Professora - Profª. Christiane Menezes Rodrigues Falcão (IFF) IFC - campus Concórdia I Seminário das Licenciaturas 10 de março de 2014
Professores formadores e em
formação: desafios das licenciaturas
no contexto dos Institutos Federais
1º momento
Referenciais para debate
LEI 9.394/1996 – Novos referenciais
LEI 11.892/2008 – Criação dos Institutos Federais
Lei 9.394/96
Breve antecedente histórico:
●
Formação de professores: final século XIX: “primeiras
letras”: nível secundário.
●
1930: formação de bacharéis (3 anos) + 1 ano de
licenciatura: tão conhecido “3+1”.
Lei 9.394/96
●
7.044/82: constituem-se as licenciaturas curtas, para formar
docentes para o ensino fundamental
●
Esquemas I e II: esquemas emergenciais de habilitação ao
magistério, respectivamente para a 1
aa 4
aséries e para a 5
aa
8
aséries.
●
Polêmicas: ex: especialistas em física, química ou biologia ou
professor de física, química ou biologia?
●
Ajustes legais do CFE foram implementados: caráter
fragmentado e fortemente questionado (ANFOPE, 1992).
●
Discussão:
necessidades
formativas;
formação
dos
Lei 9.394/96
Exigência de nível superior para os professores da Educação Básica. Novas perspectivas de formação de professores: exigência de titulação de mestres e doutores.
Diretrizes Curriculares Nacionais para formação de professores (2002). Princípios:
● Cultura geral e profissional.
● Conhecimentos: crianças, jovens, adultos, comunidades indígenas,
PNEEs.
● Articulação das dimensões: cultural, social, política e econômica da
educação.
● Conteúdos das áreas – objetos de ensino. ● Conhecimento da Experiência.
Lei 9.394/96...
Idas, voltas, remendos, complementos (GATTI, 2009). “ (…) decretos, normas, etc., podem se caracterizar como manifestações de como o mundo oficial atribui padrões para o mundo real, sem levar em conta suas particularidades e originalidades” (BRZEZINNSKI, 1999).
“continuamos a ser com autonomia, a nação de dupla personalidade, a oficial e a real” (BRZEZINNSKI, 1999).
1978: Transformação das escolas técnicas federais em CEFETs.
1993: Ênfase na formação de professores de disciplinas específicas da formação geral e do ensino técnico.
Bonfim (2003): Cenário: quadros insuficientes de formadores; formação rápida; pressão do MEC; carência de acervo bibliográfico; laboratórios; condições bem distintas das universidades.
Criação de cursos com CH reduzida.
Pouca articulação com as redes estaduais e municipais.
Dificuldade de integração entre Ensino, Pesquisa e Extensão.
Licenciaturas que se tornaram “corpo estranho” dentro dos CEFETs.
Breve histórico da formação de professores nas
instituições federais tecnológicas
CEFETs: colocaram-se como protagonistas na formação de professores, principalmente: Física, Química, Biologia e Matemática.
Dispositivos legais (BRASIL, 1994, 1999): remetiam à Rede Federal a atribuição da formação docente.
Instituições de EPT, muito marcadas pelo “fazer”; por conter forte ação dos docentes sem formação para o exercício da docência.
Instituições cujo locus central é/deveria ser:
Breve histórico da formação de professores nas
instituições federais tecnológicas
EDUCAÇÃO
TRABALHO
Pesquisa Extensão
Sociedade produtiva Formação continuada Identidade Profissional
Lei 11.892/2008
Art. 1o Fica instituída, no âmbito do sistema federal de ensino, a Rede Federal de
Educação Profissional, Científica e Tecnológica, vinculada ao Ministério da Educação e constituída pelas seguintes instituições:
I - Institutos Federais de Educação, Ciência e Tecnologia - Institutos Federais; II - Universidade Tecnológica Federal do Paraná - UTFPR;
III - Centros Federais de Educação Tecnológica Celso Suckow da Fonseca - CEFET-RJ e de Minas Gerais - CEFET-MG;
IV - Escolas Técnicas Vinculadas às Universidades Federais. V – Colégio Pedro II.
Lei 11.892/2008
Art. 2º Os Institutos Federais são instituições de educação superior,
básica e profissional, pluricurriculares e multicampi, especializados na oferta de educação profissional e tecnológica nas diferentes modalidades de ensino, com base na conjugação de conhecimentos técnicos e tecnológicos com as suas práticas pedagógicas.
Lei 11.892/2008
Art. 8º. “Define-se que cada Instituto Federal deve ofertar o
mínimo de 20% (vinte por cento) de suas vagas para
cursos de licenciatura, bem como programas especiais de
formação pedagógica.
Lei 11.892/2008
● Diante deste quadro, surgem algumas questões:
● Quais são as potencialidades e dificuldades desta oferta? ● Quais são as políticas concretas de formação docente?
● Qual é o cenário que evidencia a necessidade de formação de professores
Realidade Professores da Educação Básica
“
25% dos
Professores da Educação Básica ainda possuem, no
máximo, o Ensino Médio ou Magistério”
(INEP/2011)
“
75% dos
Professores da Educação Básica têm curso superior”
(INEP/2011)
Destes,
82%
têm Curso de licenciatura e18%
possui curso sem licenciatura”(INEP/2011)
“Dos quase
60 mil
professores de Física, nem
10 mil
são formados”“
44%
dos professores de Química no E.M., além de não terem formação específica, não são formados nem mesmonas áreas das Ciências Exatas”
(MEC)
Demanda Professores
“
710.893
é a demanda de professores p/ E.M. + Anos Finais do E.F
.,
sendo que destes272.327
são para as disciplinas de Física, Química,Matemática e Biologia”
(CNE/CEB/2007)
“
235.135
é a demanda de professores p/ E.M., sendo que destes
105.812
são para as disciplinas de Física, Química,Matemática e Biologia”
(CNE/CEB/2007)
“
170 mil
professores é o déficit na área de ciências e matemática no setor público”
Panorama Licenciaturas na Rede Federal
(Censo da Educação Superior, 2011)
101.626 Matrículas no Ensino Superior (presencial e à distância)
na Rede:
Bacharelado 22.881 (22,5%)
Licenciaturas 26.925 (26,5%)
Tecnológicos 51.659 (50,8%)
Não Aplicável1 161(0,2%)
Nota1: Sem definição do grau acadêmico
Matrículas Licenciatura Região N° Norte 4.918 Nordeste 11.158 Sudeste 6.465 Sul 2.030 Centro-Oeste 2.354 Total 26.925
Panorama Licenciaturas na Rede Federal
(Censo da Educação Superior 2011)
Concluintes dos cursos de licenciaturas:
68% são da Rede Privada (163.086)
32% são da Rede Pública (75.021)
Concluintes dos cursos de licenciaturas da Rede Pública:
91,1% Universidades (68.345)
0,3% Centros Universitários (249)
6,7% Faculdades (5.008)
1,9% Rede Federal (1.419)
Panorama Licenciaturas na Rede Federal
(Censo da Educação Superior 2011)
Instituições Vagas Oferecidas (A) Candidatos Inscritos (B) Relação Candidato / Vaga (B/A) Ingresso Total (C) Demanda Reprimida (B-C) Universidades 157.163 908.276 5,8 137.492 770.784 Centros Universitários 911 596 0,6 397 -- Faculdades 15.109 23.038 1,5 8.659 14.379 Rede Federal 13.983 176.232 12,6 13.396 162.836
CENSO EDUCAÇÃO SUPERIOR 2012: n° de matrículas nos cursos de licenciatura
aumentou apenas 0,8% entre 2011 e 2012. Nos cursos tecnológicos ( 8,5%) e nos Bacharelados ( 4,6%)
Lei 11.892/2008 (art.8
°)
Garantia de, no mínimo, 20% das vagas para
os cursos de Licenciaturas:
FORMAÇÃO DE PROFESSORES (%Vagas Ofertadas)
2010 2011 2012 2013
Curso Quantidade de IF
que oferecem oferecidos na Rede EPT Quantidade de cursos 1 Química 31 81,5% 68 21% 2 Matemática 29 76% 72 22% 3 Ciênc.Biológicas 26 68% 46 14% 4 Física 25 66% 50 15% 5 Geografia 08 21% 10 3% 6 Informática 08 21% 10 3% 7 Computação 07 18% 10 3% 8 Educação Física 05 13% 07 2% 9 Pedagogia 05 13% 06 1,8% 10 Educ. Profissional e Tecnológica 04 10,5% 07 2% 11 Ciências da Natureza 04 10,5% 06 1,8%
Lima (2013): Formação de professores nos institutos federais: perfil da oferta
Fundamental para um projeto de nação.
Desafios.
Reconhecimento profissional.
Importância dos IFs para a formação de professores.
3º Momento:
A defesa pelo fortalecimento de um locus para a formação de professores e a decorrente constituição de cursos de licenciaturas nos IFs decorrem de uma grande preocupação: SUPRIR A ESCASSEZ DE PROFESSORES.
BRASIL, MEC (2008, 2009, 2011, 2013, 2014); GATTI (2009); BRZEZINSKI (2002); CIAVATTA (2006), MACHADO (2009).
e... tantas outras pesquisas realizadas no seio dos Institutos Federais de todo o Brasil.
Os currículos: reais e ocultos...
Predominância na formação na área de ciências e da matemática.
Cursos de formação para EPT: apenas 12% → preocupante por se tratar de instituições que constituem um locus desta modalidade de ensino e pela exigência da legislação.
Currículos muito rígidos: pedagogia disciplinar; disciplinas que não dialogam.
Os jovens dizem...
http://oglobo.globo.com/educacao/salarios-de-professores-melhoram-mas-magisterio-atrai-menos-jovens-11210310 http://www.emdialogo.uff.br/sites/default/files/_presenca_pedagogica_z.pdf_. pdf http://www.estadao.com.br/noticias/vidae,menos-jovens-buscam-cursos-de-licenciatura-e-pedagogia-no-pais,379932,0.htmTudo isso …. e: problemas recorrentes em âmbito nacional
Infraestrutura das escolas
Formação continuada dos professores
Plano de Carreira
Piso salarial
O docente precisa ter condições para:
Estudar
Ler
Iniciativas do Governo Federal
1. Criação do Plano Nacional de Formação de Professores
2. Opção da Segunda Licenciatura (contemplando professores que têm uma graduação, mas dão aulas em outras disciplinas
3. Lei de Criação dos Institutos Federais – 20%`das vagas para Formação de Professores/Licenciaturas
4. Programa Federal “Quero ser cientista, quero ser professor” (despertar no aluno do E.M. o interesse pelas disciplinas de matemática, física, química e biologia e incentivar a carreira docente)
Epicentro
do Debate
É preciso que o Projeto Nacional de Formação
retome a discussão das Licenciaturas
Licenciaturas nos IFs
O olhar para a Formação DocenteQue elementos mínimos e inovadores as Licenciaturas nos IFs precisamos contemplar?
Que elementos nos diferenciam a partir do conceito de verticalização?
Que elementos nos diferenciam a partir da nossa experiência com o EMI, com PROEJA, com os cursos FIC, com a EPT?
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Licenciatura em Matemática Grupos de Trabalho para reformulação do PPC:
1. Concepção do curso e de professor 2. Aporte a formação docente
3. Laboratórios didáticos como base da formação docente 4. Prática Pedagógica, Estágio Supervisionado
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Licenciatura em Música Saberes docentes
Que saberes são esses? Plurais, estratégicos e desavalorizados.
Qual é a função do professor na definição e seleção de saberes transmitidos pela instituição escolar? Saberes disciplinares, curriculares, experienciais. Ciências da Educação (pesquisadores, professores, cientistas da educação) ou
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Licenciatura em Música O professor de música:
Não é o bacharel!
Professor de música no IFF: articulação com as tecnologias (Eletrônica), laboratório de tecnologias e educação e musical; com a saúde (musicoterapia); educação musical e meio ambiente (paisagens sonoras, ecologia musical, ético-estético).
Cada semestre tem um filme, uma concepção.
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Licenciatura em Música Desenho curricular:
Lugar da Prática Pedagógica: inserida nas diciplinas, com CH específica, prevista no programa da disciplina.
Disciplinas que chamamos específicas: constituídas nos núcleos; todas são pedagógicas: ex: Canto Coral e Didática.
Estágio Supervisionado: Escola é protagonista do Estágio; trazer as escolas para o IFF (formação de professores nas oficinas, laborátórios); construir projetos para as/nas escolas
Algumas experiências do Instituto Federal
Fluminense
Licenciatura em Música Quantidade de períodos: 8 CH Aulas 3240 1º Período Total C.H. PP 440Núcleos Componentes Curriculares C.H. Semanal C. H. Total
Teoria e Percepção Musical TEPEM I – Teoria e Percepção Musical 4 20 80
Instrumento Musical I (teclado) 4 80
Canto Coral I 2 40
Técnica Vocal 2 40
Leitura, Escrita e Produção de Textos Musicais
Fundamentos de LEP 2 40
LEP e Pesquisa Científica 2 20 40
Sociedade e Educação Musical
Educação e Tendências Pedagógicas 2 40
Proposições com os PPCs Matemática e
Música
Interferir na realidade local, a partir de um diálogo intenso com as redes públicas de Educação Básica.
Concorrer para o desenvolvimento local e regional Ultrapassar o modelo 3 + 1
Inserir efetivamente as temáticas “Educação e Trabalho” e as Novas Tecnologias
Conceber de forma mais adequada a relação teoria/prática Reelaborar a prática pedagógica e o Estágio Supervisionado.
Reconfiguração dos Projetos de
Licenciaturas dos IF
Fomentar Pesquisa e Extensão
Conceber o Professor-pesquisador
Promover continuamente a formação do professor
Acompanhar a vida acadêmica do estudante com vistas a um verdadeiro processo de inclusão
Problematizar o conceito de Educação, Ciência e Tecnologia, na redefinição dos Cursos e o papel da Educação Tecnológica
Concluindo ….
O Instituto Federal traz em sua gênese as dimensões EDUCAÇÃO, CIÊNCIA e TECNOLOGIA.
É de sua responsabilidade atuar no
CAMPO DA EDUCAÇÃO BÁSICA e das LICENCIATURAS.
O Instituto Federal deve interferir afirmativamente na melhoria da qualidade da EDUCAÇÃO PÚBLICA.
É de sua competência atuar, intensivamente na capacitação continuada de TRABALHADORES da EDUCAÇÃO e em iniciativas que concorram para a educação de qualidade e VALORIZAÇÃO do PROFESSOR.
É necessário DIÁLOGO com as redes de ensino e com o poder público e organizações de classe no sentido de potencializar ESFORÇOS em FAVOR da EDUCAÇÃO.
Para não concluir….
COMO PODERIA SER UMA FORMAÇÃO DOCENTE DENTRO DE UM INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA?
Muito Obrigada!!
Christiane Menezes Rodrigues Falcão Professora Área: Educação Diretora Geral do IFFluminense campus Campos-Guarus cmrodrigues@iff.edu.br