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NÚCLEO DE ESTUDOS AVANÇADOS DE DIREITO INTERNACIONAL E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
ATA DA APRESENTAÇÃO DO DIA 24/03/2012 REUNIÃO DO DIA 24/03/2012
TEMA
Propriedade intelectual e o problema dos anti-baldios
APRESENTADOR (ES)
Professor Eduardo de Oliveira Agustinho RESENHA
A área de propriedade intelectual é um problema mundial, pois não se sabe ao certo como tratar a questão da propriedade intelectual. O mundo empresarial não está certo de que a propriedade intelectual é vantajosa para as relações mercadológicas.
O direito internacional tem utilizado a análise econômica do direito como caminho de interpretação para vários aspectos. Alguns doutrinadores criticam muito este método de analise, mas para o direito empresarial é muito útil, pois permite a análise de aspectos relevantes, haja vista a supremacia do capitalismo.
- Criação intelectual como direito de propriedade:
Liberal: o individuo que cria algo, tem o direito de usar, fruir e dispor da sua criação. Assim, esta teoria defende que outros não podem utilizar a referida criação sem autorização.
Social: a criação dá exclusividade por 20 anos, período do qual ninguém pode copiar, mas após este prazo, a criação se torna de domínio público. A questão da formula da Coca-cola: não há interesse em registrar a formula, porque após o prazo legal, se tornaria domínio público. Por esta razão não se dá exclusividade em troca da publicidade.
- Função social da propriedade intelectual: autonomia da vontade X licença compulsória. Não pode haver abuso deste poder de exclusividade. A resposta que o estado dá é a licença compulsória, conhecida também como quebra de patente. A criação está protegida, mas não pode ser mal utilizada, sob pena da quebra de patente, quando o estado priva o criador do direito da criação de forma plena. - Licença compulsória:
Como a titularidade é exclusiva, quanto menos for fabricado, mais caro será o preço. Esta é a grande questão dos fármacos. Se o criador não quer produzir em
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larga escala, outro pode fazê-lo. Por isso o Brasil demorou tanto para admitir o patenteamento de fármacos.
O professor Marcos Souza levantou a quebra de patentes do medicamento contra a AIDS no ministério de José Serra. O professor Eduardo Agustinho esclareceu que a patente não chegou a ser quebrada, frente a esta possibilidade o laboratório diminuiu consideravelmente o valor. No governo Lula, houve a licença compulsória, foi dada autorização para outro laboratório. Outra política utilizada é a pratica das empresar de, durante os 20 anos de proteção, vincular tão fortemente o produto a marca, que sejam consideradas sinônimos, pois após o prazo, marca e produto se confundiriam, como ocorreu com a Gillete, que é sinônimo de aparelho de barbear.
As modalidades são bem claras: abuso de direito, seja por funcionalidade ou temporalidade; abuso do poder econômico; dependência e interesse público. Fora estas possibilidades não há licença compulsória. Na pratica, nem sempre a licença compulsória fornece o resultado esperado, embora se conceda a licença compulsória, o novo fabricante do produto precisa „entender‟ como funciona e „descobrir‟ como se faz. Assim, a dificuldade maior não estaria em ter o direito de produzir, mas descobrir como fazer.
Foi levantada a questão dos medicamentos genéricos. Estes já ultrapassaram o prazo dos 20 anos, agora podem ser produzidos por terceiros. O professor Martinho Botelho levantou a questão européia que está apreendendo genéricos por não entender que podem ser fabricados, mesmo após os 20 anos. A OMC dispôs esta vedação em DS. O argumento é que embora no Brasil o prazo da patente tenha expirado, lá ainda estaria vigente, porque até certo ponto o Brasil não permitia a licença de fármacos.
O professor Augusto Dergint lembrou que o processo de patenteamento é moroso, e neste período, pode haver a „cópia‟ da tecnologia, sendo que não raro, tem-se um produto com vários pedidos de patente. O professor Eduardo Gomes levantou a questão da regulamentação de marcas e patentes na comunidade européia, o professor Eduardo Agustinho esclareceu que estes escritórios existem, mas não são competentes para que produtos de seus membros sejam patenteados em países externos a comunidade, nestes casos, o pedido de patente deve ser feito diretamente nos países.
O professor Augusto Dergint levantou a questão de pedidos de patentes de Coréia e China. A China tem uma dificuldade de tutelar, por exemplo, o i-pad. Foi levantada a máxima de que o mundo explorou a pólvora até hoje e nunca pagou patente... o que eximiria o pagamento pelos produtos Chineses. Não é um argumento jurídico, mas que despista a dificuldade chinesa em relação a marcas e patentes.
3 - Tragédia dos badios (commouns )e anti-baldios (anti-commouns): na idade media, havia áreas de baldio, nas quais os camponeses produziam para si e não para o Sr. feudal. Como a área era coletiva, estas áreas foram utilizadas além de suas forças, esgotando a produção. Daí surge a idéia de que o que é coletivo é mal cuidado, porque não seria de ninguém, quando na verdade, deve ser melhor cuidado, vez que é de todos. Esta historia defendida na revista Science, foi contraposta por outro artigo, de titulo “anti-commouns”. O estudo foi voltado para a forma como a Rússia modificou sua tutela da propriedade. O mercado de rua era utilizado do que as lojas fechadas e aquecidas. A transição dos sistemas de propriedade foi difícil, pois agora, um prédio, por exemplo, pertencia: aos condôminos, a associação do bairro, ao município, numa espécie de condomínio. Este modelo dificultava muito a comercialização dos imóveis, por esta razão era mais fácil colocar a barraca na rua, fazendo o marcado, do que fazer a loja. Nesta toada, as partes chegavam a um ponto de que as partes não chegavam a acordo para saber o que era de quem, e quem tinha direito sobre o que. Assim, importante sim a propriedade, mas esta deve haver limites, ou seja, certas áreas da propriedade intelectual devem ser mantidas sob tutela do estado, a fim de que não ocorra esta confusão de titularidades.
- Intervenção dos estados e externalidades: Sob o ponto de vista jurídico a solução é a intervenção do estado pela criação de lei. Ocorre que nem sempre a tutela somente legal é suficiente. Assim surgem as externalidades. Por exemplo: o papel branco e o papel reciclado, o branco é mais barato porque os produtores externalizam os danos ambientais para terceiros. Enquanto os produtores de papel reciclado internalizam a questão ambiental, o que aumenta o preço. Toda relação social trás externalidades positivas e negativas. A atuação estatal para afastar uma externalidade ruim, pode gerar uma ainda pior, segundo o professor Luis Alexandre Carta Winter, o que ocorreu no caso de Belomonte.
- Empresa X mercado: se a solução de mercado é a melhor solução, porque existe empresa? O que define se algo ficará no mercado ou na empresa é o custo da internalização. Transformar o mercado numa grande empresa não é o ideal, pois se está no limite da escolha de soluções. Por isso, segundo o professor Eduardo Agustinho, o socialismo russo não deu certo, pois o „chefe da empresa‟ não teve visão de longo alcance, e não soube internalizar e externalizar corretamente. O professo Martinho Botelho relembrou que a AED é parte de uma linha maior, inserida na teoria dos custos sociais, faria parte de um gênero maior teórico, não se aborda só pela linha da analise econômica do direito, utilizada na apresentação. Outros doutrinadores utilizam outras linhas, pois utilizam outras matrizes de estudo.
Para a linha da analise econômica, a empresa se sobrepõe ao mercado, para tentar reduzir custos e proporcionar a negociação, que é mais vantajosa para o mercado, do que as decisões estatais. Assim, resta claro que a licença
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compulsória não é a saída. Outra saída é a utilizada pelo ramo de tecnologia da informação, na qual empresas estão tentando ter mais patentes que o seu concorrente; coletivamente não é a melhor opção, pois leva ao oligopólio. Os coreanos utilizam o pool agreements, no qual as empresas desenvolver pesquisas em colaboração, o que reduz os custos da pesquisa, diminuindo custos frente a outras empresas. Outro caminho é o de abrir mão do direito de propriedade, caindo na teoria dos jogos, uma empresar abre mão, sinalizado pra outra que também pode abrir mão. Para o Brasil, seria interessante começar a utilizar as soluções de mercado em lugar das estatais, que não atingem o objetivo.
OBSERVAÇÕES
Próxima Apresentação: dia 31/12 – professor Eduardo Gomes: “Jurisdicidade na integração Latino Americana ”
MEMBROS PRESENTES
AMANDA CAROLINA B. RODRIGUES AMANDA ROCHA MIQUELISSA ANA PAULA TRELHA
ANTONIO DE PADUA MATOS FILHO AUGUSTO DERGINT
AUGUSTO SANTOS FALCÃO BERNARDO LIMA DE ATHAYDE BRUNO HEBERSON DA COSTA CARCA CECATO
CAROLINA WENCIK CELIA OLIVEIRA
CINTIA DE ALMEIRA LANZONI CYNTIA COSTA SALOMÃO DEBORA KROMBACK VALENTE EDUARDO BIACCHI GOMES
DEBORA REGINA GONÇALVES DA SILVA DENISE VICENTE
EDUARDO BIACCHI GOMES EDUARDO HERZER CORREA EDUARDO GRASSI GOGOLA
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ELOETE CAMILE DE OLIVEIRA FABIANE MACHADO
FABIANO BARRETO
FABIO BATISTA DE ARAUJO
FELIPE AUGUSTO BAROLO ARAUJO FELIPE CABRAL CAVALAN
FELIPE F. DOS SANTOS FELIPE GUIDOLIN
FLAVIA CRISTINA FAVERO JULIANO GARCIA
GISLAINE CRISTINA DE SOUZA IGOR KOLTUN REBUTINI
IZABEL SEBASTIANI DE SANTANA JOÃO LUIZ SILVA BORGES
JOÃO SERGIO ALVES FILHO JORDANA W. MAIA
JULIANA DE OLIVEIRA SALES KELLY CAROLINE RAMOS LETICIA MARIA SALLES LISSEHT ADELA NAUPARI
LUIS ALEXANDRE CARTA WINTER LUCAS ARATES ROSATI
MARCELA ALMEIDA
MARCOS DA CUNHA E SOUZA MATHEUS WESLEY DE SOUZA MARTINHO MARTINS BOTELHO MAXIMILLIAN MORAES NOVICK MELISSA FELLER
MURILO PITA
NICOLE M. TREVISAN PATRICIA SARGI RAFAEL GEORGETT
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SIMONE BRINGHENTI TATIANA N. HEIM TIAGO SOARES BEDIN THAIS PAVANI ZIGOOSKI
VINICIUS AUGUSTO FERNANDES RICHARD BECKERS
Redigido e revisado pela monitora do NEADI Amanda Carolina Buttendorff Rodrigues, sob a orientação do Prof. Dr. Luís Alexandre Carta Winter.