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Superior Tribunal de Justiça

RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA Nº 37.594 - RS

(2012/0069510-8)

RELATOR

: MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO

RECORRENTE : SÉRGIO MERSSERSCHMIDT

ADVOGADO

: CARLOTA BERTOLI NASCIMENTO E OUTRO(S) -

RS074154B

RECORRIDO

: ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

ADVOGADO

: SEM REPRESENTAÇÃO NOS AUTOS - SE000000M

D

ECISÃO

ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO DE REMOÇÃO. SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO. ADI 3.522/RS DO STF. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE COM EFEITOS EX

TUNC. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO EM PERMANECER NA TITULARIDADE. RECURSO EM MANDADO DE SEGURANÇA DO PARTICULAR AO QUAL SE NEGA SEGUIMENTO.

1. Trata-se de Recurso em Mandado de Segurança,

interposto por SÉRGIO MERSSERSCHIMIDT contra o acórdão proferido pelo

Tribunal de Justiça do Estado do Rio Grande do Sul proferido nos termos da

seguinte ementa:

MANDADO DE SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL E

ADMINISTRATIVO. NOTÁRIOS E REGISTRADORES. DELEGAÇÃO. CONCURSO DE REMOÇÃO. ADI 3.522/STF. EFEITOS EX TUNC. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. INEXISTÊNCIA.

A decisão proferida pelo STF, na ADI 3522-RS, declarando a inconstitucionalidade dos incisos I, II, III e X do artigo 16, e do inciso I do parágrafo único do artigo 22, ambos da Lei Estadual/RS 11.183/98, que estabelecia critérios de valorização de títulos para classificação na concessão de delegação de serviços notariais e de registros, nos respectivos concursos de ingresso e remoção, no Estado do Rio Grande do Sul, impôs a alteração da classificação para o concurso de remoção iniciado em 2003 (Edital 03/2003 CPCIRSNR).

Tal declaração tem efeito ex tunc e força plena, acarretando a anulação do ato administrativo declarado, desde o seu nascedouro, afastando a possibilidade de discussão judicial acerca da alegada imutabilidade da concessão de delegação de serviços notariais e de registros anteriormente levada a efeito, afastando, assim, o alegado

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direito líquido e certo afirmado no mandado de segurança. SEGURANÇA DENEGADA (fls. 1.594).

2. Opostos Embargos de Declaração, foram decididos nos

termos da seguinte ementa:

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO. MANDADO DE

SEGURANÇA. CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. NOTÁRIOS E REGISTRADORES. DELEGAÇÃO. CONCURSO DE REMOÇÃO. ADI 3.522/STF. EFEITOS EX TUNC. PREQUESTIONAMENTO. NÃO ENQUADRAMENTO NAS HIPÓTESES DO ARTIGO 535 DO CPC.

Inviável o prequestionamento acerca de dispositivos

constitucionais e infraconstitucionais, pois de efeito inócuo diante da decisão proferida pelo egrégio STF na ADI 3522-RS, declarando a inconstitucionalidade dos incisos I, II, III e X do artigo 16, e do inciso I do parágrafo único do artigo 22, ambos da Lei Estadual/RS 11.183/98, não impugnada oportunamente pelos interessados, que impôs ao Tribunal de Justiça a revisão de ato administrativo de classificação para o concurso de remoção de Notários e Registradores.

Não merecem acolhimento os embargos declaratórios que não contemplam qualquer das hipóteses previstas no artigo 535, incisos I e II, do CPC, ou que refiram nulidade ou erro material inexistentes.

EMBARGOS DE DECLARAÇÃO DESACOLHIDOS (fls. 1.625).

3. Nas razões do Recurso Ordinário o recorrente busca a

reforma integral do acórdão estadual para que seja concedida a segurança

pleiteada na inicial, a fim de que seja mantido na Serventia de Erechim, em

virtude da decadência administrativa, da aplicação do princípio da segurança

jurídica e proteção da confiança, da inconstitucionalidade e ilegalidade dos

atos praticados pelo Conselho da Magistratura, em especial do Presidente do

E. Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, eis que violadores da

Constituição Federal e da legislação federal (fls. 1.677/1.678).

4. Não foram apresentadas Contrarrazões (certidão às fls.

1.729).

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5. Instado a se manifestar, o douto Ministério Público

Federal, em parecer da lavra do ilustre Subprocurador-Geral da República

EDILSON ALVES DE FRANÇA, opinou pelo desprovimento do recurso (fls.

1.743/1.747), conforme ementa abaixo transcrita:

RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.

CONCURSO DE INGRESSO E REMOÇÃO DOS SERVIÇOS

NOTARIAIS E REGISTRAIS DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL.

DESCONSTITUIÇÃO DA DELEGAÇÃO CONFERIDA AO

RECORRENTE EM RAZÃO DE RECLASSIFICAÇÃO DOS

CANDIDATOS. AUSÊNCIA DE ILEGALIDADE A SER REMEDIADA.

MERO CUMPRIMENTO DO QUE RESTOU DECIDIDO PELO

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL NO JULGAMENTO DA ADIN

3522/RS. ATRIBUIÇÃO DE EFEITOS EX TUNC À DECISÃO

RESPECTIVA. PRECEDENTES DESSE EG. SUPERIOR TRIBUNAL DE JUSTIÇA E DO PRETÓRIO EXCELSO. PARECER PELO DESPROVIMENTO DO RECURSO (fls. 1.743).

6. É o relatório.

7. De início, cumpre ressaltar que, nos termos do que

decidido pelo Plenário do STJ, aos recursos interpostos com fundamento no

CPC/1973 (relativos a decisões publicadas até 17 de março de 2016) devem

ser exigidos os requisitos de admissibilidade na forma nele prevista, com as

interpretações dadas até então pela jurisprudência do Superior Tribunal de

Justiça (Enunciado Administrativo 2).

8. Ao dirimir a controvérsia dos autos o Tribunal de origem

assim definiu:

Inicialmente, é relevante registrar, diante das informações prestadas pelo excelentíssimo senhor Presidente deste Tribunal (fls. 1249/1256), que o ora impetrante, em litisconsórcio, já havia impetrado

ação idêntica (MS 70043419472), distribuída ao eminente

Desembargador Alexandre Mussoi Moreira, integrante da 4a. Câmara Cível e deste Colendo Grupo, que, diante do pedido de desistência do mandamus, extinguiu o feito em 27-06-11, prosseguindo em relação a outra parte (Carlos André Busanello).

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pleiteada, são aqueles proferidos por ocasião da apreciação da liminar. O presente mandado de segurança visa a desconstituição de ato emanado do Presidente do Conselho da Magistratura deste Tribunal, segundo alega o impetrante sem observação dos princípios da proteção e da confiança ou boa-fé, da preclusão administrativa e do devido processo administrativo, que desconstituiu a outorga de delegação para exercer, por remoção, a titularidade do Serviço dos Registros Especiais de Erechim, determinando, ademais, a realização de nova audiência pública para a escolha de serventias em face de reclassificação no respectivo concurso público, motivada por declaração de inconstitucionalidade de lei estadual.

O ato impugnado decorre da decisão proferida pelo egrégio STF na ADI 3522-RS (fls. 916/937), distribuída em 13-06-2005, cujo

trânsito em julgado ocorreu em 22-09-2010, declarando a

inconstitucionalidade dos incisos I, II, III e X do artigo 16, e do inciso I do parágrafo único do artigo 22, ambos da Lei Estadual/RS 11.183, de 29 de junho de 1998, que estabelecia critérios de valorização de títulos para classificação na concessão de delegação de serviços notariais e de registros, nos concursos de ingresso e remoção, no Estado do Rio

Grande do Sul. Com a desconsideração daqueles critérios,

modificou-se a ordem de aprovação no concurso em detrimento da classificação anteriormente considerada.

Embora exerça o impetrante a titularidade, por delegação, do Servi p dos Registros Especiais de Erechim, desde 16-04-2004, havendo sido desconstituída em 14-10-2010, por força do Boletim 27.242 (fls. 1008/1009 e verso), a decisão que assim impôs está motivada por declaração de inconstitucionalidade de lei, procedida pelo Supremo Tribunal Federal, competente para a definição.

Essa declaração possui efeito ex tunc e força plena, acarretando a anulação do ato declarado, desde o seu nascedouro. Por esta razão, a decisão ora combatida, derivada diretamente daquela

declaração de inconstitucionalidade, não pode sofrer nenhuma

modificação, seja por esta ou por qualquer outra via judicial, porque somente ao prolator do decisum - o STF - caberia alguma alteração, pelas vias processuais previstas, o que não ocorreu, ante o trânsito em julgado ocorrido ainda no ano de 2010.

(...).

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direito líquido e certo do impetrante de manter-se na serventia que ora ocupa em face da conseqüente modificação dos critérios de valoração de títulos; no concurso que prestou, e que se refletiu na respectiva classificação, impondo à Administração do Tribunal de Justiça orientar a realização de nova escolha de serventias ante essa nova classificação operada.

Recentes decisões acerca do tema, proferidas no âmbito do Tribunal Pleno e no Órgão Especial desta Corte, respaldam as razões de decidir na presente hipótese. Transcrevo:

MANDADO DE SEGURANÇA. DESCONSTITUIÇÃO DOS ATOS RELATIVOS ÀS OUTORGAS DE DELEGAÇÃO DECORRENTES DA HABILITAÇÃO NO CONCURSO DE REMOÇÃO PARA NOTÁRIOS E REGISTRADORES. AÇÃO

DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE 3522-3/RS.

EFEITOS EX TUNC.

Na ADI 3.522-RS, foi declarada a inconstitucionalidade dos incisos I, II, III e X do artigo 16 e do inciso I do parágrafo único do artigo 22, todos da Lei Estadual 11.183, de 29 de junho de 1998, que dispõe sobre os concursos de ingresso e remoção nos serviços notarial e registrai no Estado do Rio Grande do Sul.

Quanto à eficácia da decisão de inconstitucionalidade, por não ter sido alcançado o quorum necessário, foi rejeitada a proposta de aplicação de efeito ex nunc, sendo aplicada a eficácia ex tunc; consequentemente, nulos todos os atos praticados.

SEGURANÇA DENEGADA, POR MAIORIA (MS

70040649360, Tribunal Pleno, TJRS, Relator: Des. Marco Aurélio dos Santos Caminha, Redator: Francisco José Moesch, julgado em 2.5.2011).

MANDADO DE SEGURANÇA. DELEGAÇÃO.

TABELIONATO DE NOTAS. CONCURSO DE REMOÇÃO. OUTORGAS. DESCONSTITUIÇÃO. ADI. EFEITOS EX TUNC. DIREITO LÍQUIDO E CERTO. Ato do Presidente do Tribunal de Justiça que desconstituiu as outorgas de delegação decorrentes da habilitação no concurso de remoção. Edital 03/2003- CPC/RSNR. Ação Direta de Inconstitucionalidade

3522-RS. Efeitos ex tunc. Ausência de demonstração

inequívoca do direito líquido e certo alegado. Art. 1o, Lei 12.016/2009. DENEGARAM A SEGURANÇA, POR MAIORIA

(MS 70040572703, Órgão Especial, TJRS, Relator: Des. Carlos Rafael dos Santos Júnior, julgado em 9.5.2011).

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Ademais, impõe-se a observância da Súmula 473 do STF, segundo a qual a Administração pode anular seus próprios atos,

quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos.

Diante destas conclusões, a declaração do STF, revestida de efeito ex tunc e força plena, acarretando a anulação do ato declarado, desde o seu nascedouro, não permite a análise da alegada decadência administrativa e da observância do princípio da segurança jurídica (proteção da confiança), no sentido de convalidar as delegações com a consequente extinção do processo administrativo.

Por pertinente, permito-me transcrever, das informações prestadas pelo Desembargador Presidente desta Corte, excerto do voto proferido no Recurso Administrativo 0146-08/000113-5, julgado no âmbito do Conselho da Magistratura (fl. 1254):

(...).

Quanto à invocação dos princípios da segurança jurídica (proteção da confiança), devido processo legal, ampla

defesa, contraditório, ato jurídico perfeito, ainda que

constitucionalmente previstos e de sabida relevância na ordem jurídica brasileira, certamente foram sopesados quando do julgamento da ação declaratória de inconstitucionalidade pelo Supremo tribunal Federal. Tanto que foi colocado em discussão (e votação) a temática relativa aos efeitos da declaração da inconstitucionalidade, tendo aquele Tribunal decidido por manter os efeitos ex tunc da decisão, consoante previsão da Lei 9.868/99.

Diante disso, descabe a este Tribunal (tampouco à sua Administração), em nome dos aludidos princípios, modular os efeitos da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal, que no julgamento da ação direta de inconstitucionalidade (3.522/RS) expressamente rejeitou essa possibilidade.

Logo, também não há de se falar em prazo

decadencial para a Administração Pública anular ou

desconstituir seus atos. A decisão recorrida, que desconstituiu os atos administrativos relativos às outorgas de delegação decorrentes da habilitação no concurso de remoção (Edital 03/2003) deu-se amparada por decisão oriunda do Supremo Tribunal Federal, motivo pelo qual cabia à Administração desta Corte apenas dar cumprimento à decisão proferida por aquele Tribunal.

Portanto, a declaração de inconstitucionalidade, com caráter definitivo, que subjaz à decisão ora combatida e que a fundamentou, certamente afasta a acoimada ilegalidade com que pretende tachá-la o

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impetrante, não permitindo que se conceda a segurança pretendida, seja no sentido da suspensão dos efeitos da decisão proferida no processo administrativo Themis Admin 0146-08/000113-5, seja no sentido de manutenção na serventia que ora ocupa.

Do exposto, encaminho voto no sentido de denegar a segurança.

Custas pelo impetrante. Sem honorários, com base no artigo 25 da Lei 2.016/09.

9. Consoante o voto condutor acima transcrito, resta claro a

ausência do direito líquido e certo a tutelar a pretensão exposta na ação

mandamental.

10. Ademais, a conclusão adotada pelo acórdão impugnado, de

que a declaração de inconstitucionalidade em apreço tem efeito ex tunc e força

plena, acarretando a anulação do ato administrativo declarado, desde o seu

nascedour o se harmoniza com a orientação desta Corte Superior de Justiça. A

propósito:

ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO DE REMOÇÃO PARA NOTÁRIOS E REGISTRADORES. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. ARTIGO 16, INCISOS I, II, III E X, E ARTIGO 22, PARÁGRAFO ÚNICO, INCISO I, DA LEI ESTADUAL 11.183/98. ADI 3522/RS. STF. DECLARAÇÃO DE INCONSTITUCIONALIDADE COM EFEITOS EX

TUNC. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO EM PERMANECER NA TITULARIDADE. VIOLAÇÃO AO PRINCÍPIO DA SEGURANÇA JURÍDICA. NÃO OCORRÊNCIA.

1. A regra referente à decisão proferida em sede de controle concentrado é de que possua efeitos ex tunc, retirando o ato normativo do ordenamento jurídico desde o seu nascimento.

2. O art. 27 da Lei 9.868/99 permite ao Supremo Tribunal Federal modular efeitos das decisões proferidas nos processos objetivos de controle de constitucionalidade, in verbis: Art. 27. Ao

declarar a inconstitucionalidade de lei ou ato normativo, e tendo em vista razões de segurança jurídica ou de excepcional interesse social, poderá o Supremo Tribunal Federal, por maioria de dois terços de seus

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membros, restringir os efeitos daquela declaração ou decidir que ela só tenha eficácia a partir de seu trânsito em julgado ou de outro momento que venha a ser fixado.

3. No presente caso, não houve a modulação dos efeitos

da decisão proferida na ADI 3522/RS, que declarou a

inconstitucionalidade com efeitos ex tunc dos incisos I, II, III e X do artigo 16 e do inciso I do parágrafo único do artigo 22, todos da Lei Estadual 11.183/98, que trata da prova de títulos dos concursos públicos de ingresso e remoção nos serviços notariais e registrais, não havendo falar, por conseguinte, em afronta a direito líquido e certo da impetrante e ao princípio da segurança jurídica.

4. Agravo regimental não provido (AgRg no RMS

35.158/RS, Rel. Min. MAURO CAMPBELL MARQUES, DJe 11.6.2013).

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ADMINISTRATIVO. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO DE REMOÇÃO (EDITAL 03/2003). CARTÓRIOS EXTRAJUDICIAIS. ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL. DECISÃO PROFERIDA PELO STF, NA ADI 3522/RS, COM EFEITOS EX TUNC. RECLASSIFICAÇÃO DOS CANDIDATOS EM VIRTUDE DE ALTERAÇÃO NA FORMA DE PONTUAÇÃO. EDITAL 043/2011, DA CORREGEDORIA-GERAL DE JUSTIÇA, QUE REALIZA

NOVA CONVOCAÇÃO PARA ESCOLHA DAS SERVENTIAS.

POSSIBILIDADE. AUSÊNCIA DE DIREITO LÍQUIDO E CERTO.

1. Recurso ordinário no qual se discute a possibilidade de a administração alterar a lista de serventias incluídas, originalmente, em concurso de remoção, após a decisão proferida pelo STF, na ADI 3522-3/RS, que implicou na alteração da forma de atribuição de pontos aos candidatos.

2. No caso, após decisão do Supremo Tribunal Federal, julgando inconstitucional os artigos 16, incisos I, II e III, e 22, inciso I, da Lei Estadual 11.183/1998, o Presidente do TJ/RS expediu o Boletim 27.242/2010, para desconstituir os atos relativos às outorgas de

delegação decorrentes da habilitação no concurso de remoção aberto pelo Edital 03/2003 - CPC/RSNR, restabelecendo a situação jurídica anterior em relação às respectivas antigas serventias, devendo os candidatos permanecerem atuando nas serventias a título precário até a realização da nova audiência pública (fl. 36).

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3. Alterada a classificação dos candidatos, por força do que decidido pelo STF, as serventias que foram preenchidas originalmente têm sua situação fático-jurídica modificada, assim como a

situação fático-jurídica dos próprios candidatos que foram

reclassificados, de tal sorte que não há óbice à divulgação de listagem

de serventias diversa daquela anteriormente divulgada nem à

designação de nova audiência de escolha.

4. Conforme preceitua o entendimento jurisprudencial sedimentado na Súmula 473 do STF, a Administração pode anular seus

próprios atos, quando eivados de vícios que os tornem ilegais, porque deles não se originam direitos. Nesse contexto, ante o que ficou

decidido na mencionada ADI não se verifica direito líquido e certo a ser protegido pelo mandado de segurança.

5. Recurso ordinário não provido (RMS 37.040/RS, Rel.

Min. BENEDITO GONÇALVES, DJe 18.3.2013).

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ADMINISTRATIVO E PROCESSUAL CIVIL. MANDADO DE SEGURANÇA. CONCURSO PÚBLICO DE REMOÇÃO. SERVIÇOS NOTARIAIS E DE REGISTRO.

1. Trata-se, originariamente, de Mandado de Segurança contra ato que destituiu a remoção por concurso atribuída ao recorrente por força de resultado de ADI proposta e julgada posteriormente à nomeação. O Tribunal de origem denegou a Segurança.

2. Não é ilegal a reclassificação dos candidatos em decorrência da exclusão dos critérios declarados inconstitucionais pelo STF no julgamento da ADI 3522 (RMS 23.828/RS, Rel. Ministro Herman Benjamin, Segunda Turma, DJe 20.4.2009; RMS 24.092/RS, Rel. Ministro José Delgado, Primeira Turma, DJ 1.2.2008).

3. Recurso Ordinário não provido (RMS 37.221/RS, Rel.

Min. HERMAN BENJAMIN, DJe 8.3.2013).

11. Com efeito, conforme decisão proferida na ADI 3.522/RS,

não há afronta a direito líquido e certo a ser protegido na ação mandamental,

pois o ato do Presidente do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, ora

impugnado, está em consonância com a decisão proferida pelo Supremo

Tribunal Federal, que declarou a inconstitucionalidade com efeitos ex tunc do

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arts. 16, I, II, III e X do art. 22, I e parág. único da Lei Estadual 11.183/98, que

trata da prova de títulos dos concursos públicos de ingresso e remoção nos

serviços notariais e registrais.

12. Ante o exposto, nega-se seguimento ao Recurso em

Mandado de Segurança, interposto por SÉRGIO MERSSERSCHIMIDT.

13. Publique-se.

14. Intimações necessárias.

Brasília (DF), 11 de novembro de 2016.

N

APOLEÃO

N

UNES

M

AIA

F

ILHO

M

INISTRO

R

ELATOR

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