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TODOS SÃO CHAMADOS FRADES MENORES

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Academic year: 2021

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TODOS SÃO CHAMADOS FRADES MENORES

A todos os frades menores leigos e clérigos

O Senhor vos dê a paz!

Na nossa carta para a Festa de S. Francisco do ano passado, refletimos sobre a vocação do Frade Menor presbítero, por ocasião do Ano Sacerdotal proclamado pelo Papa Bento XVI. Neste ano queremos oferecer uma reflexão sobre a vocação do Frade Menor leigo.

A Regra dos Frades Menores, que nós professamos, declara explicitamente que a nossa Ordem é uma Fraternidade e que todos nós, conforme a vontade de S. Francisco, devemos chamar- nos Frades Menores. Na mesma Regra aparece claramente que a nossa Fraternidade é composta de clérigos e leigos. Com esta carta queremos iniciar um diálogo sobre o significado desta terminologia na Ordem hoje. O que significa hoje ser Frade Menor com a especificação de leigo?

Somos todos irmãos e menores

Pela nossa pertença à Vida Religiosa em geral e à Vida Franciscana em particular, todos nós respondemos a um chamado do Senhor para segui- lo de uma maneira particular na Igreja, segundo a forma transmitida por São Francisco. No interior desta vocação comum, que nos torna todos irmãos e menores, o Frade Menor leigo vive a própria condição como uma resposta à vocação que recebeu do Senhor de ser “memória viva” do Evangelho para participar da missão “profética” da Igreja. Ele não participa do ministério presbiteral (clérigo) e não assume a plena secularidade como os

fiéis cristãos leigos, mas vive a conformação especial com Cristo e exerce os diversos

ministérios eclesiais pelo Reino de Deus, como consagrado e Frade Menor.

O próprio São Francisco não se tornou presbítero, embora se reconheça que ele era diácono. Depois do encontro com o Crucificado de São Damião e após a escuta do Evangelho do envio missionário dos discípulos na Porciúncula, Francisco recebeu a revelação de que a sua vida devia ser aquela do discípulo e testemunha do Senhor. Ao receber mais tarde os primeiros irmãos, o Senhor mesmo lhe revelou que devia viver segundo a “forma do santo Evangelho” (Test 14), que propôs a todos nós.

O nome de Frades Menores que ele deu ao seu grupo mostra que o essencial se encontra no viver o seguimento de Cristo, em fraternidade e minoridade, seja como

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restaurar a Igreja, é a nossa nova específica identidade que nos faz acima de tudo Frades Menores.

Evolução histórica

No entanto, nós nos damos conta de que a Ordem viveu bem cedo uma evolução interna, e que por séculos os Frades foram na maioria clérigos. No tempo das Constituições de Narbona, de fato, a entrada dos Frades leigos na Ordem era baseada nas necessidades dos trabalhos domésticos ou no exemplo de humildade oferecido por uma pessoa famosa que queria fazer-se Frade Menor leigo. Ao longo dos séculos temos tido exemplos de Frades leigos que foram verdadeiros modelos de santidade, humildade, trabalho, oração, dedicação e de empenho nas missões. A estes e a todos os

Frades leigos queremos expressar o reconhecimento da Ordem e o apreço do Definitório

geral. Infelizmente, devemos também admitir que não poucos Frades leigos tem sofrido no passado por causa de atitudes e atos legislativos desfavoráveis a eles, como a proibição de aprender a ler e escrever ou de participar dos Capítulos da Ordem.

A situação atual

Nos últimos anos vemos uma certa melhoria na condição dos Irmãos leigos na Ordem, com menos discriminações, uma melhor formação, uma maior igualdade (Irmãos leigos guardiães, formadores, professores…) e com a sua presença como delegados das Conferências nos Capítulos gerais. Embora o Capítulo geral de 2009, que uma vez mais valoriza o dom da vocação religiosa laical, como também nós o valorizamos, tenha reconhecido que “em algumas regiões da Ordem (…) ainda se vivem situações de discriminação no que se refere a oportunidades de formação, que, segundo a nossa legislação, devem ser as mesmas para todos e que o modo de exercer os nossos ministérios nem sempre favorece a participação ativa dos frades leigos na missão evangelizadora” (PdE 26).

Com a renovação das Constituições gerais da Ordem, depois do Concílio Vaticano II, nos parecia que a ênfase sobre a igualdade de todos os Frades Menores, clérigos e

leigos, teria dado novo impulso à vocação do Frade Menor leigo. Constatamos, ao

invés, que acontece o contrário. O número total dos Frades leigos na Ordem em 2010 é de 2.077, em 1968 era de 4.829. A porcentagem dos Irmãos lei- gos entre todos os Frades na Ordem caiu de 22,5% em 1968 para 16,6% em 2010, enquanto aumentou o percentual dos Frades clérigos de 77,5% para 83,4% no mesmo período.

Apesar da constante insistência sobre a importância dos Irmãos leigos nos documentos da Ordem nos últimos 40 anos, as estatísticas nos mostram uma realidade

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preocupante, seja em relação às novas vocações, seja em relação aos muitos Irmãos

leigos que pedem para deixar a Ordem ou se orientam ao ministério presbiteral.

Considerando a atual tendência na Ordem, não há sinais de mudança depois de quatro décadas: teremos, portanto, no futuro uma Ordem completamente composta de

Frades clérigos? O que uma tal mudança poderia significar para a nossa identidade,

não somente no interior da Ordem, mas na Igreja e na sociedade? Queremos este futuro? Se não o queremos, é urgente iniciar uma mudança no nosso modo de entender e agir de maneira que possamos evitar o desaparecimento da presença do Irmão leigo na Ordem num futuro não muito distante.

Diversidade de pontos de vista

Por outro lado, estamos conscientes de que a vi- são e o modo de compreender a identidade dos Irmãos leigos é diversa nas várias regiões do mundo em que vivemos e operamos. Tal diversidade nos impede de fazer afirmações sobre a identidade do Irmão

leigo. Daí que queremos iniciar um itinerário de reflexão e de esclarecimento

propondo-vos algumas pergun- tas para encontrar as modalidades adequadas na res- posta ao Mandato 2 do Capítulo geral de 2009:«O Definitório geral, através do SGME (Secretariado geral para as Missões e a Evangelização) e do SGFE (Secretariado geral para a Formação e os Estudos), aprofunde o tema da identidade franciscana e da participação na missão evangelizadora dos Irmãos sacerdotes e leigos. Se for oportuno, em colaboração com as diversas Conferências, organize encontros em nível continental sobre estes temas».

Perguntas para reflexão

Eis as perguntas:

1) Como entendemos a vocação do Frade Menor? 2) O que quer dizer a palavra leigo hoje?

3 ) Como apresentamos a vocação do Frade leigo no cuidado pastoral das vocações?

4) Quantos são efetivamente os Irmãos leigos envolvidos nos diversos setores da vida e missão da Ordem?

Para entender melhor onde estamos, como Ordem, em relação a estas perguntas e a muitas outras ainda, nós queremos dirigir-nos em modo especial a vós, Irmãos leigos da Ordem.

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Pedimos-vos o favor de nos ajudar em nosso trabalho de animação, informando-nos sobre as luzes e as sombras da vossa experiência de vida franciscana.

5) Quais são os aspectos positivos pelos quais vos sentis felizes e realizados na vossa vocação?

6) Quais são, por outro lado, as dificuldades que vós percebeis?

7) Quais são as causas pelas quais um Frade leigo deixa a vida religiosa?

8) Por que muitos Frades leigos, também depois de muitos anos de vida franciscana, pedem a ordenação presbiteral?

9) Quais caminhos empreender – a nível de Ordem, de Entidades, de Fraternidades locais – para favorecer a vossa vocação como Irmãos leigos hoje e as vocações para Irmãos leigos amanhã?

Convite para aprofundamento

Nós vos convidamos, Irmãos, a continuar a refletir e a responder-nos, segundo os vários meios à vossa disposição, encaminhando um diálogo em diversos níveis da nossa Fraternidade local, provincial, regional e universal. De nossa parte, com boa vontade nos fazemos ouvintes da palavra que quereis dirigir-nos, movidos pelo Espírito do Senhor.

Propomos que nas Entidades e nas Conferências se faça a reflexão e o aprofundamento sobre a “identidade franciscana” dos “Frades sacerdotes e leigos”, à qual se refere o Mandato 2 do Capítulo geral de 2009, com uma especial participação dos Irmãos leigos.

Enquanto isso recordamos aos Ministros provinciais e aos formadores o que o próprio Capítulo geral reafirmou, ou seja “a exigência de uma formação única para todos, que seja, porém, respeitosa do dom de cada irmão e das diversas vocações que o Espírito suscita”, e a necessidade de todos os nossos candidatos se formarem para evangelizar, cada um segundo a sua vocação (PdE 26). Recordamos pois que todos os

Frades Menores, leigos e clérigos, são chamados a evangelizar, como diz o Título I do

capítulo V das CCGG; mas para isto todos nós precisamos de uma “conversão eclesiológica”, como nos é pedido pelo Capítulo geral (cf. PdE 25).

Nós, do Definitório geral, vos asseguramos o nosso compromisso de continuar o diálogo com a Santa Sé para que possamos ser reconhecidos como uma Fraternidade mista. “Entretanto, esta mudança do status canônico que todos desejamos deverá vir acompanhada pela mudança da práxis fraterna.” (PdE 26).

Para concluir esta carta queremos agradecer ao Senhor pela beleza da nossa vocação de Frades Menores. Agradecemos ao Senhor e a todos vós, Irmãos leigos e

clérigos, pela vossa contribuição, segundo a vocação à qual Deus vos chamou, para o

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pedimos ao Senhor a luz do seu Espírito para que nos ilumine a fim de entender melhor a nossa identidade de Frades Menores e nos ajude a vivê-la com fidelidade.

O nosso Pai São Francisco nos disse: «Quero que esta fraternidade se chame Ordem dos Frades Menores» (1Cel 38). E nós rezamos para que na nossa Fraternidade reine sempre a igualdade, o respeito e o serviço mútuo.

O Senhor abençoe-nos todos, caros Irmãos leigos e clérigos.

Roma, 15 de julho de 2011

Festa de São Boaventura

Os vossos irmãos do Definitório geral:

Fr. José Rodríguez Carballo ofm (Min. Geral)

Fr. Michael Anthony Perry, ofm (Vic. Geral)

Fr. Vincenzo Brocanelli, ofm (Def. Geral)

Fr. Vicente-Emilio Felipe Tapia, ofm (Def. Geral)

Fr. Nestor Inácio Schwerz, ofm (Def. Geral)

Fr. Francis William Walter, ofm (Def. Geral)

Fr. Roger Marchal, ofm (Def. Geral)

Fr. Ernest Karol Siekierka, ofm (Def. Geral)

Fr. Paskalis Bruno Syukur, ofm (Def. Geral)

Fr. Julio César Bunader, ofm (Def. Geral)

Fr. Vincent Mduduzi Zungu, ofm (Def. Geral)

Referências

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