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ACÚMULO DE NITRATO E PRODUÇÃO DE DUAS CULTIVARES DE ALMEIRÃO EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA

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ACÚMULO DE NITRATO E PRODUÇÃO DE DUAS CULTIVARES DE ALMEIRÃO EM FUNÇÃO DA ADUBAÇÃO NITROGENADA

Fábio Steiner1*, Maria do Carmo Lana2, Márcia de Moraes Echer2, Tiago Zoz2,

Jucenei Fernando Frandoloso2

Resumo: O almeirão embora do ponto de vista nutricional seja superior a outras hortaliças, é pouco estudado no Brasil, principalmente no que se diz respeito à nutrição mineral e qualidade de produto. Assim, foi conduzido um experimento em condições de casa de vegetação com o objetivo de avaliar o efeito da adubação nitrogenada sobre a produção e o acúmulo de nitrato na parte aérea de cultivares de almeirão. O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em esquema fatorial 2 x 2 x 5 com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da combinação de duas cultivares (‘Cabeça Vermelha’ e ‘Folha Larga’), duas fontes de nitrogênio (uréia e nitrato de amônio) e cinco doses de nitrogênio (0, 40, 80, 120 e 160 mg dm-3). A colheita foi realizada 42 dias após o transplante das mudas. As cultivares de almeirão Cabeça Vermelha e Folha Larga, quando cultivadas em ambiente protegido, respondem em produção de matéria fresca da parte aérea até a dose 83 e 108 mg dm-3 de N, respectivamente. O aumento das doses de

nitrogênio até 160 mg dm-3 proporcionam incrementos lineares nos teores e acúmulos de N-orgânico + N-NH4+ (NOA) e de nitrato (NO3-) na parte aérea das plantas. Entretanto, deve-se

ressaltar que os teores de NO3- ficaram abaixo do limite máximo admissível para o cultivo de

hortaliças folhosas em ambiente protegido.

Palavras-chave: Cichorium intybus L.; nitrogênio; qualidade de produto.

NITRATE ACCUMULATION AND YIELD OF TWO CHICORY CULTIVARS REGARDING NITROGEN FERTILIZATION

Abstract: The chicory although of the nutritional point of view is superior to other vegetables, is little studied in Brazil, mainly in relation to mineral nutrition and product quality. Thus, was conducted an experiment under conditions of a greenhouse with objective to evaluate the effect of nitrogen fertilization on the production and accumulation of nitrate in shoots of chicory cultivars. The experimental design utilized was randomized blocks in factorial scheme 2 x 2 x 5 with four replications. The treatments resulted from the combination of two cultivars ('Red Head' and 'Large Leaf'), two nitrogen sources (urea and ammonium nitrate) and five nitrogen rates (0, 40, 80, 120 to 160 mg dm-3). The crop was harvested 42 days after transplant of seedlings. The cultivars of chicory 'Red Head' and 'Large Leaf', when grown in a protected environment, respond in production of fresh matter of shoot until the dose 83 and 108 mg dm-3 of N, respectively. The

increasing of nitrogen levels up to 160 mg dm-3 provide linear increments in the contents and accumulations of organic-N + N-NH4+ (NOA) and of nitrate (NO3-) in shoot of plants. However,

it should be highlight that the levels of NO3- were below of the maximum permissible limit for

cultivation of broadleaves vegetables in protected environment. Key-words: Cichorium intybus L.; nitrogen; product quality.

__________________________________________________________________________________

1. Universidade Estadual Paulista (FCA/UNESP), Faculdade de Ciências Agronômicas. Fazenda Experimental

Lageado, Caixa Postal 237, Rua José Barbosa de Barros, 1780 - Botucatu (SP) - CEP 18610-307. *Email: fsteiner_agro@yahoo.com.br. Autor para correspondência.

2. Universidade Estadual do Oeste do Paraná - UNIOESTE. Campus de Marechal Cândido Rondon. Rua Pernambuco, 1777. Marechal Cândido Rondon (PR). Caixa Postal 91. CEP 85960-000

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INTRODUÇÃO

Originário da Europa Mediterrânea, o almeirão (Cichorium intybus L.) é uma hortaliça folhosa pertencente à família Asteraceae muito semelhante à chicória de quem se diferencia por possuir folhas mais alongadas, mais estreitas, recobertas por pelos e com sabor amargo mais pronunciado (FILGUEIRA, 2003).

Embora do ponto de vista nutricional o almeirão seja superior à alface (KHATHOUNIAN, 2001) por ser menos calórico e mais rico em proteínas, amido, fibras, cálcio, ferro e vitamina A (FRANCO, 1987), é uma das hortaliças pouco estudadas no Brasil, principalmente no que se diz respeito à nutrição mineral e qualidade de produto.

Um dos poucos trabalhos de pesquisa, para as condições brasileiras, que abordam o comportamento do almeirão ‘Folha Larga’ em relação à nutrição mineral em condições de campo, foi realizado na década de 80 por Haag e Minami (1988). Entretanto, não se conhece estudos sobre a nutrição dessa hortaliça sob cultivo protegido. Até o momento, as recomendações de adubação são realizadas baseando-se nas informações existentes para outras hortaliças folhosas como a alface. Porém, nem sempre isto traz respostas satisfatórias tanto na produtividade como na qualidade do produto, ocasionando frustrações na produção. Como é uma hortaliça folhosa, a adubação nitrogenada e seu manejo são extremamente importantes para o sucesso da cultura, devendo-se ter informações específicas e claras sobre a melhor dose de nitrogênio a ser utilizada.

O acúmulo de nitrato em plantas ocorre quando há desequilíbrio entre a absorção e a assimilação do íon, sendo que as quantidades excedentes são armazenadas nos vacúolos (MARSCHNER, 1995). Dentre as hortaliças, as folhosas, como a alface e o espinafre, apresentam maior capacidade em acumular nitrato do que as demais (BYRNE et al., 2002). Entretanto, não se tem conhecimento sobre o acúmulo de nitrato em almeirão. Sabe-se que o acúmulo excessivo

de nitrato em hortaliças folhosas torna-se um fator antinutricional. Os efeitos tóxicos do nitrato para o ser humano são em decorrência da metahemoglobinemia - doença provocada pela formação de metahemoglobina que constitui-se num complexo estável da hemoglobina das hemácias do sangue com o nitrito (NO2-) originado a partir da redução do

NO3- absorvido dos alimentos pelo

organismo, e que é incapaz de transportar oxigênio para as células - e o aparecimento de nitrosaminas - complexos de aminas secundárias com o nitrito, ambos presentes no sangue e que são cancerígenos (MAYNARD et al., 1976).

A capacidade diferenciada de acúmulo de nitrato não ocorre apenas entre espécies, mas também entre cultivares. Blom-Zandstra e Eenink (1986) verificaram diferenças significativas no acúmulo do íon ao compararem oito genótipos de alface. Além da adubação nitrogenada e do caráter genético, a disponibilidade de Mo, o sistema de cultivo, a intensidade de luz, a temperatura e a umidade do solo, também podem afetar o acúmulo de nitrato nas plantas (MAYNARD et al., 1976; MONDIN, 1996; BYRNE et al., 2002; KROHN et al., 2003).

Dos fatores ambientais, a intensidade luminosa é o que mais afeta a assimilação de nitrato pelas plantas. Em condições de baixa intensidade luminosa, a atividade da nitrato redutase diminui, ocorrendo acúmulo de nitrato (MAYNARD et al., 1976; RICHARDSON & HARDGRAVE, 1992). Segundo Mengel e Kirkby (2001), em baixa intensidade luminosa a fotossíntese diminui, afetando a produção de ferridoxina que atua como agente redutor na assimilação do nitrato, e com isso há acúmulo do íon nos vacúolos. Dessa maneira, o teor do íon na planta varia em função do horário de colheita, da época do ano e das condições climáticas.

Algumas medidas têm sido estudadas no sentido de reduzir o teor de nitrato em hortaliças, como por exemplo, adequar à dose de nitrogênio, horário de colheita, condições de armazenamento, melhoramento genético de cultivares com menor potencial de acúmulo e controle de fatores ambientais

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buscando ativar o processo assimilatório, reduzindo o acúmulo de nitrato (BYRNE et al., 2002). Porém, não foram encontradas informações sobre o efeito de diferentes fontes de nitrogênio no teor de nitrato em cultivares de almeirão.

O presente trabalho teve como objetivo avaliar o efeito da adubação nitrogenada sobre a produção e o acúmulo de nitrato na parte aérea de duas cultivares de almeirão, cultivado em casa de vegetação nas condições de Marechal Cândido Rondon/PR. MATERIAL E MÉTODOS

O experimento foi conduzido em vasos, em casa de vegetação, na Estação de Cultivo Protegido da Universidade Estadual do Oeste do Paraná – UNIOESTE, Campus de Marechal Cândido Rondon – PR, no período de abril a julho de 2009. A casa de vegetação é dotada de nebulização intermitente de modo a manter a umidade relativa (UR) do ar próximo a 80% e possui dupla camada plástica. A temperatura ambiente observada durante o experimento foi de 25 ± 3 ºC.

O solo utilizado foi um Latossolo Vermelho eutroférrico (LVef) de textura argilosa, coletado na camada superficial de 0 a 20 cm de profundidade, apresentando as seguintes características físico-químicas: 580 g kg-1 de argila; matéria orgânica = 14,76 g dm-3; pH em CaCl2 = 5,0; P (Mehlich-1) =

2,94 mg dm-3; K = 0,37 mg dm-3; Ca = 5,19 cmolc dm-3 e Mg = 1,03 cmolc dm-3; CTC =

11,2 cmolc dm-3 e V = 59%. A correção da

acidez do solo foi realizada aplicando-se 680 mg dm-3 de calcário dolomítico (CaO: 39%, MgO: 13% e PRNT: 92%) visando elevar a saturação por bases a 70% (TRANI & RAIJ, 1997).

O delineamento experimental utilizado foi de blocos ao acaso em esquema fatorial 2 x 2 x 5 com quatro repetições. Os tratamentos resultaram da combinação de duas cultivares (Cabeça Vermelha e Folha Larga), duas fontes (uréia e nitrato de amônio) e cinco doses de N (0, 40, 80, 120 e 160 mg dm-3). A adubação de base foi

realizada aplicando-se 200 mg dm-3 de P2O5,

80 mg dm-3 de K

2O e 1 mg dm-3 de B, na

forma de superfosfato triplo, cloreto de potássio e ácido bórico, respectivamente. As doses de N, em solução, foram parceladas em quatro épocas, aplicando-se 25% da respectiva dose no transplantio, 25% aos 7, 25% aos 14 e 25% aos 21 dias após o transplantio (DAT). Os fertilizantes aplicados na base de transplantio foram incorporados ao solo.

Para a implantação do experimento utilizou-se mudas produzidas em bandejas de poliestireno expandido com 200 células, contendo substrato comercial Plantmax®. As

mudas foram transplantadas com dois pares de folhas completamente desenvolvidas para vasos com capacidade de 8 dm3. As irrigações foram realizadas duas vezes ao dia, de modo a manter a umidade do solo em torno de 80% da capacidade de campo. O volume de água reposto diariamente foi realizado tomando-se sempre o cuidado de não promover a percolação de água no fundo do vaso, de modo de evitar as perdas de N por lixiviação.

A colheita foi realizada 42 dias após o transplante das mudas. Optou-se pelo horário de colheita das 5 h 30 min às 7 h, devido este ser o período de menor acúmulo de nitrato, além de ser o horário de colheita dos produtores. Segundo Maynard et al. (1976) entre os fatores que influenciam no acúmulo de nitrato em plantas, estão à intensidade luminosa e a temperatura. As plantas foram cortadas rente à superfície do solo de cada vaso, pesadas para obtenção da produção de matéria fresca. O material foi lavado em água desionizada e seco em estufa com circulação forçada de ar a 55 ºC ± 2 ºC até atingir massa constante. Em seguida, foi pesado para a obtenção da matéria seca, moído em moinho tipo Willey e armazenado.

Na matéria seca das plantas, determinou-se o N-orgânico + N-NH4+

(NOA), por meio de digestão sulfúrica, e destilação dos extratos em microdestilador Kjeldahl e subseqüente titulação do destilado, conforme metodologia proposta por Tedesco et al. (1995). O nitrato foi determinado por

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meio de extração do íon com água destilada e desionizada com agitação por 5 mim. Em seguida, na presença de MgO calcinado e de liga devarda, as amostras foram submetidas à destilação em microdestilador Kjeldahl e subseqüente titulação do destilado (TEDESCO et al., 1995).

Os resultados obtidos foram convertidos em teores e quantidades acumuladas de NOA e de nitrato (N-NO3-)

nas folhas das plantas e submetidos à análise de variância e de regressão. Utilizou-se o programa computacional SISVAR versão 5.1 (FERREIRA, 2007) para processamento dos dados.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados obtidos não evidenciaram efeitos significativos da

interação (p>0,05) entre as fontes e doses de N. As fontes de N não influenciaram significamente a produção de matéria fresca e seca, e o teor e acúmulo de orgânico + N-NH4+ (NOA) e influenciaram significamente

o teor e acúmulo de nitrato na parte aérea das duas cultivares de almeirão (Tabela 1).

A produção de almeirão mostrou-se semelhante para as duas fontes utilizadas neste estudo. Resultados de pesquisas demonstram respostas variáveis às fontes nitrogenadas. Em alface, Lopes et al. (2007) verificaram as maiores produtividades quando se utilizou nitrato de amônio como fonte de nitrogênio, seguido de sulfato de amônio e a uréia. Por sua vez, Castro e Ferraz (1998) e Lopes et al. (2003), obtiveram maior produção de alface com a aplicação de uréia.

TABELA 1. Produção de matéria fresca e seca, teor e acúmulo de N-orgânico + N-NH4+

(NOA) e de nitrato (NO3-) na parte aérea de duas cultivares de almeirão

cultivadas em casa-de-vegetação em função das fontes de nitrogênio. Marechal Cândido Rondon, PR, 2009

Teor Acúmulo

FONTE Massa fresca Massa seca

NOA NO3 NOA NO3

--- g por planta --- --- g kg-1 --- --- g por planta ---- ‘Cabeça Vermelha’ Uréia 105,7 a 4,7 a 18,8 a 2,3 b 88,5 a 10,8 b Nitrato de amônio 116,7 a 5,1 a 18,2 a 3,2 a 93,1 a 16,4 a DMS 17,3 0,7 3,1 0,6 10,2 4,1 CV 11,6 8,2 10,2 19,5 13,7 16,3 ‘Folha Larga’ Uréia 85,8 a 3,6 a 26,0 a 1,4 b 94,1 a 5,1 b Nitrato de amônio 91,6 a 4,1 a 24,7 a 2,2 a 101,9 a 9,1 a DMS 12,7 0,6 4,3 0,5 11,6 3,6 CV 8,6 7,3 13,4 14,1 10,4 17,3

Média seguida da mesma letra na coluna, para cada cultivar, não diferem entre si pelo teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade. DMS = Diferença mínima significativa. CV= coeficiente de variação.

A aplicação de uréia proporcionou os menores teores e acúmulo de nitrato nas duas cultivares. Isso ocorreu, possivelmente, devido ao fornecimento de N na forma amídica, da uréia (CO(NH2)2), enquanto o

nitrato de amônio forneceu metade do N na forma amoniacal e metade na forma nítrica. Sady et al. (1995) e Abd-Elmoniem et al.

(1996) relataram que folhas de alface apresentaram menor acúmulo de nitrato com o fornecimento de N na forma de NH4+ e

NO3-, quando comparadas àquelas fertilizadas

exclusivamente com N-NO3-. Com o aumento

do fornecimento de N na forma de NO3-, a

capacidade de redução do nitrato nas raízes torna-se um fator limitante e há um aumento

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da proporção de N-total translocado para a parte aérea na forma de NO3

-(MARSCHNER, 1995).

As doses de nitrogênio influenciaram significamente (p<0,01) a produção de matéria fresca da parte aérea das plantas de almeirão (Figura 1). Evidenciou-se resposta polinomial quadrática para a matéria fresca da parte aérea, na qual a produção máxima de 121,4 e 103,4 g por planta foi obtida com a

aplicação de 83 e 108 mg dm-3 de N para as cultivares Cabeça Vermelha e Folha Larga, respectivamente (Figura 1). Esses dados corroboram com os observados por Alvarenga (1999), que relata que em diversos trabalhos sob as mais variadas situações houve resposta quadrática da alface à aplicação de nitrogênio, com decréscimo na produção a partir de uma dose.

ŷ = 95,49 + 0,627x - 0,0038x2 R2 = 0,90** ŷ = 68,71 + 0,645x - 0,0030x2 R2 = 0,95** 0 20 40 60 80 100 120 140 0 40 80 120 160 Dose de nitrogênio (mg dm-3) M F P A ( g p o r p la n ta ) 'Cabeça Vermelha' 'Folha Larga'

FIGURA 1. Produção de matéria fresca da parte aérea de duas cultivares de almeirão cultivadas em casa-de-vegetação em função das doses de nitrogênio. Marechal Cândido Rondon, PR, 2009. (** significativo ao nível de 1% pelo teste T). Para a cultura da alface, Mantovani et

al. (2005) obtiveram resposta a doses que variaram de 272 a 380 mg dm-3. Resultados

semelhantes foram observados por Resende et al. (2005), com resposta até a dose de 294 mg dm-3 para a alface americana. Portanto, as doses relatadas por estes autores para a cultura da alface, foram muito superiores às encontradas neste trabalho para o almeirão, evidenciando, desta forma, as diferentes necessidades nutricionais das duas espécies.

Os teores de N-orgânico + N-NH4+

(NOA) na parte aérea das plantas

aumentaram com as doses de nitrogênio, variando de 7,8 a 23,5 e de 12,6 a 36,0 g kg-1 para as cultivares Cabeça Vermelha e Folha Larga, respectivamente (Figura 2a). Os teores de NOA observados (7,8 a 36,0 g kg-1) estão pouco abaixo dos valores encontrados por Fernandes et al. (2002), por Turazi et al. (2006) e por Aquino et al. (2007); semelhantes ao encontrados por Souza et al. (2005) e por Mantovani et al. (2005), todavia acima daqueles encontrados por Pôrto et al. (2008), para a cultura da alface.

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ŷ = 7,80 + 0,098x R2 = 0,97** ŷ = 12,65 + 0,146x R2 = 0,98** 0 10 20 30 40 0 40 80 120 160 Dose de nitrogênio (kg ha-1) T e o r d e N O A ( g k g -1) 'Cabeça Vermelha' 'Folha Larga' (a) ŷ = 37,07 + 0,453x R2 = 0,97** ŷ = 34,14 + 0,704x R2 = 0,96** 0 20 40 60 80 100 120 140 160 0 40 80 120 160 Dose de nitrogênio (mg dm-3) N O A a c u m u la d o ( m g p o r p la n ta ) 'Cabeça Vermelha' 'Folha Larga' (b)

FIGURA 2. Teor - (a) e acúmulo - (b) de N-orgânico + N-NH4+ (NOA) na parte aérea de

duas cultivares de almeirão cultivadas em casa-de-vegetação, em função das doses de nitrogênio. Marechal Cândido Rondon, PR, 2009. (** significativo ao nível de 1% pelo teste T).

A adubação nitrogenada promoveu aumento linear das quantidades acumuladas de NOA na parte aérea de almeirão (Figura 2b). Variando de 37,1 a 109,5 e de 34,1 a 146,9 mg por planta de NOA para as cultivares Cabeça Vermelha e Folha Larga, respectivamente.

Os teores de NO3- na matéria seca da

parte aérea das duas cultivares de almeirão aumentaram linearmente com as doses de nitrogênio, variando de 1,56 a 3,90 e de 0,85 a 2,77 g kg-1 para as cultivares Cabeça Vermelha e Folha Larga, respectivamente (Figura 3a). Com base no teor de água das plantas, os teores de NO3- na matéria seca

foram convertidos para matéria fresca, obtendo-se a seguinte variação: 160 a 428 mg kg-1 e 92 a 316 mg kg-1 para as cultivares

Cabeça Vermelha e Folha Larga, respectivamente. Embora no Brasil não existe legislação especifica que regulamente os teores máximos permitidos de nitrato em vegetais (MANTOVANI et al., 2005), os valores, independentemente da adubação nitrogenada e cultivar, ficaram abaixo daqueles observados em alfaces por Benini et al. (2002), Fernandes et al. (2002), Krohn et al. (2003), e dos máximos tolerados pela Comunidade Européia, que são 2500 e 3500 mg kg-1 de matéria fresca, para o cultivo no campo, e em ambiente protegido, respectivamente (McCALL & WILLUMSE, 1998) e (SCHRODER & BERO, 2001). As plantas que receberam a maior dose de N apresentaram teores de NO3- que, foram de 8

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admissível para o cultivo em ambiente protegido.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a ingestão diária aceitável de NO3- é de, no máximo, 3,65 mg kg-1 de

peso corporal (OHSE, 2000). Considerando a variação obtida nos teores de NO3- na matéria

fresca das folhas e desprezando a contribuição de outras fontes de nitrato, como a água e as carnes, uma pessoa com 60 kg poderia consumir, diariamente, de 1.369 g de almeirão ‘Cabeça Vermelha’ cultivado sem adubação nitrogenada, a 512 g da mesma cultivar adubada com a 160 mg dm-3 de N. Para a cultivar Folha Larga esses valores corresponderiam a um consumo diário, de 2.380 g de almeirão cultivado sem adubação nitrogenada, a 693 g de almeirão adubado

com 160 mg dm-3 de N. Admitindo o emprego da dose de N necessária para atingir a produção máxima de matéria fresca, o consumo diário de almeirão para uma pessoa de 60 kg seria, no máximo, 788 e 1018 g para as cultivares Cabeça Vermelha e Folha Larga, respectivamente.

O teor de nitrato obtido no presente estudo são inferiores aos relatados em alface em diversos estudos com várias doses de adubação nitrogenada (BENINI et al., 2002; FERNANDES et al. 2002; KROHN et al. 2003; MANTOVANI et al., 2005). Esses dados evidenciam que o almeirão não acumula grandes quantidades de NO3- na

parte aérea e, portanto, não tendo problema para o consumo humano.

ŷ = 1,56 + 0,015x R2 = 0,92** ŷ = 0,85 + 0,012x R2 = 0,97** 0,0 1,0 2,0 3,0 4,0 5,0 0 40 80 120 160 Dose de nitrogênio (kg ha-1) T e o r d e N O 3 - ( g k g -1) 'Cabeça Vermelha' 'Folha Larga' (a) ŷ = 7,74 + 0,061x R2 = 0,97** ŷ = 2,14 + 0,062x R2 = 0,94** 0 4 8 12 16 20 0 40 80 120 160 Dose de nitrogênio (mg dm-3) N O3 - a c u m u la d o ( m g p o r p la n ta ) 'Cabeça Vermelha' 'Folha Larga' (b)

FIGURA 3. Teor - (a) e acúmulo - (b) de N-NO3- na parte aérea de duas cultivares de

almeirão cultivada em casa-de-vegetação em função da aplicação de doses de nitrogênio. Marechal Cândido Rondon, PR, 2009. (** significativo ao nível de 1% pelo teste T).

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A adubação nitrogenada promoveu aumento linear das quantidades acumuladas de N-NO3 na parte aérea de almeirão (Figura

3b). Variando de 7,7 a 17,5 e de 2,1 a 12,0 mg por planta de NO3 para as cultivares

Cabeça Vermelha e Folha Larga, respectivamente. Resultados estes já esperados devido aos incrementos lineares nos teores de nitrato promovido pelas doses de nitrogênio.

Independentemente, da fonte (Tabela 1) e da dose de N aplicada (Figura 3), a cultivar Cabeça Vermelha apresentou os maiores teores e acúmulo de nitrato, corroborando com os resultados obtidos por Cavarianni et al. (2005), em cultivo hidropônico. Dados estes, provavelmente, em decorrência da conformação diferencial da cultivar Cabeça Vermelha, uma vez que esta cultivar possui a característica de formar “cabeça”, resultante do imbricamento das folhas e crescimento destas praticamente na vertical, com maior sombreamento entre folhas de uma mesma planta. Além disso, a presença de nervura central bastante desenvolvida em relação a cultivar Folha Larga, também se constitui em outra característica morfológica favorável à manifestação de maiores teores de nitrato na cultivar Cabeça Vermelha.

CONCLUSÕES

Em cultivo protegido, as cultivares de almeirão Cabeça Vermelha e Folha Larga a produção de matéria fresca da parte aérea responde até a dose 83 e 108 mg dm-3 de N, respectivamente.

O aumento das doses de nitrogênio, variando de 0 a 160 mg dm-3, proporciona incrementos lineares no acúmulo de nitrato na parte aérea das plantas.

As cultivares de almeirão apresentam capacidades diferenciadas quanto ao acúmulo de nitrato, sendo que a cultivar ‘Cabeça Vermelha’ acumula maiores quantidades de nitrato do que a ‘Folha Larga’.

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