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MÉTODO imunocitoquímico PARA A IDENTIFICAÇÃO DE AMASTIGOTAS DO TRYPANOSOMA CRUZI EM CORTES HISTOLÓGICOS DE ROTINA (*)

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Academic year: 2021

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MÉTODO iMUNOCITOQUÍMICO PARA A IDENTIFICAÇÃO DE AMASTIGOTAS DO TRYPANOSOMA CRUZI EM CORTES HISTOLÓGICOS DE ROTINA (*)

A l f r e d o José A f o n s o B A R B O S A ( 1 )

R E S U M O

A técnica da peroxidase antiperoxidase foi aplicada para a identificação de amastigotas do T. cruzi em cortes histológicos de rotina. Os tecidos foram obtidos de pacientes chagásicos crônicos e de animais na fase aguda da infecção chagásica. Anti-soros específicos produzidos em coelho contra as cepas CL, Y e Emane do T. cruzi foram utilizados como reagentes primários na técnica imunocitoquímica. Soro de coelho normal foi utilizado como controle negativo e culturas de ma¬ crófagos peritoniais de camundongos infectados com trípomastigotas e apresen-tando abundantes' amastigotas intracelulares foram utilizadas como controles po-sitivos. Coloração positiva ocorreu especificamente nos amastigotas intra e extra-celulares em todos os tecidos testados com os anti-soros contra as três diferentes cepas do T. cruzi. Os amastigotas isolados ou formando ninhos intracelulares tornaram-se facilmente identificáveis nas preparações histológicas utilizando-se o pequeno ou médio aumento do microscópio. O presente método aumenta a pro-babilidade do diagnóstico do parasitismo na doença de Chagas, e evita confundir-¬ se amastigotas com outros microrganismos morfologicamente semelhantes.

I N T R O D U Ç Ã O

A identificação de formas amastigotas do

T. cruzi em cortes histológicos utilizando

técni-cas convencionais de coloração é difícil e fre-quentemente os resultados positivos dependem de grande número de cortes e exame microscó-pico exaustivo utilizando-se objetiva de grande aumento. Mesmo nestes casos, a identificação dos amastigotas só é possível quando se en-contram ninhos intracelulares típicos porque os parasitas se coram inespecificamente com os corantes básicos a semelhança de outras estru-turas celulares. Nos casos de tecidos prove-nientes de animais na fase aguda da infecção, a identificação rotineira dos parasitas torna-se relativamente fácil apenas porque são mais fre-qüentes; entretanto, continua difícil o diagnós-tico daqueles isolados ou com localização extra-celular. Clinicamente a doença de Chagas é

mais importante na fase crônica quando as le-sões teciduais são mais graves; entretanto, nes-ta fase, torna-se escasso o número de parasi-t a s4. Na chamada fase "indeterminada" da

doença pouco se sabe a respeito da evolução das lesões, bem como da quantidade relativa e

ca-racterísticas do parasitismo. Recentemente, al-guns Autores tem mostrado que a presença de parasitas no tecido na fase crônica da doença de Chagas, mesmo em sedes insólitas, pode ser mais freqüente do que o presentemente conhe-cido Portanto, o estudo da patologia da doen-ça de Chagas carece de método histológico que facilite o reconhecimento de amastigotas no tecido, tanto com finalidade diagnostica como para tornar mais preciso o estudo quantitativo do parasitismo nos diversos órgãos e tecidos. ( * ) T r a b a l h o r e a l i z a d o no D e p a r t a m e n t o d e A n a t o m i a P a t o l ó g i c a , F a c u l d a d e de M e d i c i n a d a TJFMG. 30.000 B e l o H o

-rizonte — B r a s i l , c o m a u x í l i o f i n a n c e i r o d a P I N E P ( P r o c . n.º 43/83/0119/00) e C N P q ( P r o c . n . ° 30.1851/76) ( 1 ) P r o f e s s o r A d j u n t o

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Tendo em vista, portanto, reconhecer os pa-rasitas com alto grau de especificidade em te-cidos preparados rotineiramente e contornar as dificuldades acima descritas, procedeu-se à exe-cução do presente trabalho.

M A T E R I A L E MÉTODO

Obteve-se amostras sangüíneas de coelhos entre 1 e 2 anos após terem sido inoculados, via intra-peritonial, com 107 tripomastigotas

pro-venientes de camundongo irradiado (cepas Y e C L ) , e, via ocular, com inoculo de 3000 a 4000 tripomastigotas provenientes de D. maximus

(cepa Ernane). Escolheu-se para aplicação nas técnicas imunocitoquímicas os anti-soros com maiores títulos de anticorpos líticos contra T. cruzi; em seguida foram diluídos em tampão fosfato salino ( P B S ) , p H 7,2 nas proporções

1:50, 1:200, 1:400, 1:800 e 1:1.600.

Os tecidos estudados foram provenientes de indivíduos humanos e de animais de experi-mentação, os primeiros de chagásicos crônicos e os segundos com doença de Chagas aguda. Os tecidos testados, fixados em formol a 10% e incluídos em parafina como de rotina, foram os seguintes: placentite chagásica humana, car-dite chagásica crônica, parede de bexiga uriná-ria de camundongos inoculados via intraperito-nial com tripomastigotas da cepa Y ; coração, baço, intestino e músculo esquelético de cães inoculados com as cepas Colombiana e Bere-nice.

Os cortes histológicos foram hidratados co-mo de rotina, lavados em PBS, aplicando-se em seguida, sobre os mesmos a técnica da imuno-peroxidase " P A P " de S T E R N B E R G E R7. Na

primeira camada aplicou-se os anti-soros dos coelhos chagásicos, infectados com as diferen-tes cepas e nas várias diluições acima descritas; em seguida, as preparações foram incubadas em câmara úmida a 4DC por 18-24 horas. Na

segunda camada aplicou-se a fração IgG de cabra contra IgG de coelho (Miles-Yeda Ltd, Israel) na diluição 1:80 e, na terceira camada, o complexo peroxidase-antiperoxidase (Miles-Yeda Ltd, Israel), diluído 1:250. Para revelar o local da reação da peroxidase as preparações foram incubadas em solução de 30 mg% de te-trahidrocloreto de 3,3-diaminobenzidina (D.A.B.)

com 0,03% de peróxido de hidrogênio. Após a

reação com o D.A.B. as preparações foram con-tra-coradas com hematoxilina.

Como controle negativo utilizou-se, em subs-tituição ao anti-soro de coelho chagásico, soro de coelho normal ou apenas PBS. Como con-trole positivo utilizaram-se preparações de cul-tura de macrófagos peritoniais de camundongo, posteriormente infectadas com T. cruzi, cepa Y , e após 48 horas, fixadas em líquido de Bouin e coradas pelo Giemsa lento quando se obser-varam numerosos macrófagos contendo grande quantidade de amastigotas no interior do cito-plasma. Após examinadas, estas preparações foram rehidratadas e deixadas durante 2 horas em álcool a 70%, quando se observou comple-ta descoloração das mesmas. Em seguida foram tratadas pelo método imunocitoquímico acima descrito.

RESULTADOS

No exame das preparações histológicas in-cubadas com soro de coelho chagásico nas di-luições de 1:400, 1:800 e 1:1600 observou-se a coloração marrom característica do DAB limi-tada apenas aos amastigotas. Em alguns casos a parede interna do pseudocisto em fibrocélulas musculares corou-se também à semelhança dos parasitas (Fig. I B ) . A membrana celular e o cinetoplasto dos parasitas coraram-se fortemen-te, tornando nítidos os limites entre estes e o tecido e permitindo fácil visualização dos mes-mos já no pequeno ou médio aumento do mi-croscópio, quer apresentassem localização in-tra ou exin-tracelular (Figs. 1 e 2 ) . Na placenta, bem como nos tecidos de animais sacrificados na fase aguda da doença, com freqüência amas-tigotas isolados ou em pequenos grupos po-diam ser detectados rio espaço intercelular. Os três diferentes tipos de anti-soros foram posi-tivos em todos os tecidos testados. Entretanto, para as maiores diluições, ou seja 1:800 e 1:1.600 os anti-soros de coelhos infectados com as ce-pas Ernane e Y apresentaram reação positiva mais forte do que o daqueles infectados com a cepa CL. Nas demais diluições tornou-se. difí-cil encontrar diferenças entre os três tipos de anti-soros utilizados. Os amastigotas das pre-parações de cultura de macrófago utilizados como controles positivos coraram-se intensa-mente pelo D.A.B. e as demais células do meio, bem como os núcleos e membrana celular dos

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Flg. 1 — Preparações histológicas cora-do* pelo métnd» da

imunopcrixidJM-lPAP> para evidenciar amastlgotas do T. crml. Co ntracol oração: H ema to xi li na. A — controle positivo: cultura de ma-crotagos pentomais de camundongo con-tando no citoplasma numerosos amuti-solas <300x>; B e C — cortes de teci-dos fixado? em formol a lo-., e Incluí-dos em parafina, mostrando 1 ninho de amaMigotas em tecido musculai liso (B> r amastigotas em tecido gorduroso ( C ) de camundongo inoculado com a cepa V do T. crml, na fase aguda da doença (lOOOx).

macrófagos parasitados coraram-se apenas pela hematoxilina. (Pig. I A ) . Os controles negati-vos coraram-se apenas pela hematoxilina. não se tendo nenhum indício de coloração pelo D.A.B. nas diluições de 1:400 e maiores.

DISCUSSÃO

É muito conhecido entre os patologistas a tnespeciftcidade da reação inflamatória nos

ór-gãos de choque da doença de Chagas crônica. Sendo escasso o número de parasitas, a pro-cura destes para se confirmar o diagnóstico hís topatológico. ou para auxiliar no trabalho de se estudar a patogênese da doença, exige gran de número de cortes histológicos e procura exaustiva ao m i c r o s c ó p i o P o r outro lado. o encontro de figuras suspeitas, quando não for-mam ninhos intracelulares característicos, nem sempre podem ser diagnosticados com

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preci-KijI, 2 — Prcj»araçín'N hi.*l oiticicas cora-das pelo melado da Imunopcroxidnclc (PAPI pari evidenciar amastiíulas do T . i Conlrac ol o r j í i ü : IlcmatHxílina. A — visão panorâmica de cone transver-sa! de musculo cardíaco de cao Inocula-do com a cepa Berenice mostranInocula-do 2 ninhos de amostigolas (setas) fortemen-te corados e bem evidenfortemen-tes (BOxi; B — detalhe de A (lOOOx); C — placentiw cha-gaslca humana mostrando ninhos de amas ligo tus (selas) bem evidentes (200v>

são. O parasitismo discreto de células macro-fágicas no conjuntivo ou a localização dos amastigotas no interstício, em pequenos gru-pos ou isolados, torna-se de difícil avaliação histológica. Além disto, os amastigotas podem adquirir características morfológicas semelhan tes a outros microrganismos intracelulares co mo Toxoplasma e Histoplasma capsulatum. tra-zendo dificuldades para o diagnóstico diferen-cial.

Utilizando o método da imunoperoxídase com aplicação de soro de coelho chagásico ago-ra descrito, paago-ra evidenciar os amastigotas com alto grau de especificidade e nítido contraste com os tecidos circunvizinhos, tanto formas iso ladas do parasita como ninhos intracelulares do mesmo podem ser facilmente identificados já no pequeno ou médio aumento do microscópio, reduzindo muito o tempo de pesquisa e prova-velmente o número de lâminas a serem estu-dadas.

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Uma vez que diferentes subespécies do T.

cruzi são antigenicamente semelhantes 2,s.

ocor-re ocor-reação imune cruzada destas com o anti so-ro primário, não permitindo diferenciação imu-nocitoquímica entre as várias cepas do parasi-ta, quando se utilizam anticorpos policlonais como no presente trabalho. Neste aspecto os resultados do presente estudo coincidem com o observado na. identificação imunocitoquímica das diferentes espécies de Leishmanias5. Por

outro lado, o presente método vem facilitar e tornar mais acurado o diagnóstico de amastigo-tas no tecido na doença de Chagas humana e experimental, qualquer que seja a cepa de ori-gem dos mesmos, utilizando-se apenas anti-so-ro contra uma determinada espécie.

SUMMARY

Immunocytochemical method of identification of Trypanosoma cruzi amastigotes in routinely

prepared histological sections

The peroxidase-antiperoxidase ( P A P ) me-thod was applied for identification of amasti-gotes of Trypanosoma cruzi in routinely prepa-red histological sections. The tissue specimens were obtained from patients with chronic Cha¬ gas' disease and from mice and dog with acute Chagas' disease. Specific rabbit antisera were produced against CL, Y and Ernane strains of

T. cruzi and were used as primary reagents.

Normal rabbit serum and phosphate buffered saline were used as negative controls and amas-tigotes within macrophages cultured from mi-ce peritonium were used as positive controls.

Positive staining was localized specifically in amastigotes in all the tissues treated with the antisera against the different strains of

T. cruzi. The isolated or intracellular nests of

amastigotes were easily identified in histologi-cal sections using the small or medium size magnifications of the microscope. The present method increases the probability of microsco-pic diagnosis of parasites in Chagas' disease and helps to prevent confusion of amastigotes with other morphologically similar infective agents.

AGRADECIMENTOS

O autor deseja expressar seus agradecimen-tos aos Profs. Zigman Brenner e Eliane Lages, Instituto de Pesquisas René Rachou, Belo Ho-rizonte; Luiz E. Ramirez, Departamento de Pa-rasitologia, Universidad de Antioquia, Medellin, Colômbia; W.L. Tafuri, UFOP, Ouro Preto; Faus-to E.L. Pereira, UFES, Vitória; Ana Maria A. Lana, UPMG, Belo Horizonte e Hipólito O. Al-meida, FMTM, Uberaba, pelas facilidades per-mitidas na obtenção de parte do material uti-lizado neste trabalho; à Maria de Lourdes P, Orsini e Nízia F.L. de Paula pela assistência técnica. R E F E R Ê N C I A S B I B L I O G R Á F I C A S 1. A L M E I D A , EL O . ; T E I X E I R A , V . P . A . & O L I V E I R A , A . C . A . — F l e b i t e c o m p a r a s i t i s m o e m s u p r a - r e n a i s de c h a g á s i c o s c r ô n i c o s . A r q . B r a s . C a r d i o l . 36: 341-344, 1981. 2. A R A Ú J O , F. G - ; S H A R M O , S. D . ; T A S I , V . ; C O X , P . & R E M I N G T O N , J. S. — M o n o c l o n a l a n t i b o d i e s to stages of T r y p a n o s o m a cruzi: c h a r a c t e r i z a t i o n a n d use f o r a n t i g e n detection. I n f e c t . & I m i m m . 37: 344-349, 1982.

3. B A R B O S A J r . , A . A . & A N D R A D E , Z . A . — Identifica-ç ã o d e T r y p a n o s o m a cruzi nos tecidos e x t r a c a r d í a c o s de p o r t a d o r e s de m i o c a r d i t e c r ô n i c a c h a g á s i c a . R e v . S o c . B r a s . M e d . T r o p . 17: 123-126, 1984.

4. B O G L I O L O , L . — P a t o l o g i a . 3.ª e d i ç ã o . R i o d e J a n e i r o , G u a n a b a r a K o o g a n , 1981, c a p í t u l o 13, 342-395.

5. F L I N T , J. E . ; S C H E C H T E R , M . ; C H A P M A N , M . D . & M I L E S , M . A . — Z y m o d e m e a n d species specificities of m o n o c l o n a l a n t i b o d i e s r a i s e d a g a i n s t T r y p a n o s o m a cruzi. T r a n s . R o y a l S o c . T r o p . M e d . & H y g . 78: 193-¬ 202, 1984. 6. L I V M I , N . ; A B R A M O W I T Z . A . ; L O N D N E R , M . ; O K O N , E . & M O R A G , A . — I m m u n o p e r o x i d a s e m e t h o d of iden-tification of L e i s h m a n i a i n r o u t i n e l y p r e p a r e d histolo-gical sections. V i r c h o w s A r c h . P a t h o l . A n a t . 401: 147-¬ 151, 1983. 7. S T E R N B E R G E R , L . A . — I m m u n o c y t o c h e m i s t r y . 2nd edition. N e w Y o r k , A W i l e y M e d i c a l P u b l i c a t i o n , 1979, C h a p t e r 5, p g s . 104-169. R e c e b i d o p a r a p u b l i c a ç ã o e m 6/11/1984.

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