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Capitulo 1 - Princípios de Microbiologia e Parasitologia

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Capitulo 1 - Princípios de Microbiologia e Parasitologia

Vírus hepatite C

INTRODUÇÃO

1. Conceitos

Microbiologia é a ciência que estuda os seres vivos microscópicos (microrganismos, micróbios, germes etc.), somente através do microscópio. A Microbiologia preocupa-se com o estudo desses microrganismos e de suas atividades. Além disso, estuda a forma, a estrutura, a reprodução, a fisiologia, o metabolismo e a identificação dos seres microscópicos. Podendo ser dividida em bacteriologia, virologia e micologia.

Parasitologia é a ciência que estuda os parasitas animais e vegetais e a relação entre parasita e hospedeiro.

2. Tipos de Microrganismos

Patogênicos: responsáveis pelas doenças.

Não patogênicos: saprófitas (existem normalmente no tubo digestivo, flora intestinal e pele). Comensalismo: apenas um se beneficia.

Simbiose: mútua ajuda. 3. Nomenclatura

São denominados por um binômio derivado do latim que representa o gênero e a espécie. Ex: Stafilococus aureus

(gênero) (espécie)

4. Dimensão

São extremamente pequenos. Usam-se duas medidas para os microrganismos: micrômetro (milésima parte do milímetro) que pode ser visto ao microscópio óptico e ângstron (um décimo do milésimo do micrômetro) que só pode ser visto ao microscópio eletrônico.

DEFINIÇÕES FUNDAMENTAIS

Infecção: é a penetração e a multiplicação de um microrganismo (MO) no hospedeiro.

Fonte de infecção: ser animado ou inanimado que possui a capacidade de transferir o microrganismo alojado em si.

Agente infeccioso: é o microrganismo patogênico que provoca a infecção no hospedeiro. Patogenicidade: capacidade que o MO tem de infectar e causar a doença.

Virulência: capacidade do MO em produzir a doença com maior ou menor gravidade.

Hospedeiro: termo utilizado em parasitologia para designar aquele que abriga em si o parasita. Pode ser, hospedeiro intermediário (abriga o parasita em forma larvar) ou hospedeiro definitivo (abriga o parasita na forma adulta).

Portador: é o mesmo que hospedeiro. Termo usado em microbiologia para designar aquele que alberga em si o MO. Pode ser, portador assintomático (não apresenta sinais clínicos, mas tem a possibilidade de transmitir a doença) ou portador crônico (já teve a doença, não manifesta os sinais clínicos, nem sintomas, mas abriga o MO em si). Ex. hepatite, malária, sífilis etc. (não podem doar sangue).

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✓ Direto: Meio que dispensa veículo. Pode ser, imediato (contato físico através de relações sexuais, beijo etc) ou mediato (através de secreções).

✓ Indireto: Através de vetores (seres animados, geralmente insetos) ou fômites (seres inanimados, poeira).

Fases do processo infeccioso:

✓ Período de incubação: desde a entrada do MO até o aparecimento dos primeiros sintomas. ✓ Período de transmissão: é o período em que o MO pode ser transmitido a outro.

✓ Período prodrômico: período precursor à doença propriamente dita.

✓ Período de estado: sinais clínicos bem definidos que caracterizam a doença.

✓ Período de convalescença: período em que o organismo vai se restabelecendo (recuperação).

Comunicante: é aquele que mantém ou manteve contato com o doente. Ex: família do paciente de tuberculose.

CARACTERÍSTICAS DOS GRUPOS DE MICROORGANISMOS

1. VÍRUS

Vírus hepatite C. Imagem: Kateryna Kon/123RF

Representam o limite entre as formas vivas e as sem vida. Contêm somente um tipo de ácido nucleico, RNA ou DNA que é circundado por um envelope proteico ou capa. Devido à ausência de componentes celulares necessários para o metabolismo ou reprodução independente, o vírus pode multiplicar-se somente dentro de células vivas, por isso não são considerados seres vivos por não possuírem vida própria.

a. Principais características:

✓ São agentes infecciosos de menor dimensão;

✓ São parasitas intracelulares, ou seja, não se multiplicam fora das células vivas;

✓ São dotados de capacidade de infectar quase todos os seres vivos (desde bactérias até o homem);

✓ São considerados partículas; ✓ Não possuem estrutura celular. b. Estrutura:

✓ Genoma ou núcleo – constitui sua parte central, onde se encontra o RNA e DNA (ácido nucléico), responsável pelas suas características genéticas.

✓ Cápsula – concha feita de proteínas que engloba o núcleo.

✓ Envelope – podem ser constituídos de lipídios, polissacarídeos e proteínas. O envoltório participa do mecanismo de aderência dos vírus à membrana das células.

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3 c. Reação aos agentes químicos e físicos:

Temperatura – são geralmente inativados quando submetidos à temperatura de 60oC durante 30

minutos e resistem à temperaturas inferiores a 0oC.

pH – quase todos os vírus são estáveis em pH entre 5 e 9.

Éter – alguns são éter resistentes e outros são inativados pelo éter (herpes vírus).

Radiações – são inativados por raios ultravioletas, raios-X, variando a sensibilidade de acordo com o tempo e a intensidade da exposição.

Desinfetantes – são em geral, resistentes aos desinfetantes usuais. d. Formas de transmissão:

Podem ser transmitidos através de secreções nasofaríngeas, fômites, água, alimentos contaminados, mordeduras de animais, transfusão de sangue ou hemoderivados e pela via congênita e perinatal.

e. Portas de entrada:

✓ Trato respiratório – vírus da influenza, caxumba, rubéola, sarampo, varicela, etc. ✓ Trato digestivo – enterovírus, rotavírus, etc.

✓ Conjuntiva – adenovírus.

✓ Contato sexual – AIDS, condiloma, hepatite B, herpes, etc. ✓ Injeções parenterais – AIDS, hepatite B, C e D.

✓ Transfusões de sangue, plasma e derivados – AIDS, hepatite (B, C e D), citomegalovirose, mononucleose, Epstein Barr, etc.

✓ Mordeduras de animais – vírus da raiva.

✓ Transmissão vertical (congênita ou perinatal) – rubéola, citomegalovirose, hepatite B. f. Controle das viroses:

✓ Imunização ativa – vacinação.

✓ Imunização passiva (soros) – imunoglobulinas.

✓ Medicamentos antivirais – aciclovir, vidarabina, ribavirina, AZT, etc. 2. BACTÉRIA

Streptococcus mutans

São procariotos, carecem de membrana nuclear e outras estruturas celulares organizadas observadas em eucariotos.

a. Principais características:

✓ São seres simples quanto à organização e não apresentam um núcleo diferenciado, faltando a membrana nuclear.

✓ São encontradas livremente no ar, na terra, na água em materiais de decomposição ou associados a outros seres.

✓ São organismos muito pequenos cuja estrutura celular só pode ser estudada em microscópio eletrônico ou de forma grosseira, no microscópio óptico.

b. Estruturas:

✓ Nucleoide – área nuclear desprovida de membrana. ✓ Citoplasma – área onde estão localizadas as organelas.

✓ Membrana celular – ou membrana citoplasmática é dotada de permeabilidade seletiva, discriminando as moléculas que devem entrar e sair no citoplasma.

✓ Mesossomos – são invaginações da membrana e participam do processo de divisão celular.

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✓ Parede celular – é o envoltório externo que todas as bactérias possuem. É responsável pela forma e proteção desses microrganismos.

✓ Cápsula – relacionada com a proteção mecânica e/ou à resistência pela fagocitose. ✓ Flagelo – relacionado à locomoção das bactérias.

✓ Fímbrias – para a fixação da bactéria e reprodução

✓ Esporos – são formas bacterianas de grande resistência a agentes químicos, ao calor, à dessecação, à radiação e à atividade de outros agentes físicos. Têm forma ovoide ou esférica.

c. Morfologia:

✓ Quanto à forma as bactérias podem ser:

o Cocos – têm forma esférica, podem ser agrupadas (diplococos, estafilococos, estreptococos).

o Bacilos – têm forma de bastonete ou bastão;

o Vibriões – têm formas curvas semelhantes à vírgulas; o Espirilos – têm formato em espiral.

✓ Quanto à coloração:

A principal reação de coloração das bactérias é o método de GRAM, que consiste em tratá-las pela violeta de genciana e iodo.

o Gram negativas – perdem a coloração roxa;

o Gram positivas – mantém a cor roxa inicial. São bactérias sensíveis às sulfas e penicilinas.

Gram negativas Gram positivas

d. Nutrição:

✓ Autótrofas – fabricam seus próprios alimentos. ✓ Heterótrofas – não fabricam seus próprios alimentos:

o Heterótrofas parasitas: vivem à custa de outros seres vivos prejudicando-os; o Heterótrofas saprófitas: vivem em material morto, ajudando na sua decomposição.

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5 e. Respiração:

✓ Aeróbias – são aquelas que crescem somente na presença de oxigênio livre. ✓ Anaeróbias – podem ser do tipo estritas ou facultativas:

o Estritas – são aquelas que só crescem na ausência de oxigênio livre. Ex: bacilo do tétano.

o Facultativas – são aquelas que crescem tanto na presença como na ausência de oxigênio livre. Ex: bacilo da difteria.

f. Ação benéfica e maléfica:

✓ Na indústria – para a fabricação de vinagre, coalhada, queijos e outros alimentos fermentados.

✓ Na agricultura – nitrificação do solo, fixação de nitrogênio, putrefação e desnitrificação (ciclo do nitrogênio na natureza).

✓ Na genética e biologia molecular – pela sua relativa simplicidade metabólica, que tem facilitado as pesquisas.

✓ Em medicina – pelo grande número de espécies que causam graves doenças no homem e nos animais.

✓ As bactérias patogênicas causam infecções, com graves lesões nos organismos animais. Elas fabricam toxinas que provocam doenças. Ex: Vibrio cholerae (cólera), Salmonella typhi (febre tifoide), Treponema pallidum (sífilis), Clostriduim tetani (tétano), Escherichia coli (diarreia), Stafilococus aureus (pneumonias, etc).

3. FUNGOS

Candida albicans (microscopia)

São organismos conhecidos popularmente como bolores, cogumelos, orelhas de pau,

“champignons” e lêvedos. São considerados vegetais inferiores, de estrutura rudimentar, que apresentam somente talos e não possuem clorofila, por isso não conseguem sintetizar seu próprio alimento. Sendo assim, eles parasitam organismos vivos, de onde retiram hidratos de carbono, necessários à sua sobrevivência.

Eles são encontrados comumente na água e na terra. No ar, existem sob a forma de microscópicos esporos de fácil dispersão.

Exemplos de fungos patogênicos: Tricophyton (ocasiona lesões na pele, pelos e unha), Microssporum (ocasiona lesões nos pelos e pele), Epidermophyton (atinge a pele e unhas), Candida albicans (sapinho e corrimentos), Actinomyces israelii (actinomicose - Micetomas), Paracoccidioides brasiliensis (blastomicose sul americana).

a. Nutrição:

✓ Saprófitas – fungos que se desenvolvem bem em restos de vegetais em apodrecimento, animais mortos e até em fezes.

✓ Parasitas – que atacam vegetais, animais e o homem causando as conhecidas micoses.

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6 b. Ação benéfica:

✓ Na indústria – são utilizados na produção de queijos e bebidas alcoólicas, como a cerveja. São usados como fermento na preparação de massa de pão. Os champignons servem como alimento.

✓ Na farmacologia servem como matéria prima para extração de várias drogas de interesse médico como: penicilina, ergotamina (LSD), etc.

✓ Em genética – constituindo um ótimo material para estudos genéticos.

Fungo Penicillium notatum (macroscopia)

c. Ação maléfica:

✓ Em agricultura – grande número de fungos causa prejuízo em culturas atacando folhas, frutos e sementes.

✓ Em medicina – as doenças causadas por fungos são chamadas de micoses. Das 100.000 espécies de fungos, não mais que 100 são patogênicas para o homem. Podendo ser:

o Superficiais: limitam-se à pele, às mucosas, às unhas e aos pelos. Ex: Candida. o Profundas: podem acometer vários órgãos e tecidos. Ex. Cryptococcus

neoformans

4. PROTOZOÁRIOS

Protozoário paramécio: locomoção ciliar

São animais de uma única célula, geralmente microscópicos. A palavra protozoário significa “primeiros animais” ou “animais primitivos”.

Na sua maioria são aquáticos, vivem nos mares, rios, tanques, aquários, poças, lodo e terra úmida. Muitas espécies, no entanto, vivem no interior de outros animais, às vezes como parasitas, outras vezes numa relação de mutualismo. Não fazem parte da microbiologia geral, mas serão estudados neste capítulo porque são organismos unicelulares visíveis só em microscópio.

Exemplos de protozoários patogênicos: Plasmodium (causador da malária), Entamoeba histolytica (causadora da disenteria), Trypanosoma cruzi (causador da doença de Chagas), Giardia lamblia (causadora da giardíase), Leischmania brasiliensis (causadora da leishmaniose cutâneo mucosa).

a. Estrutura:

As células dos protozoários podem ser consideradas pouco especializadas, já que realizam sozinhas todas as funções vitais dos organismos mais complexos, tais como: locomoção, obtenção de alimentos, digestão, excreção, reprodução, respiração, etc.

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7 b. Classificação quanto à locomoção:

✓ Rizópode - eles se locomovem e capturam seus próprios alimentos através de pseudópodes (falsos pés).Ex. Ameba.

✓ Flagelados – classe que possui um ou mais flagelos. São causadores de importantes doenças no homem. EX. Giárdia, Trypanosoma (doença de Chagas), Trichomonas, etc. ✓ Ciliados – são de organização mais complexa. Normalmente de vida livre, incluem raras

espécies parasitas do intestino de mamíferos. Ex. Balantidium, Paramecium, etc. ✓ Esporozoários – são parasitas intracelulares desprovidos de organelas de locomoção.

Ex. Plasmodium (malária), etc.

Ameba Giardia lamblia Plasmodium sp c. Nutrição

São heterótrofos e nutrem-se de detritos orgânicos, bactérias e outros microrganismos existentes no meio.

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Capitulo 2 - Princípios gerais de Biossegurança

INTRODUÇÃO

1. Conceitos

De acordo com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), a biossegurança é: “Conjunto de medidas e procedimentos técnicos necessários para a manipulação de agentes e materiais biológicos, capaz de PREVENIR, REDUZIR, CONTROLAR ou ELIMINAR riscos inerentes às atividades que possam comprometer a saúde humana, animal e vegetal, bem como o meio ambiente”. Biossegurança em Odontologia é o conjunto de procedimentos realizados no consultório odontológico com o objetivo de dar proteção e segurança ao paciente, ao profissional e sua equipe.

O único meio de prevenir a transmissão de doenças é o emprego de medidas de controle de infecção como equipamento de proteção individual (EPI), esterilização do instrumental, desinfecção do equipamento e ambiente. São essenciais a padronização e manutenção das medidas de biossegurança como forma eficaz de redução de risco ocupacional, de infecção cruzada e transmissão de doenças.

Assepsia: é o conjunto de medidas adotadas para impedir que a contaminação do meio.

Antissepsia: é a eliminação das formas vegetativas de bactérias patogênicas de um tecido vivo. Limpeza: remoção da sujidade de qualquer superfície, reduzindo o número de microrganismos presentes. Esse procedimento deve obrigatoriamente ser realizado antes da desinfecção e/ou esterilização.

Desinfecção: processo que elimina microrganismos patogênicos de seres inanimados, sem atingir necessariamente os esporos. Só deve ser indicado na impossibilidade de esterilização do artigo.

Descontaminação: processo que inclui limpeza e desinfecção de um artigo contaminado.

Esterilização: é um processo que elimina todos os microrganismos: esporos, bactéria fungo e protozoários. Os meios de esterilização podem ser físicos ou químicos.

Armazenamento: Os artigos esterilizados devem ser armazenados em condições adequadas, evitando-se a sua contaminação.

EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL (EPIs) 1. Introdução

Todos os profissionais da saúde e profissionais que atuam na prevenção de acidentes compartilham o mesmo problema: trabalhar por um longo período manipulando e/ou manuseando materiais e/ou equipamentos que podem produzir risco à saúde e ao meio ambiente. As substâncias manuseadas e os tipos de equipamentos operados podem resultar numa série de acidentes, como intoxicações, envenenamentos, queimaduras térmicas e químicas, contágio por agentes biológicos, incêndios, explosões, etc. Esses acidentes podem ser evitados ou minimizados pelo uso de equipamentos de proteção individual e coletivos de forma correta. Sempre se deve escolher EPIs de boa qualidade que possuam certificados de aprovação perante o Ministério do Trabalho e Emprego.

Os equipamentos de uso coletivo nem sempre significam os de manipulação pessoal. Um exemplo clássico é o sistema de ventilação central com deficiência de exaustão. Tal anormalidade pode comprometer seriamente o ambiente de trabalho que manipula produtos químicos voláteis, tóxicos entre outros, levando a sérios riscos aos trabalhadores se não utilizarem capelas químicas de forma adequada.

Os equipamentos de proteção individual destinam-se a proteger a pessoa nas operações com riscos de exposição ou quando houver emanações de produtos químicos, riscos de explosões, riscos de cortes ou perfurações na pele, etc. Os EPIs podem ainda ser considerados um dispositivo de uso individual destinado a proteger a integridade física e a saúde do trabalhador. Os EPIs devem proporcionar o mínimo de desconforto sem tirar a liberdade de movimento do funcionário.

2. Legislação

Segundo a Lei nº 6.514, de 22.12.77, Seção IV, art. 166, toda a empresa é obrigada a fornecer aos seus funcionários, gratuitamente, EPIs segundo as suas necessidades de trabalho e ao risco inerente do exercício profissional e em perfeito estado de conservação.

Os empregados, de acordo com a Norma Regulamentadora nº 6 (NR6) da Portaria nº 3.214, de 8 de junho de 1978, são obrigados a usar os EPIs e se responsabilizar pela guarda e conservação destes.

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É obrigatório a utilização desses equipamentos de proteção na execução de qualquer atividade que envolva o manuseio, movimentação e transporte de materiais perigosos e também na circulação em áreas externas, consideradas de risco.

3. Classificação

A classificação dos EPIs pode ser feita segundo a parte do corpo que se protege: proteção para a cabeça, proteção do corpo, dos membros superiores e dos membros inferiores (CIPI 1992).

a. Protetores para a cabeça

Capacete de segurança: proteção da cabeça contra impactos, partículas desprendidas, choque elétrico ou qualquer combinação desses efeitos.

Óculos de segurança: proteção ocular contra riscos de impactos, aerossóis de substâncias nocivas ou radiações.

Protetores faciais (máscaras faciais): Protegem a face contra riscos de impactos (partículas sólidas, quentes ou frias), substâncias nocivas (poeiras, líquidos e vapores), radiações (raio infravermelho, ultravioleta, etc). Proporcionam melhor proteção pois, além dos olhos, amparam toda a face contra os perigos dos respingos das substâncias potencialmente corrosivas e tóxicas.

Proteção respiratória (máscaras): são utilizadas máscaras com filtros que protegem o aparelho respiratório podendo ter: respiradores com filtros mecânicos, respiradores com filtros químicos que protegem contra gases e vapores orgânicos e

respiradores com filtros combinados (mecânicos e químicos).

Proteção auricular (intra-auricular e extra-auricular) ou Proteção contra Níveis Elevados de Ruído: os controles dos níveis de ruído são estabelecidos pela NBR nº 10152/ABNT, que estabelece limite de 60 decibéis para uma condição de conforto durante o trabalho. b. Protetores para o tronco

Avental/Capa/Macacão/Jaleco: Protegem as roupas e o corpo contra borrifos químicos e biológicos e ainda fornece amparo de proteção adicional ao corpo.

c. Proteção para membros superiores (mãos e braços)

Luvas de látex, luvas de borracha, luvas especiais, luvas de nitrilo dentre outras: Atuam contra riscos biológicos, queimaduras químicas, calor ou frio excessivos, mordidas, cortes, choques elétricos e outros riscos físicos.

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As luvas também fornecem elevado grau de proteção contra dermatites, pois a exposição repetida a pequenas concentrações de inúmeros compostos químicos eventualmente cria reações adversas na pele dos operadores.

d. Proteção para membros inferiores (pés e pernas)

Botas de segurança: protegem os pés e as pernas de impactos, perfurações, queimaduras, choques, substâncias químicas e biológicas, calor e frio, perigos elétricos, impactos de objetos pesados, etc. Elas podem ter o cano alto, chegando até a altura dos joelhos, e devem ser resistentes à ação de ácidos e bases fortes, fogo, eletricidade, etc.

As botas de borracha são indicadas para quem trabalha em áreas úmidas, serviços de limpeza e outros serviços que necessitem de proteção máxima.

Sapatos fechados impermeáveis: pés desprotegidos pelo uso de sandálias ou pouco protegidos pelo uso de sapatos de pano, acarretam problemas sérios e podem gerar situações perigosas. O sapato deve ser compatível com a atividade desenvolvida.

LAVAGEM E CUIDADO DAS MÃOS

Todo o estabelecimento de assistência odontológica deve ter lavatório com água corrente, de uso exclusivo para lavagem de mãos dos membros da equipe de saúde bucal.

A lavagem de mãos é obrigatória para todos os componentes da equipe de saúde bucal. A limpeza e/ou descontaminação de artigos não deve ser realizada no mesmo lavatório de lavagem de mãos. O lavatório deve contar com: dispositivo sem contato de mãos com o volante da torneira ou do registro quando do fechamento da água; toalhas de papel descartáveis ou compressas estéreis e sabonete líquido;

1. Quando realizar

✓ no início do dia, antes e após o atendimento do paciente; ✓ antes de calçar as luvas e após removê-las;

✓ após tocar qualquer instrumento ou superfície contaminada; ✓ antes e após utilizar o banheiro;

✓ após tossir, espirrar ou assuar o nariz; ✓ ao término do dia de trabalho.

2. Técnica para lavagem das mãos

a. remover anéis, alianças, pulseiras, relógio, fitinhas etc.; b. umedecer as mãos e pulsos em água corrente;

c. dispensar sabão líquido suficiente para cobrir mãos e pulsos; d. ensaboar as mãos. Limpar sob as unhas;

e. esfregar o sabão em todas as áreas, com ênfase particular nas áreas ao redor das unhas e entre os dedos, antes de enxaguar com água fria. Dar atenção especial à mão não dominante, para certificar-se de que ambas as mãos fiquem igualmente limpas.

f. Obedecer a sequência: ✓ palmas das mãos; ✓ dorso das mãos;

✓ espaços entre os dedos; ✓ polegar;

✓ articulações;

✓ unhas e pontas dos dedos; ✓ punhos;

✓ repetir todos os passos anteriores para a outra mão;

✓ secar completamente, utilizando toalhas de papel descartáveis 3. Lavagem e antissepsia das mãos

É o processo utilizado para destruir ou remover microrganismos das mãos, utilizando antissépticos. Gualter Nunes. Realizada antes de procedimentos cirúrgicos e de procedimentos de risco,

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utiliza antissépticos com detergente ou a lavagem com água e sabão, seguida de antisséptico. O procedimento é basicamente o mesmo descrito na lavagem das mãos.

Soluções utilizadas:

✓ Solução de digluconato de clorexidina a 2% ou 4%, com detergente; ✓ Solução de PVPI 10%, com 1% de iodo livre, com detergente; ✓ Solução de álcool etílico 77% (v/v), contendo 2% de glicerina.

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ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS: Lavagem das mãos;

Uso de EPIs.

NORMAS TÉCNICAS EM NOSSO PAÍS

A ABNT (ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS) define como resíduos resultantes das atividades exercidas por estabelecimentos prestadores de serviços de saúde, exemplo: hospitais, clínicas médicas, clínicas veterinárias, clínicas odontológicas, farmácias, ambulatórios, postos de saúde, laboratórios de análises clínicas, laboratórios de análises de alimentos, laboratórios de pesquisa, consultórios médicos e odontológicos, empresas de biotecnologia, casas de repouso e casas funerárias.

A resolução CONAMA (CONSELHO NACIONAL DO MEIO AMBIENTE) nº05/93 estende-se ainda aos resíduos gerados nos portos e aeroportos e terminais rodoviários e ferroviários.

Há também a Norma NBR nº 12.808 da ABNT de 1997. Esta norma classifica os Resíduos de Serviços de Saúde quanto aos riscos potenciais ao trabalhador, ao meio ambiente e à saúde pública, visando adotar um sistema de gerenciamento adequado, sendo esta classificação também adotada pela Fundação Nacional de Saúde (FUNASA, 1999).

O resíduo sólido de serviço de saúde (RSSS) apresenta risco potencial à saúde e ao meio ambiente, devido à presença de material biológico, químico, radioativo, perfuro cortante. O tratamento adequado previne infecções cruzadas, proporciona conforto e segurança à clientela a à equipe de trabalho, bem como mantém o ambiente limpo e agradável.

São eles:

Grupo A – resíduos com a presença de agentes biológicos e objetos perfurocortantes resíduo; Grupo B – resíduos de natureza química;

Grupo C – rejeitos radioativos;

Grupo D – resíduos comuns e todos os demais que não se enquadram nos grupos anteriores.

BIOSSEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO E DESCARTE DE PRODUTOS BIOLÓGICOS

Os riscos biológicos são decorrentes da exposição a agentes do reino animal, vegetal e de microrganismos ou de seus subprodutos. Entre os agentes de risco biológico podemos citar como os mais importantes: bactérias, fungos, rickétsias, vírus, protozoários, metazoários. Tais agentes podem estar presentes veiculados sob diversas formas que oferecem risco biológico, como aerossóis, poeira, alimentos, água, amostras de (sangue, fezes, urina, escarro etc), entre outros.

No contato com esses produtos, o profissional deve utilizar EPIs de acordo com o modo de contaminação do agente microbiano.

É necessário, no entanto, fazer uma avaliação cuidadosa dos agentes microbianos para classificá-los de forma adequada e segura. Classe de risco 1 (baixo risco individual e para a comunidade): Inclui os agentes biológicos conhecidos por não causarem doenças no homem ou nos animais adultos sadios. Exemplos: Lactobacillus spp. e Bacillus subtilis.

Classe de risco 2 (moderado risco individual e limitado risco para a comunidade): Inclui os agentes biológicos que provocam infecções no homem ou nos animais, cujo potencial de propagação na comunidade e de disseminação no meio ambiente é limitado, e para os quais existem medidas profiláticas e terapêuticas conhecidas eficazes. Exemplos: Schistosoma mansoni e vírus da rubéola.

Classe de risco 3 (alto risco individual e moderado risco para a comunidade): Inclui os agentes biológicos que possuem capacidade de transmissão, em especial por via respiratória, e que causam doenças em humanos ou animais potencialmente letais, para as quais existem usualmente medidas profiláticas e terapêuticas. Representam risco se disseminados na comunidade e no meio ambiente, podendo se propagar de pessoa a pessoa. Exemplos: Bacillus anthracis e Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV).

Classe de risco 4 (alto risco individual e para a comunidade): Inclui os agentes biológicos com grande poder de transmissibilidade, em especial por via respiratória, ou de transmissão desconhecida. Até o momento, não há nenhuma medida profilática ou terapêutica eficaz contra infecções ocasionadas

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por estes. Causam doenças humanas e animais de alta gravidade, com alta capacidade de disseminação na comunidade e no meio ambiente. Esta classe inclui principalmente vírus. Exemplos: vírus Ebola e vírus da varíola.

Como se pode verificar, é necessário fazer uma avaliação cuidadosa dos grupos acima citados para promover o seu descarte de forma adequada evitando a contaminação local e do meio ambiente. As normas de segurança devem ser rigorosamente seguidas para propiciar melhor saúde a todos os envolvidos.

BIOSSEGURANÇA NO DESCARTE DE PRODUTOS QUÍMICOS

Ante o assombroso número de mais de 4 milhões de substâncias químicas conhecidas, entre as quais, cerca de 130 mil têm algum tipo de periculosidade e pouco mais de 200 apresentam método de descarte adequado, outras entidades, conselhos e sindicatos também atuam para colaborar na diminuição de riscos por meio da melhoria na segurança química, sempre com base nas normas da ABNT. A ABNT define, classifica e lista os resíduos, servindo de norma e dando respaldo técnico a leis nos três níveis de Governo (Federal, Estadual e Municipal).

Segundo a NBR 10004 de setembro de 1987, da ABNT os resíduos classificam-se em: Classe I – perigosos

Classe II – não inertes Classe III - inertes

Ficam então definidos os riscos potenciais ao meio ambiente e à saúde pública.

O setor industrial utiliza-se dessa classificação enquanto os serviços de saúde se baseiam na classificação adotada e baseada pela NBR nº 12.808 da ABNT DE 1997.

Os resíduos perigosos gerados pelo setor industrial são considerados normais se estiverem em torno de 100 ton/mês.

São necessários conhecimento, cautela e bom senso ante o manuseio e descarte dos resíduos químicos. O descarte de resíduos é um trabalho que se torna cada vez mais

importante. Por isso, o trabalho de esclarecimento e conscientização é fundamental para a preservação do meio ambiente e para a saúde pública.

1. Identificação e rotulagem

Para que os materiais a serem descartados possam ser manipulados com segurança, tanto para os operadores internos quanto para os procedimentos seguros de transporte e destinação final, são necessárias informações que podem constar num rótulo simples elaborado no próprio ambiente de trabalho. Além das questões relativas à segurança, a identificação precisa é muito importante também para a adequação do material às normas impostas pelas empresas de incineração ou disposição final do resíduo ou ainda para envio a outras finalidades como recuperação, reciclagem, reutilização, etc.

Diagrama de Hommel, mundialmente conhecido pelo código NFPA 704 2. Procedimentos gerais para tratamento de resíduos químicos

A geração de resíduos perigosos precisa ser evitada, porém, quando isso não é possível, devem-se buscar meios de minimizar os efeitos nocivos por meio de desativação ou reciclagem. Os processos utilizados são:

Vermelho

Amarelo

Branco Azul

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14 a. Métodos Físicos: ✓ Filtração, sedimentação ✓ Destilação, evaporação b. Métodos Químicos: ✓ Neutralização c. Tratamentos Térmicos: ✓ Incineração d. Métodos Biológicos: ✓ Depósitos no Oceano ✓ Aterros Sanitários Aterro sanitário

BIOSSEGURANÇA NA UTILIZAÇÃO DE RADIOISÓTOPOS

O termo proteção radiológica refere-se à proteção contra radiações, a higiene, a segurança e ao controle no manuseio de materiais radioativos. Visa não somente a proteção adequada às pessoas que trabalham com radiação como também à população em geral, que de alguma forma pode ser exposta. Sua finalidade é proteger contra os perigos potenciais dessa exposição e possibilitar o uso de seus benefícios. Escola Técnica Dr. Gualter Nunes.

Até a descoberta dos raios X e da radioatividade a exposição do ser humano limitou-se, quase que exclusivamente, às fontes naturais de radiação cósmica (raios ultravioletas, infravermelhos).

A proteção radiológica inclui desde o estudo para construção de um laboratório ou usina até a disposição final de resíduos radioativos.

Algumas características serão expostas a seguir:

✓ Blindagem: adequada para o radioisótopo que está sendo manuseado. ✓ Exaustão: a capela deve ter compressão menor do que a do laboratório.

✓ Manuseio: com ferramentas adequadas que permitam o trabalho à distância e não prejudiquem a sua precisão.

✓ Resíduo: precisam ser retirados sem que entrem em contato com o meio ambiente. A CNEM (Comissão Nacional de Energia Nuclear) é o órgão que regulamenta a utilização de material radioativo no país, credencia laboratórios e pessoal e fiscaliza o cumprimento de normas de proteção.

1. Rejeitos Radioativos

Os materiais radioativos produzidos em Instalações Nucleares (Reatores Nucleares, Usinas de Beneficiamento de Minério de Urânio e Tório, Unidades do Ciclo do Combustível Nuclear), Laboratórios e Hospitais, nas formas sólida, líquida ou gasosa, que não têm utilidade, não podem ser simplesmente “jogados fora” ou “no lixo”, por causa das radiações que emitem.

Esses materiais, que não são utilizados em virtude dos riscos que apresentam, são chamados de Rejeitos Radioativos. Na realidade, a expressão “lixo atômico” é um pleonasmo, porque qualquer lixo é formado por átomos e, portanto, é atômico. Ele passa a ter essa denominação popular, quando é radioativo.

Os rejeitos radioativos precisam ser tratados, antes de serem liberados para o meio ambiente, se for o caso. Eles podem ser liberados quando o nível de radiação é igual ao do meio ambiente e quando não apresentam toxidez química.

Rejeitos sólidos, líquidos ou gasosos podem ser, ainda, classificados, quanto à atividade, em rejeitos de baixa, média e alta atividade.

Os rejeitos de meia-vida curta são armazenados em locais apropriados (preparados), até sua atividade atingir um valor semelhante ao do meio ambiente, podendo, então, ser liberados. Esse critério de liberação leva em conta somente a atividade do rejeito. É evidente que materiais de atividade ao nível ambiental, mas que apresentam toxidez química para o ser humano ou que são prejudiciais ao ecossistema não podem ser liberados sem um tratamento químico adequado.

Rejeitos sólidos de baixa atividade, como partes de maquinária contaminadas, luvas usadas, sapatilhas e aventais contaminados, são colocados em sacos plásticos e guardados em tambores ou caixas de aço, após classificação e respectiva identificação.

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Os produtos de fissão, resultantes do combustível nos reatores nucleares, sofrem tratamento especial em Usinas de Reprocessamento, onde são separados e comercializados, para uso nas diversas áreas de aplicação de radioisótopos. Os materiais radioativos restantes, que não têm justificativa técnica e/ou econômica para serem utilizados, sofrem tratamento químico especial e são vitrificados, guardados em sistemas de contenção e armazenados em Depósitos de Rejeitos Radioativos.

Trata-se da presença de radiação acima dos valores encontrados no meio ambiente, uma vez que a radiação está presente em qualquer lugar do planeta.

Símbolo de Radioatividade

BIOSSEGURANÇA E CÂNCER

É provável que o câncer sempre tenha consistido em uma doença do ser humano, sendo conhecido desde a antiguidade. Assim, evidências de câncer foram encontradas em humanos mumificados e em fósseis de ossos de animais. Entretanto, as taxas de incidência de cânceres, bem como os padrões de ocorrência de diferentes cânceres, eram desconhecidas até épocas relativamente modernas. Desde o século XVIII, encontram-se registros em que se relacionava o ambiente de trabalho com a incidência de alguns tipos de câncer. É o caso, por exemplo, de Sir Percival Pott que chamava atenção para alta incidência de câncer de escroto entre limpadores de chaminé de Londres. Segundo esse médico, a causa de tais casos estaria relacionada ao contato constante com o alcatrão e a fuligem presentes nas chaminés. Nesse contexto, podemos observar que o ambiente de trabalho pode ser, em muitos casos, fonte de exposição a centenas de agentes nocivos à saúde, como pós e partículas, fumaças, fluidos, fibras, radiação e substâncias químicas.

O trabalho realizado pelos profissionais da saúde, em diversas situações, envolve a manipulação de substâncias carcinogênicas.

Assim, é de extrema importância que sejam inicialmente identificadas as substâncias em uso consideradas carcinogênicas.

As medicações utilizadas para combater o câncer, podem também causar a doença em quem manipula e/ou administra tais medicações. Por isso é imprescindível o conhecimento na preparação e administração com também no descarte desses produtos. Os riscos podem atingir

pacientes, manipuladores e meio ambiente. Escola Técnica Dr. Gualter Nunes

Os procedimentos para descarte de carcinogênicos não podem envolver exposição do pessoal às substâncias, nem resultar na produção de outros carcinogênicos. Eles não devem ser descartados em pias ou ralos.

Resíduos líquidos contaminados por carcinogênicos devem ser armazenados em recipientes adequados, para posterior descarte. A tampa deve estar bem fechada e o recipiente bem identificado.

No caso de resíduos sólidos (luvas, frascos, etc) deve-se embalá-los em sacos plásticos e identificá-los adequadamente até descartá-los.

PRINCIPAIS DOENÇAS PASSÍVEIS DE TRANSMISSÃO DURANTE O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO

No exercício da profissão odontológica, uma série de doenças infecciosas pode ser transmitida para pacientes e profissionais. Sendo assim, a equipe tem por obrigação realizar uma prática clínica segura, adotando os preceitos atuais de controle de infecção.

A transmissão de microrganismos pode ocorrer por diferentes vias: contato direto com lesões infecciosas, ou com sangue e saliva contaminados; contato indireto, mediante transferência de microrganismos presentes em um objeto contaminado; respingos de sangue, saliva ou líquido de origem nasofaríngea, diretamente em feridas de pele e mucosa; e aerolização, ou seja, transferência de microrganismos por aerossóis.

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Para que haja transmissão de microrganismos, alguns aspectos são de vital importância: a virulência e a quantidade do agente; o estado imunológico do hospedeiro; e a susceptibilidade do local (solução de continuidade).

Na década de 80, com a ampla divulgação da infecção pelo HIV, todos os profissionais da saúde passaram a se preocupar com o controle de infecção. Ressalta-se, entretanto, que, desde a década de 30, estudos indicam um maior risco de aquisição de microrganismos pelos cirurgiões-dentistas. É relevante lembrar que, pelo fato de o HIV ser o que mais expressa temor, este vírus acaba sendo um motivador para a adoção de barreiras durante a prática odontológica. A seguir, teremos a oportunidade de rever as doenças infecciosas passíveis de transmissão durante o tratamento odontológico.

1. Sífilis

É uma doença sexualmente transmissível (DST) em 90% dos casos, podendo ainda ocorrer a transmissão vertical, quando é denominada de sífilis congênita. Apresentando um período de incubação de uma a três semanas. A vida extracorpórea do microrganismo é curta, sendo descrita por alguns autores como de segundos, a 25ºC.

2. Gonorreia

Trata-se de uma infecção causada pela bactéria, sendo a doença sexualmente transmissível (DST) mais prevalente no mundo, e também a mais antiga. O risco de transmissão durante a prática odontológica deve-se ao fato de serem as lesões bucais uma forma comum de expressão; e por constituírem a boca e a nasofaringe habitat para o microrganismo. Sua sobrevida extracorpórea é de poucas horas, em superfície seca.

3. Tuberculose

É uma doença causada pelo Mycobacterium tuberculosis, com um período de incubação geralmente superior a 6 meses. Afeta, na maioria das vezes, os pulmões, podendo, entretanto, acometer outras regiões, como os rins, os gânglios, os ossos, o sistema nervoso central, a mucosa bucal, entre outros. A transmissão mais comum é via secreção nasofaríngea eliminada pela tosse, que lança no meio ambiente, gotículas contendo o bacilo.Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes. A partir de 1984, quando já instalada a epidemia de AIDS, o número de casos de pessoas portadoras de tuberculose voltou a crescer nos países desenvolvidos, apresentando formas atípicas e disseminadas da doença.

Mycobacterium tuberculosis

Atualmente, uma grande preocupação mundial dirige-se às formas resistentes à terapêutica antimicrobiana. No contexto da nossa realidade, considera-se que 30% dos pacientes com AIDS adquiriram ou poderão adquirir tuberculose durante o curso da doença.

Os indivíduos portadores podem eliminar o bacilo por tempo superior a 15 dias, mesmo após a administração precoce da terapêutica indicada. Consequentemente, o cirurgião-dentista deve usar a máscara N95 ou PFF2 durante o atendimento desses indivíduos. Após essa fase, o procedimento clínico pode ser realizado com máscara de tripla proteção.

Em se tratando de um microrganismo extremamente resistente, a vida extracorpórea do M. tuberculosis é de várias semanas, em superfícies secas e à temperatura ambiente de 25ºC.

4. Difteria

Trata-se de uma infecção bacteriana causada pelo Corynebacterium diphtheriae, de transmissão direta (contato com pele lesionada) ou indireta (pelo ar). Seu período médio de incubação é de 1 a 6 dias. Sua sobrevida extracorpórea permanece entre 12 e 16 horas após semeadura de material clínico. O período de transmissão bacteriana é de duas semanas;

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17 5. Sarampo

É uma infecção respiratória aguda causada pelo vírus do gênero Paramyxovirus, apresentando um período de incubação de 10 dias, com variação de 7 a 18 dias. O período de transmissão compreende 4 a 6 dias anteriores ao surgimento das lesões cutâneas, estendendo-se até 4 dias após o desaparecimento do exantema. A transmissão pode ser direta, através de gotículas nasofaríngeas emitidas pela tosse e espirro; ou indireta, através dos aerossóis. A sobrevida extracorpórea, no meio ambiente, é superior a 24 horas.

6. Parotidite virótica (Caxumba)

Esta infecção da infância também é causada por vírus do gênero Paramyxovirus, sendo o seu período de incubação de 12 a 25 dias. A fase de transmissão ocorre por um período compreendido entre 7 dias anteriores ao estabelecimento dos sinais clínicos da doença, e 9 dias após o surgimento dos sintomas. A transmissão dá-se diretamente, por contato com gotículas de saliva contaminada; O vírus perde a infectividade quando submetido à temperatura de 55-60ºC durante 10 minutos; mas pode-se conservar viável em ambiente com temperatura de 4ºC, durante vários dias.

7. Rubéola

Trata-se de uma infecção respiratória amena associada a exantema, sendo causada por um vírus. Seu período de incubação varia de 14 a 21 dias.

A fase de transmissão compreende de 5-7 dias anteriores ao surgimento do exantema, até 5 a 7 dias após início da erupção. O vírus é inativado a 56ºC por 30 minutos, sendo que, a 4ºC, permanece viável por 14 horas. A maior preocupação sobre essa infecção virótica é o acometimento de gestantes, tendo em vista os possíveis danos causados ao feto via transmissão transplacentária. Gualter Nunes.

Quanto mais precoce for o contato com o vírus durante a gravidez, maiores poderão ser as alterações causadas. Desse modo, a fase crítica de contato compreende as primeiras 12 semanas gestacionais. Os danos causados ao ser em desenvolvimento podem se voltar para problemas cardíacos, de má formação (fendas orofaciais e membros superiores) e aborto espontâneo. Quando o contato ocorre em fases tardias da gestação, as alterações se resumem principalmente a hepatite e retardo mental progressivo.

8. Influenza (gripe)

É uma das infecções viróticas mais comuns. Seu período de incubação é curto (1 a 5 dias) e o período de maior transmissibilidade acontece durante os 3 primeiros dias da doença. O vírus sobrevive em superfície não absorvente por 8 a 24 horas; e, em tecido ou papel, por 8 a 12 horas. A prática odontológica coloca em risco os profissionais, tendo em vista a facilidade de transmissão do vírus e o contato estabelecido durante o tratamento odontológico.

Estudos têm demonstrado que estudantes de odontologia apresentam uma maior incidência da infecção quando comparados com estudantes de medicina e farmácia; os técnicos e auxiliares em saúde bucal (ASB e TSB) ao serem comparados com nutricionistas,

apresentaram uma maior incidência em um período de 1 ano; e, nesse período, os TSB e ASB não apresentaram aumento de falta ao trabalho, sugerindo um maior risco de transmissão para pacientes. Finalmente, tem sido relatada uma forte correlação entre a infecção, acometendo os pacientes e os cirurgiões-dentistas que os tratam.

9. Herpes

O herpes simples é uma doença infecciosa aguda que, à exceção das infecções viróticas respiratórias, é a virose humana mais comum. Os vírus do herpes simples são o VHS e o HSH. Um é

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responsável por lesões que acometem a oroface e o outro envolve, principalmente, as lesões genitais. O período de incubação é de 1 a 26 dias.

O vírus é transmitido com maior frequência no contato direto com lesões ou objetos contaminados. A disseminação assintomática do vírus através de fluidos orgânicos (sangue, saliva, secreções vaginais) ou das lesões crostosas constitui uma importante forma de transmissão. O vírus já foi identificado em saliva de pacientes durante a evolução da doença. Ressalta-se ainda, a transmissão através das lesões clinicamente ativas.

https://biosom.com.br/blog/saude/herpes-labial/

O vírus apresenta uma sobrevida extracorpórea de 2 horas na pele; de 4 horas em superfícies plásticas; de até 3 horas em tecido, de 72 horas em gaze seca, e de 45 minutos em peça de mão. Os procedimentos odontológicos em pacientes portadores de lesões herpéticas devem ser adiados sempre que possível, até que a cura clínica da infecção se estabeleça.

10. Varicela (Catapora)

É uma infecção causada por vírus. Seu período de incubação varia de 10 a 20 dias. A transmissão da infecção pode ocorrer desde 2 dias antes do início da erupção cutânea até 5 dias após o início da erupção. Em pessoas imunodeficientes, a transmissão pode ocorrer durante o período de erupção das lesões. É altamente contagiosa, sendo facilmente transmitida por inalação ou contato direto com a pele. O vírus, por ser sensível à luz solar e ao calor, apresenta uma pequena sobrevida extracorpórea.

11. Hepatite Virótica

Trata-se de um processo infeccioso primário envolvendo o fígado. Atualmente, são sete os tipos de vírus identificados: A, B, C, D, E, F e G. As hepatites F e G são as mais recentes da família da hepatite virótica, sendo transmitidas por via parenteral. Gualter Nunes.

Seu impacto para a odontologia ainda não está esclarecido, sendo necessárias investigações futuras antes que se formulem recomendações para a prática odontológica. As principais características para as outras cinco formas de hepatite virótica estão esquematizadas no quadro a seguir.

Tipo do

Vírus Vias de Transmissão Morbidade Risco de cronificar

Período de incubação

A Oro fecal Baixa Praticamente inexistente 15 a 45 dias

B

Sexual, parenteral, sangue e hemoderivados, perinatal, procedimentos

cirúrgicos e odontológicos, soluções de continuidade

Alta Alto 40 a180 dias

C Parenteral, sangue e hemoderivados,

sexual e perinatal Moderada Alto 14 a 150 dias

D

Sexual, parenteral, sangue e hemoderivados, perinatal, procedimentos

cirúrgicos e odontológicos, soluções de continuidade

Alta Alto 28 a 140 dias

E Oro-fecal Alta para

gestantes

Praticamente

inexistente 15 a 64 dias A sobrevida extracorpórea para os diferentes vírus ainda não está bem definida. Sabe-se, entretanto, que para o vírus da hepatite A, pode ser meses, em água; e para a hepatite B, semanas, 25ºC.

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No que tange à Odontologia, o vírus da hepatite B vem sendo considerado o de maior risco para a equipe de saúde bucal. O sangue é a fonte principal da infecção ocupacional. A presença do vírus da hepatite B na saliva não deve ser menosprezada. O risco de infecção ocupacional é maior para os profissionais de especialidades cirúrgicas que para os clínicos. O pessoal auxiliar odontológico (TSB, ASB, TPD) também está sob maior risco de contrair Hepatite B, se comparado à população geral.

A transmissão do vírus através de aerossóis e superfície contaminada não tem demonstrado relevância epidemiológica. No entanto, as características próprias do trabalho odontológico, com frequentes relatos de não adoção de normas universais de biossegurança e de falhas nos procedimentos de esterilização, revelam uma alta probabilidade da ocorrência de infecção.

O risco de aquisição de hepatite B por meio de acidente perfurocortante, com sangue sabidamente contaminado, varia de 6 a 30%, sendo que uma quantidade ínfima de sangue contaminado (0,0001ml) é suficiente para a transmissão do vírus. Acredita-se que, em um acidente perfurocortante envolvendo sangue de fonte desconhecida, o risco de aquisição da hepatite B é 57 vezes superior, quando comparado ao HIV; e o risco de vir a óbito é 1,7 vezes superior para hepatite B, apesar da característica letal do HIV. Com o surgimento da vacina contra a hepatite B, criou-se a expectativa de controlar esta doença. A vacinação tem indicação para proteger as pessoas com maior risco de adquirir a infecção, entre elas os componentes da equipe odontológica. O melhor período para a imunização é aquele anterior ao início da atividade clínica.

Devido às características da prática odontológica, a vacinação é uma medida de proteção individual e é prioritária entre os procedimentos de controle de infecção. Atualmente, a vacinação para os profissionais de saúde é realizada em unidades básicas de saúde. Entretanto, em nível mundial, tem-se observado que, mesmo quando as três doses necessárias para a imunização são oferecidas gratuitamente, os trabalhadores de saúde não se motivam à adoção dessa medida de proteção.

Uma das maiores preocupações para a Saúde Pública vem sendo o aumento dos casos de hepatite C. Trata-se de uma infecção de origem parenteral que acontece, principalmente, via sangue contaminado. A resolução espontânea do quadro de hepatite C é rara e, no momento, a terapia medicamentosa apresenta uma eficácia experimental em 40 a 50% dos casos. Não foram desenvolvidas, até o presente momento, vacinas contra a hepatite C. Esse vírus tem sido identificado em um número de superfícies odontológicas após o tratamento de um paciente. Ele se mantém estável, à temperatura ambiente, por mais de 5 dias.

12. AIDS (infecção pelo HIV)

A infecção pelo HIV tem como via principal de contágio a sexual. Além desta, também é relevante a via parenteral, através de sangue e seus derivados. O período mediano de incubação é de 10 anos, ou seja, 50% dos indivíduos portadores do HIV vêm a desenvolver a doença decorrido esse tempo.

O período de transmissão, entretanto, compreende desde o momento de infecção até o eventual óbito do paciente. Trata-se de um vírus frágil, cuja vida extracorpórea é curta, tendo em vista a sua fragilidade à luz solar e ao meio ambiente. A possibilidade de transmissão durante um acidente perfurocortante, com sangue sabidamente contaminado é baixa, variando de 0,05 a 0,1%; ou seja, de cinco chances em dez mil a uma chance em mil. Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes.

Vírus HIV

Por razões já expostas anteriormente, os profissionais de Odontologia apresentam uma grande resistência ao tratamento de indivíduos sabidamente positivos para o HIV. Salientam-se, ainda, os estudos que indicam que os pacientes reconhecidamente soropositivos, em sua maioria não revelam o seu estado de infecciosidade por medo de terem o seu tratamento negado. Assim, os profissionais de Odontologia devem adotar medidas de precaução padrão durante a sua prática clínica.

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20 MEDIDAS DE PRECAUÇÃO PADRÃO

Precaução Padrão é um conjunto de medidas de controle de infecção a serem adotadas universalmente, como forma eficaz de redução do risco ocupacional e de transmissão de agentes infecciosos nos serviços de saúde. Essas precauções foram criadas para reduzir o risco de transmissão de patógenos através do sangue e fluidos corporais. São indicadas para todos os pacientes, independentemente do diagnóstico, em todas as situações de tratamento.

O controle de infecção na prática odontológica deve obedecer a quatro princípios básicos:

✓ Princípio 1: Os profissionais devem tomar medidas para proteger a sua saúde e a da sua equipe.

Imunizações: As imunizações reduzem o risco de infecção e, por conseguinte, protegem não apenas a saúde dos componentes da equipe como a de seus pacientes e familiares.

Lavagem das mãos: Lavar as mãos com frequência é, isoladamente, a ação mais importante para a prevenção e o controle de infecções. A pele é densamente povoada por microrganismos

Evitar acidentes: As agulhas devem ser descartáveis. Não devem ser entortadas ou re-encapadas após o uso, evitando punção acidental. Não reencape perfurocortantes com as mãos desprotegidas. Use sempre um instrumento auxiliar e superfície fixa como apoio. Remover as brocas logo após o uso.

✓ Princípio 2: Os profissionais devem evitar contato direto com matéria orgânica.

Uso de barreiras protetoras: O uso de barreiras protetoras é extremamente eficiente na redução do contato com sangue e secreções orgânicas. Dessa forma, a utilização do equipamento de proteção individual torna-se obrigatória durante o atendimento odontológico.

✓ Princípio 3: Os profissionais devem limitar a propagação de microrganismos.

Preparação do ambiente: É muito importante preparar a sala antes de iniciar o atendimento. Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes. O planejamento evitará o contato da mão enluvada com materiais e equipamentos. Para as superfícies que não podem ser descontaminadas facilmente, indica-se o uso de coberturas descartáveis. Essas aumentam a eficiência do controle de infecções, com menor gasto e redução do tempo para desinfecção.

✓ Princípio 4: Os profissionais devem tornar seguro o uso de artigos, peças anatômicas e superfície.

Cuidados com o instrumental: Não desinfetar quando se pode esterilizar. Esterilizar sempre!

INFECÇÕES CRUZADAS

1. Controle da Infecção Cruzada na Prática Odontológica

A Odontologia, através do tempo, vem se transformando, de um caráter puramente artesanal, empírico, para um conceito atualizado, técnico-científico-humanista. Dentro dessa nova visão, a profissão tem passado por estágios distintos, regidos por necessidades temporais e geográficas e impondo-se com o merecido respeito que se deve conceder às profissões que servem à Saúde Pública.

A Odontologia contemporânea se depara com o aumento global na incidência de doenças infectocontagiosas das mais variadas etiologias, entre elas a AIDS, o que lhe impôs a necessidade de discutir e adotar mecanismos de proteção, tanto para o profissional e sua equipe, quanto para o seu paciente. Essas medidas são denominadas de Medidas de Precaução padrão.

O cirurgião dentista e sua equipe estão expostos, igualmente, a essa grande variedade de agentes infecciosos. O uso de procedimentos efetivos de controle de infecção e as precauções padrão no consultório odontológico e laboratórios relacionados, previnem a infecção cruzada, extensiva aos CDs, equipe e pacientes

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O risco de infecção cruzada em consultório odontológico é o de transmitir uma determinada infecção de uma pessoa para outra, podendo ser:

✓ de um paciente para outro,

✓ de um paciente para um profissional da equipe, ✓ de um profissional para um paciente,

✓ de um profissional da equipe para um de seus familiares.

2. Riscos de infecção cruzada em consultórios

✓ Exposições percutâneas: lesões provocadas por instrumentos perfurocortantes.

✓ Exposições em mucosas: quando há respingos na face envolvendo olho, nariz ou boca. ✓ Mordeduras humanas: quando envolvem presença de sangue.

✓ Contaminação orofecal: devido ao baixo nível de higiene de algum membro da equipe profissional.

✓ EPIs e vestimentas contaminados: o profissional contamina seu paciente ao portar contaminantes no seu corpo e/ou vestimenta.

✓ Infecção de paciente para paciente: uso de instrumentais não estéreis ou quando ocorre falha de esterilização.

✓ Inoculação direta: quando um instrumento perfuro cortante que incisa o paciente e depois fere um membro da equipe ou vice versa.

3. Cuidados durante a manipulação de materiais perfurocortantes.

✓ Ter a máxima atenção durante a realização dos procedimentos ✓ Jamais usar os dedos como anteparo durante a realização de procedimentos que envolvam materiais perfurocortantes.

✓ As agulhas não devem ser reencapadas, entortadas quebradas ou retiradas da seringa com a mão. Esc. Téc. Dr. Gualter Nunes. Usar como procedimento padrão o ato de recolocar a agulha no invólucro deixando este sobre a bandeja e empurrando a seringa carpule, para que a agulha entre no invólucro.

✓ As lâminas de bisturi devem ser colocadas e removidas do cabo com o auxílio de um porta-agulha, e nunca com as mãos.

Os coletores específicos para descarte de materiais perfurocortantes não devem ser preenchidos acima do limite de 2/3 de sua capacidade total. ATIVIDADES PRÁTICAS RELACIONADAS:

Montagem de caixa descarparck;

Montagem e desmontagem de seringa carpule.

CLASSIFICAÇÃO DOS AMBIENTES

Na área da saúde, não há nenhuma atividade que apresente um quadro tão heterogêneo de detalhes com vistas ao controle de infecção quanto a Odontologia, o que pode dificultar a tomada de decisões em relação aos cuidados quanto à esterilização ou desinfecção de superfícies ou instrumentos. As dificuldades poderão ser eliminadas ou extremamente reduzidas, se o profissional, independentemente de sua especialidade, distinguir o ambiente de atuação e o risco potencial de transmissão dos instrumentos e materiais utilizados.

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22 Os ambientes podem ser classificados:

a. Áreas Não Críticas - são aquelas não ocupadas no atendimento dos pacientes ou às quais estes não têm acesso. Essas áreas exigem limpeza constante.

b. Áreas Semicríticas - são aquelas vedadas às pessoas estranhas às atividades desenvolvidas. Ex.: sala de espera, laboratórios. Exigem limpeza e desinfecção constante, semelhante à doméstica.

c. Áreas Críticas - são aquelas destinadas à assistência direta ao paciente, exigindo rigorosa desinfecção. Ex.: clínicas de atendimento, setor de esterilização. Gualter Nunes. Os equipamentos e mobiliários pertencentes a essas áreas requerem cuidados mais frequentes de limpeza e desinfecção, porque são os que mais se contaminam e que mais facilmente podem transmitir doenças.

As superfícies que entram em contato direto com matéria orgânica (sangue, secreções ou excreções), independentemente de sua localização, exigem desinfecção (hipoclorito de sódio a 1%), com remoção da matéria orgânica, e limpeza, com água e sabão.

1. Limpeza e desinfecção do ambiente do consultório Regras básicas

a. Temos que ter em mente a diferença entre limpar o consultório e outros ambientes, como por exemplo, uma residência.

b. Devemos usar EPIs, para tal procedimento.

c.

Nunca efetuar varredura a seco para não provocar a presença de partículas em suspensão, como acontece na varredura com vassoura.

d.

Usar carrinhos próprios para transportar o material de limpeza e os sacos de lixo.

e.

Começar a limpeza da área menos contaminada para a mais contaminada.

f.

Limpar em sentido único, de cima para baixo

(do teto para o chão). Nunca em vaivém.

g.

Não misturar panos que limparam o chão com

os panos usados para limpar o armário clínico e equipamento odontológico.

h.

Usar solução desinfetante após a limpeza e lavagem com água e detergente.

i.

Recomendam-se os seguintes desinfetantes:

solução de água sanitária (hipoclorito de sódio) a 10% para pisos, paredes, banheiros, balcões e superfícies; e fenol sintético para equipamentos, torneiras e todos os dispositivos metálicos.

j.

Chamamos a atenção que o hipoclorito de sódio é corrosivo de metais.

k.

Os balcões e equipamentos podem, alternativamente, serem desinfetados com álcool 70º sob fricção e hipoclorito de sódio a 1%.

l.

A desinfecção dos armários deve ser realizada entre cada atendimento com desinfetantes indicados.

m. Os armários devem ser de superfície lisa, impermeável e de preferência de cor clara para

facilitar a desinfecção e a visualização de sujidades.

n.

Dividir corredores ao meio limpando de um lado e deixando passagem pelo outro, para depois inverter (se a área da clínica for grande).

o.

Nunca devem colocar sobre o balcão de trabalho e trazer para a área clínica, objetos oriundos de outras áreas como área administrativa, banheiros, laboratório de prótese, cozinha e outras.

p.

Todo o material usado (baldes, panos, vassouras, carrinhos, etc.) deve ser limpo e desinfetado com solução de hipoclorito de sódio, exceto quando houver metal.

q.

Deverá haver uma limpeza e desinfecção concorrente durante os trabalhos, principalmente entre um paciente e outro, e uma limpeza terminal, no fim do período.

r.

Ao se notar um espirro ou gotejamento de material orgânico sobre uma superfície, deve-se, tão logo quanto possível, colocar papel toalha sobre o líquido e borrifá-lo com uma solução de hipoclorito de sódio ou fenol sintético (se a superfície for metálica), Após 10 min pode-se remover o papel, que será descartado como material contaminado, e proceder a lavagem do local com pano e detergente.

(23)

23

s.

Deverá haver um razoável intervalo de tempo entre os períodos para realização correta da limpeza terminal.

CLASSIFICAÇÃO DOS ARTIGOS

Artigos Críticos - são aqueles que penetram na pele ou mucosa. Ex.: instrumentos de corte ou ponta; outros artigos cirúrgicos (pinças, afastadores, fios de sutura, etc.); soluções injetáveis. Os artigos críticos devem passar por processo de esterilização.

Artigos Semicríticos - são aqueles que entram em contato com a mucosa. Ex.: material para exame clínico (pinça, sonda e espelho); condensadores; moldeiras; portagrampo, etc. Os artigos semicríticos devem passar por processo de esterilização ou desinfecção de alto nível.

Artigos Não críticos - são aqueles que entram em contato com a pele íntegra ou não entram em contato direto com o paciente. Ex.: equipo odontológico; superfícies de armários e bancadas; aparelho de raios X. Os artigos não críticos devem passar por processo de desinfecção.

CLASSIFICAÇÃO DOS PROCEDIMENTOS CLÍNICOS

Procedimento crítico: todo procedimento em que haja presença de sangue ou pus.

Procedimento semicrítico: todo procedimento em que haja presença de secreção orgânica (saliva), sem sangramento.

Procedimento não crítico: todo procedimento em que não haja presença de sangue, pus ou outras secreções orgânicas, inclusive saliva.

LIMPEZA DO INSTRUMENTAL

É primordial a limpeza eficaz do material antes de qualquer tipo de processo de esterilização escolhido. No caso do instrumental, a lavagem deve ser feita através de escovação com detergente neutro líquido ou detergente enzimático ou, idealmente, a limpeza poderá ser feita em lavadora ultrassônica utilizando-se detergente enzimático.

1. Informações técnicas sobre limpeza e lavagem dos instrumentos

a. As pessoas que realizam estas tarefas deverão portar avental, óculos, máscara e luvas de limpeza de textura grossa, já que existe a possibilidade de acidentes perfurocortantes e da formação de espirros durante a escovação.

b. Os instrumentos devem ser mantidos abaixo da linha da água durante a escovação para se evitar borrifos.

c. Os instrumentos devem permanecer imersos numa solução de pré-lavagem para facilitar a retirada das sujidades. As soluções de pré-lavagem existentes possuem detergentes, substâncias proteolíticas, compostos fenólicos, desincrostantes enzimáticos, iodóforos e outros produtos.

d. Embora tenhamos a presença de desinfetantes nessas soluções, após a lavagem, os instrumentos ainda serão considerados contaminados.

e. Existem aparelhos de limpeza, constituídos de cubas dotadas de ultrassom, que auxiliam na limpeza prévia dos instrumentos. Os produtos que sujam as superfícies dos instrumentos são dispersos ou dissolvidos. O ultrassom associado à ação de detergentes possibilita a remoção da sujidade até onde a escovação manual não alcança.

f. Após a escovação com detergente ou produto de pré-lavagem para remoção da matéria orgânica ou produtos odontológicos, os materiais são colocados na cuba do aparelho ultrassônico.

g. Os aparelhos possuem um temporizador que controla o tempo pré-determinado de limpeza que é aproximadamente de 10 minutos.

h. Durante o ciclo dos aparelhos de ultrassom devemos manter a cuba coberta. Há a formação de um aerossol induzido pelo ultrassom que pode ser um risco em potencial de contaminação.

i. A escova usada para as lavagens manuais deve ser de cabo longo. Estas escovas são disponíveis em qualquer supermercado ou casa de materiais de limpeza.

Referências

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