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Língua Portuguesa - Redação

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Academic year: 2021

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Texto

(1)

1 Além de ser o tipo de texto mais exigido em provas e concursos em todo o Brasil, a dissertação também é um dos textos mais simples de se redigir.

Para se produzir um texto dissertativo são necessárias algumas habilidades:

Conhecimento do assunto a ser abordado, a fim de aplicar precisão e certeza àquilo que está sendo escrito;

Habilidade com a língua escrita, de maneira que se possa fazer boas construções sintáticas, uso de palavras adequadas e relações coerentes entre os fatos, argumentos e provas.

 Boa organização semântica do texto, ou seja, organização coerente das ideias aplicadas à dissertação, para que as mesmas possam facilmente ser apreendidas pelos leitores.

 Bom embasamento das ideias sugeridas, boa fundamentação dos argumentos e provas.

Pode-se afirmar que a dissertação é um gênero textual argumentativo cujo objetivo é a defesa de uma tese sobre um determinado tema. Tal defesa se faz

com base em argumentos e se direciona a um leitor genérico.

É comum aos textos pertencentes ao gênero dissertativo, assim como a dissertação, uma estrutura organizada em três partes:

A dissertação argumentativa COMPREENDENDO O GÊNERO

É o primeiro parágrafo do texto, quando o autor apresenta ao leitor o tema abordado. Ela deve conter uma síntese do que será apresentado (dos subtemas) ao longo de toda a dissertação e poderá ou não conter a tese explicitamente, a depender do projeto de texto.

Constitui-se de vários parágrafos nos quais o autor deverá organizar e desenvolver os argumentos para a defesa da tese, utilizando-se para isso de fatos, dados, relatos, provas, testemunhos, opiniões etc. É preciso que esses argumentos sejam

organizados de modo que o leitor perceba as relações estabelecidas

pelo autor e acompanhe seu raciocínio. Assim, não basta somente justapor os fatos ou os dados, por exemplo, é necessário apresentar a

análise (o raciocínio) que justifica tais fatos. Desse modo, é possível ao

leitor estabelecer relações de causa e consequência, comparações, análises cronológicas, explicação, contraste etc.

(2)

2 Observemos um exemplo de texto dissertativo abaixo.

Tema: O Supremo Tribunal Federal fez bem em legalizar o aborto de anencéfalos?

Aborto de anencéfalo

O Supremo Tribunal Federal (STF), nossa corte suprema de justiça, decidiu por oito votos a dois legalizar a interrupção da gravidez de feto anencéfalo. Até então a interrupção era legalmente permitida em caso de gravidez fruto de estupro ou quando há risco de vida para a mãe. Esta decisão, tomada no dia 12 de abril último, é histórica. Com exceção dos ministros Cezar Peluso e Ricardo Lewandowski, o STF votou a favor do aborto nestes casos em que o feto não sobrevive ao nascimento. As razões alegadas são diversas tanto para os que foram a favor quanto para os que foram contra, mas o fato é que o Supremo Tribunal decidiu de forma laica, contrariando a posição da Igreja Católica e da maioria dos religiosos, embora se saiba que há grupos católicos a favor do aborto neste caso.

É um alívio saber que o Brasil está caminhando cada dia mais para a separação entre a Igreja e o Estado e que as decisões da corte suprema brasileira estão, de fato, contribuindo para secularizar a nossa legislação. No Brasil é altíssimo o índice de fetos anencéfalos, mas até hoje as mulheres vítimas desta infelicidade, embora sabendo que a sua gravidez não geraria vida, se desejassem interrompê-la estavam sujeitas às penas da lei. Uma vitória da razão sobre o obscurantismo deve ser comemorada. A cada cidadão o direito de escolher segundo suas convicções e segundo sua fé e ao Estado o dever de se manter acima dos dogmas de fé.

Além de ser uma vitória da razão sobre o obscurantismo, a decisão em pauta vai influenciar grandemente o debate sobre a legalização do aborto no País. Não é justo que no século XXI as mulheres ainda devam se submeter a leis que as impedem de decidir sobre o seu próprio corpo. A decisão do STF foi inédita justamente porque pôs em xeque um dos pilares que sustenta a decisão brasileira de restringir e proibir o aborto – o direito à vida. É este truísmo que vem fazendo com que muitas mulheres em idade de procriar tenham que encontrar caminhos ilegais e perigosos, além de danosos à saúde, para exercer o seu direito e a liberdade de escolher sobre o seu destino. O direito à vida é justamente o direito de ficar livre das amarras do pensamento obscurantista que leva milhares de mulheres brasileiras à morte.

Último parágrafo da dissertação, a conclusão precisa

encerrar a discussão feita no texto. Nela, o autor pode reescrever a tese (caso a tenha deixado explícita na introdução) ou expô-la de forma clara e objetiva (caso não tenha sido apresentada na introdução). Pode-se finalizar o texto, caso a proposta permita, com uma sugestão para solucionar os problemas que envolvem o tema.

(3)

3 Os juízes da nossa suprema corte demonstraram que decidem sem o constrangimento da opinião da maioria, pois sabemos que o senso comum brasileiro é contra o aborto de forma geral, em tese, porque na prática recorrem sistematicamente a ele. Esta decisão do STF revela ainda outra faceta de nossa sociedade: o Congresso Nacional está se furtando a estas decisões polêmicas e está refém da opinião pública, ou de seus interesses mesquinhos, pois não vota os temas de acordo com a consciência de cada um dos senadores e deputados, mas segundo as pressões de movimentos organizados ou, como se dizia em tempos idos, de seus cabos eleitorais.

Parabenizo os ministros do STF. A maioria dos ministros votando a favor do aborto neste caso demonstrou que há esperança de que o Estado se mantenha nos limites de suas responsabilidades, deixando as questões de foro íntimo a cargo de cada cidadão. O Estado é laico e não deve se imiscuir em decisões de foro íntimo como esta do aborto. Esta postura adotada pela pelo Supremo sinaliza o caminho a seguir em tantas outras questões em que o Estado deve zelar pela liberdade de escolha do cidadão.

Yvonne Maggie, professora titular do Departamento de Antropologia Cultural do Instituto de Filosofia e Ciências Sociais da UFRJ, disponível em http://g1.globo.com/platb/yvonnemaggie/, acesso em 27/7/2012.

Agora, responda.

1. No primeiro parágrafo, o autor procura contextualizar o tema ao leitor.

Quais são os fatos que ele apresenta para cumprir esta tarefa?

2.

Podemos afirmar que o autor já expõe sua tese neste primeiro parágrafo? Justifique.

3.

A tese é a posição central defendida pelo autor do texto. No segundo parágrafo, há uma frase que poderia resumir a opinião da professora Yvonne. Qual é esta frase?

4. Encontramos também nesse segundo parágrafo, períodos em que a autora

expõe suas opiniões e períodos em que ele apresenta verdades (fatos). Quais períodos são fatos e quais são opiniões?

5.

Enumere quais os principais argumentos para a tese proposta pela autora do texto.

6.

Na conclusão, não se apresentam novos argumentos, mas faz-se uma projeção. Explique que projeção é esta.

(4)

4 A questão do aborto é um tema extremamente recorrente e sempre envolve uma discussão sobre valores, sobre a interferência religiosa em um estado laico, sobre as concepções biológicas e filosóficas da vida etc.

Você já leu o posicionamento da professora Yvonne, agora lhe apresentamos outros textos que poderão ajudá-lo em sua reflexão para que você possa elaborar o seu texto. Leia-os com atenção.

COLETÂNEA DE TEXTOS

Texto 1

A anencefalia é um defeito congênito que se caracteriza pela ausência da maior parte do cérebro. A geração de um anencéfalo é, para a maioria das mulheres, motivo de muita dor física e emocional, por saber que a chance de o feto morrer durante a gravidez é enorme e que, em caso contrário, o bebê sobreviverá por pouquíssimo tempo após o parto. Por outro lado, há quem condene o aborto mesmo nesses casos, por considerar que a prática é um crime contra a vida. A polêmica sobre a legalização do aborto de anencéfalos acabou no Supremo Tribunal Federal, que, recentemente, votou a liberação da prática para esses casos. A decisão, por tratar de um tema tão polêmico que envolve lei e religião, tem sido contestada por vários grupos sociais.

[http://educacao.uol.com.br/bancoderedacoes, adaptado]

Aborto de anencéfalos: a causa correta, no lugar errado

Por 8 votos a 2, o Supremo Tribunal Federal decidiu liberar o aborto de anencéfalos nesta quinta-feira. A causa é boa e a sentença era esperada. Desde 2004, quando o ministro Marco Aurélio Mello concedeu a primeira liminar autorizando o aborto de um feto anencéfalo, todas as vezes que casos do tipo chegaram à corte a decisão foi igual.

O Código Penal, promulgado em 1940, autoriza o aborto em apenas dois casos: se a gravidez resulta de estupro ou não existe outro meio de salvar a vida da gestante. A gestação de anencéfalos traz mais riscos para a mãe que uma gestação "normal" — mas só em certos casos é necessário interrompê-la para salvar a vida da mulher.

É, porém, um avanço permitir que mulheres que estão numa situação dilacerante – quer do ponto de vista emocional, quer do ponto de vista moral – tenham direito de escolha, sempre devidamente assistidas por médicos.

A dissertação argumentativa PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL

(5)

5 Dar essa opção à família – é importante reafirmar que se trata de dar uma faculdade às pessoas, e não de lhes impor uma escolha – atende a um princípio que, tanto quanto a defesa da vida, também é central na Constituição brasileira, o da dignidade humana.

[Veja, 12/04/2012 – Texto adaptado.]

Ministros do STF reunidos em plenário, na votação da lei que permite o aborto de fetos anencéfalos

Bispos criticam decisão do STF

O arcebispo de Campo Grande (MS), d. Dimas Lara Barbosa, e outros três bispos que participaram nesta quarta-feira (18) da conversa com jornalistas, por delegação da presidência da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), na assembleia geral de Aparecida (SP), criticaram duramente os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) que aprovaram a interrupção da gestação ou aborto no caso de fetos portadores de anencefalia.

"A eugenia é um horizonte que a humanidade experimentou em passado recente e que parece ter sido esquecido", afirmou d. Dimas , depois de classificar como perigosa a decisão do STF. O bispo de Camaçari (BA), d. João Carlos Petrini, presidente da Comissão Episcopal e Pastoral para a Vida e a Família da CNBB, advertiu que a decisão do Supremo tem "extraordinário poder de formar consciência coletiva", com sérias consequências no contexto da violência, levando à conclusão, por exemplo, de que "quem incomoda pode ser eliminado".

[Agencia Estado]

Brasil é o quarto país em número de casos de anencefalia

O Brasil é o quarto país do mundo com maior prevalência de nascimentos de bebês com anencefalia (ausência parcial ou total do cérebro), segundo a OMS (Organização Mundial da Saúde). A incidência é de cerca de um caso para cada 700 nascimentos. As razões para que um país tenha mais ou menos casos são desconhecidas.

(6)

6 A grande maioria dos bebês com anencefalia sobrevive por poucas horas ou dias após o nascimento. No entanto, como a lesão é variável, há casos em que a sobrevida é maior. Como o tronco cerebral (parte mais próxima da medula espinhal) é pouco afetado, a criança apresenta funções vitais, como batimentos cardíacos e pressão arterial. Mas a atividade cerebral não existe. É aí que começa a polêmica em relação ao aborto.

“A anencefalia é incompatível com a vida e corresponde à morte cerebral”, diz o ginecologista e obstetra Thomaz Gollop, professor de genética médica pela Universidade de São Paulo (USP) e coordenador do Grupo de Estudos sobre o Aborto (GEA) da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

Embora a maioria dos médicos seja favorável ao aborto nesses casos, existem exceções. O ginecologista Dernival da Silva Brandão, membro da Comissão de Ética e Cidadania da Academia Fluminense de Medicina, é uma delas. “Todos os anencéfalos vão morrer, mas quem não vai morrer? Para mim, trata-se de um doente que deve ser tratado como qualquer outro”, opina. Apesar da posição, ele diz que nunca acompanhou nenhuma gestação de anencéfalo que tenha sido levada até o fim. “O mundo de hoje é muito prático”, critica.

[UOL Notícias, texto adaptado]

Agora é com você. Redija um texto dissertativo-argumentativo sobre o tema:

O

S

UPREMO

T

RIBUNAL

F

EDERAL AGIU CORRETAMENTE AO LEGALIZAR O ABORTO

DE ANENCÉFALOS

?

Instruções:

Antes de elaborar sua dissertação, faça um projeto de texto. Ele é OBRIGATÓRIO;

Seu texto deve ser escrito de acordo com a variedade padrão língua portuguesa;

Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;

Não deve estar redigido sob a forma de poema (versos) ou narração;

A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 30 linhas escritas;

Não deve conter trechos copiados da coletânea apresentada;

• Ao terminar o texto, passe-o a limpo – à tinta. Não se esqueça de revisá-lo e de lhe dar um títurevisá-lo. A versão final deverá ser escrita na folha oficial de redação.

EVITE: na minha opinião, eu acho, no meu ponto de vista.

PREFIRA: é provável que, é possível que, não se pode esquecer que, convém lembrar que etc.

(7)

7 O parágrafo é uma unidade de composição, constituído por um ou mais de um período, em que se desenvolve determinada ideia central ou nuclear, a que se agregam outras, secundárias, intimamente relacionadas pelo sentido e logicamente decorrentes dela.

O tópico frasal é constituído habitualmente por um ou dois períodos curtos iniciais, que é a introdução da unidade de composição, fornecendo o tema a ser desenvolvido.

Tal consideração é também feita de forma generalizada, pois o tópico frasal pode não ser inicial, mas sem dúvida, este é o tipo mais usado por consagrados escritores e recomendado para os principiantes. O tópico frasal pode estar inserido em outra parte do texto, ou pode também estar diluído neste e até mesmo implícito, o que requer muita perspicácia do escritor e é claro para o leitor.

Vejamos abaixo algumas formas de se desenvolver um parágrafo, as quais podem auxiliá-lo em suas dissertações:

1.

A

LUSÃO HISTÓRICA: O conhecimento dos fatos históricos ajuda a iniciar um texto e também a desenvolvê-lo. Um fato acontecido no passado é relembrado como ponto de partida para novas afirmações e julgamentos. É necessário explicar que essa referência não precisa necessariamente estar ligada à história de um povo, de um país. Qualquer fato representativo, já acontecido, pode servir para abrir este tipo de parágrafo.

Ex.: (tema: globalização)

Após a queda do Muro de Berlim, acabaram-se os antagonismos leste-oeste e o mundo parece ter aberto de vez às portas para a globalização. As fronteiras foram derrubadas e a economia entrou em rota acelerada de competição.

2.

A

RGUMENTO DE

A

UTORIDADE: a conclusão se sustenta pela citação de uma fonte confiável, que pode ser um especialista no assunto ou dados de instituição de pesquisa, uma frase dita por alguém – líder ou político, algum artista famoso ou algum pensador –, uma autoridade no assunto abordado. A citação A dissertação argumentativa DESENVOLVIMENTO DO TÓPICO FRASAL

(8)

8 pode auxiliar e deixar consistente o tópico frasal. (Não se esqueça de que a frase citada deve vir entre aspas e só servirá se estiver articulada a seu texto).

Ex.: (tema: cinema)

O cinema nacional conquistou nos últimos anos qualidade e faturamento nunca vistos antes. “Uma câmera na mão e uma ideia na cabeça” – a famosa frase-conceito do diretor Gláuber Rocha – virou uma fórmula eficiente para explicar os R$ 130 milhões que o cinema brasileiro faturou no ano passado. (Adaptado de Época, 14/04/2004)

3.

A

RGUMENTO POR

C

AUSA E

C

ONSEQUÊNCIA: para comprovar uma tese, você pode buscar as relações de causa (os motivos, os porquês) e de

consequência (os efeitos).

Ex.: (tema: trânsito em São Paulo)

Ao se desesperar num questionamento em São Paulo, daqueles em que o automóvel não se move nem quando o sinal está verde, o indivíduo deve saber que, por trás de sua irritação crônica e cotidiana, está uma monumental ignorância histórica. São Paulo só chegou a esse caos porque um seleto grupo de dirigentes decidiu, no início do século, que não deveríamos ter metrô. Como cresce dia a dia o número de veículos, a tendência é piorar ainda mais o congestionamento – o que leva técnicos a preverem como inevitável a implantação de perigos. (Adaptado de Folha de S. Paulo. 01/10/2000)

4.

A

RGUMENTO DE

E

XEMPLIFICAÇÃO OU

I

LUSTRAÇÃO: a exemplificação consiste no relato de um pequeno fato (real ou fictício). Esse recurso argumentativo é amplamente usado quando a tese defendida é muito teórica e carece de esclarecimentos com mais dados concretos.

Ex.: (tema: Corrupção)

A condescendência com que os brasileiros têm convivido com a corrupção não é propriamente algo que fale bem de nosso caráter. Conviver e condescender com a corrupção não é, contudo, praticá-la, como queria um líder empresarial que assegurava sermos todos corruptos. Somos mesmo? Um rápido olhar sobre nossas práticas cotidianas registra a amplitude e a profundidade da corrupção, em várias intensidades. Há a pequena corrupção, cotidiana e muito difundida. É, por exemplo, a da secretária da repartição pública que engorda seu salário datilografando

(9)

9

trabalhos “para fora”, utilizando máquina, papel e tempo que deveriam servir à instituição. Os chefes justificam esses pequenos desvios com a alegação de que os salários públicos são baixos. Assim, estabelece-se um pacto: o chefe não luta por melhores salários de seus funcionários, enquanto estes, por sua vez, não “funcionam”. O outro exemplo é o do policial que entra na padaria do bairro em que faz ronda e toma de graça um café com coxinha. Em troca, garante proteção extra ao estabelecimento comercial, o que inclui, eventualmente, a liquidação física de algum ladrão pé-de-chinelo. (Jaime Pinksky/Luzia Nagib Eluf. Brasileiro(a) é Assim Mesmo, Ed.Contexto)

5.

A

RGUMENTO DE

P

ROVAS

C

ONCRETAS: ao empregarmos os argumentos baseados em provas concretas, buscamos evidenciar nossa tese por meio de informações concretas, extraídas da realidade. Podem ser usados dados estatísticos ou fatos notórios (de domínio público).

Ex.: (tema: violência)

No caso do Brasil, homicídios estão assumindo uma dimensão terrivelmente grave. De acordo com os mais recentes dados divulgados pelo IBGE, sua taxa mais que dobrou ao longo dos últimos 20 anos, tendo chegado à absurda cifra anual de 27 por mil habitantes. Entre homens jovens (de 15 a 24 anos), o índice sobe a incríveis 95,6 por mil habitantes. (Folha de S. Paulo. 14/04/2004)

6.

A

RGUMENTO DESENVOLVIDO POR CONFRONTO: Trata-se de estabelecer um confronto entre duas ideias, dois fatos, dois seres, seja por meio de contrastes das diferenças, seja do paralelo das semelhanças.

Ex.: (tema: relação entre pais e filhos)

Embora a vida real não seja um jogo, mas algo muito sério, o xadrez pode ilustrar o fato de que, numa relação entre pais e filhos, não se pode planejar mais que uns poucos lances adiante. No xadrez, cada jogada depende da resposta à anterior, pois o jogador não pode seguir seus planos sem considerar os contra-ataques do adversário, senão será prontamente abatido. O mesmo acontecerá com um pai que tentar seguir um plano preconcebido, sem adaptar sua forma de agir às respostas do filho, sem reavaliar as constantes mudanças da situação geral, na medida em que se apresentam. (Bruno Betelheim, adaptado)

(10)

10

7.

A

RGUMENTO DESENVOLVIDO POR RAZÕES OU DETALHAMENTO: No desenvolvimento apresentamos as razões, os motivos que comprovam o que afirmamos no tópico frasal. Ou seja, os períodos que seguem o tópico frasal detalham-no.

Ex.: (tema: mundo infantil)

As adivinhações agradam particularmente às crianças. Isso acontece de maneira tão generalizada, porque, mais ou menos, representam a forma concentrada, quase simbólica, da experiência infantil de conquista da realidade. Para uma criança, o mundo está cheio de objetos misteriosos, de acontecimentos incompreensíveis, de figuras indecifráveis. A própria presença da criança no mundo é, para ela, uma adivinhação a ser resolvida. Daí o prazer de experimentar de modo desinteressado, por brincadeira, a emoção da procura da surpresa. (Gianni Rodari, adaptado)

8 .

A

RGUMENTO DESENVOLVIDO POR ANÁLISE: É a divisão do todo em partes.

Ex.: (tema: funções da comunicação)

Quatro funções básicas têm sido atribuídas aos meios de comunicação: informar, divertir, persuadir e ensinar. A primeira diz respeito à difusão de notícias, relatos e comentários sobre a realidade. A segunda atende à procura de distração, de evasão, de divertimento por parte do público. A terceira procura persuadir o indivíduo, convencê-lo a adquirir certo produto. A quarta é realizada de modo intencional ou não, por meio de material que contribui para a formação do indivíduo ou para ampliar seu acervo de conhecimentos. (Samuel P. Netto, adaptado)

Agora, responda.

1. Grife o tópico frasal de cada parágrafo apresentado. Não deixe de observar

como o autor desenvolve.

a) “O isolamento de uma população determina as características culturais próprias. Essas sociedades não têm conhecimento das ideias existentes fora de seu horizonte geográfico. É o que acontece na terra dos cegos do conto de H.G. Welles. Os cegos desconhecem a visão e vivem tranquilamente com sua realidade, naturalmente

(11)

11 adaptados, pois todos são iguais. Esse conceito pode ser exemplificado também pelo caso das comunidades indígenas ou mesmo qualquer outra comunidade isolada.” (Redação de vestibular)

b) “O desprestígio da classe política e o desinteresse do eleitorado pelas eleições proporcionais são muitos fortes. As eleições para os postos executivos é que constituem o grande momento de mobilização do eleitorado. É o momento em que o povão se vinga, aprovando alguns candidatos e rejeitando outros. Os deputados, na sua grande maioria, pertencem à classe A. É com os membros dessa classe que os parlamentares mantêm relações sociais, comerciais, familiares. É dessa classe com a qual mantêm maiores vínculos, que sofrem as maiores pressões. Desse modo, nas condições concretas das disputas eleitorais em nosso país, se o parlamentarismo não elimina inteiramente a influência das classes D e E no jogo político, certamente atua no sentido de reduzi-la.” (Leôncio M. Rodrigues)

2. Apresentamos a seguir alguns tópicos frasais para serem desenvolvidos

segundo a maneira sugerida.

a) Nunca houve real interesse dos governantes brasileiros em investir verdadeiramente na educação. (por alusão histórica)

b) O legado cultural é a verdadeira herança que uma geração deixa para a outra. (por argumento de autoridade)

c) Enquanto a miséria predominar no mundo, não há como falar em igualdade social (por causa e consequência)

d) Nunca diga que algum ser humano é uma ilha: tudo que acontece a um semelhante nos atinge. (por exemplificação)

e) Evidentemente, o Brasil nunca esteve num momento melhor (por provas concretas)

f) As novelas transmitidas pela televisão brasileira são muito mais atraentes que nossos filmes. (por confronto)

(12)

12 g) As cidades brasileiras estão se tornando ingovernáveis. (por razões)

h) Podemos dizer que as mobilizações têm se dado por três fatores principais: novas lideranças, indignação com a corrupção e as redes sociais. (análise)

(13)

13 A questão do lixo nas sociedades de consumo

Meio ambiente e ecologia são assuntos normalmente incômodos para líderes governamentais, pois colocam em evidência a difícil relação entre a sociedade de consumo e a natureza. Com o culto ao novo, ao tecnológico, produtos que poderiam durar anos passam a ser descartados em tempos curtíssimos e de modo irregular, acelerando a geração de lixo. O uso desenfreado do plástico é outro problema, pois seu longo período de vida faz com que os danos à natureza sejam agravados. Pressionados por defensores do meio ambiente, órgãos do governo criam, às vezes, medidas isoladas, como a que proibiu a distribuição de sacolinhas plásticas em supermercados e outros pontos comerciais. Mas, afinal, o lixo é responsabilidade de quem? Que problemas ele pode trazer futuramente para a sociedade? O que precisa ser feito para que o lixo não provoque estragos ainda maiores ao meio ambiente e, consequentemente, à vida no planeta? Leia os textos da coletânea e depois redija uma dissertação argumentativa em prosa sobre o tema:

A

QUESTÃO DO LIXO NAS SOCIEDADES DE CONSUMO

.

C

OLETÂNEA DE TEXTOS

Texto 1

Por uma vida menos plástica?

Desde os anos 1970, as sacolinhas cumprem duas funções essenciais na rotina dos brasileiros. Servem para carregar as compras do supermercado e embalar o lixo doméstico.

O problema, alertam os ambientalistas, surge na hora do descarte do produto. Essas mesmas sacolas plásticas, por descuido ou desleixo, entopem bueiros, causando alagamentos nas cidades.

Seu longo ciclo de vida (demoram mais de 100 anos para se degradarem) faz ainda com que abarrotem aterros sanitários, onde correspondem a até 10% do lixo. Carregadas para rios e mares, as sacolinhas poluem o ecossistema e matam por asfixia ou indigestão animais marinhos, como peixes, aves e tartarugas.

O fato é que a natureza simplesmente não conseguiu, até agora, encontrar um meio de digerir com eficiência esses "monstros" de polietileno. A solução, então, seria a sociedade livrar-se deste incômodo. Mas como?

A dissertação argumentativa PROPOSTA DE PRODUÇÃO TEXTUAL

(14)

14 Algumas prefeituras e governos de Estados brasileiros tentaram criar leis que proibissem o fornecimento de sacolinhas em supermercados. Representantes da indústria de plástico recorreram à Justiça, que por sua vez considerou os projetos de lei inconstitucionais.

[UOL Educação: Atualidades]

Texto 2

Aterro sanitário: solução protelatória que pode agravar o problema do lixo

Texto 3

A multiplicação do lixo

Produzido anualmente pela Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais, o Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil referente ao ano de 2010 não trouxe boas notícias aos brasileiros: o estudo mostrou que, no ano em que foi criada a PNRS – Política Nacional de Resíduos Sólidos, a produção e destinação final do lixo brasileiro sofreu retrocessos.

Segundo a pesquisa, o volume de RSU – Resíduos Sólidos Urbanos gerado em 2010 pela população é 6,8% superior ao registrado pelo Panorama em 2009. Foram quase 61 milhões de toneladas de lixo produzidos nos últimos doze meses e o aumento populacional no país não é desculpa para esse crescimento: o estudo mostrou que a geração de resíduos aumentou seis vezes mais do que a população em 2010, o que significa que, no ano, cada brasileiro produziu, sozinho, uma média de 378 kg de lixo.

E as más notícias não param por aí: o Panorama concluiu, ainda, que a quantidade de RSU com destinação inadequada aumentou quase dois milhões de toneladas, com relação a 2009: foram 23 milhões de toneladas encaminhadas a lixões e aterros controlados – que, por não possuírem mecanismos adequados de disposição e armazenamento do lixo, contaminam o solo e a água – contra 21,7 milhões, em 2009.

(15)

15

Texto 4

Prédios acumulam lixo reciclável por falta de coleta

São Paulo - Os condomínios da cidade de São Paulo têm acumulado lixo reciclável por falta de coleta seletiva. A demanda está cada vez maior, mas a estrutura da Prefeitura, com 21 centrais de triagem, não consegue atender ao processamento diário de todo o material produzido na capital. Os síndicos jogam o lixo que poderia ser reciclado com os detritos comuns.

De 2009 para 2011, o volume médio de resíduos coletados diariamente na cidade de São Paulo teve um aumento de 12,5%. Passou de 16 mil toneladas por dia para 18 mil. A quantidade de itens enviados para a reciclagem, porém, continua por volta de 1% do total. Passou de 120 toneladas (0,71%) por dia em 2009, para 214 (1,13%) em 2011. "O ideal é que a cidade estivesse reciclando cerca de 25% do total do lixo produzido", disse a arquiteta e urbanista Nina Orlow, da Rede Nossa São Paulo. De acordo com Nina, a cidade precisa fazer um estudo gravimétrico (separação e pesagem) do lixo coletado diariamente, o que traduz o porcentual de cada componente recolhido.

[Estadão]

Texto 5

O outro lado

Miguel Bahiense, presidente da Plastivida e do INP expressa opinião sobre matéria “Seis pecados da sacola plástica'”, publicada no portal Exame.com no dia 14 de junho de 2011

Hoje, o Brasil conta com uma indústria de reciclagem de plásticos ociosa em mais de 30% uma vez que o país não conta com processos de coleta seletiva adequados para que menos materiais que podem ser reutilizados acabem nos lixões e aterros. A saída está na educação e na responsabilidade compartilhada – indústria, varejo, população e governo fazendo sua parte para adequar a questão do consumo e do descarte.

Apenas 0,2% do peso de um aterro sanitário é composto por sacolas plásticas. Pior, mais do que 60% do peso de um aterro sanitário é material orgânico. É recomendação dos órgãos de saúde que o lixo seja embalado em plástico, evitando que o lixo vaze e se espalhe. Isso evita doenças e contaminações, tanto humanas, quanto ambientais. Também é recomendado que o lixo seja colocado em lixeiras suspensas e o mais próximo possível do horário da coleta. Ações simples que evitam que as sacolas sejam agentes na enchente. Sacolas não foram feitas para estarem na natureza. E não vão parar lá sozinhas. É por isso que insistimos na tese de que sem a educação ações isoladas não surtirão efeito.

Os plásticos, além de 100% recicláveis, são inertes, o que significa que não emitem nada – nem mesmo CO2 (Dióxido de carbono), emitido no caso das sacolas biodegradáveis, que também podem emitir CH4 (metano). O Carbono contido na sacola comum é estável, ou seja, não se transforma nem em CO2 nem em CH4. Sacos plásticos são fabricados com PE (polietileno), nada tem haver com bisfenol-A (BPA) e oligômero (PS).

(16)

16 Não há alternativas consistentes para substituir as sacolas plásticas. Econômicas, duráveis, resistentes, práticas, higiênicas e inertes, são reutilizáveis e 100% recicláveis. Pesquisa do Ibope confirma que 100% das sacolas plásticas são reutilizadas, especialmente como saco de lixo, 71% constituem as embalagens preferidas da população para transportar suas compras e 75% das donas de casa são a favor do seu fornecimento pelo varejo.

[Revista Exame - Texto adaptado]

Agora é com você. Instruções:

Antes de elaborar sua dissertação, faça um projeto de texto. Ele é OBRIGATÓRIO;

Seu texto deve ser escrito de acordo com a variedade padrão língua portuguesa;

Deve ter uma estrutura dissertativa-argumentativa;

Deve ser redigido em prosa;

A redação deve ter no mínimo 15 e no máximo 35 linhas escritas;

Não deve conter trechos copiados da coletânea apresentada;

• Ao terminar o texto, passe-o a limpo – à tinta. Não se esqueça de revisá-lo e de lhe dar um TÍTULO. A versão final deverá ser escrita na folha oficial de redação.

Referências

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