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As políticas sobre o passado, memória e transição democrática: o caso brasileiro e suas relações com a América Latina e África do Sul

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Academic year: 2021

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As políticas sobre o passado, memória e transição democrática: o caso brasileiro e suas relações com a América Latina e África do Sul

GISLENE EDWIGES DE LACERDA *1

A questão da memória está na pauta das sociedades em pleno século XXI. Em diversas partes do mundo existem países tentando retomar a vida que foi interrompida em condições calamitosas. Golpes de Estado, guerras, genocídio, ditaduras, perseguições religiosas, segregação racial, perseguição política, desaparecimentos e mortes, entre outros, marcaram a história de diversos países. Tudo isto atingiu diretamente a sociedade, foram famílias dispersadas, amigos desaparecidos, filhos e pais mortos, mutilações resultado de torturas, violência, direitos humanos feridos, prisões, exílios, perda do emprego e da vida, esperanças frustradas e lágrimas caídas. Marcas que não se esquecem. Momentos históricos que não podem ser desprezados ou esquecidos. São traumas e marcas intransponíveis de sujeitos, mas que representam marcas da sociedade e não podem ser tratados como questões exclusivamente particulares. Erros de uma época que ao ficarem na impunidade reeditam novos erros no presente (BRITO: 2002: 195).

O Estado é quem precisa assumir a responsabilidade da não repetição a partir do não esquecimento. Segundo Elizabeth Sussekind, o estado deve conduzir uma justiça transicional que consiste “em uma justiça de entendimento histórico, ampla, que contribui para encerrar alguns capítulos extremamente dolorosos e permite sua ultrapassagem” (SUSSEKIND, 2009: 10).

Na América do Sul, entre 1960 e 1980, alguns países viveram uma experiência semelhante: os governos militares. Dentro de suas especificidades, ao longo destes anos Brasil, Chile, Argentina e Uruguai passaram por golpes políticos que levaram militares ao comando destes países e instauraram um tempo de violação dos direitos humanos. O objetivo comum das ditaduras estabelecidas no Cone Sul era eliminar a subversão interna das esquerdas e restabelecer a ordem. Todo aquele que se opunha ao governo militar era inimigo do Estado e devia ser combatido.

De acordo com Barahona de Brito (2002: 196) o molde de repressão autoritária tradicional utilizado no Cone Sul era definido pela clandestinidade e ilegalidade mesmo sob as leis da ditadura. Baseava-se na violação sistemática dos direitos, coberta pelo manto

* Doutoranda. PPGHIS, Instituto de História, UFRJ. Bolsista CAPES. Orientadora: Profª Drª Maria Paula Nascimento Araujo.

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protetor da negação oficial e da impunidade e facilitada pela submissão das instituições judiciais e a manipulação da legalidade constitucional por parte dos militares. Para a autora, o impacto social gerado pelas ditaduras foi duplo: por um lado foi devastador, paralisando as sociedades em uma inércia de medo; contudo, por outro lado, foi responsável pelo inicio da dinâmica de oposição. A luta pelos direitos humanos levou à formação de grupos que tiveram um papel importante para por fim às ditaduras.

Cada um destes países fez sua transição democrática a partir de suas questões especificas dadas pela sua conjuntura política e pela cultura política do país. Em momentos diferentes estes países deram andamento à chamada justiça de transição. Uma opção recorrente foi a criação da Comissão da Verdade na busca de apurar os fatos cometidos durante o período de ditadura. Contudo as formas desta comissão eram múltiplas, ora somente da Verdade, ora da Verdade e Justiça; em outros lugares do mundo como a África do Sul, houve a Comissão da Verdade e Reconciliação em final da década de 1990 para apurar os crimes cometidos ao longo de anos de apartheid.

Desta forma, cada um destes países viveu um regime de exceção diferente, mas marcado pela violação dos direitos humanos e políticos. Cada um também viveu uma forma de transição política especifica para a democracia e cada um conduziu uma forma distinta da chamada justiça de transição. Portanto, busco neste artigo apresentar o caso da transição democrática e justiça de transição brasileira, dialogando com os modelos de justiça de transição da América Latina e África do Sul, compreendendo a transição democrática entre a história e a memória.

No caso brasileiro, o Golpe Civil Militar em 1964 inaugurou um tempo de ditadura no país foi marcado pela violação dos direitos humanos e democráticos. Dez anos depois, em 1974, teve inicio o longo processo de transição para a democracia, que durou 11 anos, o que fez da ditadura brasileira a mais longa do Cone Sul. O processo de transição democrática brasileiro foi marcado por duas frentes principais que estavam em constante confronto: a militar e a civil. Relativa à frente militar, temos o general Ernesto Geisel que em 1974 assumiu a presidência da República, tendo como vice o general Adalberto Pereira dos Santos. Os militares, para se manterem no poder e no controle da transição para a democracia, adotaram uma política de abertura do regime que mesclava medidas liberalizantes e repressivas. Segundo Maria Paula Nascimento Araújo, na época, muitos intelectuais, seja do meio acadêmico ou militante, compreenderam o projeto de abertura como fruto das divisões internas do próprio regime e como uma estratégia para ampliar a institucionalidade da

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ditadura, ao criar uma “democracia fechada” “mas também apontavam a fluidez desse projeto e a possibilidade que a sociedade tinha de interferir no seu curso, aprofundando e alargando a abertura” (ARAUJO, 2007: 209).

Desta forma, a transição democrática sofreu a influência de uma frente civil que também marcou esse processo. Setores da sociedade civil se reorganizaram e promoveram inúmeras ações de pressão ao regime, alargando os limites da abertura.

A década de 1970 presenciou um efeito “panela de pressão” em que emergiram, no contexto de transição, muitos movimentos sociais, após anos de silêncio forçados pela ação repressora da ditadura civil militar, contribuindo para a transição democrática e surpreendendo o regime, que tinha o objetivo de controlar as rédeas do processo.

Assim, a existência de uma sociedade mobilizada, simultânea ao processo de abertura política dos militares, constitui um dos principais fatores para permitir uma transição, para a democracia. O final da década de 1970 teve a marca de uma sociedade civil que se mobilizava ativamente nas diversas lutas que contribuíam para o fim da ditadura e para restaurar a democracia no país.

Destaco esta característica da transição brasileira, pois ela vai incidir diretamente sobre a questão da memória e da justiça de transição que se estabelece posteriormente. A transição de caráter negociado como a brasileira traz diferentes sujeitos ativos no processo para atingir a democracia. Os militares afirmam ter controlado a esquerda com a dura repressão e que o país estava em uma situação segura para a transição na qual eles seriam os agentes controladores. A oposição, no entanto, alargou os limites deste projeto de abertura dos militares e transformou em um processo de intensa participação social.

De acordo com Barahona de Brito, uma questão central a se pensar na analise das transições é a relação de forças e poder que se estabelece entre os agentes favoráveis e contrários à implementação de medidas transicionais. Em termos gerais, para a autora, “quanto mais uma transição ocorre com a derrota da velha elite autoritária e dos agentes da repressão, maior é a margem de manobra para o desenvolvimento de políticas de verdade e justiça”. As transições por ruptura oferecem maior âmbito de ação, particularmente quando há derrotas em guerras, tanto por forças nacionais como estrangeiras. Em contraste, no caso das transições negociadas ou “pactuadas”, como o caso brasileiro, normalmente oferecem menor margem de ação, pelo fato das forças dos regimes autoritários ainda vigorarem, de modo que a elite democratizadora tenha de se esforçar habilmente para reverter a balança de poder em seu favor. Contudo, “é importante ter em mente que raramente transições seguem

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modelos teóricos, e que haverá um espectro muito variado de situações transicionais entre os dois extremos, que podem incluir elementos de ambos” (BRITO, 2009: 64).

Contudo, em geral, de acordo com Javier Ciurlizza, um dos temas que teve de ser abordado e resolvido em todas essas transições para democracias foi o dos arranjos institucionais necessários para enfrentar um legado de abusos contra os direitos humanos, além da cultura autoritária que propiciou ou tolerou esse tipo de crime.

O que mudou nos últimos trinta anos foi o fato de que as transições já não se resolvem somente por meio de um pacto político entre setores específicos ou de um mero acordo de paz, mas também pela via do enfrentamento – jurídico, político e ético – às conseqüências das ditaduras e dos conflitos armados. Em particular, adquirem maior relevância os direitos que as vítimas do passado autoritário têm de saber o que ocorreu e de obter as reparações correspondentes, além de que os responsáveis pelos referidos crimes sejam punidos de acordo com a lei. Entende-se hoje que, para garantir que o passado não se repita, é preciso enfrentar os desafios da justiça transicional de forma séria e responsável (CIURLIZZA, 2009: 25).

Na busca de compreender melhor a justiça de transição embrenhada no Brasil, faz-se necessário compreender em que ela consiste enquanto conceito. De acordo com Paul Van Zyl, pode-se definir a justiça transicional “como o esforço para a construção da paz sustentável após um período de conflito, violência em massa ou violação sistemática dos direitos humanos”. Para o autor, o objetivo da justiça transicional “implica em processar os perpetradores, revelar a verdade sobre crimes passados, fornecer reparações às vítimas, reformar as instituições perpetradoras de abuso e promover a reconciliação” (ZYL, 2009: 32).

No entanto, o autor supra citado, mostra que o que foi mencionado anteriormente exige um conjunto inclusivo de estratégias formuladas para enfrentar o passado assim como para olhar o futuro a fim de evitar o reaparecimento do conflito e das violações. Considerando que, com frequência, as estratégias da justiça transicional são arquitetadas em contextos nos quais a paz é frágil ou os perpetradores conservam um poder real, deve-se equilibrar cuidadosamente as exigências da justiça e a realidade do que pode ser efetuado a curto, médio e longo prazo (ZYL, 2009: 32).

No caso do Brasil, a justiça transicional que se seguiu em tempos democráticos levava marcas da transição política vivida no contexto ditatorial, que devido ao seu caráter de negociação, concedeu anistia a perpetradores e a oposicionistas. No caso brasileiro, não houve o julgamento de perpetradores; já a reparação das vítimas, a busca pela revelação da verdade e a repactuação da sociedade só teve inicio muito posteriormente e ainda se encontra em vias de consolidação. Em curto prazo, com o governo ainda controlado pela mesma elite dominante durante a ditadura, não houveram avanços na justiça de transição; em médio prazo alguns

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avanços se seguiram e a longo prazo é que se verifica mais substancialmente os avanços na justiça de transição.

A ditadura no Brasil chegou ao fim oficialmente em 1985, com a eleição de Tancredo Neves a presidência, mas foi a Constituição de 1988 que se constituiu como marco político da concretização da democracia no país, mas a transição na memória não teve o mesmo encaminhamento. As políticas de memória não acompanharam a consolidação da democracia política no país e, apesar de ter tido os primeiros passos na década de 1980, ainda hoje apresenta traços inacabados.

A Igreja teve um papel importante no inicio deste processo. Segundo Barahona de Brito (2002: 203), a Igreja em uma missão secreta fotocopiou documentos confidenciais relacionados com o processo de 707 “subversivos” pelo Supremo Tribunal Militar, numa ação coordenada por Dom Paulo Evaristo Arns e pelo pastor James Wright que enviaram para fora do país para que estes documentos fossem bem guardados. E em 1985, seis meses depois da eleição indireta que elegeu Tancredo Neves e seu vice José Sarney, lançou uma versão resumida dos mesmos, editado pela Igreja Católica, o Brasil nunca mais, e que como nos países vizinhos do Cone Sul, tornou-se um best-seller.

Com a morte de Tancredo Neves, político ligado ao MDB, e a ascensão de Sarney ao poder, este ligado a ARENA, o panorama da transição na política e na memória demonstrava sinais de limitações. Sarney não realizou nenhuma ação relativa a repressão na busca de apurar os crimes cometidos durante a ditadura e nem empregou políticas de memória. O passado não fez parte do programa do governo federal brasileiro até 1998, com Fernando Henrique Cardoso.

Segundo Barahona (2002: 203), esta ausência ou atraso se justifica por alguns fatores. Primeiramente pelo fato de que, no Brasil, relativamente poucas pessoas desapareceram, a maioria delas eram membros de grupos guerrilheiros isolados e não pessoas de destaque político nacional. Em seguida, justifica esta ausência baseada na analise de que a sociedade brasileira estava acostumada a altos níveis de violência, de tortura sistemática e de tolerância a impunidade; não houve manifestações após as mortes no Araguaia, por exemplo; e as forças de segurança pública e privadas mataram mais camponeses protegendo o interesse dos grandes proprietários de terras que a dissidentes políticos debaixo do governo. Por fim, compreende que, como parte da abertura política, o congresso aprovou a Lei da Anistia em 1979, que libertou muitos presos políticos e permitiu o retorno de muitos exilados. Os militares não queriam aprová-la, contudo, não tiveram como resistir frente a organização da

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sociedade civil nos comitês pela anistia. Desta forma, os militares cederam em partes, mas colocaram limites à esta anistia e em especial defenderam a anistia aos militares. O projeto foi aceito pela oposição como modo de compensação: o retorno de lideranças políticas ao Brasil em troca da impunidade militar. Com isto, a transição para o estado de direito foi pautada no silenciamento que, segundo Edson Teles (2007: 20), limita ou elimina a superação frente ao drama vivido diante da violência estatal.

O maior malefício do consenso foi silenciar os modos divergentes com que as subjetividades sociais rompem com o modelo racional, obscurecendo as interpretações da memória e mantendo um incessante embate entre dominação e resistência dentro da normalização do regime constitucional. A oposição entre razão política pacificadora e as memórias doloridas obstrui a expressão pública da dor e reduz a memória às emoções, acabando por construir um novo espaço social justamente sobre a negação do passado. O caráter elitista e excludente presente na transição brasileira fica explicito no processo de escolha de seu primeiro governo civil pós ditadura (TELES, 2007: 20).

O primeiro governo civil deixou à margem a participação de toda a sociedade civil. O caráter sucessório indireto demonstrava os limites do Estado de Direito que se constituía baseado na manutenção de uma elite interessada em manter-se no poder. Diferente da Argentina, como destaca Barahona de Brito, no Brasil houve um alto grau de continuidade política entre o regime militar que saía e o governo que lhe sucedeu, com José Sarney, político tradicional ligado à ARENA, partido de apoio aos militares durante a ditadura. Assim, só bem mais tarde que o compromisso com um programa mais geral de direitos humanos foi levado a frente por um presidente com credencias antiditatoriais, Fernando Henrique Cardoso, intelectual de esquerda que foi exilado durante a ditadura brasileira (BRITO: 2002, 204).

Na analise de Barahona de Brito, a luta contra a ditadura por parte da esquerda brasileira se centrou em uma anistia para os presos políticos que impedia o direito de participação política de milhares de pessoas e depois a exigência de eleições diretas, através da campanha pelas Diretas Já, e não na luta contra a violação dos direitos humanos, embrenhada com tanto empenho nos países vizinhos do Cone Sul (BRITO: 2002: 204).

Para Barahona, no Brasil não se fez uma coligação entre os partidos políticos e os grupos não governamentais na busca pela verdade e justiça por passadas violações de direitos. Alguns movimentos como a OAB, a Comissão de Justiça e Paz da Igreja Católica, a Comissão de Familiares de Mortos e Desaparecidos que formaram parte do Comitê pela Anistia e o Tortura Nunca Mais não tiveram êxito na sua busca por justiça, pois permaneceram isolados e sua luta não foi a que mais mobilizou a sociedade.

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Já no governo de Fernando Collor se tocou em um tema central para a justiça de transição, que é a questão da disposição de documentos públicos e privados de interesse social à consulta pública. Foi em 1991, durante o governo do presidente Fernando Collor de Mello, que foi criada a primeira legislação que buscava regulamentar uma política nacional de arquivos públicos e privados (Lei 8.159, 8 de janeiro de 1991). Segundo Mariana Joffily (2011: 1060), ela “reforçava os direitos e restrições previstos na Constituição, estipulando um prazo de 30 anos para o acesso aos documentos confidenciais que dizem respeito à segurança nacional e de 100 anos para os papeis que pudessem atingir a intimidade, a honra e a vida privada dos indivíduos”. Esta questão causa polêmica até hoje. Embora o acesso aos arquivos da ditadura seja defendido em termos do “direito à verdade”, a discussão se torna bastante ampla e complexa ao considerar as informações de caráter pessoal presentes nestes documentos.

A discussão legal também seguiu seu curso até os dias atuais tendo sido aprovado em 18 de novembro de 2011 a Lei nº 12527 que regula o acesso à informação e que deu passos significativos na abertura dos arquivos2. Destaco que garantir o acesso à essa documentação é central para garantir o direito à “verdade”, que somente com ela será possível prosseguir no processo de transição na memória e na justiça de transição.

Em 1995, FHC aprovou a Lei nº 9140/95 que reconhecia a morte de 136 militantes políticos e obrigava ao governo pagar uma indenização aos familiares. A luta dos familiares no Brasil centrou-se na busca pela verdade mais do que no castigo e no reconhecimento por parte do Estado da responsabilidade pelas mortes e desaparecimentos. As políticas ainda iniciais desenvolvidas no país, no entanto, não deram passos significativos. Foram apurados alguns poucos casos e liberadas algumas indenizações, mas não foram suficientes para concluir a transição da memória.

Durante o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva o país deu passos significativos na justiça de transição através da Comissão da Anistia, através da Lei nº 10559, de 15 de novembro de 2002. De acordo com Paulo Abrão,

Enquanto alguns países da América Latina basearam parte de sua transição para a democracia por meio de Comissões da Verdade, o governo brasileiro criou por meio desta leia a Comissão de Anistia, um órgão composto por membros da sociedade civil inserida na estrutura organizacional do Ministério da Justiça brasileiro, cujo propósito precípuo é apreciar os requerimentos de reparação aos cidadãos que foram perseguidos por motivação exclusivamente política e atingidos por atos de exceção, na plena abrangência do termo, no período entre 18 de

2 Conferir lei na integra disponível em:

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setembro de 1946 a 05 de outubro de 1988, a fim de reconhecer os atos de exceção cometidos pelo regime ditatorial e promover o direito a reparação (ABRÃO et al, 2010: 64).

Através da atuação da Comissão da Anistia compreendemos que o processo de acerto de contas do estado brasileiro com o passado priorizou, como afirma Paulo Abrão (2010: 29), o “dever de reparar, valendo-se de um parâmetro reparatório baseado em critérios de eminente natureza trabalhista e (...) em uma idéia de ‘anistia’ que, em um sentido epistemológico significa esquecimento”. Este processo leva o país a viver um processo transicional que procura esquecer o passado, e não superá-lo.

Segundo Paulo Abrão é necessário não se esquecer de dois fatores fundamentais para se compreender os rumos da justiça de transição brasileira. O primeiro, segundo ele, se refere a questão da anistia percebida como reivindicação popular. No caso brasileiro, a anistia, diferentemente dos casos dos países vizinhos do Cone Sul como Argentina e Chile, foi amplamente reivindicada socialmente. Nestes países ela foi uma imposição do regime contra sociedade. Segundo Paulo Abrão,

É preciso ressaltar que a deturpação da lei de anistia de 1979 para abranger a tortura perpetrada pelos agentes de Estado jamais fez parte dos horizontes de possibilidade da sociedade civil atuante à época, ate mesmo porque a tortura não era uma pratica reconhecida oficialmente e seu cometimento não era visível publicamente em razão da cesura aos meios de comunicação. Porém, o que importa ressaltar aqui é que a luta pela anistia foi tamanha que, mesmo sem a aprovação do projeto demandado pela sociedade civil, por uma anistia ampla, geral e irrestrita para os perseguidos políticos, a cidadania brasileira reivindica legitimamente essa conquista para si e, até a atualidade, reverbera a memória de seu vitorioso processo de conquista da anistia nas ruas, após amplos e infatigáveis trabalhos realizados pelos Comitês Brasileiros pela Anistia, fortemente apoiados por setores da comunidade internacional (ABRÃO, 2010: 32).

A segunda questão levantada por Paulo Abrão é relativa ao papel da classe trabalhadora na resistência ao regime militar e a influência disto na política de reparação. Segundo ele, as constantes greves operárias e manifestações dos trabalhadores lhes renderam demissões, muitas vezes em massa, sejam dos quadros públicos ou privados. Para o autor este seria o ponto determinante no cumprimento do Estado de seu dever de reparar, tendo “um dos parâmetros de fixação de indenizações foi necessariamente vinculado aos critérios de indenizações trabalhistas em razão das demissões arbitrarias, restabelecendo direitos laborais e previdenciários lesados ao longo do tempo” (ABRÃO, 2010: 33).

A Comissão da Anistia ganhou um caráter moral com a criação das Caravanas da Anistia. Elas deslocam o local de apreciação dos requerimentos administrativos de anistia do

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Palácio da Justiça em Brasília para as localidades onde ocorreram os fatos ou até mesmo para grandes eventos de visibilidade pública. Segundo Paulo Abrão,

As caravanas da Anistia consistem na realização de sessões públicas itinerantes de apreciação dos requerimentos de anistia política pela Comissão de Anistia do Ministério da Justiça, órgão responsável por promover o reconhecimento oficial do Estado brasileiro de sua responsabilidade pelo cometimento de uma série de atos de exceção, na plena abrangência do termo, contra brasileiros e estrangeiros, materializados em perseguições políticas que ensejam um direito a reparação constitucionalmente assegurado (ABRÃO, 2010: 53).

Estas sessões públicas da Caravana da Anistia possuem um profundo apelo simbólico. No inicio de cada uma delas são apresentados vídeos editados especialmente para aquela ocasião que abordam os sujeitos e grupos relacionados aos processos que serão julgados e fazem uma homenagem aos que arriscaram suas vidas pela causa da luta contra a ditadura. Dentro deste papel simbólico a sessão também cumpre o papel de contar aquela história às gerações mais jovens. Após é dado inicio aos julgamentos que seguem todo rigor jurídico, buscando provas e evidências e discutindo amplamente sobre o caso. As conclusões são repassadas publicamente através da leitura da deliberação pelo conselheiro-relator. Na sequência é dada ao anistiado a palavra para que se manifeste e em seguida é feito o pedido de perdão oficial do Estado brasileiro publicamente pelos erros cometidos contra a pessoa.

Sem dúvidas este é um momento com grande aspecto simbólico de reparação moral individual e que ganha aspectos coletivos. Mesmo quando não são aprovadas indenizações, o pedido de perdão representa um repactuar da sociedade, um passo na construção da memória, ao serem reconhecidos seus feitos e seu papel de luta pela democracia do país.

As caravanas da anistia acabaram por se constituir um mecanismo privilegiado do processo de justiça de transição brasileiro ao traduzir em espaço de consecução simultânea à efetividade ao direito constitucional à reparação, para a da preservação da memória e busca da verdade; para a democratização do acesso à justiça e melhoria na prestação jurisdicional administrativa; para a realização de uma justiça restaurativa; para a mobilização social em trono da necessidade de uma justiça de transição no Brasil e para a promoção de uma educação e cultura para os direitos humanos (ABRÃO, 2010: 56).

No entanto a justiça de transição do Brasil ainda está caminhando e percebemos que sofreu avanços no recente governo da presidente Dilma Rousseff, que em 18 de novembro de 2011, aprovou a Lei nº 12528 que cria a Comissão da Verdade. Esta Comissão será composta por sete membros, nomeados pela presidente da república, que terão um mandato de dois anos com a finalidade de examinar e esclarecer as graves violações de direitos humanos praticadas no período de 1946 a 1988 (fixado no art. 8o do Ato das Disposições Constitucionais

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Transitórias), a fim de efetivar o direito à memória e à verdade histórica e promover a reconciliação nacional3.

Para se compreender a Comissão da Verdade vale destacar o que afirma Barbara Cassin sobre definição da natureza política da verdade: “La vérité de la Commission ‘Vérité et Réconciliation’ n'est pas une vérité-origine, c'est une vérité-résultat. (...) elle est liée à une occasion et à une procédure de construction”4. A verdade da qual se fala na Comissão é uma verdade construída, que Cassin mostra a partir de quatro definições sobre o conceito de Verdade adotado no trabalho destas comissões: (1) a verdade factual; (2) a verdade pessoal e narrativa; (3) a verdade social, vinda como a verdade fruto do dialogo que relaciona vitimas e perpetradores; e por fim (4) a verdade que cura, base da justiça restaurativa. Para Barbara Cassin, estes são os passos ou planos para se construir uma verdade eficaz, que descarte a diferença simplista entra a verdade subjetiva, “falsa” e a verdade objetiva “verdade”. Esta verdade-resultado induz, de acordo com Cassin, uma verdade suficiente para produzir um consenso sobre o passado (CASSIN, 2004: 45).

Para Barbara Cassin, a verdade da Comissão da Verdade é uma verdade política, nem singular, puramente relativa, nem universal, válida para sempre, mas a verdade “particular”, consensual a dado momento, por uma comunidade que ela (a verdade) ajudou a fundar (CASSIN, 2004: 46). “La vrai, c'est du plus vrai, et le plus vrai, c'est du meilleur, à savoir du meilleur pour, du plus utile, du plus utilisable. Bref, la ‘vérité’ de la Commission c'est la ‘réconciliation’” (CASSIN: 2004: 46)5. Desta forma, a autora nos mostra que a verdade como se pensa em uma maneira simplista não se aplica à Comissão da Verdade. A verdade à qual se refere está naquela que gera consenso e por sua vez reconciliação da sociedade.

Segundo Barahona de Brito, foi a América Latina que deu origem ao termo “Comissão da Verdade”. Houve Comissões da Verdade oficiais, patrocinadas pelo governo, com publicação de relatórios, na Argentina e no Chile; Comissões de Investigação Parlamentares na Bolívia, Uruguai e Paraguai. Houve Relatórios da Verdade elaborados por organizações não governamentais no Brasil, Paraguai, Uruguai, Bolívia e Peru. “A Nicarágua, o Panamá, o Equador e o Peru, assim como o Canadá e os Estados Unidos, também estabeleceram

3 Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12528.htm Capturado em

08/01/2012

4 Tradução: A Verdade da Comissão “verdade e reconciliação” não é uma original, é uma

verdade-resultado. (...) ela esta ligada a uma ocasião e a um processo de construção.

5 Tradução: “A verdade é o mais fiel, o mais verdadeiro, é o melhor, ou seja, para o melhor, o mais útil e utilizável. Em suma, a ‘verdade’ da comissão é a ‘reconciliação’”.

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Comissões da Verdade ou de Investigação, embora não tenham sido parte da política de transição de regimes transicionais (BRITO, 2004: 61).

Estabelecendo uma comparação entre a questão da justiça na América, Barahona de Brito demonstra a variedade de formas do seguimento da justiça de transição, sendo recorrentes os julgamentos dos perpetradores em alguns países americanos, mas em outros houve o predomínio de uma política de consenso, que eliminou a possibilidade de julgar os responsáveis pela manutenção da ditadura e violação dos direitos humanos.

(...) houve julgamentos patrocinados por governos na Argentina e Bolívia. Houve também julgamentos iniciados por queixas apresentadas por organizações de direitos humanos e indivíduos na Argentina, Chile, Equador, e no Paraguai. Outros países optaram por anistias seletivas ou gerais, incluindo Argentina, Brasil, Chile e Uruguai. Na América Central, e nas Caraíbas, as políticas centraram-se na revelação da ‘verdade’ e não na justiça (com exceções da “justiça revolucionária” aplicada pelos Sandinistas e pelo regime de Castro). Comissões da Verdade foram estabelecidas na Guatemala, El Salvador (comissão da ONU), Honduras e Haiti. A Igreja Católica e várias organizações de direitos humanos também produziram um relatório não oficial sobre a Guatemala. Apesar de alguns oficiais militares terem sido julgados por violações dos direitos humanos em Honduras, Guatemala e Haiti, a medida mais adotada foi a anistia, com leis aprovadas nesse sentido na Nicarágua, El Salvador, e Guatemala (embora neste caso a lei tivesse excluindo dos seus efeitos os crimes contra a humanidade e o genocídio) (BRITO, 2009: 61).

Tudo isto mostra as diferentes formas assumidas por cada um destes países no trato com os traumas do passado durante as transições políticas encaminhadas. No caso da África do Sul, a reconciliação nacional era o objetivo claro da nova democracia que se estabelecia, pós regime do apartheid, e este fato, segundo Edson Teles, levou à “formação da Comissão da Verdade e Reconciliação na qual a publicidade dos testemunhos, tanto das vítimas e de seus familiares quanto de torturadores, procura realizar na sociedade sul-africana uma ‘terapita da memória’” (TELES, 2006: 06).

O fazer produtivo das narrativas tem, para as democracias nascentes, o papel de regeneração de feridas profundas e não cicatrizadas no interior da sociedade. Talvez seja cedo ainda para refletir sobre os efeitos da Comissão sul-africana, mas seu exemplo tem proporcionado, juntamente com outros casos, amplo debate sobre as reconciliações nacionais. (...) ao assistir à narrativa do sofrimento de outros, o espectador se identifica com o encenado e passa a realizar em seu interior a eliminação dos sentimentos perturbadores de sua condição humana. E a narrativa da tragédia equivale à narrativa histórica, ao purgar as feridas do passado e constituir-se na doxa do debate político (TELES, 2006: 07).

Seguindo nesta analise sobre as transições, destaco outro ponto que significativo para pensar estes processos a partir do que afirma Barahona de Brito (2002: 233). Segundo a autora, as políticas de enfrentamento do passado não são suficientes para garantir a democracia de um país. A democratização depende de um processo mais amplo que inclui a

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constituição de uma cidadania efetiva mediante a eliminação dos legados autoritários que procederam do governo autoritário e foram consolidados por ele. Também significa empreender uma reforma institucional fundamental e focada no futuro, que promove a responsabilidade presente e futura.

Ao contrário do que se possa supor, pode haver uma democracia que funcione bem sem verdade e justiça para violações passadas. De fato, não há uma única resposta sobre como as políticas de verdade e justiça afetam a democracia ou a democratização, por isso dependem das condições iniciais, assim como dos legados históricos, institucionais, sociais e políticos que são peculiares a cada país. Isso não quer dizer de forma alguma que não deve haver políticas de verdade e justiça, ou que elas não são fundamentais. O que sim argumento é que a sua ligação com a democratização não é tão simples como pode parecer à primeira vista. O mesmo não pode ser dito a respeito das ligações entre uma sociedade sem memória é uma sociedade que não é capaz de sustentar nenhum tipo de regime democrático. Mais especificamente, todas as democracias saudáveis comprometem-se com trabalho de memória. A ‘política da memória’ faz parte da sua própria estrutura. A negação da memória é uma característica de sociedades autoritárias e totalitárias. Lewis Caroll disse que “é uma espécie de má memória aquela que só funciona para trás”. Essa é uma citação útil, pois nos lembra de que a memória não é apenas se lembrar do passado, mas é também criar um quadro para se pensar a respeito do futuro, neste caso, num futuro democrático (BRITO, 2009: 83).

Analisando as políticas de memória de uma forma mais ampla, entendemos que ela se ocupa de como uma sociedade interpreta seu passado e se apropria dele, com o intuito de moldar seu futuro e como tal constitui uma parte integrante de todo processo político, incluindo o progresso de uma democracia mais profunda. De acordo com Barahona de Brito (2002: 244), o que cada sociedade decide lembrar e esquecer determina em grande medida como vai projetar seu futuro.

Para a mesma autora, a apropriação da história pelos atores sociais e políticos é especialmente intensa nestes momentos de transição de sistemas políticos. A história deixa de ser domínio exclusivo dos historiadores, já que diferentes grupos sociais participam em uma busca de significado, assim como na criação de mitos e memórias sobre o passado para justificar o presente e o futuro. Assim, este processo de recriação da memória forma parte integrante de um processo de construção de diversas identidades sociais, políticas ou culturais, que determina como os distintos grupos sociais atuam na política nacional e os objetivos que desejam alcançar no futuro.

Desta forma, a disputa pela memória traduz um processo inacabado na transição brasileira que faz parte desta repactuação a ser promovida pelos andamentos da justiça de transição no Brasil que ainda está em vidas de consolidação, em especial através da Comissão da Verdade que, apesar de aprovada, ainda não começou seus trabalhos e encontra-se em fase de analise da sua composição pela presidência da república. Por fim, como afirma Dulce

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Pandolfi: “ao cidadão cabe o direito à memória e ao Estado o dever da memória” (PANDOLFI, 2009: 53).

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