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PAULO DE TARSO E A UNIVERSALIZAÇÃO DO CRISTIANISMO PRIMITIVO.

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PAULO DE TARSO E A UNIVERSALIZAÇÃO DO

CRISTIANISMO PRIMITIVO.

LUZ, Matheus Morais da (PPE/UEM) PEREIRA MELO. José Joaquim (Orientador/PPE/UEM)

O cristianismo em seu processo organizacional foi marcado por duas situações espaciais: a dos cristãos que viviam na Palestina e dos cristãos da Diáspora1. O primeiro grupo negava a cultura greco-romana e era inteiramente voltado as tradições judaicas; enquanto o segundo pelo contato estabelecido com os costumes dos povos considerados pagãos, agregou ao cristianismo uma serie de conceitos e categorias dando a ele nova orientação. Acrescente-se a isso que a tradução de seus textos sagrados para o grego foi fator essencial para o reordenamento da nova fé.

Ao utilizar os recursos da língua grega, o cristianismo assimila todo um mundo de conceitos, categorias de pensamento, metáforas herdadas e sutis conotações de sentido. É evidente que existe uma rápida assimilação da língua pela proximidade do cristianismo desde sua origem (JAEGER, 2002, p.17).

Deste modo o cristianismo primitivo teve em sua origem dois grupos que se diferenciavam pelas suas culturas e pelo seu modo de pensar, pelos seus usos e costumes, inclusive a língua. Os judeu-cristãos eram extremamente fieis à sua tradição, fechados em suas origens; e o segundo relativizava essa tradição, sendo assim mais aberto ao mundo que estavam inseridos.

A língua e a cultura constituem, desde o início, o primeiro elemento de distinção no interior da comunidade dos novos crentes. [...] De um lado, os judeu-cristãos, isto é, os crentes de língua hebraica ou aramaica; de outro, os fiéis judeus de língua grega (PIERINI, 1998, p.52).

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Originalmente significava conjunto de comunidades de judeus vivendo fora da Judéia, depois da dispersão. No século I, a população judaica da Diáspora era duas vezes superior à da Judéia. Em Alexandria, os judeus constituíam aproximadamente 40% da população. Em todo o Egipto, o seu número eleva-se a mais de um milhão; em Roma, a várias dezenas de milhares. Os judeus, nesses países e cidades, estavam distribuídos por todas as classes da sociedade. Essa dispersão dos judeus por território imenso e nas grandes cidades favoreceu muito o desenvolvimento do cristianismo, sobretudo durante a

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Os cristãos-helenistas, por habitarem territórios fora da Palestina, conforme acima mencionado, motivo de terem assimilado costumes destes territórios foram importantes para a consolidação da nova fé, bem como distinguiram entre eles pregadores revisionistas da doutrina cristã, fato que facilitou o anuncio do cristianismo para além da Palestina.

Os primeiros centros de propaganda cristã instalaram-se então em Antioquia, Éfeso, Tessalônica e Corinto, grandes cidades cosmopolitas e mundiais, onde os escravos, os artesãos e os imigrados viviam lado a lado com os mercadores e ospregadores. (CAVICCHIOLI, 2005, p.60)

Neste momento se torna importante à conversão de Paulo de Tarso, um homem que de formação farisaica2 e helênica, que por muito tempo perseguiu os primeiros cristãos. Segundo Atos dos Apóstolos, a caminho de Damasco, onde ele efetuaria novas prisões e até mesmo algumas possíveis execuções, Paulo de Tarso caiu do cavalo e entra em transe, no qual segundo ele, o próprio Cristo teria revelado o evangelho e o designado a anunciá-lo a outros povos.

Estando ele em viagem e aproximando-se de Damasco, subitamente uma luz vinda do céu o envolveu de claridade. Caindo por terra, ouviu uma voz que lhe dizia: “Saulo, Saulo, porque me persegues?” Ele perguntou: “Quem és Senhor?” E a resposta: “Eu sou Jesus, a quem tu estás perseguindo. Mas levanta-te,entra na cidade, e te dirão o que deves fazer” (BÍBLIA, N.T., Atos dos Apóstolos, 9:1).

Após este evento, e iniciado o papel que assumiu como propagador do cristianismo, em um primeiro momento, lançou mão de conceitos e categorias helenísticas para melhor ser acolhido entre o seu público alvo, e por esse meio apresentar o cristianismo como único meio para se alcançar a realização ou a perfeição

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Diz respeito a uma formação que tem como princípios a obediência à Lei e ao Templo. Com bases nos pressupostos da religião judaica, o farisaísmo foi uma tentativa séria de “cumprir a totalidade da lei” pela simples razão de que a “lei é santa e seus mandamentos são santos e justos”, usando as palavras de Paulo, o fariseu. Paulo de Tarso teve uma formação farisaica que estava determinada pela prática da Lei e os ritos do Templo (OTZEN, 2003).

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individual. Segundo sua exortação esse processo não estava neste mundo, que já estava corrompido: mas em um mundo celestial preparado pelo próprio Deus para morada eterna de seu povo. “Sabemos que somos de Deus e que todo o mundo está no maligno” (BÍBLIA, N.T., 1 João, 5:19)

Ao romper com o particularismo dos primeiros apóstolos, Paulo de Tarso torna-se, naquele momento, a personagem principal dessa expansão, contribuindo, efetivamente, para o que o cristianismo se tornasse em proposta pedagógica universal. Assim Paulo de Tarso assume a tarefa de levar o evangélico, a “boa nova cristã” para além das fronteiras dos povos semitas, se convertendo no “apóstolo dos gentios”.

Cada Sábado, ele discorria na sinagoga, esforçando-se por persuadir a judeus e gregos [...] Quanto a mim, estou puro, e de agora em diante vou dirigir-me aos gentios (BÍBLIA, N.T., Atos dos Apóstolos, 18: 4-6). Com isto, o cristianismo abre suas portas para outros povos e outras culturas, e o melhor expediente para a realização do seu projeto evangelizador foi o dialogo que estabeleceu com a cultura clássica, a fim de promover o cristianismo entre estes povos. Desta forma se entende que Paulo de Tarso mesmo que negando a cultura clássica buscava nela conceitos e significados para seu discurso evangelizador.

Com esse diálogo com a cultura clássica, pode-se pensar que parte das concepções de mundo, de homem e de sociedade, já pensadas em outros momentos e particularmente no mundo grego-romano, foram assimiladas e adaptadas pela nova doutrina, o que possibilitou um processo de minimização das diferenças entre cristãos e pagãos (PEREIRA MELO, 2002).

Paulo de Tarso o “apóstolo dos gentios” torna o cristianismo uma proposta pedagógica universal, que servia tanto ao judeu como ao grego, tanto aos escravos como a seus senhores, o que torna o cristianismo algo inovador, pois considerava a presença dos escravos e os igualava a todos os outros, considerando todos iguais perante Deus, fato que deixa evidente em sua carta aos Romanos “De sorte que não há distinção entre judeu e grego, pois ele é o Senhor de todos, rico para todos os que o invocam” (BÍBLIA, N.T., Romanos, 10:12), “Todos nós fomos batizados num só Espírito para sermos um só corpo, judeus e gregos, escravos e livres, e todos bebemos de um só

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Espírito” (BÍBLIA, N. T., 1 Coríntios, 12: 13) tirando assim qualquer aspecto de diferenciação entre os cristãos.

Na medida em que superou qualquer caráter estreitamente nacional e caminhou para uma resoluta

universalização, na medida em que aboliu as diferenças espirituais básicas entre os homens de diferentes

nacionalidades, raças ou classes sociais, declarando que todos os indivíduos – inclusive os escravos – eram filhos de Deus, a religião cristã, do ponto de vista do seu conteúdo social, assinalou um avanço em relação à perspectiva da filosofia da antigüidade clássica, que não reconhecia a condição humana aos escravos (KONDER, 1969, p.69).

Desta forma, se entende a importância da pedagogia cristã no reordenamento da sociedade clássica, substituindo as questões intelectuais (dos gregos), que eram fundamentadas na lógica e na razão, por questões “afetivas” (dos cristãos) fundamentadas no amor. Para o cristianismo a sociedade seria melhor na medida em que se mobilizasse a alcançar a santificação, desta forma chegando à conquista da cidadania celestial.

Apesar dessa proposta de mudança de mentalidade, o cristianismo não surge como proposta de transformação social, pois ele levava a cada indivíduo a aceitação de sua situação terrena na esperança de brevemente ser levado à terra celestial preparada pelo próprio Deus, onde não haveria mais as aflições dessa terra. Assim o cristianismo produziu entre os seus adeptos um espírito de aceitação e de esperança, aceitação do tempo presente corrompido e esperança de um tempo futuro melhor, incomparável, ao lado do próprio Deus, Criador de todas as coisas.

Meu reino não é deste mundo. Se meu reino fosse deste mundo, meus súditos teriam combatido para que eu não fosse entregue aos judeus. Mas meu reino não é daqui (BÍBLIA, N. T., João, 18:36).

Essa classificação de igualdade entre todos os homens para o cristianismo se referia a sua vida espiritual, onde para Deus todos eram iguais, filhos por adoção, porém na vida terrena Paulo de Tarso faz questão de lembrar as diferenças e confortá-los de que esse tempo é passageiro e que logo todos estariam juntos ao lado de Cristo e do Deus Pai. O que novamente demonstra que o cristianismo não possuía um caráter

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revolucionário e sim de conformidade com o tempo presente e de esperanças no tempo futuro. Dessa forma que Paulo de Tarso exorta aos servos a manter-se fieis a seus senhores, assim como os senhores aos seus servos.

Servos, obedecei, com temor e tremor, em simplicidade de coração, a vossos senhores nesta vida, como a Cristo, servindo-os, não quando vigiados, para agradar a homens, mas como servos de Cristo, que põem a alma em atender à vontade de Deus. Tende boa vontade em servi-los, como ao Senhor e não como a homens, sabendo que todo aquele que fizer o bem receberá o bem do Senhor, seja ele servo ou livre. E vós, senhores fazei o mesmo para com eles, sem ameaças, sabendo que o Senhor deles e vosso está nos céus e que ele não faz acepção de pessoas (BÍBLIA, N.T., Efésios, 6: 5-9) E para a formação desse homem cristão ideal, Paulo de Tarso, a exemplo da cultura clássica, aponta a necessidade de um modelo a ser seguido, como não poderia ser diferente, Cristo foi apontado como modelo para uma vida terrena santificada e uma vida futura de gozo ao lado de Deus. Em suas cartas aos Coríntios, aos Efésios e aos

Filipenses, exorta, de que seria esta a única forma de se alcançar à perfeição individual

e conquistar à cidadania celestial.

Não escrevo estas coisas para vos envergonhar, mas para vos admoestar, como a filhos meus amados. Porque ainda que tenhais dez mil anos em Cristo, não tendes, contudo muitos pais; pois eu pelo evangelho vos gerei em Cristo Jesus. Rogo-vos, portanto, que sejais meus imitadores. (BÍBLIA, N.T., I Coríntios, 4: 14-16). Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo. (BÍBLIA, N.T., I Coríntios, 11: 1).

Sede, pois, imitadores de Deus, como filhos amados; (BÍBLIA, N.T., Efésios, 5: 1).

Da mesma forma ele se coloca como exemplo, mesmo julgando ainda não ter alcançado a completa perfeição, mas as suas experiências de fé por amor a Cristo, as quais para ele enriqueceram seu testemunho e o qualifica como modelo a ser seguido.

Sede meus imitadores, como também eu o sou de Cristo. (BÍBLIA, N.T., I Coríntios, 11: 1).

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Não que já a tenha alcançado, ou que seja perfeito; mas vou prosseguindo, para ver se poderei alcançar aquilo para o que fui também alcançado por Cristo Jesus. Irmãos, quanto a mim, não julgo que o haja alcançado; mas uma coisa faço, e é que, esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo pelo prêmio da vocação celestial de Deus em Cristo Jesus. Pelo que todos quantos somos perfeitos tenhamos este sentimento; e, se sentis alguma coisa de modo diverso, Deus também vo-lo revelará. Mas, naquela medida de perfeição a que já chegamos, nela prossigamos. Irmãos, sede meus imitadores, e atentai para aqueles que andam conforme o exemplo que tendes em nós; (BÍBLIA, N.T., Filipenses, 3: 12-17). Outra questão que fundamentou o magistério paulino é o amor, tanto o de Deus para com os homens, quanto do homem para com Deus. Paulo de Tarso coloca Cristo como a prova do grande amor, já que Cristo, o Filho de Deus teria sido enviado para se entregar a morte para salvar os homens que estavam condenados. Sendo assim, este amor foi o que levou Deus doar seu único Filho para salvar o homem incondicional, de modo que nada pode separar o homem desse amor, o que explicita em sua Carta aos

Romanos:

Mas, Deus prova o seu amor para conosco pelo fato de ter Cristo morrido por nós a cruz, sendo nós ainda pecadores Logo muito mais, sendo agora justificados pelo seu sangue, seremos por ele salvos da ira. Porque se nós, quando éramos inimigos, fomos reconciliados com Deus pela morte de seu Filho, muito mais, estando já reconciliados, seremos salvos pela sua vida. E não somente isso, mas também nos gloriamos em Deus por nosso Senhor Jesus Cristo, pelo qual agora temos recebido a reconciliação. (BÍBLIA, N.T., Romanos, 5: 8-11).

Quem nos separará do amor de Cristo? a tribulação, ou a angústia, ou a perseguição, ou a fome, ou a nudez, ou o perigo, ou a espada? Como está escrito: Por amor de ti somos entregues à morte o dia todo; fomos considerados como ovelhas para o matadouro. Mas em todas estas coisas somos mais que vencedores, por aquele que nos amou. Porque estou certo de que, nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem coisas presentes, nem futuras, nem potestades, nem a altura, nem a profundidade, nem qualquer outra criatura nos poderá separar do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor. (BÍBLIA, N.T., Romanos, 8: 35-39).

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Ao estabelecer uma nova concepção do amor de Deus, sendo Deus o próprio amor, Paulo de Tarso também dá novos direcionamentos ao sentimento de amor fazendo com que todas as relações Deus/homens, homens/Deus e homens/homens fossem regidas pelo amor, a conduta primordial para se alcançar a perfeição, inaugurada no exemplo de Cristo. Paulo de Tarso assume assim uma postura pedagógica visando formar um novo homem que tem como agente regulador de sua conduta o padrão de perfeição, personalizado em Cristo.

O aprofundamento e a sublimação de idéia de Deus, concebido como amor, não poderia deixar de reformar, outrossim, a concepção das relações do homem pra com Deus, e bem assim as relações mútuas dos homens entre si; numa palavra, era forçoso, que surgisse uma nova atitude ética. A teologia do amor constitui o fundamento para uma ética de caridade. ( BOENNER, 1970, p.17).

Paulo de Tarso eleva o amor como exigência máxima para que o homem possa chegar ao sacrifício de Cristo, alcançando assim a perfeição. Deixando para segundo plano todas as demais coisas, tanto os conhecimentos humanos, como os dons de Deus, pois segundo ele de nada adiantaria ter toda a ciência, ou toda a sabedoria e não possuir o amor, da mesma forma os dons de Deus, para ele de nada serviria se não houver o amor.

Ainda que eu falasse a língua dos homens e dos anjos, se eu não tivesse a caridade, seria como o bronze que soa ou como o címbalo que tine. Ainda que tivesse o dom da profecia, o conhecimento de todos os mistérios e de toda a ciência, ainda que eu tivesse toda a fé, a ponto de transpor montanhas, se não tivesse a caridade, nada seria (I CORINTÍOS 13:1-2)

O homem deveria se dirigir a Deus em amor, a exemplo de Cristo. Assim, Paulo de Tarso inaugura com seu discurso um novo modelo de homem, sendo este o homem-santificado, o qual para ele seria o responsável pelo reordenamento da sociedade. Na concepção desse homem ideal cristão, ele se fundamenta na pessoa de Jesus Cristo, sendo este a prova do amor de Deus, o qual renunciou até mesmo sua deidade “Que, sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus. Mas aniquilou-se a si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens”. (BÍBLIA,

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N.T., I Coríntios, 13: 1-2), tornando assim Cristo seu modelo a ser seguido pelos cristãos.

Ao mencionar a figura e o sacrifício de Cristo, Paulo de Tarso traz à tona como o elemento propulsor das relações sociais o amor, por ele apontado como referencial de perfeição, já antes enfatizado no processo de formação grego do herói, baseado no exemplo. (AMARAL, PEREIRA MELO, 2009, p.6)

O homem deveria então seguir o padrão de santidade de Cristo, vivendo assim uma vida de retidão, a fim de conquistar a cidadania celestial, sendo esta o foco de sua proposta pedagógica. Com isto, Paulo de Tarso toma para si a responsabilidade de encaminhar os homens a seguir uma vida de santificação, de forma a alcançar a perfeição expressa em Cristo, conquistando assim um lugar na cidade preparada pelo próprio Deus a todos os que alcançam à santificação. Mas, para isso, se fazia necessário uma vida de a uma vida de integridade cristã, o que levaria o homem manter a paz e o amor com o próximo, de modo a fazer do amor seu modelo normativo e regulador das relações pessoais. Assim o cristianismo gera em seus adeptos um espírito de caridade e fraternidade espelhado na vida de Cristo.

Sede, pois imitadores de Deus, como filhos amados; e andai em amor, como Cristo também vos amou, e se entregou a si mesmo por nós, como oferta e sacrifício a Deus, em cheiro suave. (BÍBLIA, N.T., Efésios, 5: 1-2). Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal, [...]. (BÍBLIA, N.T., Romanos, 12: 2).

A ninguém devais coisa alguma, a não ser o amor com que vos ameis uns aos outros: porque quem ama aos outros cumpriu a lei. Com efeito: Não adulterarás; não matarás; não furtarás; não cobiçarás; e se há algum outro mandamento, tudo nesta palavra se resume: Amarás ao teu próximo como a ti mesmo. O amor não faz mal ao próximo. De modo que o amor é o cumprimento da lei. (BÍBLIA, N.T., Romanos, 13: 8-10).

Desta forma, Paulo de Tarso se torna personagem de extrema importância para o cristianismo em seu primeiro século, por inaugurar uma proposta pedagógica universal para o cristianismo que até então era destinado a tão somente ao povo judeu.

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Considerações finais.

O cristianismo surge e se impõem como único meio de reorganizar a sociedade, para isso se apropriou de aspectos do pensamento clássico com o intuito de enriquecer suas doutrinas.

Filho desse contexto, o contato estabelecido pelo cristianismo com essas filosofias favoreceu a assimilação dos seus principais direcionamentos, o que marcou profundamente a nova religião, ao oportunizar a sua instrumentalização com categorias que possibilitavam a sua afirmação, colocando-as a seu serviço, no intuito de conversão dos povos pagãos. (CAVICCHIOLI, 2005, p108)

Para isso se torna importante à conversão de Paulo de Tarso que logo passa de perseguidor a pregador dosseguidores de Jesus Cristo, a divulgar da nova doutrina, tornando-o uma proposta universal, na medida em que rompeu com o particularismo característico dos primeiros apóstolos e toda a distinção de raça, cultura ou classe social. Para isso buscou na sua formação clássica subsídios que contribuiriam com aelaboração de seu discurso, de forma a torná-lo acessível aos povos considerados pagãos, direcionando-se assima converter ao cristianismo.

Importa enfatizar que, com a atuação de Paulo de Tarso, o cristianismo ultrapassou as fronteiras da Palestina, para ganhar novos territórios pagãos em busca do homem que queria conquistar. Essa condição de religião “sem fronteira” albergou em seu seio homens, mulheres, crianças, humildes e poderosos, exortando a igualdade de todos no reino anunciado por Jesus. (CAVICCHIOLI, 2005, p111)

Paulo de Tarso ao centralizar sua pregação na figura de Cristo, toma-o como modelo por excelência de conduta, o exemplo a ser seguido e imitado. Pois no exemplo de Cristo estavam todas as qualidades exigidas para se realizar a formação do homem ideal cristão, que deveria amar a Deus acima de todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo. Condições fundamentais para se obter a santificação pessoal.

A história do cristianismo toma com Paulo de Tarso novos direcionamentos, que encontrou em aspectos da cultura clássica devidamente cristianizada contribui

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com a fundamentação de seu magistério. Porém entendesse que apesar das aproximações que há entre o cristianismo e a cultura clássica, o cristianismo manteve a sua originalidade e o seu caráter inovador, o qual respondeu as necessidades da sociedade, o que lhe deu condições para sua hegemonia.

REFERÊNCIAS

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BOEHNER, Philotheus. GILSON, Etienne. História da Filosofia Cristã. Petrópolis, RJ.Ed. Vozes, RJ, 1970.

CAVICCHIOLI, Maria de Lourdes Silva Barros, A Cultura Clássica e o Magistério de Paulo de Tarso. Maringá DFE/PPE, 2005.

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Laemmert. 1969

OTZEN, Benedikt. O judaísmo na antigüidade: a história política e as correntes religiosas de Alexandre Magno até o imperador Adriano [tradução Rosângela Molento Ferreira]. São Paulo: Paulinas, 2003.

PEREIRA MELO, José Joaquim. Especificidades da Paidéia Cristã. Maringá:UEM/DFE, 2001 a.

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STEAD, Christopher. A filosofia na antiguidade cristã [tradução de OdilonSoares Leme]. São Paulo: Paulus, 1999.

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