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CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO URBANOEM JARDIM DE PIRANHAS/RN

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CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ

DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA – CURSO DE GEOGRAFIA

CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO

URBANOEM JARDIM DE PIRANHAS/RN

ÉVERTON ARAÚJO SANTOS

CAICÓ 2015

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CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO URBANO

EM JARDIM DE PIRANHAS/RN

Monografia apresentada ao Departamento de Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Orientadora: Prof.ª Dra. Ione Rodrigues Diniz Morais

CAICÓ 2015

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CIDADE E INDÚSTRIA NA TESSITURA DO FENÔMENO URBANO

EM JARDIM DE PIRANHAS/RN

Monografia apresentada ao Departamento de Geografia do Centro de Ensino Superior do Seridó da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, para obtenção do título de Bacharel em Geografia.

Aprovada em _____/_____/_____.

BANCA EXAMINADORA

____________________________________________________ Prof.ª Dra. Ione Rodrigues Diniz Morais – Orientadora

UFRN/CCHLA/DGE

____________________________________________________ Prof.ª Dra. Sandra Kelly de Araújo– Examinadora

UFRN/CERES/DGC

____________________________________________________ Prof.ªMs. Sandra Priscila Alves – Examinadora

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Aprendi a considerar a gratidão um princípiomoral. Não apenas uma regra da boa educação, mas uma forma de construir um espírito bondoso. Reconhecer a generosidade é estimular a si próprio a exercê-la. Dessa forma,registro os meus agradecimentos aqueles que contribuíram de alguma forma, da mais singela a mais intensa, para que este trabalho se concretizasse e se configurasse o símbolo da minha jornada rumo aos objetivos aos quais busco.

Agradeço àquele em quem deposito minha fé e que acalenta meu coração e minha alma nos momentos mais difíceis da jornada neste mundo, Deus.

Aos meus pais, Maria Salete e Evilázio Ferreira, que me ensinaram, com exemplos, o real valor do caráter e da dignidade e, assim,seguir pelos caminhos certos em detrimentos aos fáceis.

A professora e orientadora Ione Rodrigues Diniz Morais por ensinar, com ações, que é possível alinhar disciplina e generosidade. Além de conhecimentos geográficos reafirmou valores éticos e morais, tanto na ciência como na vida.

A Universidade Federal do Rio Grande do Norte e a todos os professores que contribuíram com seus conhecimentos para formar os melhores profissionais.

A minha amiga Rejane Vale, a qual considero um presente divino;esses anos foram marcados por uma parceria que se transformou em irmandade. Meu coração aprendeu a ser mais bondoso, pois tive os melhores exemplosda pessoa de coração mais nobre que meus olhos já viram. Deixo esse agradecimento especial, a pessoa de coração mais belo que pude conhecer.

Aos amigos e amigas que me ajudaram nas dezenas de dúvidas, Paloma Maiara, Neusiene Silva, Josenildo Dantas e Thiago Brito.

Aos meus companheiros e companheiras que, juntos, de mãos dadas, enfrentaram comigoessa jornada intensa, alegre e de sorrisos nos rostos: Ana Cássia, Anna Priscilla, Aristóteles Araújo, Dayane Raquel, Helena Patrícia e Roberta Kelly.

A todos os meus amigos que, muitas vezes, no silêncio da minha concentração, não pude lhes dar a merecida atenção.

Por fim, dedico este trabalho a toda sociedade jardinense e, principalmente, àqueles cidadãos que são apaixonados pela Geografia.

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“Ninguém vale pelo que sabe, mas pelo que faz com aquilo que sabe”

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se as discussões sobre o fenômeno urbano. Nessa perspectiva, realizou-se um estudo com oobjetivo de compreender a relação entre cidade e indústria na tessitura do fenômeno urbano em Jardim de Piranhas/RN e, mais especificamente,evidenciar seus aspectoshistóricos,populacionais e econômicos, descrever as fases do desenvolvimento da indústria têxtil na cidade, caracterizar a indústria têxtil local, avaliar as repercussões dessa atividade no mercado de trabalho edemonstrar a cartografia da indústria têxtil jardinense no âmbito do espaço citadino.Os procedimentos utilizados corresponderam à pesquisa bibliográfica e historiográfica,pesquisa documental, pesquisa de campo por meio da realização de entrevistas, aplicação de formulários, registros fotográficos e uso do GPS (Global Positioning System). Os resultados indicaram que, em Jardim de Piranhas, existe uma forte tessitura entre o fenômeno urbano e a atividade têxtil, que se caracteriza como uma das principais fontes de emprego, trabalho e renda da população, assumindo relevância para a economia local e regional (Seridó) por estimular o comércio e as articulações com diferentes localidades, tanto no território potiguar quanto em outros estados brasileiros. A influência dessa atividade em Jardim de Piranhas,ultrapassa a esfera da economia, projetando-se na organização espacial da cidade, sendo um importante vetor da dinâmica urbana.A indústria têxtil, que se encontra dispersa em todos os bairros da cidade, modernizou-see ampliou o seu mercado consumidor. Todavia, esse processo gerou particularidades no urbano jardinense que se evidenciam como diferenciais tanto positivos, como é o caso da oferta de trabalho e emprego e, por vezes, a aferição de rendas mais elevadas que um salário mínimo, como negativos, sendo exemplares os problemas socioambientais que comprometem a saúde e a qualidade de vida dos que trabalham nas fábricas ou perto delas residem.

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The geography studies assume different categories of analysis; among them, it highlights the discussions about the urban phenomenon. From this perspective, it was made a study with the purpose to understand the relation between city and industry in the contextureof the urban phenomenon in Jardim de Piranhas/RN and, more specifically, to evidence its historical, population and economical aspects, to describe the development stages of the textile industries in the town, to characterize the local textile industry, to evaluate the repercussions of this activity in the labor market and demonstrate the cartography of Jardim de Piranhas’ textile industry within the mentioned space. The procedures utilized correspond to bibliographic research and historiographical, documentary research, field research through interviews, forms application, photographic records and the use of GPS (Global Positioning System). The results indicate that in Jardim de Piranhas exists a great contexture between urban phenomenon and textile activity, which characterize itself as one of the major sources of employment, work and population income, assuming relevance to the local and regional (Seridó) economy by stimulating trade and articulations with different locations, not only in the Potiguar territory but also in other Brazilian states. The influence of this activity in Jardim de Piranhas goes beyond the economic realm, projecting itself in the spatial organization of the city, being an important segment in urban dynamics. The textile industry, which is found dispersed in every neighborhood in the city, has been modernized and it has expanded its consumer market. However, this process has generated particularities in the jardinense urban scenario that stand out as differentials both positive, such as labor supply and employment that by its turn the admeasurement of incomes higher than a minimum wage, and negative there are the examples of social and environmental problems that compromise health and life quality of those who work in the factories or live nearby them.

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Figura 02 –Microrregiões Seridó Ocidental (RN) e Catolé do Rocha

(PB)...22

Figura 03 –Rede: primeiro produto têxtil fabricado em Jardim de Piranhas/RN...25

Figura04 –Modelo do tear de madeira, denominado de “estreito”...25

Figura 05 – Modelo do tear de madeira, denominado de “largo”...26

Figura 06 – Modelo do tear mecânico implementado no município em 1980...27

Figura 07 – Modelo do tear automático, implementado em 1991...28

Figura 08 – Principais elementos do tear...29

Figura 09 – A cala...30

Figura 10 – Movimento do pente... 30

Figura 11 – Lançadeira com o fio de trama... 31

Figura 12 – Movimento feito pela lançadeira com o fio de trama...31

Figura 13 – Tecido de plano, produto base da indústria têxtil local...32

Figura 14 – Modelo do tear de pince, implementado em 2014 ...33

Figura 15 – Cobertor/Manta...42

Figura 16 – Conjunto de banheiro...42

Figura 17 – Esfregão...42

Figura 18 – Flanelas...43

Figura 19 – Pano de copa...43

Figura 20 – Pano de prato...43

Figura 21 – Rede de dormir ...44

Figura 22 – Saco...44

Figura 23 – Tapete...44

Figura 24 –Toalha de banho...45

Figura 25 – Cidade de Jardim de Piranhas/RN...47

Figura 26 –Prefeitura Municipal de Jardim de Piranhas, erguida em 1956...49

Figura 27 – Mercado Municipal, erguido em 1951 e inaugurado em 1952...49

Figura 28 – Açougue Municipal, inaugurado em 1968...49

Figura 39 – Igreja de Nossa Senhora dos Aflitos, erguida em 1710...50

Figura 30 –Casa da Cultura “Poeta Chico Pedra”, inaugurada em 2015...50

Figura 31 – Antiga Praça Plínio Saldanha...51

Figura 32 –Praça Plínio Saldanha, reformada em 2014...51

Figura 33 – Espacialização da indústria têxtil local no espaço urbano de Jardim de Piranhas/RN – 2014...53

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Tabela 01 –População do Município de Jardim de Piranhas/RN (1950/2010)...20 Tabela 02 – Área ocupada para Atividade Industrial Têxtil, segundo Perfil das Empresas –

2014...35

Tabela 03 – Preço do Aluguel de Estabelecimentos Têxteis em Jardim de Piranhas por

metragem – 2014...36

Tabela 04 – Geração de Trabalho e Renda decorrente da Indústria Têxtil de Jardim de

Piranhas – 2014...39

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Quadro 1 –Critérios para Definição do Porte das Empresas, segundo diferentes agentes –

2014...34

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Gráfico 01 –Tipo de Espaço usado pela Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN - 2014..35 Gráfico 02 –Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas, por condição de funcionamento...37 Gráfico 03 –Terceirização na Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN –

2014...38

Gráfico 04 –Geração de Ocupação decorrente da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN -

2014...40

Gráfico 05 –Produtos da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN, pro número de empresas

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EPP – Empresa de Pequeno Porte

BNDES – Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social GPS – Global Positioning System

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística IPEA – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada ME - Microempresa

PB – Estado da Paraíba

PMCMV – Programa Minha Casa Minha Vida RN – Estado do Rio Grande do Norte

NE – Região Nordeste

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1INTRODUÇÃO ... 14

2 CIDADE E INDÚSTRIA: A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO JARDINENSE ... 16

2.1 ASPECTOS GEOGRÁFICOS E HISTÓRICOS ... 16

2.2 ASPECTOS POPULACIONAIS ... 19

2.3 ASPECTOS ECONÔMICOS ... 21

3 CIDADE DA INDÚSTRIA: A PRODUÇÃO TÊXTIL JARDINENSE ... 24

3.1 FASES DA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL... 24

3.2 CARACTERÍSTICAS DA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL ... 33

4 INDÚSTRIA NA CIDADE: A CARTOGRAFIA DA ATIVIDADE TÊXTIL JARDINENSE ... 47

4.1.A CONFIGURAÇÃO ATUAL DO ESPAÇO URBANO ... 47

4.2 CARTOGRAFIA DA INDÚSTRIA TÊXTIL ... 52

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 55

REFERÊNCIAS ... 56

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1 INTRODUÇÃO

A sociedade é objeto de estudo de diferentes áreas do conhecimento, todavia cada uma delas se preocupa com uma dada dimensão ou fenômeno social. A Geografia, enquanto ciência, estuda a sociedade em sua espacialização, ou seja, a sua organização espacial. Assim, considera-se o espaço geográfico o objeto de estudo da Geografia (CORRÊA, 1990). Os estudos geográficos podem assumir diferentes categorias de análises, dentre as quais ressaltam-se aqueles que discutem o fenômeno urbano.

Com base nesses pressupostos, desenvolveu-se uma pesquisa que contemplou o tema Cidade na perspectiva da relação entre o fenômeno urbano e a atividade industrial. Como base empírica para a realização desse estudo, elegeu-se Jardim de Piranhas/RN, cidade localizada na Microrregião do Seridó Ocidental, na Mesorregião Central do Rio Grande do Norte.

A relação entre a atividade têxtil e Jardim de Piranhas está associada ao processo de formação de seu território. Até por volta dos anos de 1950, a localidade tinha uma economia essencialmente de base agrária, embora a atividade têxtil já fosse realizada em moldes artesanais. Todavia, a partir desse período, o município passou a vivenciar mudanças em sua estrutura produtiva que foram responsáveis pela configuração de um perfil socioeconômico urbano/industrial, marcado pelo desenvolvimento da produção têxtil. Nas duas últimas décadas do século XX, esse processo foi intensificado, tendo em vista a evolução da atividade, em termos de uso de técnicas e tecnologias,que a transformaram em uma das principais fontes de renda da população local. Por conseguinte, tornou-se um dos segmentos mais relevantes da economia jardinense.

Considerando o exposto e com base na premissa de que cidade e indústria possuem uma estreita relação na tessitura do fenômeno urbano, o objeto de estudo está sendo problematizado a partir das seguintes questões: como se deu o processo de desenvolvimento da indústria têxtil na cidade, considerando uma perspectiva histórica? Como se caracteriza a indústria têxtil local quanto ao perfil das empresas e a produção?Quais as repercussões desta atividade no mercado de trabalho local, em termos de ocupação e renda? Como se configura a cartografia da indústria jardinense?

Em consonância com a problematização que norteou os estudos, definiu-se comoobjetivo geral compreender a relação entre cidade e indústria na tessitura do fenômeno urbano em Jardim de Piranhas/RN e, como objetivos específicos,evidenciar aspectos históricos da formação do território, considerando ainda aspectos populacionais e

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econômicos; descrever as fases que compreendem o processo de desenvolvimento da indústria têxtil na cidade; caracterizar a indústria têxtil local quanto ao perfil das empresas e a produção; avaliar as repercussões dessa atividade no mercado de trabalho, em termos de ocupação e renda; demonstrar a cartografia da indústria têxtil jardinense no âmbito do espaço citadino.

Os procedimentos utilizados corresponderam à pesquisa bibliográfica para fins de embasamento teórico acerca de conceitos pertinentes a Geografia Urbana,e historiográfica, com base em autores locais e regionais, visando a compreensão dos aspectos históricos e econômicos relativos à área de estudo;pesquisa documental em banco de dados estatísticos para obter informações sobre aspectos econômicos e populacionais; pesquisa de campo por meio da realização de entrevistasdo tipo semiestruturada, com empresários da indústria têxtillocal visando compreender o desenvolvimento da atividade e sua evolução tecnológica, eaplicação de formulários com empresários ou responsáveis pelas indústrias para fins de coleta de dados sobre número e perfil das empresas.Dentre as 82 unidades industriais têxteis existentes na cidade, 62 proprietários ou representantes dos estabelecimentos responderam ao formulário utilizado como instrumento da coleta de informações, o que representa uma amostra de 75,6% do total.

A pesquisa de campo ainda envolveu registros fotográficos e delimitação de pontos com uso do GPS (Global Positioning System) (Datum WGS84) com o objetivo de elaborar a cartografia da indústria têxtil da cidade.Para transformar os elementos coletados em informações que remetam a realidade socioespacial em análise, foram utilizados procedimentos como a tabulação de dados através do software SPHINX 5 e, para a elaboração de gráficos e tabelas foram utilizados os softwares Microsoft Office Word 2010 e o Microsoft Office Excel 2010.

A justificativa para a realização dessa pesquisa fundamenta-se na importância da indústria têxtil para a dinâmica urbanade Jardim de Piranhas, a qual sereflete e/ou influencia na atual estrutura socioespacial e econômica da cidade.

O trabalho monográfico encontra-se sistematizadonos seguintes capítulos: Cidade

e Indústria: a formação do território jardinense, que aborda a origem do lugar e aspectos

populacionais e econômicos; Cidade da Indústria: a produção têxtil jardinense, quediscorre sobre as fases de evolução e as características da indústria têxtil local, e Indústria naCidade: a

cartografia da atividade têxtil jardinense, que demonstra a distribuição dos estabelecimentos

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2CIDADE E INDÚSTRIA: A FORMAÇÃO DO TERRITÓRIO JARDINENSE

A cidade é um espaço que desperta a curiosidade e o interesse de pesquisadores das mais distintas ciências, sendo um objeto de estudo bastante investigado na Geografia.

Ao longo do tempo, a cidade é caracterizada pelos agentes que a constroem e a transformam, sejam eles políticos, religiosos, econômicos. A ação desses agentes resulta em peculiaridades que podem fazer com que uma cidade até se pareça com outra, porém jamais seja igual. Tais peculiaridades denotam como o espaço foi utilizado pelo homem, resultando em sua forma atual. Esse processo ratifica a concepção de Carlos (2009, p. 43), segundo a qual a cidade corresponde a:

Uma forma histórica específica que se explica através da sociedade que a produz, num produto da história das relações materiais dos homens que a cada momento adquire uma nova dimensão; a específica de um determinado estágio do processo de trabalho vinculado à reprodução do capital (e que explica, por exemplo, as mudanças sofridas na cidade).

Em algumas realidades socioespaciais, a indústria aparece como um elemento de construção e transformação do espaço citadino, cuja forma de ocupação, planejada ou não, resulta em uma configuração que apresenta particularidades. Assim, a cidade é fruto não somente da forma como o homem se apropria do espaço para desenvolver a indústria, mas também da influência que esta atividade tem nas demais instâncias que a conformam, por exemplo, na economia, sendo responsável pela geração de emprego e ocupação para uma parcela da população.

Considerando o exposto, definiu-se a relação entre cidade e indústria como temática norteadora desta pesquisa que tem na cidade de Jardim de Piranhas sua referência de análise.

Adotando a opção metodológica de que o espaço atual reflete também ações que foram desencadeadas no passado, cumpriu-se um itinerário que perpassa pela geografia, história, demografia e economia do município de Jardim de Piranhas.

2.1ASPECTOS GEOGRÁFICOS E HISTÓRICOS

O município de Jardim de Piranhas (Figura 01) localiza-se na Microrregião Geográfica do Seridó Ocidental, na Mesorregião Central do Estado do Rio Grande do Norte.

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Suas coordenadas geográficas correspondem a: latitude de 6° 22’ 43’’ Sul e de longitude 37° 21’ 07’’ Oeste. A extensão territorial do município é de 330,532 km², equivalente a 0,63 % da superfície estadual; limita-se ao Norte com Jucurutu e Belém do Brejo do Cruz (PB); ao Sul com Serra Negra do Norte e Timbaúba dos Batistas; ao Leste com São Fernando e, ao Oeste, com os municípios do Estado da Paraíba - São Bento, Brejo do Cruz e São José do Brejo do Cruz.

Figura 01: Município de Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Autoria própria, 2014.

O referido município apresenta clima semiárido, com período chuvoso de fevereiro a maio, temperaturas anuais de 33,0°C máxima, 27,5°C média e 18°C de mínima, tendo 2.700 horas de insolação. A formação vegetal é a Caatinga Hiperxerófila, que possui características de espécies mais secas. O solo predominante é o Bruno Não Cálcico Vértico, com fertilidade natural alta. Seu relevo faz parte da Depressão Sertaneja e possui uma variação de altitude de 100 a 200 metros. Quanto à geologia, os terrenos pertencem ao Embasamento Cristalino (CPRM, 2005; IDEMA, 2008). No que se refere à hidrologia, o município encontra-se inserido na Bacia Hidrográfica do Rio Piranhas – Açu, sendo este rio a fonte de abastecimento da cidade.

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O surgimento da cidade de Jardim de Piranhas está relacionado a uma aglomeração humana que deu origem ao povoado localizado às margens do Piranhas-Açu, cujas terras férteis permitiram a atividade da agricultura de subsistência e a criação de gado. De acordo com a historiografia regional (DANTAS, 1961 apud MORAIS, 2005, p. 220),

[...] no local onde hoje se ergue a cidade, existia a Fazenda Jardim, à margem direita do Rio Piranhas. Sua proprietária, Margarida Cardoso Cavalcante, concedeu terreno para a edificação de uma capela que foi erguida por volta de 1710 sob a invocação de Nossa Senhora dos Aflitos. Nos arredores da capela surgiu a povoação que recebeu o nome de Jardim de Piranhas devido a sua formação em terras da antiga Fazenda Jardim e à proximidade com o Rio Piranhas.

O povoado foi transformado em Distrito de Paz do município de Caicó, em 09 de abril de 1859 pela Lei de n° 435. Após quase nove décadas, no ano de 1948, foi elevado à condição de município pela Lei de n°146 de 23 de dezembro, mas sua instalação oficial ocorreu somente no dia 1° de janeiro de 1949 (MORAIS, 2005).

No âmbito da legislação brasileira, desde 1941, que a sede de um município, independente do seu tamanho populacional e da infraestrutura urbana, é considerada cidade. Nesse sentido, a aglomeração humana que havia se formado nas proximidades do Rio Piranhas, quando ocorreu a emancipação do município, foi considerada a base para a edificação da cidade de Jardim de Piranhas.

No processo de formação do espaço urbano de Jardim de Piranhas, um evento marcante foi a construção da Ponte Amaro Cavalcanti sobre o Rio Piranhas, inaugurada no dia 28 de março de 1954. De acordo com informações obtidas na pesquisa de campo, até a construção da ponte, para ultrapassar o rio, era necessário que pessoas, veículos e mercadorias fossem transportados por meio de balsas e canoas. Esse novo elemento no espaço jardinense intensificou a interação com o estado da Paraíba, resultando na consolidação das relações de comércio entre as cidades de Jardim de Piranhas e São Bento, antes, dificultada pela existência do Rio Piranhas, que representava uma barreira natural. Com a construção da ponte, os reveses de locomoção foram superados e mais comerciantes se destinaram ao mercado paraibano para expor seus produtos: redes e cobertores. A cidade de São Bento passou a ser o principal mercado de exposição dos produtos jardinenses, ambiente propício para a venda e o estabelecimento de contatos comerciais com pessoas de diferentes localidades, inclusive de outras regiões do Brasil.

O crescimento da cidade de Jardim de se intensificou a partir das décadas de 1960 e 1970, influenciado pelas ações do Estado no que se refere a implementação da

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infra-estrutura urbana e pelo desenvolvimento da atividade têxtil, que se tornaram atrativos populacionais, contribuindo para a migração rural-urbana.

Na década de 1990, a configuração urbana de Jardim de Piranhas foi ampliada por meio de uma ação governamental, que gerou uma significativa expansão do bairro Santa Cecília. Precisamente no ano de 1996, foi implantado um programa habitacional visando a construção de moradias para cidadãos jardinenses, inclusive da zona rural.

2.2 ASPECTOS POPULACIONAIS

Considerando a perspectiva de investigação acerca da temática cidade e indústria, torna-se importante evidenciar aspectos populacionais relacionados à base empírica em análise.

A dinâmica populacional de Jardim de Piranhas foi avaliada com base nos Censos Demográficos do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística(IBGE), que contemplam o período de 1940 a 2010. Ressalta-se que, em 1940, quando foi realizado o primeiro Censo Demográfico que contabilizou a população segundo seu local de residência (rural ou urbano), Jardim de Piranhas ainda era Distrito de Paz de Caicó. Não obstante, o Censo Demográfico de 1940 (IBGE, 1950) registrou que no referido Distrito de Paz, a população era formada por 4.946 habitantes, sendo a zona urbana detentora de 688 habitantes (13,9%) e a zona rural de 4.258 habitantes (86,1%), caracterizando a localidade como predominantemente rural, o que está associado ao seu perfil econômico.

Em termos demográficos, os dados censitários revelam que, entre 1950 e 2010, a dinâmica local apresentou tendências semelhantes às que ocorriam em escala estadual e nacional, ou seja, houve crescimento da população total e urbana e redução da população rural (Tabela 01).

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Tabela 01 – População do Município de Jardim de Piranhas/RN (1950/2010). CENSOS POPULAÇÃO Total Taxa de crescimento (%) Urbana Taxa de crescimento (%) Rural Taxa de crescimento (%) 1950 5 750 - 1 089 - 4 661 - 1960 6 283 9,2 1 265 16,1 5 018 7,6 1970 7 910 25,8 2 420 91,3 5 490 9,4 1980 8 487 7,2 3 969 64,0 4 518 -17,7 1991 9 957 17,3 5 998 51,1 3 959 -12,3 2000 11 994 20,4 8 998 50,0 2 996 -24,3 2010 13 506 12,6 10 596 17,7 2 910 -2,87

Fonte: IBGE. Estado do Rio Grande do Norte (1950): Censo Demográfico, p. 77-78. Disponível em: http://www.sidra.ibge.gov.br/. Acesso em: 02 dez. 2014.

Disponível em: http://www.ipeadata.gov.br/. Acesso em: 02 dez. 2014.

A população total do Município de Jardim de Piranhas, no período de 1940 a 2010, cresceu 134,88%. Nesse intervalo, a população urbana registrou um acréscimo de 873%, enquanto a população rural foi reduzida em 37,56%. O comportamento assumido pela dinâmica populacional do município revela a tendência à consolidação de um perfil predominantemente urbano.

No que se refere à população total, observa-se que a taxa de crescimento foi mais representativa entre dois períodos censitários: 1960 a 1970, quando o Seridó vivia o auge do algodão e a indústria têxtil em Jardim de Piranhas estava se fortalecendo, e 1980 a 1991, período em que a migração rural-urbana intensificou-se, influenciando no aumento da população urbana local.

A população rural, que em 1950 representava 81,1% da população total, mostrou-se ascendente até o Censo de 1970, mas com taxas de crescimento pouco expressivas. No Censo de 1980, embora ainda fosse prevalecente, foi evidenciado o decréscimo da população rural, ou seja, taxa de crescimento negativa em relação a 1970. A partir desse período, afirmou-se a tendência a redução da população rural em termos absolutos, o que se refletiu em sequenciadas taxas de crescimento negativas.

Possivelmente, as explicações para esse padrão de comportamento estão associadas, entre outros, ao fluxo migratório rural-urbano. De acordo com entrevistas realizadas, entre os anos de 1950 e 1980, muitas famílias transferiram-se da zona rural para a cidade em busca de educação para os filhos e de trabalho na indústria têxtil, que já despontava

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como um setor de destaque no âmbito local. Nesse período, a pecuária e a agricultura de subsistência foram se tornando atividades secundárias e menos lucrativas em nível de município.

A população urbana, que em 1950 correspondia a apenas 18,9% da população total, registrou no período em análise um incremento significativo, com taxas de crescimento bastante elevadas. A despeito da propensão a crescimento, somente no Censo de 1991 foi notificado que a população urbana se tornou maioria no município, tendência que se manteve nos censos seguintes. No Censo de 2010, apesar da desaceleração no crescimento desse segmento populacional, a taxa de urbanização foi de 78,5%, evidenciando um perfil demográfico predominantemente urbano no município.

Refletindo sobre esse perfil demográfico em uma escala local, infere-se que está associado a dinâmica econômica de Jardim de Piranhas que tem na indústria têxtil uma de suas mais expressivas atividades. Todavia, não se deve perder de vista que, a tendência a concentração de habitantes na cidade está envolta em processos gestados no âmbito do projeto de modernização brasileiro pautado na industrialização e urbanização, que data da década de 1950, e assume uma escala nacional. Neste sentido, é importante ressaltar que, a urbanização em Jardim de Piranhas está inserida nessa lógica que articula as escalas nacional e local.

Sendo assim, a expansão da indústria têxtil em Jardim de Piranhas, por ter uma elevada capacidade de gerar trabalho, emprego e renda, se constitui um vetor de atração populacional, passando a influenciar fortemente a dinâmica urbana do município.

2.3ASPECTOS ECONÔMICOS

No contexto de emancipação de Jardim de Piranhas, a economia local era baseada na pecuária e na agricultura. A despeito desse perfil econômico, ao longo do tempo, o município passou a desenvolver uma atividade muito importante para a economia local, que a fez reconhecida nacionalmente. Trata-se da indústria têxtil voltada para a produção de cobertores, conjuntos, esfregões, flanelas, panos de prato, panos de copa, redes, sacos, tapetes e toalhas; tais produtos possuem uma gama de variedades.

A história dessa atividade econômica e da formação populacional da cidade está diretamente relacionada às relações que se estabeleceram entre Jardim de Piranhas e os municípios paraibanos da Microrregião de Catolé do Rocha (Figura 02), como Brejo do Cruz e São Bento. De acordo com dados obtidos por meio de entrevistas com pessoas memórias da

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cidade, uma parcela da população que se fixou em Jardim de Piranhas veio de Brejo do Cruz, enquanto São Bento foi responsável pelos fluxos que se firmaram via comercialização de produtos têxteis, sobretudo a rede de dormir.

Figura 02: Microrregiões Seridó Ocidental (RN) e Catolé do Rocha (PB)

Fonte: Autoria própria, 2014.

Na década de 1940, a falta de um mercado público em Jardim de Piranhas, onde a população pudesse adquirir mercadorias, contribuiu para que as relações comerciais com os municípios vizinhos se tornassem relevantes. Assim, os utensílios domésticos eram adquiridos na cidade paraibana, mas, existia uma barreira natural (o Rio Piranhas) que dificultava o deslocamento e o fortalecimento das relações comerciais entre as referidas localidades.

Nesse contexto, o comércio das redes de dormir produzidas na cidade de São Bento (PB) foi se fortalecendo e expandindo, sendo Jardim de Piranhas um dos seus mercados consumidores. A fácil aceitação desse produto no mercado local e regional foi fundamental para a implantação da indústria têxtil em Jardim de Piranhas, quando ainda era Distrito de Caicó, em meados da década de 1940.

Data desse período, os primeiros investimentos na fabricação de produtos derivados do algodão, ainda sem o auxílio das máquinas. Em princípio, a fabricação têxtil utilizava teares de madeira que necessitavam da atividade braçal. Segundo Sales, Araújo e

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Macário (1994, p. 52) “[...] Os primeiros teares foram instalados na cidade (sic)no ano de 1945”.

Nessa época, o produto base da produção têxtil era a rede de dormir. O fio utilizado para a fabricação do produto era fornecido por empresas situadas na capital do estado, Natal, aproximadamente 287 km de distância de Jardim de Piranhas. Após 1945, a economia têxtil se fortaleceu intensificando as relações comerciais de Jardim de Piranhas com municípios do seu entorno.

Após a implantação da atividade têxtil em Jardim de Piranhas, a cidade de São Bento passou a ser o seu principal mercado, ou seja, espaço de comercialização. A “feira da pedra”, espaço onde são comercializados os mais diversos produtos em São Bento, foi por muito tempo uma importante vitrine para os produtos têxteis fabricados no ainda Distrito de Paz de Jardim de Piranhas.

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3 CIDADEDA INDÚSTRIA: A PRODUÇÃO TÊXTIL JARDINENSE

O Município de Jardim de Piranhas é considerado uma referência em termos de produção têxtil no âmbito do Estado do Rio Grande do Norte. Essa atividade, desenvolvida na cidade, influencia em sua organização espacial e se constitui um dos pilares da economia do município na atualidade.

Nesse sentido, realizou-se um percurso de investigação visando descrever as fases que compreendem o processo de desenvolvimento da indústria têxtil na cidade, apresentar as características que assume quanto ao perfil das empresas e a produção que realizam e avaliar suas repercussões no mercado de trabalho.

3.1 FASES DA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL

A indústria têxtil no município de Jardim de Piranhas sofreu transformações ao longo do tempo, de modo que, a cada tecnologia implementada no processo produtivo, novas características foram sendo incorporadas a atividade. A produção têxtil local passou por um processo de evolução tecnológico, no qual os teares de madeira foram pioneiros e, na sequência cronológica, surgiram os mecânicos, os automáticos e, por fim, o de pince.

O marco inicial dessa atividade em Jardim de Piranhas foi o ano de 1945 quando o Senhor Pedro Plácido de Almeida iniciou os investimentos na fabricação de redes (Figura 03), ainda sem o auxílio das máquinas. Em princípio, a produção têxtil utilizava teares de madeira que necessitavam de mão de obra braçal.

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Figura 03: Rede: primeiro produto têxtil fabricado em Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Cunha, 2006.

No início das atividades em Jardim de Piranhas, os produtos eram fabricados em um tear denominado de “estreito” (Figura 04), pelo fato de produzir um tecido com 50 cm de largura, que não correspondia às dimensões necessárias para produzir a rede, a qual possuía 150 cm de largura. Assim, a rede e o cobertor eram confeccionados pela junção de três peças de 50 cm de largura, resultando em uma única peça de 150 cm de largura. Nesse modelo de tear cada homem trabalhava com um equipamento.

Figura 04: Modelo do tear de madeira, denominado de “estreito”

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Pouco tempo depois surgiu o tear “largo” (Figura 05) que apresentava a possibilidade de tecer um único tecido, já com as dimensões necessárias a produção da rede e

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da coberta ou cobertor. A partir desse momento, os produtos que antes eram formados pela junção de três peças de 50 cm de largura cada, passaram a ser tecidos como uma única peça que variava de 1,60 a 1,80 cm de largura. Com isso, os produtos tornaram-se mais confortáveis, pois não necessitavam de costuras para juntar as peças, e apresentavam uma qualidade superior. Mesmo com o avanço na fabricação dos produtos, não houve substituição do homem pelo equipamento, pois ainda era necessário um homem para cada tear.

Figura 05: Modelo do tear de madeira, denominado de “largo”

Fonte: Erivan Sales de Araújo, 2013.

Na década de 1970, o cenário estrutural da atividade têxtil não se alterou, mantendo-se a confecção artesanal. Os produtos se resumiam aos já existentes, rede e coberta. Mas, as relações comerciais foram ampliadas, passando a abranger outras regiões do Brasil, sobretudo a Região Norte.

Nos anos de 1980, inovações tecnológicas repercutiram sobre a atividade têxtil jardinense por meio dos teares mecânicos ou elétricos (Figura 06). Com o uso desses teares, a produção tornou-se menos dependente da força de trabalho, que gradativamente foi sendo substituída pela máquina, tendo em vista que apenas um trabalhador manuseia, em média, 05 teares mecânicos/elétricos; os equipamentos anteriores requisitavam um homem para cada tear.

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Figura 06: Modelo do tear mecânico implementado no município em 1980

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Essa inovação tecnológica repercutiu positivamente na dinâmica da produção fazendo surgir mercadorias com maior qualidade e menores custos e, consequentemente, mais competitivas. Além disso, foi possível também aumentar e diversificar a produção têxtil, o que ampliou a cadeia produtiva, inclusive no segmento de acabamento das novas peças. Nesse contexto, a indústria têxtil se tornou a principal atividade econômica da cidade de Jardim de Piranhas.

Os teares mecânicos são responsáveis por produtos com até 2,20 metros de largura, o que antes não era possível devido às limitações dos equipamentos artesanais. A produtividade passou por um significativo aumento visto que os novos teares conseguiram duplicar a produção diária. No caso de rede ou cobertor, antes a produção diária era de 40 unidades. Com a nova tecnologia, a produção passou a ser de 80 unidades diárias. Maior produção e produtividade fizeram com a indústria têxtil jardinense buscasse novos mercados; a Região Norte do país não era mais suficiente para absorver a produção; iniciavam-se as relações comerciais com outras regiões do país, sobretudo o Centro-Oeste.

Na década de 1980, a expansão e dinamismo da atividade têxtil de Jardim de Piranhas reforçou sua importância para a economia local. Segundo Oliveira (1990, p. 6), por volta de 1990, a cidade contava “com cerca de 93 unidades fabris, todas consideradas de pequeno porte”.

Aproximadamente uma década após a implantação do tear mecânico, a indústria local passou por inovações tecnológicas. Em 1992, o Senhor Joilson Borges da Silva, empresário da indústria têxtil local, foi o responsável por implementar no município o tear

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automático (Figura 07). Com a inserção desse tipo de tear no processo produtivo, foi ainda mais reduzida a dependência da força de trabalho humana. As máquinas, mediante a devida programação, apresentam a capacidade de diagnosticar irregularidades na tecelagem do produto. Antes, era necessário que um trabalhador realizasse uma observação minuciosa para detectar possíveis problemas com os fios. Agora, quando o problema ocorre, o tear automaticamente interrompe seu funcionamento, o que sinaliza que algo de errado está acontecendo.

Figura 07: Modelo do tear automático, implementado em 1991

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Com o tear automático potencializou-se a fabricação têxtil, tanto no que se refere aos produtos já existentes, quanto no que diz respeito aos novos, sendo possível ainda grande variedade de um único produto. Nesse contexto, a produção têxtil aumentou a competitividade; um homem trabalhava com 06 máquinas, o que acarretou em desoneração dos custos de produção e maior competitividade das empresas em mercados ainda não explorados.

Na década de 1990, dentre os segmentos da indústria têxtil local, um deles assumiu um papel importante na expansão da atividade no espaço urbano jardinense: a fabricação de pano de prato, que se tornou um produto de grande aceitação no mercado. Logo se transformou no líder de vendas e, consequentemente, o produto de maior fabricação da indústria têxtil do município.

A fabricação de pano de prato, em nível local, foi uma iniciativa do Senhor Renato Ferreira de Araújo, que abriu sua empresa em 1991. Logo esse segmento produtivo se

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disseminou na cidade, tendo em vista que uma parte significativa das indústrias utilizava mão de obra familiar e se desenvolvia no ambiente doméstico. Ou seja, membros de uma família realizavam as atividades fabris, desde a fabricação até o acabamento do produto, no próprio espaço de suas moradias. Dessa forma, é uma atividade que se realizava com custos menores, demandando menores investimentos, o que possibilitou que mais famílias pudessem investir na indústria têxtil. Todavia, é importante ressaltar que o conjunto dessas características delineou um cenário que se distancia do que se apresenta no âmbito da produção têxtil na atualidade, conforme será descrito a seguir.

Em Jardim de Piranhas, os avanços tecnológicosrepercutiram sobre a indústria têxtil ao transformara estrutura do tear, tornando-a bastante complexa. A compreensão do processo evolutivo do tear pressupõe identificar os elementos que o compõem (Figura 08).

Figura 08: Principais elementos do tear

Fonte: Pereira, 2008.

A descrição do papel de cada elemento do tear no processo de produção têxtil permite inferir sobre o seu funcionamento. O rolo de urdume contém os fios, todos dispostos de forma paralela, que são divididos em duas partes. Cada parte passa por um quadro de liços, os quais são responsáveis pela formação da cala(Figura 09), que é uma abertura triangular entre o tecido e o pente (Figura 10), resultado do soerguimento de um dos quadros de

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liços.Em seguida o urdume passa pelo pente, que condiciona a largura do tecido, e, por fim, o tecido é enrolado no rolo (PEREIRA, 2008).

Figura 09: A cala

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Figura 10: Movimento do pente

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Pela abertura da cala passa a lançadeira (Figura 11) com o fio de trama em um movimento (Figura 12) de ida e volta. O pente pressiona o fio de trama no intervalo do movimento da lançadeira.

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Figura 11: Lançadeira com o fio de trama

Fonte: Pereira, 2008.

Figura 12: Movimento feito pela lançadeira com o fio de trama

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Portanto, é esse o processo de fabricação do chamado tecido de plano, amplamente utilizado na produção têxtil de Jardim de Piranhas (Figura 13).

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Figura 13: Tecido de plano, produto base da indústria têxtil local

Fonte: Pereira, 2008 (adaptado).

Esse tipo de tecido, segundo DuPont (1991, p. 5 apud Pereira, 2008, p. 35), apresenta a seguinte descrição: “Os fios no sentido do comprimento são conhecidos como fios de urdume, enquanto que os fios na direção da largura são conhecidos por fios de trama. As bordas do tecido no comprimento são as ourelas, que são facilmente distinguíveis do resto do material.”

Ainda considerando o processo de inovações tecnológicas na indústria têxtil jardinense, em 2014, foram introduzidos os teares de pince, utilizados principalmente pelos empresários que detém maior poder de investimento. Em relação aos teares antecedentes, os teares de pince (Figura 14) são mais silenciosos, o que reduziu a poluição sonora, problema historicamente relacionado à indústria têxtil em razão do tipo de maquinário usado. Entretanto, a sofisticação das máquinas reduziu sobremaneira o número de trabalhadores necessários à produção, ao mesmo tempo em que potencializou a produtividade. Mediante o uso do tear de pince, uma pessoa opera 10 máquinas, o que significa que trabalha aproximadamente com o dobro de máquinas que operacionalizava em 1992.

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Figura 14: Modelo do tear de pince, implementado em 2014

Fonte: Arquivo do autor, 2014.

Considerando o protagonismo da indústria têxtil em Jardim de Piranhas, optou-se por identificar as características da indústria têxtil local, sua produção e o perfil das empresas que atuam no setor e, ainda, avaliar as repercussões dessa atividade na geração de trabalho e renda em nível local.

3.2CARACTERÍSTICASDA INDÚSTRIA TÊXTIL LOCAL

No Brasil, os órgãos governamentais utilizam critérios variados para definir as empresas quanto ao seu porte e identificação: microempresa, pequena empresa, média empresa e grande empresa.O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) A Lei Complementar nº 123, que institui o Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte,permitiu a unificação de diversos tributos em um único recolhimento das microempresas e empresas de pequeno porte,definem o porte das empresas com base em receita bruta anual. Já o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE) utiliza critérios baseados no número de empregados (Quadro 01).

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Quadro 01 – Critérios para Definição do Porte das Empresas, segundo diferentes agentes - 2014

Ordenamentos Jurídicos Porte das Empresas

Microempresa Pequena Empresa Média Empresa Estatuto da MPE

(Receita bruta anual)

R$

433.000,00 R$ 2.133.000,00 ... SIMPLES

(Receita bruta anual)

R$

240.000,00 2.400.000,00 ... SEBRAE

(N° de empregados) 0 - 19 20 – 99 100 – 499

Fonte: Lei Complementar nº 123/2006, Estatuto da Microempresa e da Empresa de Pequeno Porte. Anuário do Trabalho na Microempresa e Pequena Empresa 2011/2012. SEBRAE.

Nesse sentido, verifica-se que há várias possibilidades de classificação do porte das empresas, mediante a utilização de critérios diversos. Segundo Lima (2001, p. 422) “Vários indicativos podem ser utilizados para a classificação das empresas nas categorias micro, pequena, média e grande, mas eles não podem ser considerados completamente apropriados e definitivos para todos os tipos de contexto”.

A utilização das leis anteriormente citadas para definir o porte das empresas da indústria de Jardim de Piranhas, torna-se improvável não apenas pelo critério de receita bruta anual, mas pelo fato da indústria têxtil jardinenseapresentar elevado nível de informalidade.

Nesse sentido, o critério de definição usado pelo SEBRAE, que se baseia no número de empregados por empresa, apresenta-se mais adequado a realidade da indústria local, o que justifica sua utilização neste trabalho.

Com base nesse critério e de acordo com a pesquisa de campo, existem na cidade de Jardim de Piranhas 82 unidades industriais têxteis, sendo 85,5% classificada como MEs e 14,5% como EPPs.

A gestão da atividade industrial local é predominantemente exercida por pessoas do sexo masculino (91,7%), e apenas 8,3% são do sexo feminino.

Embora a atividade têxtil jardinense, em seu início, tenha se caracterizado como predominantemente inserida em ambientes domésticos, ao longo do tempoteve alterada essa condição, conforme demonstram os dados atuais (Gráfico 01).

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Gráfico 01 – Tipo de Espaço usado pela Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN – 2014

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Tomando como referência Oliveira (1990), no início dos anos de 1990, todas as unidades fabris estavam localizadas em ambientes domésticos. Todavia, as informações obtidas indicaram queem 2014, na cidade, a atividade têxtil é desenvolvida predominantemente em espaço apropriado, ou seja, destinado para esse fim. Portanto, constata-se que as mudanças em relação ao local de desenvolvimento da atividade são, de certa forma, recentes.Possivelmente, esse fato decorre da ascensão econômica da atividade que possibilitou investimentos em espaços apropriados, seja pelo interesse pessoal de desvincular o ambiente de trabalho do ambiente familiar ou pela necessidade de melhores condições para o desenvolvimento da atividade.

No que se refere a área ocupada pelas MEs e as EPPs na Cidade de Jardim de Piranhas, os dados podem ser visualizados na Tabela 02.

Tabela 02 – Área ocupada para Atividade Industrial Têxtil, segundo Perfil das

Empresas em Jardim de Piranhas - 2014

Perfil das Empresas Área Ocupada (m²) Área Média Ocupada por Empresa (m²)

Microempresas 15582 294

Empresas de Pequeno Porte 6535 726

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

As MEs, que representam 85,5% da indústria têxtil local, ocupam maiores extensões que as EPPs.Entretanto, quando se analisa a área média ocupada por empresa,constata-se que são asEPPs, que representam 14,5%, que apresentam número mais

88,7% 11,3%

Espaço Apropriado

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elevado. Tal diferençaé motivada pelo fato de que as EPPspossuem maior estrutura de fabricação.

Em relação à condição de propriedade dos espaços onde a atividade industrial se encontra instalada, tem-se que 83,9% desses imóveis assumem a condição de próprios e apenas 16,1% são alugados. Essa informação é importante para se compreender o elevadopreço dos aluguéis no mercado imobiliário local (Tabela 03).

Tabela 03 – Preço do Aluguel de Estabelecimentos Têxteis em Jardim de Piranhas

por metragem – 2014 Metragem (m²) Preços (R$) 60 300,00 100 300,00 110 700,00 200 350,00 200 500,00 200 600,00 200 1000,00 256 600,00 312 500,00 1000 400,00

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

As informações obtidas indicam que os preços dos aluguéis praticados no mercado local para fins de uso dos imóveis pela indústria não são baseados na dimensão do espaço, pois não existe uma relação coerente e progressiva entre valores e dimensões. Os preços dos aluguéis são estimados levando-se em conta a infraestrutura e a localização geográfica do imóvel na cidade. Por exemplo, imóveis situados em ruas pavimentadas ou na área central são mais valorizados. Estes fatores influenciam diretamente a política de preços de aluguéis de imóveis para serem usados pela indústria têxtil local.

Dentre as empresas que atuam no setor têxtil em Jardim de Piranhas, embora ainda existamalgumascom características artesanais, prevalecem aquelas que passaram por transformações, seja com a implementação gradativa de novas tecnologias, seja por meio de melhorias no desempenho econômico. Dessa perspectiva algumas empresas conseguiram sair da informalidade e desempenham a atividade de forma profissional e não familiar.

(38)

Apesar disso, no que se refere à condição de funcionamento das empresas, identificou-se que a informalidade ainda é predominante na indústria têxtil local, sobretudo entre as MEs(Gráfico 02).

Gráfico 02 – Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas, por condição de funcionamento

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

A expressiva taxa de informalidade na indústria têxtil local acarreta uma situação de precarização do trabalho, visto que um considerável número de trabalhadores não tem resguardados seus direitos trabalhistas.Inclusive, esse é um dos motivos pelos quais uma parcela dessa força de trabalho busca novas ocupações e/ou empregos, especialmente na área de serviços que garante as condições que a indústria informal não fornece.

Ainda no que diz respeito à caracterização da indústria têxtil jardinense ressalta-se que, nos últimos anos, vem se afigurando uma tendência à terceirização, ou seja, a instauração de relações de trabalho em que uma empresa transfere à outra, suas atividades ou parte delas, na perspectiva de ter maior disponibilidade de recursos, reduzindo a estrutura operacional e os custos, economizando e desburocratizando a administração.Para Lima (2010, p.18),

A terceirizaçãopermite flexibilizar o processo produtivo. Trata-se da reorganização daprodução com a focalização das atividades fins das empresas e a externalização das demais. As empresas eliminam setores produtivos, administrativos ou de serviços, consideradoscomplementares às suas atividades fins e transferem sua realização para outras empresas, concentrando-se no produto principal.

O quadro geral das empresas que atuam na produção têxtil de Jardim de Piranhas, no ano de 2014, no que se refere a terceirização está demonstrado no Gráfico 03.

62,9% 37,1%

Indústria informal

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Gráfico 03 – Terceirização na Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

No caso da indústria têxtil local, a terceirização representa uma alternativa aos riscos da produção própria, tendo em vista que o empreendedor terceirizado fabrica o produto e repassa para uma empresa, que efetiva sua finalização e é responsável pela comercialização. Sendo assim, a terceirização é uma estratégia de produção que atende as expectativas de ambos os empreendedores. Isso porque a empresa terceirizada não sofre pressão pela busca de mercados para seus produtos e os riscos de calote são mínimos, visto que sua relação é com comerciantes conhecidos do mercado local; somente em raras condições a produção das terceirizadas abastece outros mercados. Para os contratantes, os benefícios apresentam-se mais favoráveis, pois condiciona a produção a ser de boa qualidade, disponibilizando mais atenção a área de acabamento do produto, diminuindo a folha salarial e os encargos trabalhistas e eliminando possíveis consequências negativas dessa relação.

Em termos de relações de produção e trabalho, constatou-se que a terceirização é uma estratégia de produção utilizada exclusivamente pelas MEs, ou seja, 22,6% da terceirização da indústria são praticadas por empresas desse porte.

Quanto ao aspecto da ocupação gerada pelas indústrias têxteis de Jardim de Piranhas, buscou-se identificar a dimensão da atividade na geração de trabalho, seja formal (com carteira de trabalho assinada) ou informal (sem carteira de trabalho assinada), como também a Remuneração Média (R.M.) dela decorrente (Tabela 04).

22,6%

77,4%

Indústrias terceirizadas

(40)

Tabela 04 – Geração de Trabalho e Renda decorrente da Indústria Têxtil

de Jardim de Piranhas – 2014

Perfil das Empresas Trabalhadores Formais R. M. T. F. (*) R$ Trabalhadores Informais R. M. T. I. (**) R$ Microempresas 88 829 248 948

Empresa de Pequeno Porte 234 862 106 802

Total 322 - 354 -

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Nota: (*) Remuneração Média dos Trabalhadores Formais. (**) Remuneração Média dos Trabalhadores Informais.

Em 2014, ano em que foi realizada a pesquisa, a remuneração média dos trabalhadores da indústria têxtil local apresentou-se superior ao salário mínimo vigente (R$ 724,00 reais).Nas MEs, essa remuneração era 14,5% e 30,9% maior que o salário mínimo vigente para os trabalhadores formais e informais, respectivamente. Nas EPPs, essa remuneração correspondia a 19,06% e 10,77% do salário mínimo do ano citado para os trabalhadores formais e informais, respectivamente. A partir desses dados, constata-se que a remuneração média dos trabalhadores formais era mais expressiva nas EPPs, ocorrendo o inverso com os trabalhadores informais, que nas MEs conseguiam obter maior renda.

Além dos aspectos já mencionados, torna-se importante registrar uma particularidade que envolvem a relação trabalho e renda no âmbito da produção têxtil local: trata-se da ocupação, conforme definido por Singer (1999, p. 14), como "atividade que proporciona sustento a quem a exerce". Nesse sentido, há trabalhadores que não possuem vínculo permanente com as empresas, ou seja, prestam serviços pontuais e de forma autônoma, assumindo uma ocupação na cadeia produtiva têxtil. Os dados coletados indicaram que existem121 pessoas que possuem ocupação decorrente da atividade industrial têxtil local (Gráfico 04), prestando serviços as MEseas EPPs.

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Gráfico 04 – Geração de Ocupação decorrente da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Diversas atividades inerentes a indústria têxtil local requisitam a força de trabalho na perspectiva de ocupações como: costuras1,amarrador de fio2, nó em tapetes3 e bordados. A pesquisa de campo identificou que uma pessoa que presta algum destes serviços a uma determinada empresa que compõem o perfil de MEs apresenta ganhos mensais, em média, de R$ 372,00 reais; já aqueles que prestam serviços a uma das empresas das EPPs possuem remuneraçãomensal, em média, de R$ 410,00 reais. É necessário destacar que as pessoas, geralmente, prestam esses serviços a mais de uma empresa.

Quanto ao maquinário utilizado pelas empresas têxteis em Jardim de Piranhas, sobretudo no que se refere aos teares, evidenciou-se a coexistência de diferentes tipologias, que estão presentes no ambiente fabril independente do perfil da empresa (Tabela 05).

Tabela 05 – Teares utilizados nas MEs e EPPs em Jardim de Piranhas - 2014.

Perfil dasEmpresas Tipos e Quantidade de Tear

Mecânico Automático Pince

Microempresas 22 343 83

E. Pequeno Porte 03 106 119

Total 25 449 202

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

1Costuras é uma das funções que compõem os acabamentos de diversos produtos da indústria têxtil de Jardim de Piranhas. O pano de prato é um deles.

2Amarrador de fio, é a função de amarrar os fios, um por um, de urdume quando se faz necessário a substituição do Rolo de Urdume.

3 Nó em tapetes e a função de amarrar de forma artesanal os fios do tapete para melhorar sua estética. 71,9%

28,1%

Micro Empresas

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Os dados coletados apontam para o predomínio,no âmbito das empresas têxteis jardinenses,do uso dos teares automáticos (66,4%), seguidos pelos de pince (29,9%) e mecânico (3,7%). O uso dos teares automáticos, conforme o perfil das empresas revelam o seguinte quadro:76,4% estão emMEse 23,6% em EPPs.As MEs também são as empresas que mais recorrem ao emprego do tear mecânico (88%), enquanto as EPPs se destacam no uso do tear de pince (58% ).

A indústria têxtil de Jardim de Piranhas possui relações comerciais que abrangem diferentes escalas geográficas. Dentre as empresas do setor, 53,2% tem sua produção comercializada em escala nacional, 19,4% vendem seus produtos no âmbito da Região Nordeste e 27,4% mantêm relações comerciais no mercado local. Neste caso, a terceirização se apresenta como um fator decisivo para esse quadro visto que a produção derivada dessa estratégia é comercializada para empresas do próprio município.

A produção local é bastante diversificada, envolvendocobertor\manta4 (Figura 15),

conjunto de banheiro5(Figura 16), esfregão6(Figura 17), flanela7 (Figura 18), pano de prato8

(Figura 19), pano de copa9(Figura 20), rede de dormir10 (Figura 21), saco11 (Figura 22),

tapete12 (Figura 23) e toalha13 (Figura 24).

4Cobertor/Manta: são tecidos geralmente mais grossos que servem tanto para se aquecer como também para cobrir camas. Dimensões: 02 m x 2,20 m.

5 Conjunto de banheiros: é a junção de três peças utilizadas nos banheiros, sendo uma peça para tampa do sanitário (peça 01: 35 cm x 45 cm) e dois tapetes, no qual um é colocado ao pé do sanitário (peça 02: 45 cm x 55 cm) e o outro na entrada do banheiro (peça 03: 45 cm x 55 cm).

6 Esfregão: utilizado para a limpeza do chão das residências. Dimensões:45 cm x 64 cm.

7 Flanela: é um tecido macio, utilizado principalmente por pessoas que possuem carro e moto, para fins de limpeza e secagem dos mesmos, pois não os danifica devido à maciez. Dimensões: 40 cm x 60 cm.

8 Pano de prato: utilizado para secar louças, suas dimensões variam de acordo com seus fabricantes. Dimensões: P (37 cm x 62 cm), M (41 cm x 72 cm), G (45 cm x 82 cm).

9 Pano de copa: é um tecido fino, no qual se utiliza para cobrir copos e loucas. Dimensões: 33 cm x 55 cm.

10 Rede de dormir. Dimensões: 1,45 m x 2,60 m.

11Saco: caso o tecido seja de espessura fina é utilizado para a limpeza do chão das residências, mas se possuir espessura mais grossa, utiliza-se para armazenar ração de animais. Dimensões: 45 cm x 65 cm.

12 Tapete: é um tecido de espessura mais grossa, que se utiliza no piso, no meio das portas. Dimensões: 40 cm x 60 cm.

13 Toalha: é um tecido escamado e fofo, utilizado pelas pessoas ao sair do banho, ele absorve melhor a água devida sua espessura ser mais grossa.

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Figura 15: Cobertor/Manta

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 16: Conjunto de Banheiro

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 17: Esfregão

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Figura 18: Flanela

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 19: Pano de copa Figura 20: Pano de prato

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Figura 21: Rede de dormir

Fonte: Arquivos do autor, 2015.

Figura 21: Saco

Fonte: Arquivos do autor, 2015.

Figura 23: Tapete

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Figura 24: Toalha de banho

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

A participação desses produtos no quadro geral da indústria têxtil de Jardim de Piranhas pode ser avaliado apartir dos dados expostos no Gráfico 05.

Gráfico 05 - Produtos da Indústria Têxtil de Jardim de Piranhas/RN, por número de empresas

fabricantes – 2014

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

Conforme o gráfico expressa, no âmbito da produção têxtil local, o pano de prato se destaca por ser o produto que tem o maior percentual de empresas fabricantes (59,7%). Dentre essas empresas, 48,4% tem o pano de prato como principal

0 10 20 30 40 50 60 70 Principais produtos. P o rce n tag em ( %) Cobertor/Manta Conjunto Esfregão Franela P. de Prato P. de Copa Rede Saco Tapete Toalha

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produto.Maisespecificamente, por ser o mais vendido, o pano de prato é o principal produto da indústria têxtil local para 50,9% das MEs e 33,3% das EPPs.

O tipo de produto fabricado, segundo o perfil das empresas têxtis de Jardim de Piranhas, apresenta o cenário apresentado no Quadro 02.

Quadro 02 – Produtos fabricados pelas MEs e EPPs de Jardim de Piranhas – 2014

Produtos Perfil das Empresas

Micro Empresas Empresas de Pequeno Porte

Cobertor/Manta  - Conjunto   Esfregão  - Franela   Pano de Prato   Pano de Copa  - Rede   Saco   Tapete   Toalha  

Fonte: Dados da pesquisa de campo, 2014.

As informações sistematizadas indicam queo elenco de produtos têxteis jardinenses são produzidos pelas MEs. As EPPs não fabricam apenas o cobertor/manta, o esfregão e o pano de copa.

Em decorrência da importância da indústria têxtil para a economia e a sociedade de Jardim de Piranhas e, por conseguinte, para a sua dinâmica urbana, analisou-se a configuração atual da cidade e produziu-se uma cartografia dessa atividade, que demonstra alocalização dos estabelecimentos fabris.

(48)

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INDÚSTRIA NA CIDADE: A CARTOGRAFIA DA ATIVIDADE TÊXTIL JARDINENSE

A relação da cidade de Jardim de Piranhas com a indústria têxtil é anterior a instalação oficial do município. Essa atividade econômica se tornou um elemento responsável pelo desenvolvimento econômico, como também pela transformação do pacato povoado em uma área urbana. Nas duas décadas finais do século XX, a indústria têxtil de Jardim de Piranhas consolidou-se como a principal fonte de ocupação e renda de sua população.

Em nível local, é possível afirmar que a indústria têxtil é um agente da produção e reprodução do espaço citadino. Na perspectiva de visualizar a geografia da indústria jardinense, se faz necessário enveredar porsua atual configuração urbana.

4.1A CONFIGURAÇÃO ATUAL DO ESPAÇO URBANO

A cidade de Jardim de Piranhas apresenta uma configuração espacial que compreende 09 (nove) bairros, 43 (quarenta e três) ruas e 03 (três) avenidas (Figura 25).

Figura 25: Cidade de Jardim de Piranhas/RN

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Na organização espacial da cidade de Jardim de Piranhasé possível verificar a existência de um núcleo central, conforme definido por Corrêa (1989, p. 40-42), como uma “[...] área da cidade de uso mais intenso, como maior concentração de atividades econômicas, sobretudo do setor terciário. É aí que se encontram os mais elevados preços da terra, justificando-se assim a intensidade do uso do solo”.

Esse núcleo central da cidade (Figura 25) tem na Avenida Rio Branco sua principal via, sendo formado ainda por fragmentos dos bairros Centro e São José. Nele se concentram as principais atividades de serviços e comércio variados, como também da administração pública.

No entorno do núcleo central da cidade encontram-se os demais bairros, que atendem a distintas funções, sobretudo residenciais e fabris.

A estrutura urbana de Jardim de Piranhas é marcada pela oferta de serviços públicos de saúde (conta com 06 Postos de Saúde da Família, 01 Casa de Exames e 01 Hospital), e de educação (possui 01 Creche e 05 escolas). Além desses serviços, há aqueles de caráter privado, como laboratórios, escritórios de advocacia e consultoria, bancos, pousadas, restaurantes, lanchonetes, escritórios de contabilidade, farmácias e lojas.

Marcas do passado também fazem parte do cenário urbano jardinense. Corrrêa (1995, p. 11) coloca que o espaço urbano “é um reflexo tanto de ações que se realizam no presente como também daquelas que se realizaram no passado e que deixaram suas marcas impressas nas formas espaciais do presente”. Nessa perspectiva, as marcas do passado são encontradas nos prédios históricos ainda preservados na atualidade, como a Prefeitura Municipal (Figura 26), o Mercado Municipal (Figura 27) e o Açougue Público (Figura 28), no qual estão presentes no núcleo central da cidade.

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Figura 26: Prefeitura Municipal de Jardim de Piranhas, erguida em 1956

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 27: Mercado Municipal, erguido em 1951 e inaugurado em 1952

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 28: Açougue Municipal, inaugurado em 1968

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Vestígios do passado fazem-se presente na paisagem urbana também por meio da Igreja de Nossa Senhora dos Aflitos (Figura 29); da atual Casa da Cultura “Poeta Chico Pedra” (Figura 30), que antes abrigava a Escola Estadual Padre João Maria.

Figura 29: Igreja de Nossa Senhora dos Aflitos, erguida em 1710

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Figura 30: Casa da Cultura “Poeta Chico Pedra”, inaugurada em 2015

Fonte: Arquivo do autor, 2015.

Outro elemento importante do urbano jardinense é a Praça Plínio Saldanha (Figura 31 e 32), ponto de encontro e lazer em fins de noite e finais de semana, cuja reforma realizada em 2014 não conservou as formas históricas de sua arquitetura, promovendo alterações que apagaram as marcas de seus contornos originais.

Referências

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