroni; * indica P<0,05 vs C, # indica P<0,05 vs O.

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*

0 50 100 150 0 100 200 300 400 500 C O OHs

*

*

*# *# Gl ic e m ia ( m g /d l)

Figura 5B. Dados de glicemia, coletados durante o teste de tolerância a glicose (GTT), em tempo 0, 15’, 30’, 60’, 90’ e 120’. C: controle; O: obeso; OHs: obeso + Hibiscus sabdariffa L. ANOVA de duas vias, complementada com o teste Bonferroni; *indica P<0,05 vs C; # P<0,05 vs O.

A Figura 6 apresenta os dados de glicemia de jejum. A glicemia de jejum foi maior nos grupos O e OHs em relação ao grupo C. Não houve diferença entre o grupo OHs em relação ao grupo O.

C

O

OHS

0 50 100 150 200

*

*

Gl ic e m ia j e ju m ( m g /d L )

Figura 6. Dados coletados de glicemia em jejum. C: controle; O: obeso; OHs: obeso + Hibiscus

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8 DISCUSSÃO

Esse trabalho teve como objetivo avaliar o efeito do tratamento com Hs sobre parâmetros clínicos de ratos obesos. Os dados mostraram que a dieta hipercalórica promoveu acúmulo de gordura corporal, e aumento o TG em ratos e o tratamento com Hs minimizou os efeitos da obesidade.

A dieta hipercalórica é composta por pó de ração (359g), caseína (105g), banha (200g), leite condensado (200g), bolacha maisena (135g), mistura vitamínica e mineral contém 49,7% Kcal de gordura conforme publicado anteriormente por Luvizotto et al. (2015) enquanto que a dieta padrão de ração para roedores (Nuvilab) utilizada contém 12% de caloria proveniente da gordura. Evidenciou-se que o alto teor de gordura saturada na dieta, dispõe de maior concentração energética, aumentando seu armazenamento no organismo.

Nesse estudo após o período de indução a obesidade de 8 semanas, o grupo obeso teve um aumento significativo de 13% de PCF e 43% de ganho de peso em comparação aos ratos controles. Esses dados corroboram com os estudos de Luvizotto et al. (2015) e Silva et al. (2014), que também observaram aumento no peso corporal final e ganho de peso semelhantes aos encontrados nesse estudo.

Após 120 dias de consumo de dieta hipercalórica verificou-se que o peso final dos ratos obesos foi 53% maior que os ratos controles, porém o aumento da gordura total foi de 324% maior que o grupo controle. Desta forma, a maior porcentagem de gordura da dieta hipercalórica refletiu mais diretamente no acúmulo de gordura que o peso corporal dos animais. Esses dados também corroboram com achados anteriores de Luvizotto et al. (2015) e Silva et al. (2014).

A dieta hipercalórica também induziu aumento dos níveis de triglicerídeos nos ratos obesos. Entretanto o colesterol, LDL, VLDL e HDL não foram alterados pela dieta hiperlipídica. O modelo da dieta proposta contém alto teor de gordura saturada, pois seu componente principal é a banha, tem como fonte principal 39,8% de gordura saturada. Nos dias atuais a dieta com gordura saturada tem gerado receio pois resulta em um aumento dos níveis de triglicerídeos conforme resultado do estudo atual, favorecendo uma possível dislipidemia (SIRI-TARINO et al., 2010). Alguns estudos experimentais com dietas hiperlipídicas não corroboram com os achados desse estudo. White et al. (2013) tratou camundongos com dieta hiperlipídica com predominância de gordura saturada durante 10 semanas e não notou diferença nos parâmetros bioquímicos séricos,

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quando comparado com o grupo de dieta padrão. Kao et al. (2015) verificou que ratos que receberam uma dieta com alto teor de gordura (ração normal adicionando 10% de óleo de coco e 0,5% de colesterol), durante 10 semanas, apresentaram aumento nas concentrações de ácidos graxos livres, colesterol total, os níveis de LDL, HDL e TG. Villalpando-Arteaga et al. (2013) observou aumento moderado de LDL e VLDL em camundongos que receberam dieta com alto teor de gordura (60% Kcal de gordura), durante 8 semanas sem diferença nos demais níveis de perfil sérico. Essa diferença de resultados entre os achados do presente estudo e os apresentados acima podem estar relacionados ao perfil lipídico da dieta uma vez que os trabalhos não apresentam o tipo de gordura da dieta.

Nossos achados mostraram que a dieta hiperlipídica por 120 dias induziu resistência insulina como observado nos dados no teste de tolerância a glicose. A obesidade resulta em aumento da insulina, da leptina e inflamação do tecido adiposo possibilitando uma indução a resistência à insulina (SILVA et al., 2014; BLUHER, 2016). Dados de literatura corroboram com esses achados, Huang et al. (2004) e Silva et al. (2014), verificaram que a dieta rica em gordura induziu hiperglicemia e intolerância à glicose.

Estudos demonstraram que o Hs possui antocianinas que podem ter efeito anti-obesidade e reduzir o peso corporal. Entretanto, nossos achados não mostraram esse efeito uma vez que o peso corporal final e a gordura corporal do grupo Hs não foram diferentes do grupo O. O Hs promoveu redução do consumo calórico o que pode ser devido à presença de antocianinas no extrato de Hs promovendo saciedade ou redução do estimulo de apetite no hipotálamo (WU et al., 2013; BADSHAH et al., 2013). Huang et al. (2015), mostrou resultados diferentes do estudo atual, pois os grupos de hamsters induzidos a obesidade, os quais receberam suplementação com Hs, durante 10 semanas, nas doses de 25mg/kg/dia, 50mg/kg/dia e 100mg/kg/dia, apresentaram redução de peso corporal e da gordura corporal conforme a dose administrada, quando comparado com o grupo que recebeu dieta com alto teor de gordura. Villalpando-Arteaga et al. (2013) induziu a obesidade em camundongos com dieta hiperlipídica durante 8 semanas, então suplementou com 33mg de Hs/kg 3x por semana. Após a suplementação observou uma redução do peso corporal, da gordura visceral e do ganho de peso. No estudo clínico de Chang et al. (2014) com indivíduos obesos distribuídos em grupo controle e grupo tratado com Hs (2 capsulas de 450mg de Hs e 50mg de amido cada, 3x ao dia, durante 12 semanas), após o tratamento reduziu o peso corporal, IMC e a relação cintura-quadril desse grupo tratado quando comparado com o grupo controle. A divergência de resultados

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pode ser devido ao modelo animal, a dose utilizada, ao método de extração do hibisco e ao protocolo experimental.

Os resultados desse estudo mostraram que o tratamento Hs não afetou o perfil lipídico. Corroborando, Chang et al. (2014) verificou que o tratamento com 2 capsulas (450 mg de Hs + 50mg de amido) 3 vezes ao dia, não promoveu alteração no perfil lipídico em pacientes com sobrepeso. Estudos experimentais e clínicos verificaram efeito hipolipemiante do Hs, diferente dos nossos achados, Kao et al. (2015) verificou redução dos níveis séricos de colesterol, TG, LDL, HDL em hamsters obesos tratados com Hs por 10 semanas. Villalpando-Arteaga et al. (2013) observou aumento dos níveis de HDL e redução dos níveis de LDL em camundongos tratados com 33mg/kg de Hs. Assim, observamos uma diferença entre os achados, sendo que em no atual estudo não apresentou eficácia sobre o perfil lipídico de ratos obesos.

O resultado mais relevante desse estudo foi que tratamento com o Hs reduziu a intolerância à glicose induzida pela obesidade. A intolerância à glicose leva a um aumento de secreção de insulina das células betas das ilhotas pancreáticas em resposta da homeostase devido à elevação dos níveis de glicose circulante pode induzir a uma resistência à insulina nos tecidos (DIB, 2006; MARTINS, 2016). As antocianinas presentes no extrato de Hs apresentam efeitos antioxidantes e anti-inflamatórios, com isso sugere-se que as antocianinas reduzam o efeito inflamatório do tecido adiposo causado pela obesidade, reduzindo a intolerância à glicose e a indução da resistência à insulina (UYEDA, 2015; VILLALPANDO-ARTEAGA et al., 2013). No estudo de Villalpando-Arteaga et al. (2013) o grupo de camundongos obesos com o tratamento do Hs apresentaram uma diminuição dos níveis séricos de glicose quando comparado aos grupos obesos não tratados. Gurrola-Diaz et al. (2010), realizou um estudo clínico com indivíduos com síndrome metabólica (SM), nos quais 73 indivíduos não diagnosticados com SM eram controles e 51 indivíduos diagnosticados com SM foram divididos entre o grupo T1 recebeu tratamento de prevenção com dieta, T2 recebeu tratamento com Hs (1 cápsula de 100mg de Hs, antes do café da manhã) e o T3 recebeu o tratamento com Hs mais a prevenção com dieta. Antes e após o tratamento foram coletadas amostras de sangue dos indivíduos com SM, para comparar os perfis bioquímicos séricos, os quais apresentaram uma redução significativa nos níveis de glicose no sangue após o tratamento com Hs, quando comparado com antes do tratamento. De acordo com o nosso conhecimento não há estudos que avaliem o GTT de ratos obesos tratados com Hs.

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9 CONCLUSÃO

De acordo com os resultados encontrados após 60 dias de tratamento com Hs em ratos obesos, concluímos que a dieta eficiente em aumentar o peso corporal, depósito de gordura, ingesta alimentar, TG e a glicemia em jejum. Apesar do tratamento com Hs não alterar a gordura corporal e o perfil lipídico, foi eficaz em melhorar a intolerância a glicose dos animais.

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