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TÍTULOS DE CRÉDITO QUADRO COMPARATIVO ENTRE A L.U.G. E O DECRETO 2044/08. LUG Dec. 2044/08 RESULTADO

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(1)

TÍTULOS DE CRÉDITO 1. Legislação

No Brasil os títulos de crédito são regulamentados pelo Decreto 57.663/66 e pelo Decreto 2044/08 que também são aplicadas à letra de cambia e a nota promissória. O decreto 57.663/66 nada mais é que a recepção no Direito brasileiro da L.U.G que é um tratado internacional que rege as normas a serem aplicadas ao trato comercial dos t´títulos de crédito, contudo, o Brasil se reserva a determinados casos, em virtude de uma questão de soberania, a aplicar sua norma interna que é o Decreto 2044/08.

A respeito de uma LEI POSTERIOR poder derrogar ou não a LUG, que tem fonte exterior, existem 2 entendimentos:

1-

a doutrina do DIPRI, de forma DOMINANTE, entende que a LUG, cuja fonte legislativa é externa, pois advém de tratado

internacional, para ser revogada por lei posterior, terá esta que possuir também a mesma fonte legislativa, ou seja, externa. Do contrário, terá o poder executivo que, antes de ocorrer a revogação, avisar aos organismos internacionais competentes. Isso, no DIPRI, se denomina DENÚNCIA. Logo, a revogação depende da fonte da lei posterior.

2-

segundo nossa jurisprudência dominante, liderada pelo STF, esse decreto pode ser revogado por lei posterior, independentemente da fonte legislativa deste, pois o tratado internacional, para ser aplicado em nosso ordenamento, tem necessariamente que virar norma interna (CN + Presidente da República), sendo que nossa CF não previu qualquer prevalência entre a norma de fonte externa e outra norma de fonte interna (tratado X lei). Conseqüentemente, deve-se aplicar o preceito contido no Art. 2o § 1o LICC, em que norma posterior revoga a anterior.

QUADRO COMPARATIVO ENTRE A L.U.G. E O DECRETO 2044/08

LUG Dec. 2044/08 RESULTADO

Regula a matéria. Não regula a matéria. É omisso LUG prevalece.

É omissa. Regula a matéria. Decreto prevalece.

Regula a matéria. Regula a matéria. LUG prevalece, de acordo com o Art. 2o §

1o LICC.

É omissa. É omisso. Usar a INTEGRAÇÃO, de acordo com o

Art. 4o LICC.

Regula a matéria, mas o Brasil usou a reserva.

É omisso. Há 2 posições:

1-

deve-se usar os métodos de integração. (MAIORIA)

Fran Martins (MINORIA) - aplica-se a LUG apesar da reaplica-serva, até que surja lei interna regulando a questão (condição

resolutiva). Regula a matéria, mas o Brasil

usou a reserva.

Regula a matéria. Decreto prevalece.

(2)

A lei 5474/68 e 7457/85 são de grande importância pois tratam dos títulos da duplicata e do cheque, contudo outros títulos menores possuem sua regulamentação em leis próprias.

2. Origem

O título tem o significado de papel, documento, assim o título de crédito seria a corporificação da confiança em um documento.

3. Histórico

A princípio existia a economia natural, onde tudo era feito através do escambo, em um segundo momento surgiu à economia monetária, onde foi criado um padrão comum para as trocas (dinheiro) e em um terceiro momento apareceu a economia creditaria, onde os títulos de crédito representaram o dinheiro.

4. Conceito Econômico

“É a permissão dada a alguém para utilizar o capital alheio” 5. Conceito Jurídico

O título de crédito é o título que materializa um crédito que é a possibilidade de utilizar um capital no presente, o qual só estaria efetivamente à disposição em uma data futura, podendo esse capital ser próprio ou de terceiro. O crédito é documentado no título. É o uso de um recurso do qual só se disporia no futuro.

A finalidade do crédito é a de movimentar riquezas, evitar a estagnação do mercado. visando viabilizar a circulação de riquezas. O título de crédito tem por escopo dar segurança a esta circulação de riquezas, documentando-a.

A expressão título de crédito tem 2 sentidos:

1-

lato sensu - TC em sentido amplo é todo documento que corporifica um crédito, decorrente da vontade das partes. Art.

789 a 795 CC. Ex: contrato de locação.

2-

stricto sensu - TC em sentido estrito é o documento que corporifica um crédito , mas decorrente de lei, e não da vontade das partes. Todos tem que constar da lei. Ex: título executivo extra judicial.

Para se chegar a um conceito único será necessário analisar o título de crédito sob 2 enfoques:

1-

enfoque econômico - de José Maria Whitaker - é o documento capaz de realizar imediatamente o valor nele contido. Esse enfoque diz respeito à possibilidade de se negociar com o TC.

2-

enfoque jurídico - Cesare Vivanti - é o documento FORMAL, necessário ao exercício de um direito LITERAL e AUTONOMO nele contido.

(3)

“É o documento necessário ao exercício do direito literal e autônomo nele previsto”

Cesare Vivante

6. Características.

1-

Documento, em regra, mercantil de natureza comercial, pois são considerados AC por força de lei. As exceções são os títulos de crédito rurais, que são TC impróprios, porque tem por objeto financiamento agrícola. São previstos no DL 167/67, que lhes dá natureza civil, e não mercantil.

2-

Documento formal, ou seja, os requisitos essenciais têm que ser obedecidos, senão deixam de ser título extrajudicial. Logo, há forma estabelecida em lei. Isso é o rigor cambiário, que vem a ser o preenchimento dos requisitos essenciais.

3-

É móvel. Aplicam-se neles alguns princípios dos bens moveis. Ex: circulação por tradição.

4-

Documento que materializa OBRIGAÇÃO líquida e certa. É a OBRIGAÇÃO CAMBIÁRIA. Uma obrigação é CERTA quanto a sua existência (refere-se ao an debeatur) e LÍQUIDA quanto ao seu valor, ou seja, determinada quanto a seu valor (refere-se ao quantum debeatur).

5-

É documento de resgate - seu titular resgata o valor, fazendo cumprir a obrigação líquida e certa. Depois de resgatado, cessa de existir. Ou seja, não são títulos permanentes.

6-

É título ou documento de apresentação - só há resgate com a apresentação no ORIGINAL. Isso ocorre por 2 motivos:

para se saber que se está pagando ao justo portador.

para se saber se está sendo paga a quantia certa.

7-

É quesível, ou não portável - o credor procura o devedor. As obrigações são cumpridas no domicílio do devedor.

8-

É título com eficácia processual abstrata, segundo Liebman, ou seja, não sendo pago, gera ação cambiária, onde o juiz só observa as formalidades extrínsecas. Os vícios intrínsecos não são examinados ou argüidos de ofício. Cabe às partes suscitá-los. Embargos do devedor não tem natureza de recurso. É ação dentro do processo de execução.

Desde que atendidos os requisitos essenciais, prescritos na legislação, cabe ao juízo proferir despacho liminar positivo (cite-se), mesmo que haja algum vício intrínseco (assinatura falsa, incapacidade do emitente etc.), pois tais vícios devem ser suscitados pelo executado no momento oportuno, não podendo o juiz reconhece-los de ofício, vez que o título tem legitimidade aparente extrínseca (caixa de presente).

(4)

7. Natureza Jurídica

Os títulos de crédito apresentam tanto uma natureza processual quanto uma natureza material. No campo processual o título de crédito seria um título executivo extrajudicial, enquanto que no campo material para o Direito Civil o título é um bem móvel enquanto que no Direito Comercial não passa de um ato de comércio na forma impositiva da lei. Todos os títulos de crédito são considerados mercantis excetuando-se a cédula de crédito real.

Somente o Congresso Nacional pode criar títulos de crédito, o que na prática não ocorre, visto que tal competência é exclusiva. Contudo já houve casos de t´títulos oriundos de Medida Provisória, o que é inconstitucional.sendo que os mesmos títulos somente podem ser criados por meio de lei e são tidos como números cláusos.

8. Classificação dos Títulos de Crédito

I. Quanto a Prestação ou Direitos Documentados no Título.

Nesta classificação os títulos de crédito dividem-se em: de crédito próprios, sendo este o verdadeiro título, pois enseja uma prestação fungível (dinheiro), a citar como exemplo a letra de câmbio, a nota promissória, no tocante ao cheque a doutrina mostra-se dividida sendo que para Carvalho de Mendonça e Pontes de Miranda seria o caso de um título de crédito impróprio por se tratar de uma simples retirada de fundos, sendo esta posição minoritária, para Luís Emídio, o cheque configura um título de crédito próprio, independente de sua colocação em circulação, desde que o beneficiário do cheque não seja o próprio emitente, pois neste caso é mera forma de retirada de fundos, posição esta também minoritária, que não é a mesma de Fran Martins, Rubens Requião e a doutrina majoritária que coloca o cheque como sendo título de crédito próprio após o momento de sua circulação, senão do contrário será mero instrumento de retirada de fundos e forma de pagamento. Os títulos também podem ser tidos como impróprios quando sua prestação não é fungível, isto é, não ensejam um valor em dinheiro.

Os títulos impróprios apresentam uma subdivisão que é a: títulos de participação, que são os que garantem a participação em uma sociedade, como por exemplo, as ações de uma Sociedade Anônima, e títulos representativos, que podem ser de mercadorias, estes dão direito a uma mercadoria comprovando o título de propriedade sobre ela (conhecimento de transporte e depósito ,etc.); também há os títulos de representação de garantia ou pignoratícios, estes concedem uma garantia sobre as mercadorias em depósito, este título se assemelha com o conhecimento de depósito devendo este existir para que possa haver aquele (warrant, cédula de crédito rural, letra hipotecária, etc.)

OBS.: Pontes de Miranda criou uma nomenclatura própria, que é muito utilizada: títulos cambiais títulos cambiariformes. Os

títulos cambiais seriam os verdadeiros títulos de crédito, fiéis a teoria geral dos títulos de crédito, e seriam somente a letra de câmbio e a nota promissória, estes títulos também são conhecidos como puros, dessa forma os demais títulos seriam cambiariformes, isto é, apenas se assemelham aos títulos de créditos, apresentando uma aparência externa de t´titulo de crédito e seriam o cheque, a duplicata, entre outros.

II. Quanto a Circulação 1) Títulos ao Portador

(5)

São os que não indicam quem é o credor/beneficiário, devendo aqui saber diferenciar a emissão/saque, que é um 1º momento onde se cria o título, e a circulação que é um 2º momento, que se dá pela tradição. Apenas o cheque pode ser emitido/sacado, criado ao portador até um certo limite (até R$ 100,00 de acordo com a Lei 8021), quanto aos demais, na criação deve ser indicado à pessoa do credor. No tocante a circulação, os tributos, todos podem circular ao portador salvo o que for proibido pelo governo.

2) Títulos Nominais

Nestes títulos a pessoa do credor esta indicada de forma expressa, dando assim maior segurança ao título, como é o caso do cheque nominal.

3) Títulos Nominativos

Estes títulos têm como característica que sua transferência deva ser anotada em livro próprio onde estará sendo indicado para quem se destina o título e dividem-se em:

a)

com cláusula à ordem: é a regra. No silêncio, considera-se o TC como com cláusula à ordem. Esse TC circula mediante ENDOSSO, ou seja, com a mera assinatura, em regra, no seu verso. Nesses casos, também é necessária, obviamente, a tradição.

b)

com cláusula não à ordem: isso tem que ser expresso, senão se presume que é com cláusula à ordem. Circula mediante CESSÃO ORDINÁRIA DE CRÉDITO, que tem natureza jurídica de contrato.

QUADRO COMPARATIVO ENTRE A CESSÃO E O ENDOSSO

CESSÃO. ENDOSSO.

Transfere a titularidade do direito de crédito consubstanciado num TC nominal com cláusula

NÃO À ORDEM.

IDEM, mas com cláusula À ORDEM, que é a regra.

É acordo de vontades. Logo, tem natureza contratual.

É AJ cambiário. Logo, é ato unilateral de vontade.

Pode ser parcial ou total. Só pode ser total. Se for parcial, é NULO. Pode ser condicional. Endosso condicional é válido, porem, a cláusula

( a condição) é considerada não escrita. Em regra, é PRO SOLUTO, e não pro solvendo,

salvo estipulação expressa em contrário.

Em regra, é PRO SOLUTO e PRO SOLVENDO, salvo disposição expressa em

contrário. ATENÇÃO - Transfere o direito de crédito

derivado. Eventuais vícios do direito do cedente são também transferidos para o cessionário.

Transfere o direito originário, sem qualquer vício. É como se a cada endosso fosse emitido

novo TC.

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OBS.: PRO SOLUTO diz respeito à garantia da existência da obrigação, mas não do pagamento da obrigação. PRO SOLVENDO dá garantia da existência e do pagamento da obrigação.

III. Quanto a Pessoa do criador

Os títulos de crédito podem ser públicos quando estes forem emitidos por qualquer ente estatal, e também podem ser privados quando sua emissão ocorrer por parte de pessoa física e jurídica de direito privado.

IV. Quanto a Causa

Os títulos de crédito podem ser tidos como abstratos ou causais. O título será abstrato, também conhecido como de criação livre, quando sua origem decorrer de um negócio jurídico, sendo ele a regra, por exemplo, a nota promissória, o cheque, a letra de câmbio e etc., quanto a letra de câmbio a questão se mostra controvertida na doutrina sendo que de forma dominante se entende que a letra de câmbio se trata de um título abstrato, contudo para Fábio Ulhoa Coelho, a letra de câmbio é um título limitado, pois qualquer causa viabiliza a sua criação com a exceção da compra e venda mercantil, entretanto, há os títulos causais ou de criação presa que são os vinculados por força de lei a uma determinada causa, isto é, sua origem decorre de negócio jurídico determinado em lei, tem como um exemplo à duplicata, entretanto, a debênture é um título causal impróprio, sendo este ponto controvertido.

OBS.: O contrato de leasing pode ou não pode originar uma duplicata? O Leasing, internamente é um contrato misto pois

envolve três prestações que são o financiamento, a locação e a compra e venda, podendo ocorrer três resultados: o termino do contrato funcionando esta na prática como uma simples locação, a renovação do mesmo, e a compra e venda do bem, abatendo-se o que já foi pago do aluguel abatendo-sendo uma compra e venda financiada. Quanto a esta questão a doutrina abatendo-se encontra dividia em duas correntes, sendo a primeira corrente minoritária ao afirmar que é possível o saque da duplicata pois internamente há a compra e venda mercantil, já a segunda corrente, do Ministro do STJ Barros de Monteiro não vislumbra tal possibilidade pois não se trata de uma compra e venda pura. O leasing operacional ou “Renting” é o celebrado diretamente com o fabricante e envolve a prestação de serviços de4 assistência técnica, nesta modalidade, devido à existência desta prestação de serviços, há julgados que admitem a duplicata, contudo, ainda ocorre muita discussão pois não se trata de uma prestação de serviços pura, no Rio de Janeiro a aceitação da duplicata é admitida pela Desembargadora Maria Stella Rodrigues.

OBS.: As debêntures são títulos emitidos pela Sociedade Anônima com o fim de obter recursos junto ao público garantido ao

seu titular, ao fim do prazo, o direito de obter o resgate do principal acrescido de juros e correção monetária ou a conversão do título em ações. A debênture pode ser um título causal? Para Tavares Borba este título é visto como sendo um título abstrato, pois tal operação não seria a única fonte de origem da debênture, esta posição ainda se encontra minoritária na doutrina e jurisprudência, enquanto que predomina o entendimento de Rubens Requião que coloca a debênture com um título causal, pois esta vinculada à operação de empréstimo da Sociedade Anônima junto ao público única causa autorizadora para a emissão.

9. Princípios dos Títulos de Crédito

Documento Necessário – o título deve estar necessariamente corporificado em um documento específico. Não existe

(7)

Cartulariedade – é a corporificação do título no papel, por meio de um documento. Dessa característica surge algumas

decorrências, uma delas é a função legitimadora do título a pessoa que o detêm a efetuar a cobrança, a outra decorrência e que as obrigações provenientes deste título tem natureza quesível, isto é, a iniciativa da cobrança deve partir do credor na data do vencimento, uma terceira decorrência é a que o título de crédito é um título de apresentação, elemento que irá qualificar perante um devedor a pessoa do credor, tais decorrências são em virtude da Teoria de Jacob que coloca que o título transforma uma aparência em realidade, isto é, a detenção do título transforma a pessoa na realidade do credor.

Literalidade – Também é conhecida de completude, que significa dizer que somente tem validade aquilo que esta

escrito no corpo do título. A doutrina faz previsão para folha de alongamento, que seria uma mera continuidade do título, não podendo anexar nada além do que é previsto ao título. A obrigação do devedor somente irá existir após a feitura de sua assinatura no título, excetuando-se, os casos do aceite tácito ou presumido na duplicata (art. 15, Lei 5474/68), podem ser cobrados, mesmo não constando do TC, os juros, a correção monetária, os honorários advocatícios e despesas judiciais. Isso decorre de lei.

OBS.: O cheque pós-datado (ou pré-datado) tem a natureza jurídica de ordem de pagamento à vista, assim pode ser

descontado a qualquer momento fora da data, e esta natureza prevalece sobre a literalidade do pré-datado. Contudo, na jurisprudência tem havido a discussão sobre a responsabilidade civil de quem desconta o cheque antes da data combinada devida a existência de uma relação de confiança, há a existência de um negócio fiduciário, quanto a esta polêmica há duas correntes:

1º Corrente: Não há a responsabilidade civil pois o credor esta no exercício regular do seu direito

2º Corrente: Há a responsabilidade civil, devido à violação de uma relação de confiança, de um negócio fiduciário, que é um

instituto reconhecido pelo Código Civil, produzindo assim uma obrigação de não-fazer e pelo CDC há a violação da boa-fé e do princípio da publicidade, esta corrente somente é majoritária se a relação em questão for uma de consumo, caso seja uma relação privada não a posição majoritária.

Na conta em conjunto há a solidariedade mas esta não se confunde com a cartulariedade e literalidade, assim somente haverá a obrigação cambiária para quem assina o cheque ou qualquer outro título de crédito, sendo somente ele o legitimado passivo. Caso a conta conjunta seja entre um menor e um adulto, e o menor assine um cheque, o adulto não possui a obrigação cambiária, entretanto, nada impede que haja a responsabilidade civil regida pelo Código Civil (art. 151, I). Havendo um dos titulares falecido, o outro pode levantar os valores depositados na conta, devendo levar metade para o inventário (art. 639, CC).

Autonomia – Cada direito resultante de um título de crédito é um direito novo. Dessa característica decorre o

princípio da independência das obrigações cartulares, as obrigações novas resultantes da transferência do título, não têm vínculos com as anteriores e seus vícios não afetam as posteriores, ou seja, o vício de uma obrigação não contamina as demais. Conseqüentemente, o credor, ao exigir de algum devedor cambiário o pagamento do valor ou o cumprimento da obrigação cambiária, não pode este devedor alegar exceções pessoais defesas de outros devedores em relação ao 3o de boa fé, ou seja, o

credor.É o princípio mais importante para as questões práticas. A finalidade do princípio da autonomia é garantir a receptividade e a aceitabilidade do TC, ou seja, para dar segurança à sua circulação. O credor de boa fé vai receber, não importa de quem.

(8)

Inopobilidade de exceções de 3º de fé – o terceiro irá exercer um direito puro e sem vícios desde que tenha

boa-fé . Esse princípio e bem trabalhado pela teoria “Kausalass” do alemão Adler, onde coloca que os vícios ficam restritos as partes originárias.

Princípio da Abstração - embora alguns autores os igualem, esse princípio é distinto do anterior. Por esse princípio,

não se pode invocar RJ causal para não se pagar a RJ cambiária, ou seja, não há vinculação entre elas. Segundo esse princípio, ao ser constituída a obrigação cambiaria, esta se desvincula, se abstrai da RJ causal (causa debendi ou negócio subjacente). Assim sendo, ao ser cobrado, o devedor não pode invocar a causa a fim de não cumprir a obrigação cambiária.

OBS.: em relação à duplicata, a lei dez que só pode decorrer de compra e venda mercantil ou prestação de serviço. Logo, é TC

CAUSAL, ou NÃO ABSTRATO.

Não confundir com o princípio da abstração. A desvinculação ocorre no momento do aceite (seja ficto ou expresso). A partir daí não se pode mais alegar irregularidade da RJ subjacente. O devedor, quando do saque (criação) da duplicata, tem um momento oportuno para invocar a RJ subjacente ou causal, e, nesse momento, não proceder ao aceite, ou seja, o reconhecimento da obrigação cambiária, consoante o disposto nos Art. 15 II e 8o L 5474.

Princípio da Independência - o TC é independente, ou seja, vale por si só, pois, por ser TE extrajudicial (Art. 585 CPC), não depende de nenhum outro AJ que lhe dê eficácia, tendo, inclusive, segundo Liebman, eficácia processual abstrata.

10. Teoria Dúplice de Cesare Vivante

Esta teoria afirma que entre as partes originárias vigoraria a chamada lei do contrato (formulada por Savgny) a qual não vigora perante um terceiro, que perante eles é uma declaração unilateral de vontade (Kuntze e Einrt)

11. Natureza do Pagamento

Quanto à natureza do pagamento a doutrina apresenta-se dividida em duas correntes. A primeira corrente, minoritária, entende que o título é pró-solúvel, isto é, quita a dívida produzindo a novação da obrigação anterior, esta corrente é defendida por Mangarino Torres; a segunda corrente entende o título como sendo pró-solvendo, só na quitação com o recebimento do dinheiro esta posição é a adotada por Rubens Requião, Carvalho de Mendonça, Paulo Restiffe e STF.

12. Declarações Cambiárias I. Espécies

1-

Originária – É a manifestação de vontade que constitui a obrigação cambiária, que cria o título. Ex: na NP, sua emissão é

declaração cambiária originária. Idem para o cheque. Em relação à letra de câmbio e à duplicata, é o saque.

2-

Sucessiva – É a manifestação de vontade inserida no título após sua criação. Ex: endosso, aceite e aval.

(9)

3-

Necessária - É indispensável para a existência do título. As originárias são também necessárias, pois sem elas não há título

de crédito.

4-

Eventual - Não é indispensável. As sucessivas são também eventuais. II. Tipos

1. Letra de Câmbio (L.U.G. – Decreto 57.663/66 e Decreto 2044/08) - - trata-se de uma ordem de pagamento em

dinheiro a vista ou a prazo que o sacador saca contra o sacado em favos do beneficiário, sendo assim um ato de criação do saque. A letra de câmbio surgiu para extinguir duas obrigações, sendo que aqui o aceite é facultativo, o que torna difícil sua existência, pois pode ocorrer o vencimento antecipado. O primeiro endossante é o credor originário passando posteriormente a condição de devedor indireto. O sacador cria a obrigação cambiária, mas, pelo Art. 9o LUG, também é coobrigado, porque garante o cumprimento da obrigação. Ou seja, caso o sacador não proceda ao aceite ou, em aceitando, não pague, cabe ao credor tão somente comprovar tais situações através do protesto, e o secado é aquele cujo nome consta na letra de câmbio apenas como recebedor da ordem de pagamento, não sendo, portanto, devedor cambiário, vez que, além de não ter assinado no título, não consta no rol do Art. 47 1a alínea LUG. O sacado é mero devedor do sacador. Para se tornar devedor cambiário terá que fazer o aceite. Ou seja, reconhece que no vencimento deverá cumprir a obrigação cambiária, passando assim a ter a qualidade de

aceitante, este sim, devedor cambiário solidário direto. A. Características

1-

Segundo entendimento DOMINANTE, é título próprio, abstrato. Porem, para Fábio Ulhoa, é título próprio limitado.

2-

É título constituído por um devedor cambiário indireto ou coobrigado, que é o sacador.

3-

É título que subsiste mesmo que não haja devedor cambiário direto, ou seja, aceitante. Neste caso, cabe ao credor comprovar a falta de aceite através do protesto. Sendo assim, há vencimento antecipado da dívida, podendo ser esta cobrada do sacador ou outro coobrigado.

4-

Assim como a duplicata, são os 2 únicos títulos passíveis de aceite, pois no cheque e na nota promissória, estes já nascem aceitos, ou seja, com a obrigação cambiaria já reconhecida. No entanto, na letra de cambio, o aceite é sempre expresso, não podendo ser presumido, como na duplicata, onde o legislador presume o reconhecimento da obrigação cambiária pelo sacado independentemente da assinatura deste. Art. 15 II e 8o L 5474/68.

B. Modalidades de Vencimento

À Vista - o vencimento ocorre com sua apresentação. Se for omissa, será sempre à vista.

A Dia Certo - o vencimento ocorre em uma determinada data estabelecida.

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A Tempo Certo Da Vista (Aceite) - nessa LC, a cláusula “proibitiva” de aceite não pode ser inserida, senão o pagamento

não ocorrerá nunca, não ocorrendo também o vencimento antecipado.

2. Nota Promissória (L.U.G. – Decreto 57.663/66 e Decreto 2044/08) – Trata-se de um título de crédito abstrato

onde esta retratado uma promessa de pagamento em dinheiro que o emitente faz em favor do beneficiário/credor/tomador (art. 75 e ss., L.U.G.), a nota promissória pode tanto ser a vista quanto a prazo. O seu momento de criação é a emissão que parte da pessoa do credor em favor a do credor. Nesta declaração não há o aceite porque a promessa é feita pelo próprio devedor, dessa forma a nota já nasce aceita. O credor pode endossar o título tornando-se também devedor deste. O contrato de confissão, apesar de sua semelhança com a nota promissória, assinado por duas testemunhas torna-se um título executivo, contudo não

assume a posição de título de crédito.

QUADRO COMPARATIVO ENTRE NOTA PROMISSÓRIA E A LETRA DE CÂMBIO

NP. LC.

TC abstrato. TC abstrato, pelo entendimento DOMINANTE, mas Fábio Ulhoa

Coelho diz que é TC limitado, por força do Art. 2o L 5474/68.

É PROMESSA de pagamento. É ORDEM de pagamento em relação ao sacado, e PROMESSA de pagamento em relação ao sacador.

Criada pelo devedor direto. Criada pelo devedor indireto, que é o sacador. Não há aceite, pois já nasce com obrigação

cambiária reconhecida.

É passível de aceite, mas este não é indispensável para subsistência válida do título.

3. Duplicata (Lei 5474/68) – É um título de crédito causal e não abstrato (concreto) sacado pelo vendedor ou pelo prestador de serviços contra o comprador/devedor o qual corporifica o crédito resultante de um contrato celebrado, tendo assim a finalidade de documentar tal crédito decorrente. O art. 25 da Lei 5474/68 admite a aplicação subsidiária dos Dec. 2044 e

57663/66, que regulam a letra de câmbio.

Obs.: Art. 31 p.un Dec. 2044 trata da prisão administrativa que é decretada em razão da retenção indevida do título de crédito. No entanto, há controvérsia a respeito de sua recepção ou não pela CF 88, existindo dois posicionamentos: o primeiro,

majoritário, defende que o artigo não foi recepcionado pela CF, pois viola o Art. 5o LXVII CF, em que somente se admite prisão civil em 2 únicas hipóteses: dívida de alimentos e depositário infiel, o segundo, minoritário, admite a subsistência de tal prisão, desde que decretada por ordem judicial devidamente fundamentada, consoante o disposto nos Art. 5o LXI e 93 IX CF.

A. Aceite

Na DP, o aceite pode ser EXPRESSO, quando o sacado assina o TC, ou TÁCITO ( ou PRESUMIDO ou FICTO), enquanto que na LC o aceite só pode ser expresso.

Isso é EXCEÇÃO ao princípio da literalidade. Art. 15 II c/c 8o LD.

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SACADOR - é o credor.

SACADO - ainda não é devedor cambiário, mas é devedor.. ACEITANTE - já é devedor cambiário.

A doutrina entende que o aceite na DP é obrigatório. No entanto, deve-se atentar que esta obrigatoriedade somente se faz presente se a causa debendi não tiver qualquer irregularidade ou, caso tenha, esta não tenha sido apontada pelo sacado ao sacador no prazo decadencial de 10 dias a contar do recebimento da DP para que se procedesse o aceite.

C. Fatura

É o mero espelho da negociação. É o documento comprobatório da RJ causal, que é o contrato de C e V mercantil ou prestação de serviço. A duplicata é criada com base na fatura. A fatura é obrigatória quando as vendas são a prazo. Vendas a prazo são aquelas com pagamento superior a 30 dias. Existe diferença entre fatura e nota fiscal que são:

 As 2 podem estar ou não no mesmo documento.

 Um comerciante desonesto pode ter a fatura e não ter a nota fiscal.

 A nota fiscal tem finalidade tributária, que é a arrecadação de tributos.

D. Triplicata

Trata-se de um “título” previsto no art. 23 da Lei 5474/68., sendo que somente pode ser emitida no caso de perda da duplicata, admite-se saque da triplicata, que é cópia daquela.

Em relação à admissibilidade da triplicata na retenção indevida da duplicata, que não consta nesse artigo, a doutrina não se mostra unânime quanto ao tema apresentado-se sobre a forma de duas correntes: a primeira, majoritária, e que vem prevalecendo na jurisprudência defende que esse artigo é meramente exemplificativo, cabendo, então, a triplicata na retenção indevida da duplicata, a segunda corrente, minoritária, é um posicionamento mais técnico, pois considera o artigo taxativo, não cabendo a triplicata na retenção indevida da duplicata, até porque existe na lei uma solução específica para essa hipótese, que vem a ser o protesto por falta de devolução e, eventualmente, a prisão administrativa, para quem entende que está em vigor.

4. Cheque (Lei 7357/85) – É uma ordem de pagamento em dinheiro à vista que o emitente faz em favor do beneficiário.

A peculiaridade do cheque é que a instituição financeira (banco), também tida como sacado não possui nenhuma obrigação cambial visto não fazer parte da relação jurídica cambiária, só possuindo relação jurídica com o seu cliente, relação esta regida pela lei civil de consumo (CDC), não existe o aceite no cheque.

A. Natureza Jurídica.

A doutrina não se apresenta coesa quanto a este tema se dividindo em três correntes: a primeira, minoritária, e a defendida por Pontes de Miranda que afirma que o cheque não é um título de crédito e sim mero instrumento de retirada de fundos e forma de pagamento, em oposição Rubens Requião defende sua posição, majoritária, também adotada por Bulgarelli, Fran Martins e Waldemar Ferreira, de que o cheque –e um título de crédito próprio, desde que colocado em circulação. Do contrário, é mero instrumento de retirada de fundos e forma de pagamento., e por último Luís Emidio defende isoladamente,

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que o cheque a princípio, sempre terá natureza cambiária, ou seja, é título de crédito próprio, independentemente de sua colocação em circulação. Só perderá a natureza cambiária se o credor for o próprio emitente, sendo assim mero instrumento de retirada de fundos.

Fundamento das posições que consideram o CH como TC - eles tem 2 aspectos inerentes ao TC, que são a confiança e o tempo.

B. Figuras

No cheque existe a figura do emitente, que é o devedor direto, a do tomador, que é o credor e o sacado, que é a instituição financeira. A natureza jurídica da relação entre o banco e o emitente é obrigacional, e não cambiária. O sacado não é devedor cambiário, como, aliás, todo sacado. A relação jurídica no caso é contratual, em que o sacado tem o dever de cumprir a ordem de pagamento à vista, desde que haja suficiente previsão de fundos ou abertura de crédito.

Então, a responsabilidade do sacado, banco, não é cambiária e sim contratual, se o banco for apenas sacado. Se o banco for avalista, há responsabilidade cambiária. Mas, normalmente, o banco só responde por ilícito contratual, como, por exemplo se devolver um cheque quando houver fundos na conta corrente do emitente.

Em caso de assinatura falsa do emitente, a posição é controvertida, caso o banco pague este cheque: a primeira corrente,

minoritária, coloca que a responsabilidade é sempre do banco, pois tal risco é inerente à atividade bancária, já uma segunda

posição, majoritária, é a posição do STF (Súmula 28 STF), para esta corrente há presunção relativa de que o banco é culpado. Quando existe essa presunção, o ônus da prova é invertido, cabendo ao banco provar a culpa concorrente ou exclusiva do correntista, ensejando, respectivamente, atenuação ou exclusão da responsabilidade do banco., também sendo aplicado para alteração de valor do cheque.

C. Cheque Pós- Datado.

Este título de crédito possui a de promessa de pagamento, sendo assim uma Nota promissória. No entanto, se for apresentado antes, o cheque será pago pelo banco, porque essa cláusula é considerada não escrita, de acordo com o art. 32 Lei 7357/85.

O cheque pós-datado é tido como crime, mas não o do art. 171, § 2o, VI do Código Penal, pois a analogia em malan parten é proibida., dessa forma não se pode ampliar o cheque para abranger o pós datado. No entanto, pode configurar o crime

do caput. Em relação ao comerciante que desconta um cheque pós-datado e o desconta, incide no art. 160, em tese. Se o caso tratar de um cheque comum sem fundos o fato será do típico do, art. 171, § 2o, VI.

Se, antes do recebimento da denúncia, o valor for pago, aplica-se a Súmula 554 STF, que, por sinal, está errada, quando diz que a ação penal não prossegue. No entanto, o crime foi consumado, devendo apenas ocorrer diminuição da pena. Contudo esse entendimento é minoritário. Isso ocorreu antes da reforma de 84, ou seja, antes da inserção do art. 16 do Código Penal, que é causa especial de diminuição de pena. A referida súmula contraria este artigo.

(13)

Seu prazo de apresentação ao sacado está no Art. 33 Lei 7357/85, caso seja da mesma praça, é de 30 dias, contados da emissão, se for de praça diferente, são 60 dias, da emissão.A Súmula 600 STF amplia esse prazo para 6 meses.A importância de se apresentar o cheque no prazo de 30 ou 60 dias é a seguinte:

 Em regra, o prazo de apresentação fixa o termo inicial, ou termo a quo, para propositura de ação cambiária;

 Se for perdido o prazo legal, o credor perde o direito de acionar os coobrigados, caso existam, só podendo cobrar do devedor direto, através de ação cambiária, e, ainda assim, no prazo previsto no art. 59 Lei 7357/85 c/c Súmula 600 STF.

 Em relação à revogação ou contra ordem, os prazos legais são importantes, pois estas só operam seus efeitos após o prazo de apresentação.

 Em relação ao cheque visado, a garantia da existência de fundos pelo sacado só produz efeito no prazo legal, porque a quantia reservada volta para a conta corrente após este prazo.

 O art. 47 § 3o Lei 7357/85, que é exceção à Súmula 600 STF, ou seja, perde-se o direito de se propor ação cambiária

não caso descrito (provar que o CH tinha fundos no prazo legal e agora não tem, mas NÃO POR CULPA DO EMITENTE). Obs.: ATENÇÃO o art. 47 § 3o L7357/85 só fala em emitente, não do avalista. A interpretação é restritiva, ou seja, pode-se

cobrar do avalista. Por isso o aval no CH é perigoso. O art. 59 Lei 7357/85 está correto, desde que o cheque não tenha sido apresentado no prazo legal. O prazo de 6 meses começa a correr no dia em que o cheque é devolvido, e não a partir dos 30 ou 60 dias - STJ.

REVOGAÇÃO ou CONTRA-ORDEM. SUSTAÇÃO ou OPOSIÇÃO.

Forma de impedir o resgate do valor contido no CH. Idem.

Desconstitui a ordem de pagamento à vista. Retira a natureza cambiária do CH, que passa a não mais ser

TC, e sim título de dívida.

Logo, inviabiliza propositura de ação cambiária, sendo esta sua vantagem.

Visa apenas impedir o pagamento do CH. A ordem de pagamento à vista subsiste, apenas não é cumprida. O CH continua sendo TC, mantendo sua

natureza cambiária.

Logo, viabiliza a propositura de ação cambiária. Pode-se opor embargos à execução. É a sua

desvantagem. Não produz efeitos imediatos, apenas após o término

do prazo de apresentação (30 ou 60 dias). Logo, mesmo revogado, se o credor o apresenta no prazo, o

banco pagará, se houver fundos. É a sua

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desvantagem. 13. Aceite

I. Conceito

Declaração unilateral cambiária sucessiva e eventual, e autônoma em que há manifestação de vontade do sacado no sentido de reconhecer que irá cumprir no vencimento a obrigação cambiária, tornando-se, portanto, ACEITANTE, ou seja, devedor cambiário direto (o sacado ainda não é devedor cambiário direto).

II. Suas espécies são:

EXPRESSO - na letra de câmbio.

TÁCITO ou PRESUMIDO - na duplicata, onde também pode ser expresso. III. Efeitos do Aceite

1-

Em ocorrendo, o sacado passa a ser aceitante, passando a ser devedor cambiário direto.

2-

Em sendo recusado, ocorre vencimento antecipado da dívida. A LC passa a ter como devedor cambiário apenas o sacador (

Art. 9o LUG), sendo necessário protesto por falta de aceite, que assegura o exercício do direito de ação cambiária indireta ou regressiva em face do sacador, pois a recusa do aceite já faz presumir que o sacado não irá cumprir a obrigação cambiária no vencimento, importando assim no vencimento antecipado da dívida.

Obs.: o protesto não cria direito, ele apenas assegura o exercício do direito.

IV. Parcialidade (art. 26, L.U.G)

O sacado pode reconhecer como legítimo apenas uma determinada parte da obrigação

V. Cancelamento (art. 29, L.U.G)

O cancelamento pode ocorrer até que se devolva o título, isto é, enquanto o título estiver em posse do devedor, e pode ocorre com a rasura da assinatura do título

VI. Duplicata

Na duplicata o aceite é obrigatório, e deve ser remetida em até trinta dias após o saque, pode ser direto, feito pelo próprio vendedor, ou indireto, realizado por meio de uma instituição financeira.

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O devedor possui 10 dias a contar do recebimento para se pronunciar favorável ou não a duplicata, e o prazo é decadencial. Após os 10 dias podem ocorrer três situações:

1º Hipótese – Há o desfecho normal, o comprador aceita a duplicata e a devolve ao seu credor (princípio da cartularidade) 2º Hipótese – O devedor devolve o título e não o aceita devendo justificar essa recusa, que deve estar entre as causas legítimas

para o aceite (art. 8º Lei 5474/68). Na doutrina discute-se se tais causas são ou não taxativas, para Rubens Requião as causas do artigo são meramente exemplificativas, sendo que prevalece a posição de Ancor Márcio Valle que afirma ser tais cláusulas taxativas pois se tratam de cláusulas de exceção. A recusa justificada retira a força executiva do título que irá ser discutida em via ordinária.

3º Hipótese – o devedor não aceita e também não devolve. Quando a esse caso a lei criou o protesto por falta de devolução ou

protesto por indicação, devendo para tanto o vendedor apresentar a nota fiscal e o comprovante de entrega da mercadoria junto com a certidão do protesto, via uma ação executiva, e uma certidão negativa de falência, sendo essa situação é considerada como um aceite tácito ou presumido, é a única exceção ao princípio da liberalidade.

14. Endosso. I. Conceito

É o AJ cambiário translatício do direito de propriedade. Transfere a titularidade do direito de crédito, documentada num TC nominal com cláusula à ordem, sendo praticado por uma pessoa denominada endossante em favor de outra, denominada

endossatário, que passa a ser o novo credor. II. Efeitos

1-

O endossante, que é quem transfere, deixa de ser credor e passa a ser devedor coobrigado ou indireto, ou seja, tem que cumprir a obrigação caso do devedor principal não a cumpra. Esse não cumprimento pelo devedor principal tem que ser provado mediante PROTESTO, que é ato cartoriano, extra judicial, servindo apenas para comprovar o não pagamento.

OB.: A ação cambiária direta é contra o devedor principal. A ação cambiária indireta é contra coobrigado. Em regra, nesta, é indispensável o protesto.

2-

Quem recebe, endossatário, vira o novo credor.

3-

transfere direito autônomo e abstrato, que é o direito de crédito. Ou seja, não podem ser alegadas exceções pessoais para não pagamento.

A transferência da titularidade implica na transferência do documento. No entanto, nem sempre que se transfere um documento se está transferindo a titularidade.

Ex: autorizar alguém, por procuração, a exercer o direito de crédito. Nesse caso, não foi transferida a titularidade, e sim o seu exercício.

(16)

1) Quanto aos Direitos Transferidos.

1-

PRÓPRIO ou REGULAR - efetivamente transfere a titularidade do direito de crédito, sendo necessário também que haja a entrega da cártula, vez que os TC são títulos de apresentação.

2-

IMPRÓPRIO ou IRREGULAR - não transfere a titularidade do direito de crédito, mas apenas seu EXERCÍCIO. O endossatário não é credor.

Suas espécies são;

ENDOSSO MANDATO.

ENDOSSO CAUÇÃO

2) Quanto à Identificação do Endossatário.

1-

Em Branco ou ao Portador - o endossatário não está identificado no TC.

2-

Em Preto ou Nominal - o endossatário está identificado no TC. 3) Situações Especiais.

1-

Endosso Parcial - em nosso sistema não é possível, sendo NULO, de acordo com o Art. 12 LUG. A cessão é que pode

ser parcial.

2-

Endosso Condicionado - é válido, mas a condição é considerada não escrita, ou seja, o endosso é válido e a condição

não.

3-

Endosso de Retorno - é o endosso a pessoa que já fazia parte da RJ. Ex: A endossa para B, que endossa para C, que

endossa para D, que endossa novamente para B.

4-

Re-endosso - é vinculado ao endosso de retorno. O re endosso pressupõe o endosso de retorno. É o que ocorre quando

o beneficiário do endosso de retorno o endossa para outra pessoa. No exemplo anterior, B, endossa o TC para E. Obs.: Endosso é pro soluto e pro solvendo.

4) Endosso Sem Garantia.

Só tem efeito pro soluto. Se o devedor principal não paga, o endossante sem garantia não pode ser obrigado a pagar. Ele não garante o cumprimento de sua obrigação, só garante sua existência. Art. 15 LUG.

(17)

Não proíbe o protesto. O que ocorre é que, se o endossatário endossar o TC, não há garantia de cumprimento da obrigação. Observe-se que não há, na verdade, proibição de novo endosso. APENAS NÃO SE GARANTE A OBRIGAÇÃO. CUIDADO COM ISSO. O endossante só a garante para o 1o endossatário.

A diferença com o endosso sem garantia é que este não garante o cumprimento da obrigação para ninguém. Na proibição há garantia apenas para o 1o endossatário.

15. Aval I. Conceito

É declaração cambiária sucessiva e eventual, em que uma determinada pessoa, o avalista, insere no título de crédito garantindo o cumprimento da obrigação cambiária, independentemente de sua cobrança do avalizado. Não há benefício de ordem. Pode-se cobrar diretamente do avalista, sendo assim portanto uma garantia assumida por um terceiro que se formaliza através da assinatura do título. O aval possui a natureza jurídica de declaração cambiária autônoma e abstrata.

II. Aspecto básico

O avalista assume a mesma posição jurídica que o avalizado (art. 32, L.U.G.), dessa forma o credor pode exigir o crédito de qualquer um.

III. Modalidades

Aval em preto – é o que indica a pessoa do avalizado.

Aval em branco – neste caso não há a indicação do avalizado, aqui há uma presunção absoluta de que a garantido é a

pessoa do criador do título.

IV. Diferença do Instituto da Fiança

A fiança é uma garantia do direito comum, sendo o aval regido pelo Direito Cambial, sendo garantia exclusiva dos títulos de crédito.

A fiança tem natureza jurídica de contrato, e o aval possui a natureza de uma declaração unilateral de vontade. O fiador não se encontra no mesmo plano jurídico que o afiançado, sendo a fiança uma obrigação acessória e o aval uma obrigação principal.

Na fiança o credor deve respeitar o benefício de ordem, isto é, deve primeiro executado o afiançado e depois o fiador, no aval não há o benefício de ordem. A fiança pode ter como objeto uma obrigação ilíquida, o que não pode ocorrer com o aval, pois não há a possibilidade da existência de tal obrigação no título de crédito.

O fiador tem maior amplitude de defesa porque ele pode se valer apresentação de suas próprias exceções, e também as pessoais do afiançado, esta última não pode ser usada pelo avalista.

(18)

AVAL. FIANÇA.

Garantia fidejussória pessoal. Garantia fidejussória pessoal. Instituto de direito comercial, cambiário,

restrito aos TC.

Instituto do direito civil, ligado a direito obrigacional, contratual.

Declaração unilateral de vontade. Declaração bilateral de vontade, ou seja, contrato.

Incondicionado. Pode ser condicionada.

Dispensa benefício de ordem. Em regra, há benefício de ordem. Há autonomia das obrigações, ou seja, o vício

de uma não contamina a outra.

É contrato acessório, seguindo o principal, que, se nulo, anula a fiança. Não há necessidade de consentimento do

cônjuge (outorga uxória e vênia marital).

Sem consentimento do cônjuge, a fiança é nula.

OBS: Se a pessoa for casada para ser fiador deve ter a autorização do cônjuge, que não é necessária no aval. Aval Antecipado

É o concedido antes de um determinado evento e pode ser:

Ao endosso – é condicional, caso efetue o endosse, será concedido o aval.

Ao aceite – Quanto a esse aval, a doutrina não é unânime quanto ao fato desse aval ser condicional ou não, para

Rubens Requião o avalista possui a obrigação cambiária, isto é, que o aval antecipado ao aceite não é condicional, há a obrigação mesmo que o sacado não aceite a letra, sendo esta posição minoritária, prevalecendo a tese defendida entre outros por Fran Martins, Carvalho de Mendonça, Paulo Lacerda e Mangarino Torres, que entende que o avalista esta condicionado ao aceite do sacado.

V. Pluralidade do Avalista

Podem ocorrer duas espécies de pluralidade:

Simultânea – Nesta todos os avalistas estão ao mesmo tempo garantindo o avalizado, e se materializa através da

seqüência horizontal, e por todos ocuparem a mesma posição jurídica, o credor pode acionar qualquer um, avaliado e avalistas. O avalista quando é obrigado a efetuar o pagamento da dívida, na relação interna ele tem o direito de regresso por serem solidários e por tal solidariedade estar regida pelo Código Civil.

Sucessiva ou Superposta – Nesta os avalistas se encontram em uma seqüência vertical, dessa forma a avaliada não esta

sendo garantido pelos demais avalistas, ao mesmo tempo, somente por uma avalista, que é garantido por outro e assim por diante. Na relação interna dos avalistas a solidariedade é cambiária, isto é, se um dos avalistas for cobrado ele poderá exigir toda dívida dos demais que no caso é feita à cobrança contra o seu garantido e somente ele. Esse tipo de aval é necessariamente em

(19)

VI. Aval contra proibição de Contrato Social

A sociedade fica obrigada por tal aval? Tal pergunta remete ao estudo da teoria ULTRAVIRES, assim a sociedade irá responder pelo aval praticado por seu gerente, e vai se basear no princípio da aparência, isto é, o gerente aparenta ter tal poder e pela dinâmica do Direito Comercial não se faz a exigência da análise do contrato social, e também se baseia na culpa in eligendo e in vigilando e no art, 42 do Decreto 2044/08, que coloca que quem tem a capacidade jurídica também possui a cambiária, como a sociedade possuía jurídica também irá possuir a cambiária.

VII. Aval e cônjuge

A responsabilidade patrimonial do avalista casado apresenta-se controversa sendo que esta encontra-se no art. 3º da Lei 4121/62 (Estatuto da mulher Casada), dizendo que são atingindo os bens do avalista e também os comuns até a meação, assim, em tese, a cônjuge não consultado recebe a proteção legal para os seus bens particulares e os comuns até a meação (ver Súmula 134, STJ), contudo, a jurisprudência tem ampliado a responsabilidade em certos casos, atingindo a todos os bens comuns a até mesmo os particulares pois mesmo sem dar a autorização o outro cônjuge se beneficiou da transação, cabendo ao credor o ônus de tal prova, sendo esta a interpretação sistemática do art. 1º da Lei 4121/62. Esta lei fez inúmeras alterações no Código Civil, inclusive acrescentou parágrafo único ao Art. 246 CC, que dispõe sobre os hediondos bens reservados, admitindo que estes sejam atingidos em havendo benefício da família.

A tendência moderna é de que os bens do cônjuge não obrigado sejam atingidos. Tanto é assim que, no Art. 42 DL

7661/45 (Lei de Falência), em havendo falência, o legislador permite que os bens comuns até a meação do cônjuge do

comerciante sejam arrecadados pelo síndico para formar a MF, não admitindo apenas que sejam arrecadados os bens particulares.

16. Protesto. I. Conceito

AJ cambiário extrajudicial, cartoriano, que tem por finalidade comprovar a falta de aceite ou a falta de pagamento, viabilizando assim que o credor possa cobrar dos devedores cambiários indiretos ou coobrigados.

II. Modalidades.

Segundo entendimento dominante, há 2 modalidades:

1-

Por falta de aceite - restrito à duplicata e à letra de câmbio. O sacado não reconhece a obrigação cambiária.

2-

Por falta de pagamento - comprova o não pagamento da obrigação cambiária pelo devedor cambiário direto. É necessário

para se poder cobrar dos devedores indiretos.

Obs.: existe entendimento minoritário que admite uma 3a modalidade, que é o “protesto por falta de devolução do título”, que

ocorre quando o título fica indevidamente retido pelo devedor, impedindo, portanto, que o credor exerça o seu direito de crédito. Para a teoria dominante, é uma sub espécie de protesto por falta de pagamento.

(20)

III. Natureza Jurídica

Em regra, o protesto é condição especifica para o legítimo exercício do direito de ação cambiária indireta ou regressiva, salvo estipulação diversa em contrário.

Ex: existência de cláusula sem protesto.

Obs.: o protesto, em regra, é necessário para que se cobre do devedor indireto. Mas, excepcionalmente, pelo art. 46 LUG, pode ser inserida expressamente uma cláusula sem protesto, ou sem despesa, cujo efeito vai depender da pessoa que a inseriu. Caso quem a tenha colocado seja o criador e constituidor do título de crédito, tal cláusula terá efeito amplo, ou seja, o credor não precisará protestar para cobrar de nenhum devedor cambiário, seja direto ou indireto. Se quem a colocou foi outra pessoa que não o constituidor, o protesto terá efeito restrito. Logo, o credor precisará protestar para cobrar o valor daqueles que não colocaram a cláusula.

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