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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ CARLOS ROBERTO CARDOSO

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARANÁ

CARLOS ROBERTO CARDOSO

CONTRIBUIÇÕES DA COOPERAÇÃO AGRÍCOLA NO ASSENTAMENTO SANTA MARIA PARA O FORTALECIMENTO DA REFORMA AGRÁRIA POPULAR

PARANACITY/PR 2019

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CARLOS ROBERTO CARDOSO

CONTRIBUIÇÕES DA COOPERAÇÃO AGRÍCOLA NO ASSENTAMENTO SANTA MARIA PARA O FORTALECIMENTO DA REFORMA AGRÁRIA POPULAR

Artigo apresentado como requisito parcial à conclusão do Curso de Especialização em Educação do Campo e Realidade Brasileira a partir de seus Pensadores da Universidade Federal Do Paraná – Setor Litoral.

Orientador: Prof. Dr. Ricardo Pazello

MATINHOS, PR 2019

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CONTRIBUIÇÕES DA COOPERAÇÃO AGRÍCOLA NO ASSENTAMENTO SANTA MARIA PARA O FORTALECIMENTO DA REFORMA AGRÁRIA POPULAR

Carlos Roberto Cardoso

RESUMO

A presente pesquisa objetiva compreender as contribuições do cooperativismo do assentamento Santa Maria, localizado no município de Paranacity, estado do Paraná, para o fortalecimento da Reforma Agrária Popular - R.A.P. Metodologicamente desenvolve-se mediante a pesquisa participante, que contou com a realização de trabalho de campo, que se desdobrou em entrevistas junto aos moradores do assentamento Santa Maria inseridos nos processos produtivos e organizacionais, além de revisão bibliográfica. Verificou-se que, embora considerando as limitações em relação à hegemonia do modo de produção capitalista, a experiência auto gestionária da comunidade do assentamento Santa Maria contribui sobremaneira para o fortalecimento da luta pela Reforma Agrária Popular, na medida em que propõe modelos alternativos de produção e de desenvolvimento econômico e social potencializados pelo cooperativismo.

Palavras-chave: Cooperativismo, Reforma Agrária Popular, Assentamento.

RESUMEN

Esta investigación tiene como objetivo comprender las contribuciones del cooperativismo de asentamientos de Santa María, ubicado en Paranacity, Estado de Paraná, al fortalecimiento de la Reforma Agraria Popular - R.A.P. Metodológicamente se desarrolla a través de la investigación participante, que contó con la realización del trabajo de campo, que se desarrolló en entrevistas con los residentes del asentamiento de Santa María inserta en los procesos productivos y organizativos, además de la revisión bibliográfica. Aunque teniendo en cuenta las limitaciones con respecto a la hegemonía del modo de producción capitalista, la experiencia de autogestión de la comunidad de asentamientos de Santa María contribuye en gran medida al fortalecimiento de la lucha por la Reforma Agraria Popular, ya que propone modelos de producción alternativos, y desarrollo económico y social potenciado por el cooperativismo

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Sumário

INTRODUÇÃO ... 5

1. ELEMENTOS SOBRE A QUESTÃO AGRÁRIA, REFORMA AGRÁRIA E COOPERATIVISMO NO BRASIL ... 8

1.1-A Reforma Agrária Popular ... 9

1.2-O cooperativismo como forma de resistência ao capitalismo ... 11

1.3- O MST e o Cooperativismo ... 13

2-ASSENTAMENTO SANTA MARIA: UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO E CONQUISTAS... 14

2.1-Organização da produção... 17

2.1.1- Produção Agroecológica ... 19

2.2-Estrutura Organizativa ... 20

2.3-Forma de Socialização dos Resultados ... 21

2.4-Alfabetização de Jovens e Adultos ... 22

2.5-Formação das Crianças e Adolescentes ... 23

2.6-Formação Técnica ... 23

2.7-Formação Política ... 24

2.8-A Liberação de Quadros ... 24 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...ERRO! INDICADOR NÃO DEFINIDO.7

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INTRODUÇÃO

O contexto capitalista brasileiro estruturou-se com base no latifúndio e na escravidão. Historicamente se gerou processos de lutas e resistências dos povos do campo que resultaram em significativas experiências libertárias, potencializando assim suas lutas e conquistas.

A reestruturação capitalista ocorrida nas últimas décadas impôs o paradigma agrícola do agronegócio, fator que torna irrestrita a atuação do capital no campo, acentua ainda mais a concentração fundiária e a expropriação camponesa levando os Movimentos Sociais do Campo a canalizar suas lutas pela recuperação das terras expropriadas pelo capital.

Diante das novas situações colocadas pelo capitalismo agrário na atualidade, e compreendendo o caráter dependente da classe burguesa e o não interesse desta na Reforma Agrária como uma das estratégias de desenvolvimento nacional, foi necessária uma reelaboração das táticas e estratégias de atuação política por parte do MST, que passa a defender a versão popular de Reforma Agrária (MST, 2013).

Com esse modelo, a burguesia, o Estado e os governos assumem plenamente a posição política de que não é mais necessária uma reforma agrária burguesa para o desenvolvimento das forças produtivas na agricultura brasileira. As terras improdutivas dos latifúndios, antes destinadas à Reforma Agrária após a pressão dos camponeses, agora também são pretendidas e disputadas, pelo agronegócio. Há claramente uma disputa de modelos de agricultura, o dos camponeses versus o do agronegócio, incompatíveis entre si. (MST, 2013, p.27).

Nessa perspectiva busca-se o rompimento com o paradigma dominante de Reforma Agrária clássica burguesa como contraponto necessário à agricultura capitalista, ancorado em uma plataforma de um projeto de desenvolvimento popular para o Brasil. (MST, 2013).

O cooperativismo se faz presente no MST desde o seu surgimento enquanto movimento social, compreendendo que a cooperação agrícola se configura como uma ferramenta de resistência ao capitalismo no campo (CONCRAB, 1998).

A trajetória do assentamento Santa Maria é muito significante para a luta pela terra no estado do Paraná e quiçá no Brasil, por representar uma importante experiência cooperativista, fruto da conquista de um movimento social, onde se desenvolveu no território conquistado pelos (as) trabalhadores (as) significativos processos de organização do trabalho baseados na cooperação e no associativismo prezando pela distribuição equânime dos resultados do trabalho.

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Este artigo tem por objetivo geral analisar a cooperação agrícola no assentamento Santa Maria, localizado no município de Paranacity, região noroeste do estado do Paraná, como elemento estratégico na luta pela Reforma Agrária Popular e pela transformação social. Quanto aos objetivos específicos, estes são: a) analisar em que condições econômicas, políticas e sociais o assentamento Santa Maria contribui para o fortalecimento da Reforma Agrária Popular; b) Refletir sobre a importância da cooperação agrícola no assentamento c) problematizar sobre os avanços, limites, contradições e potencialidades do cooperativismo no assentamento. O grupo social participante são os (as) trabalhadores (as) do assentamento vinculados (as) aos processos produtivos e orgânicos da cooperativa.

Os motivos que levaram a realização da pesquisa envolvem, primeiramente, minha vivência pessoal no assentamento e na cooperativa. Além do mais, por ser aluno do “Curso de Especialização em Educação do Campo e a Realidade Brasileira a partir de seus Pensadores”, me desafiei, à luz dos pensadores brasileiros e dos conteúdos trabalhados, a refletir sobre os desafios que estão colocados para a cooperação agrícola no Assentamento Santa Maria e sua contribuição para o avanço da Reforma Agrária Popular no atual contexto.

Para a realização da presente pesquisa buscamos o esforço de dar o enfoque histórico estrutural, que, de acordo com Triviños (1987) deve analisar o fenômeno não somente em seu estado atual, mas penetrar em sua estrutura “íntima, latente, inclusive não visível ou observável” para compreender as diferentes relações que o levaram ao seu estado atual.

Dessa forma, de fundamental importância se apresenta o emprego do método dialético por sua eficácia na interpretação dos fenômenos sociais e naturais, e como tal “[...] realiza a tentativa de buscar explicações coerentes, lógicas e racionais para os fenômenos da natureza, da sociedade e do pensamento [...]” (TRIVIÑOS, 1987, p.51).

De acordo com o autor supracitado, o materialismo dialético ressalta “na teoria do conhecimento a importância da prática social como critério da verdade [...] enfocando historicamente o conhecimento, em seu processo dialético, colocando em relevo a interconexão do relativo e do absoluto [...]”. (TRIVIÑOS, 1987, p.51).

A pesquisa que se apresenta se insere na modalidade participante. Dessa forma, contou com realização de trabalho de campo realizado entre os meses de julho, agosto e setembro de 2019. O trabalho de campo se desdobrou em entrevistas junto aos moradores do assentamento Santa Maria inseridos nos processos produtivos e organizacionais.

Assim, para Minayo (2010), “o trabalho de campo permite a aproximação do pesquisador da realidade sobre a qual formulou uma pergunta, mas também estabelecer uma interação com os atores que conformam a realidade [...]”. (MINAYO, 2010, p.62)

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Os sujeitos da pesquisa foram escolhidos entre as famílias membras do núcleo de base (NB) Roseli Nunes, do assentamento Santa Maria, a partir de critérios de participação e envolvimento nas atividades orgânicas e produtivas.

Lançou-se mão de pesquisa documental, especificamente a análise do estatuto social, do regimento interno da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória (COPAVI), atas de assembleias ordinárias e extraordinárias, além da pesquisa bibliográfica que trata da temática do cooperativismo e questão agrária.

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1-ELEMENTOS SOBRE A QUESTÃO AGRÁRIA, REFORMA AGRÁRIA E COOPERATIVISMO NO BRASIL

Desde os primórdios da colonização do Brasil verifica-se a brutal desigualdade na “forma de distribuição e acesso a terra”, fazendo perpetuar a histórica concentração fundiária, condição que faz do Brasil um país extremamente desigual(OLIVEIRA, 1989).

De acordo com Oliveira (1989), em um primeiro momento da história colonial, o território brasileiro esteve sob o monopólio da coroa portuguesa, tendo no regime de capitanias hereditárias e sesmarias os primeiros mecanismos de distribuição de terras, cujos fundamentos e princípios privilegiaram as gentes das classes abastadas da época dando “origem à grande maioria dos latifúndios do país”. (OLIVEIRA, 1989).

O processo de independência e abolição da escravatura não alterou significativamente a realidade de concentração fundiária. A lei de terras de 1850 condicionou o acesso a terra somente através da compra “com pagamento em dinheiro”, limitando ou impedindo, sobremaneira, que os escravos libertos se tornassem proprietários. (OLIVEIRA, 1989).

De acordo com Marx (1996), o capitalismo tem por fundamento estabelecer uma forma de sociabilidade calcada na dominação de uns sobre outros, sustentado na lógica da exploração da força de trabalho alheia através do regime de assalariamento, visando à produção de riquezas sob forma de mercadorias que são convertidas em capitais cuja ampliação e valorização se dão em escala sempre crescente.

No Brasil, o capitalismo se estruturou tendo como base regime escravista sob controle oligárquico, por meio do qual permitiu a transformação dos excedentes do trabalho escravo em mercadorias convertidas em capital, conectado com o polo mais avançado do capitalismo mundial numa condição de dependência.

Considerando as contradições intrínsecas do sistema capitalista, que reproduz “um desenvolvimento contraditório e desigual”, sua lógica se estende para o campo, cujos capitalistas se utilizam de relações de trabalho não capitalistas (escravidão, parceria, colonato, familiar) visando prescindir de investimentos em capital variável, se apropriando de parte da renda trabalho que entra no processo de valorização do capital (OLIVEIRA, 1989).

Por conseguinte, o processo de produção do capital possibilita a “criação e recriação do trabalho camponês, igualmente necessário ao desenvolvimento geral do capitalismo” (OLIVEIRA, 1989).

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Sendo o capitalismo agrário no Brasil fundado no latifúndio, o processo de concentração das terras em poder de latifundiários induz a luta camponesa no sentido de abrir “acesso à terra onde ela se tornou capitalista”(OLIVEIRA, 1989).

Os recentes processos de modernização capitalista da agricultura brasileira, aprofundado e consolidado pelos governos militares a partir da década de 1960 que, segundo Gorender (1979), gerou o “processo de subsunção real da produção ao capital” 1, fatores que

foram determinantes para o ressurgimento dos movimentos sociais de luta pela terra e pela Reforma Agrária, em fins da década de 1970.

Fundado oficialmente em 1984, em Cascavel, estado do Paraná, o MST é resultado do ressurgimento da luta camponesa na região Sul do Brasil em fins da década de 1970 do século XX, final da ditadura militar brasileira, se configurando como movimento social camponês herdeiro e continuador das lutas antecedentes no Brasil (MST, 2002).

1.1-A Reforma Agrária Popular

A histórica ausência de projetos de Reforma Agrária no Brasil que democratizassem de fato o acesso à terra aos trabalhadores (as) rurais e que promovessem a desconcentração da estrutura fundiária impôs à sociedade um paradigma de modernização sem reformas estruturais no campo. (MST, 2013).

Quando em um dos raros momentos em que a Reforma Agrária esteve colocada como possibilidade concreta de realização, nos conturbados anos 19602, houve violenta reação das

classes dominantes. Em discurso proferido para cerca de 200 mil pessoas em 13 de março de 1964, nas mediações da Central do Brasil no Rio de Janeiro, o então presidente João Goulart, representante do trabalhismo e da vertente nacional desenvolvimentista, anuncia as chamadas Reformas de Base, que contemplava a realização da Reforma Agrária:

Não há ameaça mais séria à democracia do que desconhecer os direitos do povo [...] do que tentar estrangular a voz do povo e de seus legítimos líderes, fazendo

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1 O autor supracitado refere-se ao processo de “assentamento do capital agrário sobre uma técnica que lhe é

adequada e que lhe permite extrair do trabalhador (a) tão somente a mais valia relativa, a forma de mais valia que mais especificamente caracteriza o capitalismo” (GORENDER, 1979, p.46).

2 Cabe ressaltar que esse período também assinala o esgotamento da aliança populista entorno do projeto

nacional desenvolvimentista, retomado na década de 1950 a partir do retorno de Getúlio Vargas no cenário político brasileiro e que seus sucessores tentaram dar continuidade. A política econômica do governo Juscelino Kubitschek mudou a natureza do desenvolvimentismo quando promoveu a expansão econômica subordinada ao capital internacional, politica econômica esta que aprofundou a dependência crônica do Brasil em relação aos países de capitalismo avançado. Esta política também foi adotada pelos governos militares (1964-1985). Essa aliança aglutinou entorno de si setores progressistas da centro esquerda e da esquerda, inclusive os comunistas do PCB (MORISSAWA, 2001, p.75-78).

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calar as suas mais sentidas reinvindicações. O nosso lema, [...] é progresso com justiça, e desenvolvimento com igualdade [...]. Acabei de assinar o decreto da SUPRA [...]. Ainda não é aquela reforma agrária pela qual lutamos [...] o que se pretende com o decreto que considera de interesse social para efeito de desapropriação as terras que ladeiam eixos rodoviários, leitos de ferrovias, açudes públicos federais e terras beneficiadas por obras de saneamento da União, é tornar produtivas áreas inexploradas ou subutilizadas, ainda submetidas a um comércio especulativo, odioso e intolerável. (GOULART, 1963, p.2-3).

Esse anúncio sobre as medidas de Reforma Agrária, fruto das mobilizações do período mesmo dentro dos marcos capitalistas, provocou a reação das classes dominantes que, juntamente com setores militares arquitetaram o golpe militar que instaurou o regime ditatorial, com o objetivo de liquidar com os movimentos reivindicatórios, frear as reformas anunciadas e realinhar o Brasil com os Estados Unidos no contexto da Guerra Fria aprofundando a histórica dependência econômica em relação aos países de capitalismo avançado.

Com o processo de abertura política pós-ditadura militar nos anos 1980 e o ressurgimento dos movimentos sociais de luta pela terra, como o MST, a centralidade das ações de luta pela Reforma agrária esteve voltada para as áreas de terras improdutivas em vários pontos do território nacional.

A partir de fins da década de 1990, a luta pela Reforma Agrária passa por uma reconfiguração em razão do avanço das políticas neoliberais que atingiram também as relações econômicas e sociais no campo brasileiro, políticas estas configuradas no fortalecimento do agronegócio que se baseia na alta produtividade das terras, voltado para a exportação de commodities, com forte atuação de empresas transnacionais.

Esse novo contexto levou o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra a reelaborar suas táticas e estratégias de atuação política na luta pela Reforma Agrária, visando fazer frente às novas situações que se apresentavam.

No bojo dos debates e proposições acerca da construção das plataformas de um projeto de desenvolvimento popular para o Brasil, e após muitas análises e debate em suas instâncias internas, o MST passa a defender uma versão popular de Reforma Agrária, resultando na elaboração do conceito de Reforma Agrária Popular. (MST, 2013).

Com esse modelo, a burguesia, o Estado e os governos assumem plenamente a posição política de que não é mais necessária uma reforma agrária burguesa para o desenvolvimento das forças produtivas na agricultura brasileira. As terras improdutivas dos latifúndios, antes destinadas à Reforma Agrária após a pressão dos camponeses, agora também são pretendidas e disputadas, pelo agronegócio. Há claramente uma disputa de modelos de agricultura, o dos camponeses versus o do agronegócio, incompatíveis entre si. (MST, 2013, p.27).

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Diante desse contexto, o conceito de Reforma Agrária Popular consiste em um conjunto de medidas voltadas a promover a desconcentração fundiária, mas pautada em novos paradigmas buscando fazer o contraponto à agricultura capitalista rompendo com a ideia de Reforma Agrária clássica burguesa. Assim, “o conceito de popular busca identificar a ruptura com a ideia de uma Reforma Agrária Clássica feita nos limites do desenvolvimento capitalista [...]” (MST, 2013). Dessa forma, a Reforma Agrária Popular:

[...] indica o desafio de um novo patamar de forças produtivas e de relações sociais de produção, necessárias para outro padrão de uso e posse da terra [...] uma luta e uma construção [...] feitas desde já, como resistência ao avanço do modelo de agricultura capitalista e como forma de reinserir a Reforma Agrária na agenda de luta dos trabalhadores. (MST, 2013, p.31).

De acordo com Fernandes (1981), a não realização de reformas democráticas como a Reforma Agrária significa um débito histórico “[...] com a revolução demográfica, com a revolução nacional e com a revolução democrática [...]”. Suas palavras se fazem carregada de todo sentido histórico, pois, a natureza de capitalismo dependente predominante no Brasil, bem como a intransigência da burguesia em relação à classe trabalhadora, e a renúncia em levar a adiante um projeto de desenvolvimento nacional, a Reforma Agrária se coloca, no atual contexto histórico, como uma pauta democrática que deve ser levada como tarefa histórica dos trabalhadores, uma revolução dentro da ordem para transitar para uma revolução fora da ordem.

O programa de Reforma Agrária Popular não se define genuinamente como socialista devido ao fato de as condições objetivas e subjetivas não estarem colocadas na ordem do dia. Mas este se insere em uma estratégia de construção socialista. Dessa forma, conforme o programa agrário:

“[...] nosso programa de Reforma Agrária Popular visa contribuir ativamente com as mudanças estruturais necessárias e, ao mesmo tempo, é dialeticamente dependente dessas transformações. Um novo projeto de país que precisa ser construído com todas as forças populares, voltado para atender os interesses e necessidades do povo brasileiro” (MST, 2013, p.30).

1.2-O cooperativismo como forma de resistência ao capitalismo

As experiências cooperativistas, segundo Singer (2002) nasceram a partir da necessidade dos (as) trabalhadores (as) de se contraporem à exploração capitalista, cultivando, desde sempre, princípios e valores como a solidariedade, o igualitarismo de condições, ajuda mútua, autogestão e a repartição igualitária dos resultados do trabalho, em face à lógica capitalista, reprodutora de crescentes antagonismos sociais e econômicos.

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O movimento cooperativista propriamente dito surge como reação às mazelas sociais causadas pelo capitalismo industrial, tendo socialistas utópicos como Robert Owen3, Charles

Fourier, Saint Simon, dentre outros, como um dos pioneiros do movimento cooperativista europeu. Suas propostas contemplavam paradigmas de organização econômica que incluíssem os pobres na produção e no consumo resultando em bem estar social(SALES,2010, p.28).

No Brasil, as lutas sociais se desenrolam desde os primórdios da colonização assumindo um caráter puramente de resistência. Cabe-nos enfatizar a resistência dos povos originários e dos escravos nos quilombos onde se desenvolveram importantes experiências alternativas de produção e convivência.

Para se falar em cooperativismo no Brasil temos que nos remeter às experiências libertárias que se materializaram a partir dos processos de lutas dos povos nos mais diferentes períodos históricos.

Durante o período da República Velha, marcado pelo domínio político das oligarquias agrárias produziu os movimentos sociais de resistência como o de Canudos, no sertão baiano, que resultou em uma importante experiência de trabalho cooperado no campo, onde a solidariedade e a ajuda mútua foram fatores determinantes para preservação da comunidade (MORISSAWA, 2001).

De acordo com Konder (2003), no tocante as ideias socialistas e libertárias no Brasil, foram difundidas a partir de meados do século XIX. Intelectuais como Antônio Pedro de Figueiredo (1814-1859) e José Inácio de Abreu e Lima 4 (1794-1869) podem ser considerados

os pioneiros na difusão dos princípios socialistas no Brasil.

Mas foi no limiar do século XX, com o ingresso de trabalhadores imigrantes europeus, principalmente os de origem italiana, que tais ideias tiveram uma difusão relativamente mais organizada, propagadas pelos anarcossindicalistas no contexto da incipiente industrialização brasileira durante as primeiras décadas do século XX, quando começam a surgir os primeiros embriões do proletariado urbano.

As ideais socialistas utópicas influenciaram a formação da colônia Tereza Cristina, constituída em 1847 sob a liderança do médico francês Jean Maurice Faivre, nas margens do

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3 Dentre as iniciativas pioneiras de cooperativismo que resultou da influência de Robert Owen, destaca-se a

Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale (Rochdale Society of Equitable Pioneers), fundada em 1844(SALES, 2010, p28).

4 Militar libertador pernambucano. Contribuiu na luta pela independência da Venezuela em relação à Espanha ao

lado de Simón Bolívar, no século XIX. Incentivou a Revolução Praieira de 1848 e publicou o livro intitulado “O socialismo” por meio do qual buscava explicar os princípios socialistas, desde uma perspectiva do Socialismo Utópico.

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Rio Ivaí, onde atualmente ficam os municípios de Prudentópolis e Cândido de Abreu(KONDER,2003).

Em 1890 foi fundada a colônia Cecília, no município de Palmeira, também no estado do Paraná, por iniciativa do anarquista italiano Giovani Rossi (1856-1943), conseguindo reunir cerca de 300 pessoas, onde se buscou efetivar a aplicabilidade dos princípios socialistas à produção e às relações sociais e pessoais (KONDER,2003).

A experiência libertária da Colônia Cecília teve uma vida breve, se desfazendo em 1894, devido a dificuldades internas, problemas com vizinhos conservadores que passaram a rechaçar o modo de vida do grupo, além do cerco realizado pelo Estado republicano, no sentido de repressão e cobrança de impostos (KONDER, 2003).

1.3- O MST e o Cooperativismo

As primeiras ações do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra-MST se deram a partir do ano de 1979 com a retomada da luta pela terra no estado do Rio Grande do Sul, mas sua fundação oficial ocorreu em janeiro de 1984, na cidade de Cascavel, no estado do Paraná.

O debate e proposições acerca do tema do cooperativismo acontecem desde as primeiras conquistas de áreas de assentamento, quando os agricultores assentados se viram diante do desafio de organizar a produção e buscar a eficiência econômica.

Em uma primeira fase, as ações estavam voltadas para a cooperação espontânea e o associativismo de ajuda mútua, desenvolvendo experiências de pequenos grupos e associações coletivas. Por outro lado, buscou-se também desenvolver as grandes associações de representação política dos assentados, e prestação de serviços.

A partir de fins da década de 1980, com a evolução das lutas e o aumento das conquistas buscou-se uma melhor organização da produção através dos laboratórios organizacionais, por meio dos quais se tornou possível a realização de cursos de formação e capacitação no cooperativismo, dando origem às primeiras CPAs (Cooperativas de Produção Agropecuária), e das primeiras cooperativas de comercialização.

As Cooperativas de Produção Agropecuária (CPAs) “despontam como forma superior de organização da produção”, além de possuir personalidade jurídica e ser regida pela legislação cooperativista brasileira. Possui natureza complexa “porque se constitui como empresa de produção coletiva, gestão coletiva e de trabalho coletivo”. (CONCRAB, 1998, p.70).

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A constituição do sistema cooperativista dos assentados (SCA) em 1989 possibilitou a formulação das principais diretrizes políticas para a organização da produção nos assentamentos visando uma melhor eficiência econômica e a evolução do nível da produção de subsistência para o nível de mercado.

Ao longo se sua trajetória, o MST desenvolveu uma concepção de cooperação que reforça os pressupostos de resistência ao capitalismo buscando constituir processos de cooperação que promovam o desenvolvimento econômico e social, mas, sobretudo, a prática de “valores humanistas e socialistas”, uma proposta de cooperação “vinculada a um projeto estratégico, que vise à mudança da sociedade” (MST, 1998, p.22).

Na perspectiva da Reforma Agrária Popular, o programa agrário do MST (2013) reafirma a importância do protagonismo dos trabalhadores no controle da produção (as) apontando para a necessidade crescente de se desenvolver a produção cooperativada.

Toda produção será desenvolvida com o controle dos trabalhadores sobre os resultados de seu trabalho. As relações sociais de produção devem abolir a exploração à opressão e a alienação [...] priorizando a produção de alimentos saudáveis [...] para todo povo brasileiro e para a necessidade de outros povos (MST, 2013, p.34).

Dessa forma, o programa projeta uma forma de sociabilidade no campo baseada não mais na exploração e na alienação, mas, sobretudo, na solidariedade e na cooperação. Uma construção estratégica da emancipação humana realizada cotidianamente nos espaços conquistados a partir das lutas.

O programa agrário (2013) propõe ainda a promoção da cooperação agrícola como forma de “desenvolver as forças produtivas e as relações sociais” buscando viabilizar a instalação de agroindústrias autogeridas pelos trabalhadores (as) como forma de gerar “alternativas de trabalho e renda, em especial para a juventude e as mulheres”.

2-ASSENTAMENTO SANTA MARIA: UMA HISTÓRIA DE SUPERAÇÃO E CONQUISTAS.

A utilização do território é fundamental para o processo de dominação e exploração da classe trabalhadorapor parte da classe burguesa. Sendouma instância de relações sociais, políticas, produtivas, o território possui dialeticidade com seus componentes de contradições e conflitos (SANTOS, 1977).

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Ao analisar o território partimos da categoria classes sociais. Dessa forma, a utilização não se processa de forma equânime. As classes dominantes, privilegiadas pelo Estado, ocupam os espaços com densidade, fluidez, velocidade e luminosidade, acessando todos os meiostecnológicos disponíveis, em detrimento da classe trabalhadora a qual só lhe resta o espaço rarefeito, viscoso, lento, opaco, carente de infraestrutura, tecnologia, políticas públicas (SANTOS, 1977).

A mesorregião noroeste5 do estado do Paraná foi colonizada em fins da década de

1930 como resultado de empreendimentos privados de colonização realizados pela Companhia de Terras Norte do Paraná6, de capital inglês, que buscou sintonizar negócios

imobiliários e utilização do solo a partir da organização espacial baseada em pequenas propriedades agrárias de trabalho familiar, tendo a cafeicultura como principal linha de produção (SERRA, 2009, p.2).

As quedas nos preços do café no plano externo e interno e a forte geada que atingiu a região no ano de 1975 levam ao esgotamento desse modelo de colonização baseado na cafeicultura7, tendo como principais consequências o desestímulo governamental aos cultivos

e a substituição por outras culturas8 e a introdução dos métodos de modernização capitalista

que acentuou o êxodo rural e a concentração fundiária.

Além disso, os incentivos do Programa Nacional do Álcool (Proálcool) da década de 1980, somado a liberalização econômica da década de 1990 incentivaram a expansão das lavouras de cana de açúcar cujo cultivo vem superando significativamente a pecuária de corte avançando sobre as áreas de pastagens extensivas que, até então, eram predominantes na região9.

O município de Paranacity possui atualmente uma população de 10.250 habitantes (IBGE, 2010), tendo sua fundação político administrativa em 26 de novembro de 1954. Possuindo um IDHM de 0,317, sua economia está baseada principalmente na agroindústria da _______________

5 A mesorregião compreende as zonas de solos originários de derrames basálticos (terra roxa), e grande faixa de

domínio de solos originários da formação Arenito Caiuá.

6 Empresa esta que adquiriu do Estado, no período assinalado, “cerca de 13.000 Km² de terras florestais ao sul

do estado de São Paulo” desencadeando um lucrativo empreendimento colonizador na região (WAIBEL, 1979, p.241).

7 A geada do ano de 1975 atingiu toda a região provocando grande destruição do parque cafeeiro regional, totalizando no período cerca de 915 milhões de pés (SERRA, 2009, p.3).

8 A cultura do café foi sendo substituída pela cultura da soja, milho, algodão, cana de açúcar, pecuária bovina de corte, dentre outras (SERRA, 2009, p.3)..

9 Em todo o estado do Paraná estão instaladas 27 usinas e destilarias de açúcar e álcool, as quais abrangem as

regiões norte/noroeste do estado. Destas, 14 estão na região noroeste, instaladas posteriormente aos anos 1980(IPARDES, 2009, apud SERRA, 2009, p.6).

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cana de açúcar, na produção vegetal de grãos como feijão, soja e milho, além do Urucum. Também a pecuária leiteira e de corte que vem perdendo espaço nas últimas décadas para as lavouras de cana de açúcar.

Em seu setor urbano, Paranacity possui um comércio varejista pouco pujante dependente em muitos aspectos do comércio de cidades polos como Maringá, Londrina, Umuarama e Presidente Prudente (SP). Grande parte do exército de força de trabalho existente no município está voltado a atender as demandas da usina de açúcar Santa Terezinha, presente na região desde a década de 1980. Também possui um quadro de funcionários públicos e profissionais liberais.

Os movimentos sociais populares do campo canalizam as lutas camponesas pela democratização do território na região. Em 19 de janeiro de 1993, 20 famílias integrantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, oriundas das regiões Centro e Sudoeste do estado do Paraná, ocuparam a fazenda Santa Maria para fazer valer seu direito e propõem a criação de um assentamento rural baseado na coletivização e no trabalho cooperado.

A fazenda Santa Maria, de 232 hectares, havia sido desapropriada pelo INCRA-Instituto de Colonização e Reforma Agrária para fins de Reforma Agrária em 1988 e imitido na posse10 em 1992. Parte da fazenda encontrava-se arrendada para usina de açúcar e álcool

Santa Terezinha para plantio de cana de açúcar.

Nos primeiros meses os ocupantes vivenciaram uma situação litigiosa entre grupos distintos de trabalhadores rurais sem terra11, antigo proprietário, e empresa arrendatária. O

próprio INCRA não aceitou de pronto a proposta de assentamento coletivo apresentada pelos trabalhadores (as) retardando assim seu reconhecimento legal, que veio a ocorrer somente em meados de 1994.

Assim, o período que compreende de janeiro a julho de 1993 foi marcado por debates internos em relação à concepção de assentamento, quando decidiram pela coletivização e o cooperativismo como forma de melhor organizar a produção e o trabalho, resultando na _______________

10 Imissão de posse é um procedimento jurídico que decorre de reivindicação de posse de algum imóvel.

Conforme a legislação vigente em relação à reforma agrária o ato de imissão de posse ocorre quando o INCRA reivindica para si a posse de um determinado imóvel para proceder à criação de assentamentos rurais mediante ação desapropriatória.

11 Conforme relatam os associados à Copavi, o Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR) do município de

Paranacity havia sido informado da desapropriação destas terras mas, em função de não dispor de uma força social capaz de agir efetivamente, a ocupação da área não aconteceu. Chegaram até organizar alguns barracos às margens da rodovia que corta a fazenda, mas a ocupação propriamente dita ocorreu somente com a chegada dos integrantes do MST. Os trabalhadores sem terra do município ligados ao sindicato reivindicavam a área para si, mas não tinham organização suficiente para ocupar. Desse modo, se estabeleceu, durante cerca de um ano, um certo impasse entre os trabalhadores do município e os vinculados ao MST.

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criação, em 10 de julho de 1993,da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória – COPAVI, que partir de então, passou a gerir a vida econômica, politica e social do assentamento.

A Cooperativa pode, no início, contar com o apoio solidário de muitos segmentos da sociedade local e externa. Muitas foram às pessoas que contribuíram doando roupas, calçados, sementes, auxilio para o trabalho, combustível e até alguns animais.

Atualmente o território ocupado foi resinificado pelos trabalhadores que imprimiram um caráter profundamente social, comunitário e solidário á propriedade agrícola estruturando um assentamento baseado na cooperação entre os associados visando melhor organização da produção e do trabalho e obter maiores resultados, através da atuação em setores por área de produção. Além do aspecto econômico, primaram-se pela organização social e política baseada em núcleos de base (NB), grupos de jovens e grupo de mulheres.

2.1-Organização da produção

Em relação aos setores de atividades laborais, estes estão estruturados da seguinte maneira:

a) Setor de produção: engloba as seguintes atividades: leite e derivados; cana de açúcar e derivados, padaria e refeitório.

b) Setor de comercialização; c) Setor de apoio;

No setor de produção a atividade com o gado leiteiro é realizada desde os primeiros anos da cooperativa, voltada a garantir a auto sustentação do grupo e o comércio e ocupa uma área de 45 hectares. A produção leiteira encontra-se em fase de transição para sistema orgânico e contribui com cerca de 30% do faturamento da Cooperativa.

O rebanho bovino conta hoje com aproximadamente duzentos animais, sendo que, destes, uma média de cinquenta vacas são mantidas em lactação durante o ano. A atividade conta com uma boa estrutura (cerca de 20% do patrimônio total da Cooperativa) para efetivação das tarefas (barracão de ração, um misturador de ração, estábulo coberto, sala de ordenha, sala de medicação, laticínio, um trator, uma enciladeira, uma carreta agrícola).

A principal atividade econômica do assentamento é a agroindústria de cana e derivados. Esta atividade contribui com 60% do faturamento da Cooperativa. São utilizados 110 hectares de terra no Assentamento para o cultivo de cana de açúcar, com a necessidade de aquisição da matéria-prima de agricultores da região em alguns períodos do ano. A atividade demanda uma série de técnicas e ações para viabilizar a produção. No conjunto da

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Cooperativa, é a atividade que mais apresenta capacidade administrativa e de operacionalização das tarefas, devido ao próprio caráter da atividade e ao grande número de pessoas que a integram.

A atividade conta com um grupo de doze pessoas integradas à Cooperativa, mais quatro trabalhadores externos que prestam serviços no regime de contratados por carteira assinada, conforme as leis trabalhistas em vigor, somando o total de dezesseis pessoas que trabalham na atividade.

Atualmente, a produção de Cana e Derivados se constitui na atividade mais rentável para a COPAVI. Sua produção já foi totalmente revertida em agroecológica e seus produtos são comercializados com certificação que atesta tal característica. Diariamente, são processados cerca 10 a 20 toneladas de cana de açúcar destinadas à produção de açúcar mascavo, cachaça e melaço. A produção do açúcar mascavo é diária, atingindo uma média de duas toneladas/dia. Sua comercialização se dá na própria cooperativa e em lojas de produtos naturais presentes em vários pontos do território nacional.

O melado de cana é produzido conforme a demanda interna e do mercado local e nacional. A cachaça de alambique é produzida durante o período de dezembro a março quando a cana apresenta melhor qualidade para o produto. A quantidade produzida é limitada pela capacidade de armazenagem, haja visto que o produto deve passar por um período mínimo de envelhecimento de seis meses. A produção média mensal varia de 500 a 700 litros de cachaça.

A padaria comunitária do assentamento produz panificados diversos, tais como pães doces e salgados e biscoitos, que são direcionados ao consumo interno e ao programa municipal e estadual de merenda escolar, voltado a atender às instituições de ensino estaduais e municipais (creches, escolas e asilo).

O assentamento possui um refeitório comunitário que produz entre 60 e 70 refeições diárias (café da manhã e almoço), de segunda-feira à sexta-feira, para todas as pessoas que integram o Assentamento. Nele trabalham três pessoas responsáveis pela produção das refeições, limpeza dos utensílios e estruturas, e preparo dos alimentos do dia seguinte.

A atividade de sustento familiar apresenta peculiaridades em relação às outras atividades produtivas. A ela estão vinculadas a horta, a produção de carnes e a produção de variados produtos destinados ao sustento familiar. Tais produtos têm destinação prioritária aos associados (as), o excedente da produção é comercializado.

A horta produz uma variedade de hortaliças em sistema agroecológico (alface, almeirão, chicória, temperos, cenoura, beterraba, quiabo, vagens, ervilhas, milho verde,

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batatas, chuchu...). Já com a produção de carnes, são disponibilizadas aos sócios carnes de suínos, bovinos e de frangos. Outros gêneros ainda são produzidos, tais como: feijão, mandioca, amendoim, mamão e abóbora.

A complexidade da atividade de produção de hortaliças é resultante da variedade de produtos. Para a realização dos trabalhos, a atividade conta com uma equipe de sete pessoas e ainda conta com a contribuição de outras em determinados momentos.

O setor de comercialização possui duas frentes: a de comercialização direta ao consumidor e a de comercialização no atacado. A equipe é formada por cinco pessoas, e conta com a disposição de dois veículos que são utilizados tanto para a entrega a domicílio, como para a entrega em cidades da região.

A comercialização acaba sendo o eixo orientador das atividades produtivas que não se restringem ao autoconsumo. A falta de mão-de-obra qualificada, principalmente para as vendas no atacado, se constitui num empecilho, o que acarreta um esforço e sobrecarrega das demais atividades para superar tal necessidade. A abertura de novos mercados, principalmente para a venda da cachaça, é uma das necessidades em que mais facilmente pode-se identificar isso.

A atividade de apoio está voltada a ações de cunho administrativo. Abrange as tarefas de centralização das informações advindas das demais atividades; a elaboração de planilhas e fichas de controles; elaboração de relatórios e pareceres; efetuação dos pedidos de compras e pagamentos; gerenciamento financeiro; gerenciamento contábil; organização e arquivamento de documentação; acompanhamento das horas de trabalho de estudantes; secretaria; recepção e agendamento de visitas no assentamento.

A equipe de apoio é formada por três pessoas, sendo que, o coordenador (a) é eleito (o) a cada dois anos. A atividade de apoio apresenta a necessidade de um grau elevado de capacitação para desenvolvimento das tarefas, visto que esta atividade passa a ter que orientar todo o processo administrativo da Cooperativa.

2.1.1- Produção Agroecológica

Desde a consolidação do Assentamento Santa Maria e a constituição da Copavi, as famílias associadas optaram pela produção orgânica e agroecológica, passando a ser uma referência regional nesse sistema de produção.

Conforme relatos obtidos através das consultas espontâneas junto a alguns associados, a opção pela Agroecologia se deve a fatores de ordem política e econômica.

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Conforme relato de Donizete Alves (Piá), agricultor e estudante de agronomia vinculado ao assentamento e à cooperativa, a produção agroecológica prioriza “a vida do solo, da fauna e flora e dos humanos...” Para ele, a Agroecologia propicia vislumbrar um futuro ecológico mais equilibrado, quando afirma: “no geral a agroecologia é o futuro e que condiciona a purificação da sociedade, da natureza...”

Politicamente, optou-se pelo sistema agroecológico para se fazer frente à expansão capitalista, que atualmente se expressa nas atuações do chamado agronegócio.

Estando vinculados aos movimentos sociais populares do campo, como o MST e a Via Campesina, os (as) trabalhadores (as) associados (as) do Assentamento Santa Maria estão inseridos no debate sobre as proposições em relação à necessidade da transição da matriz tecnológica convencional para a matriz agroecológica.

De outro lado, em termos econômicos, está colocado a necessidade de se reduzir os custos de produção e agregara valor ao produto, estabelecendo com isso resistência ao pacote tecnológico imposto pelas grandes corporações que atuam no campo, fortemente atreladas ao sistema financeiro e que induzem as políticas de crédito rural.

Cabe salientar que, algumas linhas de produção ainda se encontram em fase de transição, como é o caso do leite e seus derivados, cuja produção é de forma agroecológica, mas que ainda aguarda certificação. A produção de panificados também se realiza de forma convencional, devido às dificuldades de aquisição de matéria prima orgânica em qualidade e quantidade suficientes.

Importante notar também a participação da comunidade do assentamento na Rede Eco Vida de Agroecologia, uma organização que articula os produtores em núcleos, por proximidade de municípios, promovendo a certificação da produção agroecológica através da metodologia participativa.

2.2-Estrutura Organizativa

O processo de eleição interna, as possíveis punições e/ou demissões de dirigentes e demais associados, são atribuições dos trabalhadores (as) associados (as), assim como também as decisões relacionadas ao planejamento e execução da produção e os mecanismos de distribuição da renda interna.

A assembleia geral ordinária (AGO) é realizada anualmente para efetuar análises econômicas e aprovação ou reprovação da prestação de contas. A assembleia se reúne mensalmente para tratar de assuntos diversos do cotidiano e para tomada de decisões quando não há consenso.

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Os núcleos de base12 são espaços democráticos onde os (as) associados (as) participam

debatendo e questionando a respeito dos aspectos concernentes à gestão estratégica e os aspectos sociais e políticos da cooperativa. No que se refere aos setores, estes têm por função garantir aos trabalhadores a discussão e a execução sobre o andamento do processo de trabalho em si.

O processo democrático da cooperativa abrange também a eleição pelo voto secreto de todos os associados e da direção legal. A direção legal tem por função representar externamente a sociedade nas questões econômicas, políticas e jurídicas. Formado por um membro da direção, um representante de cada núcleo de famílias, e pelos coordenadores de setores, o conselho deliberativo tem a responsabilidade maior pela gestão das questões rotineiras da empresa social, e contribui para a formulação de propostas e análises submetidas e adotadas pela coletividade.

2.3-Forma de Socialização dos Resultados

A fase inicial do assentamento foi bastante difícil devido à escassez de recursos. Para complementar a renda para reprodução dos meios de vida foi necessário buscar trabalho externamente. Assim, os rendimentos obtidos eram reunidos e um caixa único e, posteriormente, redistribuído por cada sócio com base nas horas trabalhadas.

Atualmente, a participação dos associados nos resultados econômicos passou a seguir a metodologia de se estipular de um valor13 financeiro (por exemplo, 50.000) denominado de

adiantamento de sobras, baseado no histórico das sobras médias do ano anterior, que é dividido entre os sócios pelo total das horas trabalhadas no mês e com base no posto de trabalho que cada sócio (a) está inserido (a). Em termos de valores monetários, em média os associados retiram mensalmente o valor de um salário mínimo a dois salários mínimos.

A partir desta divisão obtém-se o valor da hora trabalhada. Obtido o valor da hora trabalhada (VHT), multiplica-se pelo número de horas que cada membros das atividades realizou no mês, obtendo-se assim o valor da remuneração dos trabalhadores (as) individualmente.

A cooperação interna ao assentamento proporciona aos cooperados outras formas de participação na renda consideradas como não monetárias, como o acesso gratuito a produtos _______________

12 Primeira instância de discussão; é composto por 10 famílias, tendo este um coordenador e uma coordenadora.

A Copavi comporta em sua estrutura orgânica dois núcleos de base. Esta forma de organização interna também é utilizada em outros espaços do MST.

13 Este valor é variável, podendo sofrer alterações caso ocorra algum contratempo na movimentação econômica

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como hortaliças, tubérculos e legumes, bem como a disponibilização de leite pasteurizado cuja distribuição ocorre conforme a necessidade de cada família participante.

Cabe ressaltar ainda outros benefícios sociais e econômicos como, por exemplo, o acesso à moradia de boa qualidade. As moradias são organizadas em um espaço denominado agrovila, onde as moradias são organizadas por proximidade facilitando a segurança dos moradores (as).

O serviço de água para o consumo é viabilizado por meio de poço artesiano, não havendo custos diretos para os (as) cooperados (as) em relação ao consumo de água. O serviço de energia elétrica é ofertado pela Companhia Paranaense de Energia Elétrica (COPEL), sendo que os custos com o consumo são de responsabilidade de cada família. Ainda não se avançou no aspecto de fontes alternativas de energia elétrica.

Há também o serviço de internet realizado por uma empresa contratada pelos (as)cooperados (as), que fazem o rateio mensal dos custos. Praticamente 100% dos cooperados têm acesso à internet no assentamento.

2.4-Alfabetização de Jovens e Adultos

Contribuindo para acabar com o analfabetismo, uma herança histórica de nossa injusta formação social, juntamente com o MST, a cooperativa desenvolveu importante projeto de alfabetização de jovens e adultos, entre os anos 2005 e 2006 contribuindo para a erradicação do analfabetismo.

Isso foi possível através da disponibilização de uma educadora para realizar este trabalho em espaços cedido pela própria comunidade. Os educandos receberam o incentivo político e econômico dos (as) demais cooperados (as), através da remuneração por cada hora aula frequentada.

Há na comunidade níveis diferenciados de formação escolar passando pelo estágio fundamental e médio até o grau de pós-graduação. No entanto, de acordo com Verdério (2007), o percentual de alfabetização é de 61,4%, superior á média nacional que, segundo dados da pesquisa nacional de educação na Reforma Agrária (Penera, 2004) esse número era de apenas 33,3%.

Estes dados revelam, portanto, que estando num grupo coletivo onde as pessoas cooperam entre si as ações na área social tornam-se também facilitadas, proporcionando às pessoas a elevação de seu nível cultural, bem como, mais autonomia e dignidade.

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2.5-Formação das Crianças e Adolescentes

No que se refere à educação formal, atualmente as crianças e adolescentes recebem escolarização na rede pública de ensino, inexistindo, portanto, escola formal no interior do assentamento. Sendo assim, as crianças frequentam a escola municipal e estadual, além da creche do município, em conformidade com a idade e o nível que cada criança se encontra.

O deslocamento dos estudantes adolescentes e jovens que frequentam as escolas do município é feito via transporte escolar público. Para transportar as crianças até a creche é utilizado veículo próprio da cooperativa.

Em função das crianças estarem meio período na escola e a outra parte do tempo ficarem sem o acompanhamento dos pais e mães, pois estes estão envolvidos nas atividades rotineiras da cooperativa, tirou-se como definição a realização de atividades pedagógicas com as crianças, visando aproveitar o tempo em que estas permanecem fora da escola com atividades educativas levando-se em conta os princípios de educação defendidos pelo MST, que são: relação entre prática e teoria; combinação metodológica entre processos de ensino e de capacitação; realidade como base da produção do conhecimento; conteúdos formativos socialmente úteis; educação para e pelo trabalho; vínculo orgânico entre processos educativos e processos políticos; vínculo orgânico entre processos educativos e processos econômicos; vínculo orgânico entre educação e cultura; gestão democrática; auto organização dos/das estudantes; criação de coletivos pedagógicos e formação permanente dos educadores / das educadoras; atitude e habilidade de pesquisa; combinação entre processos pedagógicos coletivos e individuais(ITERRA, 2004).

Para desempenhar estas atividades as famílias decidiram coletivamente e disponibilizaram uma pessoa exclusivamente para desenvolver as tarefas especificas de educação, de forma remunerada, e contando ainda com o apoio de uma pedagoga vinculada ao MST.

2.6-Formação Técnica

A formação técnica-profissional é bastante incentivada na cooperativa. Os (as) cooperados (as) participam de diversos cursos técnicos sejam eles de nível médio, de graduação, e até mesmo de pós-graduação.

A cooperativa contribui mensalmente com os estudantes que estão inseridos nestes cursos repassando parte dos recursos financeiros necessários. Este valor é correspondente a

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quatro horas diárias de trabalho no assentamento, desde que este estudante seja vinculado à cooperativa.

De acordo com os dados levantados na cooperativa, na atualidade, a COPAVI mantém um estudante em cada um dos cursos a seguir: graduação em medicina veterinária- UFRS; Unioeste; graduação em agronomia UFFS; graduação em administração na UNESPAR; pós-graduação na UFPR setor litoral no curso de Especialização em Educação do Campo e a Realidade Brasileira a partir de seus Pensadores.

2.7-Formação Política

A comunidade do assentamento Santa Maria vem buscando garantir a efetivação da formação política ideológica por entender ser imprescindível a elevação do nível de cultura política da sua base social. Assim, vem organizando espaços internos de estudo e também participando de atividades de formação externa, organizadas pelo MST, além de se inserirem em atividades de mobilização social, como marchas, ocupações de terra, romarias, jornadas de agroecologia, etc., atividades que de certa maneira também proporcionam a formação político-ideológica.

A inserção nos espaços de discussões a respeito da implementação das políticas publicas, como, por exemplo, a participação nos conselhos municipais (conselho municipal de saúde, meio ambiente, conselho tutelar, etc.), permite às pessoas que neles atuam uma maior compreensão política e maior capacidade de posicionamento.

2.8-A Liberação de Quadros

Tendo em vista que não basta à Cooperativa, centrar energia apenas nos objetivos econômicos, mas, sobretudo, nos objetivos políticos, de longo prazo, visando o fortalecimento das lutas dos trabalhadores, a COPAVI, além das pessoas que são liberadas para estudarem, garante uma política de liberação de quadros para atuarem integralmente no MST.

Ao todo são cinco pessoas que contribuem nos campos técnicos e político. No campo técnico, são dois engenheiros agrônomos que contribuem no acompanhamento aos demais assentamentos da região. No campo político, são duas pessoas para atuarem, uma em nível regional, e outra em nível nacional.

Como forma de construir alianças entre os trabalhadores, além do aspecto da liberação de quadros, a Cooperativa promove ações de solidariedade junto à sociedade local, tais como distribuição de produtos a creches, asilos e escolas da cidade, além de doações de sangue e também de alimentos em casos de calamidade, etc. Através desta forma de organização

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interna torna-se possível garantir a participação de todos (as) os associados, gerando um sistema de gestão participativa e democrática.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objeto do presente artigo foi à comunidade do assentamento Santa Maria, localizado no município de Paranacity, região noroeste do Paraná, uma experiência de luta dos Trabalhadores Rurais Sem Terra.

O primeiro passo do trabalho foi contextualizar historicamente nosso objeto sublinhando elementos da questão agrária, do cooperativismo e do processo de colonização regional profundamente marcado pela concentração fundiária, êxodo rural e pauperização da população, voltado a atender interesses do capital imobiliário com forte aporte estatal.

Compreendemos que o surgimento do assentamento se deu a partir dos processos de luta desencadeados pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra na região a partir do ano de 1988, e que seus membros se empenharam na estruturação de um assentamento organizado com bases em princípios cooperativistas, tendo como referência a auto gestão e a produção agroecológica.

O trabalho buscou descrever a organização interna dessa experiência auto gestionária abordando sua dimensão econômica e política. Revelou que a constituição da Cooperativa de Produção Agropecuária Vitória- COPAVI foi uma importante decisão dos associados em face da necessidade de potencializar o trabalho e proporcionar elevação dos ganhos econômicos e políticos.

Assim, identificou-se que a organização da produção se realiza por meio da setorização das atividades, onde cada sócio (a), em idade de trabalho, deve se inserir.

Buscamos demonstrar que existe no assentamento um conjunto de ações voltadas aos aspectos sociais e políticos, tais como ações educacionais de alfabetização de jovens e adultos, a formação de crianças e adolescentes, a formação técnica e política. A liberação de quadros para atuar em atividades externas também se apresenta como um aspecto importante presente na comunidade, o que revela que os sujeitos envolvidos na construção cotidiana do assentamento pensam para além da realidade imediata. Compreendem que o empreendimento por si só, nas atuais condições históricas, não se viabilizará sem a articulação com outras dimensões maiores da luta social.

Ao descrever sobre esta experiência auto gestionária, outro aspecto relevante a ser assinalado é a produção agroecológica. Estando vinculado ao movimento social agroecológico e ao debate no interior dos movimentos sociais do campo acerca dessa

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temática, o assentamento adotou a bandeira da Agroecologia convertendo quase a totalidade de sua produção agropecuária.

O assentamento está inserido em uma região profundamente marcada pela expansão do agronegócio representado pela grande agroindústria da cana de açúcar, e se coloca como importante contraponto ao modelo agrícola hegemônico, na medida em que propõe e implementa modelos alternativos e ajuda a irradiar essa experiência junto aos demais segmentos.

A partir do conjunto de elementos descritos neste artigo, somado à prática social deste autor, próxima do objeto descrito, elencaremos alguns itens que consideramos pertinentes, como segue:

A organização econômica possibilita as condições para a potencialização do trabalho e a geração de renda;

A organização do trabalho através da cooperativa imprime um caráter socialista ao empreendimento, na medida em que o produto do trabalho tem destinação social com base em critérios de tipificação das atividades realizadas por cada associado;

Presenciam-se alguns fatores limitantes, como dificuldade para investir com recursos próprios, devido à baixa margem de sobras. O aumento da demanda por produtos, principalmente o açúcar mascavo e o melado de cana, exige investimentos em capital constante (novos equipamentos) e no capital variável (capacitação profissional em novas áreas);

Dependência do crédito oferecido pelas instituições financeiras, escassos e insuficientes;

Restrição, por parte dessas instituições financeiras, quanto a realizar empréstimos a empreendimentos de cunho social. Limitações de mercado para produção de leite e hortaliças na forma orgânica, devido ao baixo poder aquisitivo da população local;

Esses elementos revelam que ainda temos que lutar para construir um país com desenvolvimento interno autônomo. A destinação dos créditos prioritariamente ao agronegócio é mais um sinal da persistência da herança colonial no Brasil, um país cuja dependência externa e a submissão são projeto das elites, estas que nunca se propuseram levar a cabo um projeto de desenvolvimento nacional.

Por fim, admitimos as limitações do presente artigo, mas modestamente acreditamos ter contribuído para o levantamento de informações e questões relevantes para nossa reflexão sobre a realidade politica, econômica e social, partir do local onde estamos inseridos.

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Referências

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