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TEXTO DO DIREITO: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (SAÚDE- PARTO NORMAL & CESÁREA).

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DIREITO: SAÚDE- ART.25

TEXTO DO DIREITO: DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (SAÚDE- PARTO NORMAL & CESÁREA).

“A maternidade e a infância têm direito à ajuda e assistência especiais. Todas as crianças, nascidas dentro ou fora do matrimônio, devem gozar da mesma proteção social”.

PERFIS:

NOME 1: CRISTINA BERTONI MACHADO- (DIREITO ASSEGURADO À SAÚDE)

BIOGRAFIA 1:

Cristina Bertoni Machado, 37, doutora em Ciências, é mãe de Henrique Machado Holz, 6, e de Julia Machado da Ros, 1. O primeiro parto contou com a aplicação do Parto Normal Tradicional, com o uso de analgesia e outros procedimentos comuns pela rede privada no Hospital Mãe de Deus (2009), enquanto que o segundo parto, o Humanizado, contou com a presença de uma doula no Hospital Divina Previdência (2014).

DEPOIMENTO 1: QUERO UM PARTO ONDE EU SEJA PROTAGONISTA, ONDE EU FAÇA MEU FILHO NASCER.

“Realizei dois partos normais com atendimento pelo plano de saúde. Em 2009, tive meu filho Henrique, por meio de parto normal tradicional, com uso de analgesia, ocitocina e outros procedimentos comuns no Hospital Mãe de Deus, com o acompanhamento da equipe médica e do pai. Em 2014, a Julia nasceu de um parto humanizado, natural, que contou com a presença de doula e do pai, também pelo plano de saúde, no Hospital Divina Providência. Desde sempre, soube que teria meus filhos de parto normal.

Nunca pensei em cesariana. Na casa de meus pais, ouviam-se histórias de minha família, da minha mãe, por exemplo que teve dois partos normais e uma cesariana, quando eu já era grande. Ela teve meu irmão de cesariana quando eu tinha treze anos. Foi uma recuperação tão horrível que ela falava que parto normal doía na hora, mas que, depois

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que nasceu, é ótimo. Na minha casa nunca se cogitou marcar uma cesariana. No parto normal, procurei um grupo para realizar exercícios voltados a gestantes e acabei optando pela yoga. Senti-me em casa, pois era um local onde enfatizavam os benefícios do parto normal, e proporcionou-me sanar questões que ainda possuía.

Minha relação com o médico era dada por meio de dois exames de pré-natal e essa interação teve de ser alterada, pois o médico ginecologista me informou, no segundo mês de gestação, que não poderia acompanhar na data provável do parto, pois estaria em viagem e prometeu que iria me indicar outro profissional. Então pedi alguém que fosse a favor do parto normal, que não fosse me levar para cesariana.

O doutor substituto não impôs a cesariana, mas incertezas ainda pairavam em minha cabeça. Não foi algo que chegou a me prejudicar, mas eu tinha certa ansiedade de como seria, se passasse das 40 semanas, que ele pudesse me induzir a uma cesárea desnecessária e eu não estaria forte o suficiente para contestar. Em minha primeira gestação, tive um pré-natal redondinho e, pelo conhecimento adquirido com o passar dos anos, poderia ter caído em uma cesariana desnecessária.

Meu médico era do discurso ´se der tudo certo, vai ser parto normal’. Enquanto a segunda doutora falava ‘se der alguma coisa errada, aí vai ser cesariana’, não tem porque ser um parto normal. Fiquei muito frustrada no primeiro parto assim, porque também queria um parto mais humanizado, mas achei que a gente ia dar conta e não fosse precisar de doula. Cheguei ao hospital, mandaram que eu ficasse deitada o tempo todo, as dores estavam muito fortes. Pedi analgesia, tive analgesia e dei muita sorte que não me cortaram o períneo e não empurraram minha barriga. Foi sorte, porque com o uso da analgesia tem uma cascata de outras intercorrências, passei o tempo todo deitada, sem poder beber e comer.

Depois senti uma certa frustração logo que ele nasceu. Foi lindo, maravilhoso, consegui o meu parto normal e fui lendo e me envolvendo sempre nesse mundo materno. Quando me descobri grávida novamente, não quis o parto normal, quero um parto onde eu seja protagonista, onde eu faça meu filho nascer.

Apesar de saber que o plano hoje em dia acaba tendo um volume muito grande de pacientes, e as consultas ser bem rápidas, esses dois foram médicos bem bacanas e me

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deram acompanhamento legal. Se encontravam sempre disponíveis para tirar as minhas dúvidas, mesmo fora dos horários de consultas”.

BIOGRAFIA2:

Adelir Guimarães Lovari é mãe de três filhos. Natural de Natal (RN), ficou conhecida após sofrer violência obstétrica na cidade de Torres (RS), quando, por meio de ordem judicial, teve de realizar uma cesárea contra a vontade. O caso ganhou repercussão no país, sendo noticiado nos sites G1, CBN e no livro Direitos Humanos no Brasil 2014: Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, elaborado pela Rede Social de Justiça e Direitos Humanos.

DEPOIMENTO 2: SE EU MORRER VÃO BOTAR NO PRONTUÁRIO ‘MORTE POR HEMORRAGIA’ E NINGUÉM VAI QUESTIONAR!

“Depois da minha segunda cesárea, o médico disse ao meu marido que, caso eu voltasse a engravidar, não deveria realizar outra. Porque na última cirurgia haviam costurado a parede do útero com a barriga. E o risco em abrir novamente a barriga era de ocasionar uma hemorragia, o que poderia ser fatal.

A terceira gravidez foi surpresa, pois estava tomando pílula. Um dia esqueci e engravidei. Fiquei doida! Estava com dois filhos pequenos e com medo de morrer. Lembrei na hora do que o médico disse e comecei a pesquisar sobre opções de parto. Só tinha escutado falar sobre o humanizado, mas não sabia como era realizado. Por isso, procurei ajuda na internet.

Notei que as informações encontradas batiam com as evidências obstétricas que o médico passou para o meu marido. Uma mãe saudável, que tem duas cirurgias, mais de 18 meses de gestação, dá para tentar um parto normal, logo pensei.

Fiz o pré-natal normal pelo Sistema Único de Saúde (SUS), no postinho perto de casa. Depois de 30 semanas, eles [médicos do postinho] mandaram para o posto central com acompanhamento de obstetra.

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Nos primeiros acompanhamentos, a doutora e eu tentamos definir o tempo de gestação, mas não tinha certeza do último dia da menstruação, porque estava usando o anticoncepcional contínuo. Então calculamos um dia que seria o da fecundação. Na carteirinha ficou acertada a data, mas não tínhamos a certeza se ela estava correta.

Depois de oito semanas com o acompanhamento do postão, a médica já queria me mandar para cesárea. Mas eu estava saudável. Indaguei-a, mas tudo era “não, não pode”. Alegava que o bebê estava em posição pélvica (quando os pés estão posicionados no canal do útero).

Avisei-a sobre a orientação do médico da minha última cesárea, pedi para procurar o último prontuário. Mas eles nunca procuravam, só sabia que eram cirurgiões. Se eu morresse ali na sala de cirurgia, só seria mais um número. Mas para a minha família ficaria uma marca para sempre. Para eles é assim: se eu morrer vão botar no prontuário ‘morte por hemorragia’ e ninguém vai questionar, vai ser uma coisa normal, pronto, deu!

O resultado da ecografia mostrou que o bebê estava pélvico. E a médica continuou insistindo na cesárea. Mas eu estava, teoricamente, com 38 semanas. Argumentei que dava para esperar mais um pouco, que a criança poderia virar, independentemente do tempo de gestação. Declaração reforçada por médicos renomados, que dão palestras no mundo inteiro. Queria chamar aquela médica de burra na cara dela, mas não chamei.

Já que não queriam me ouvir, optei em não ir ao pré-natal! Bem, o postinho aqui do bairro entrou em contato comigo para saber o motivo pelo qual parei com o acompanhamento. Expliquei para as enfermeiras que não queria ir, porque só queriam fazer cesárea. E fizemos um acordo, iria ao posto, somente para fazer os exames e para comprovar que estava tudo bem comigo e com o bebê.

No dia 31 de março, quando estava marcando 42 semanas, fui novamente até o hospital, dessa vez acompanhada da doula. Quando a médica viu que já estava com tanto tempo de gestação, ela me olhou com aquela cara feia. Começou a brigar com a doula e me ameaçou, dizendo que, se eu não fosse para a cirurgia, poderia acontecer alguma coisa e que sofreria uma denúncia na polícia por morte dolosa.

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Sabia que era o meu direito de grávida, esperar pelo trabalho de parto quando o corpo está saudável, mas a médica disse que não era o meu direito. Não estava me negando a fazer cesárea, só queria dar tempo ao meu corpo.

Fui levada para a ecografia de urgência, o outro médico olhou o exame e disse que estava tudo normal e ainda deu a nota máxima para o laudo. A plantonista insistiu na cirurgia. Pedi então para ver os documentos, pois queria mostrar a outro profissional, mas ela me negou. Nessa hora já estava com 5 cm de dilatação. Assinei um termo de responsabilidade e fui para casa.

No mesmo dia, uma hora da madrugada, meu marido ouviu barulhos no pátio e viu luzes de carro. Quando abriu a porta havia nove policiais posicionados nas saídas da casa, um oficial de justiça, três enfermeiros e uma ambulância. Com uma ordem judicial que me obrigava a ir para o hospital. Meu marido tentou ganhar tempo porque estava com quase 10 cm de dilatação. Quando notei que podiam prendê-lo, decidi me ‘entregar’.

No caminho para a sala de cirurgia, entreguei a Deus! Pedia que meu marido tivesse sabedoria para cuidar das crianças. Fiz a operação e tudo deu certo. Salvamos pela pequena porcentagem que havia, devido ao fato de estarmos saudáveis, conseguimos resistir.

No dia da alta, recebemos o prontuário sem as imagens do nascimento, o que impossibilita saber se ela nasceu pélvica ou não. Uma enfermeira disse que o primeiro a sair foi o pezinho, enquanto a outra diz que foi a bundinha. De fato, nunca saberei. ”

TEXTO DE CONTEXTUALIZAÇÃO- BRASIL: LÍDER MUNDIAL EM CESÁREAS

O Brasil conquistou, no ano de 2015, o posto de país com o maior número de cesáreas no mundo, segundo dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), sendo o

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único a ter mais da metade de todos os nascimentos feitos por cirurgia, um procedimento que necessita de anestesia geral.

O índice de cesáreas considerado razoável pela OMS é de 15% dos nascimentos, mas no geral 52% dos brasileiros vêm ao mundo por esse método, mais de três vezes o recomendado. São 1,3 milhão de pessoas, o que corresponde quase a cidade de Porto Alegre-RS (1.472.482- IBGE/2014). Na rede particular, a porcentagem aumenta: são 80% dos casos envolvendo intervenções cirúrgicas, enquanto que na rede pública não passa dos 30%.

Há quatro anos atuando como doula no Grupo Luz da Vida em Gravataí, Ana Luísa Rosa acompanha frequentemente casos de cesáreas e considera preocupante o número elevado do procedimento. “É muito triste ver aonde fomos parar. A cesariana é uma cirurgia altamente invasiva e delicada, que deve ser feita em casos de extrema necessidade, em risco de morte materna ou fetal”, destaca Ana Luísa.

Segundo ela, em muitos casos não existe sequer a necessidade de recorrer à cesárea, é uma escolha da gestante que agenda data e horário para o nascimento da criança. Em outros, mães são submetidas a esse tipo de parto sem a sua concordância. Mas a preocupação com o excesso de cirurgia desrespeita a saúde da mãe e do bebê.

Para o obstetra Ricardo Herbert Jones, referência em parto normal, “o nascimento deve ser o mais humanizado possível, a não ser que uma questão extremamente grave impeça este bebê de nascer pela via natural e fisiológica e uma cesariana se imponha de forma mandatória”.

Ele ainda ressalta a situação do país em relação aos nascimentos. “Os abusos de cesariana acabaram banalizando essa cirurgia de forma muito marcante nas últimas décadas. Cesariana deve ser realizada sempre que os riscos da continuidade de um parto pela via vaginal forem maiores do que os riscos de uma grande cirurgia abdominal, o que acontece em poucas circunstâncias”, afirma Jones.

Para Flávia Soares Pinto, obstetra e ginecologista há 25 anos, o parto normal não oferece os riscos inerentes a uma cirurgia. Além de ter uma alta hospitalar mais precoce do que a cesariana. “Um aspecto negativo seriam os riscos inerentes ao parto, o caso de um parto prolongado levando a sofrimento fetal (anóxia ou má oxigenação) ”, afirma a Flávia.

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O Ministério da Saúde e a Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) aprovaram normas para estimular o parto normal. Uma das principais mudanças se refere ao plano de saúde, que não precisará mais pagar por cesarianas desnecessárias. A partir desse ano, o médico deve apresentar o motivo ou os motivos pelos quais é necessário optar pela cesárea, seja pela saúde da mãe e do bebê ou um caso de parto emergencial. O partograma será o documento no qual o profissional vai reportar todos os motivos da cirurgia, além de conter o boletim médico com informações como contrações e condições do feto. Para Deborah Delage, autora de um capítulo do livro Direitos Humanos no Brasil 2014: Relatório da Rede Social de Justiça e Direitos Humanos, como as cesáreas eletivas fora de trabalho de parto, sem indicações precisas, agregam muitos riscos, o partograma pode ser "benéfico", no sentido de que registrará a ocorrência de trabalho de parto. Entretanto, ela destaca um problema em relação ao partograma: “Os parâmetros validados até o momento têm sido questionados pela ciência mais recente, pois foram baseados em uma assistência muito intervencionista e necessitam ser revistos”.

Caso não haja o documento, o plano pode negar o pagamento. Outra novidade é a Caderneta da Gestante, obrigatória para operadora fornecer todas as informações do pré-natal, que vigora desde o dia 18 de março no Sistema Único de Saúde (SUS).

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