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CERRADO E AQUECIMENTO GLOBAL

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Academic year: 2021

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CERRADO E AQUECIMENTO GLOBAL

Preservar o cerrado ajuda a amenizar o efeito estufa, que causa a elevação da temperatura global

Por Vitor Teodoro Pereira

Savana Gramíneo-Lenhosa

http://www.shopping1.radiologico.nom.br/aparaiso/vejetal.htm

O Bioma Cerrado é o segundo maior ecossistema brasileiro, atrás apenas da Floresta Amazônica. Abriga umas das maiores biodiversidades do planeta, incluindo mais de 1200 espécies animais, várias delas endêmicas. Também é o segundo mais afetado pela ocupação humana, superado apenas pela Mata Atlântica, de acordo com a organização não-governamental WWF Brasil.

Desde a década de 1940, com a política demográfica de migração do Governo Vargas, o Cerrado é tratado como o grande celeiro do país. Esse processo se intensificou nas décadas seguintes, passando pela modernização do campo, até culminar na monocultura de cana-de-açúcar no Século XXI.

No século XXI há uma nova preocupação: a aceleração do aquecimento da Terra devido à atividade do ser humano. A região tanto sofre com o fenômeno, quanto sua destruição pode contribuir gravemente para seu agravamento. A devastação na região é responsável por um terço da emissão de gases do efeito estufa no Brasil, ao mesmo tempo em que é um importante renovador do ar.

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O Cerrado brasileiro é uma savana tropical situada na região central do país, com incursões no litoral do Nordeste e na Amazônia. Está espalhado por 10 estados e pelo Distrito Federal. Sua extensão original é de 2.045.064 km², o que corresponde a cerca de 85% do Planalto Central, 97% da cobertura vegetal de Goiás e 25% do território nacional, segundo dados do IBGE.

Nessa formação vegetal árvores e arbustos coexistem com uma vegetação rasteira que raramente forma uma cobertura arbórea contínua. O clima é Tropical Sazonal, de inverno seco e verão com chuvas intensas. A amplitude térmica é alta, com temperaturas mínimas por volta de 10°C e máximas de 40°C. O relevo é plano, cortado por gran des serras, como a Chapada dos Veadeiros e a Serra Dourada.

O ecossistema é banhado por três das mais importantes bacias hidrográficas da América do Sul (Tocantins-Araguaia, São Francisco e Prata) incluindo as nascentes de alguns de seus mais importantes afluentes. Isto o leva a ser conhecido por “berço das águas”.

Beija-flor-de-gravata (Augastes lumachella)

Ciro Albano (http://www.wikiaves.com.br/foto_10242)

Na região existem 10.000 espécies vegetais, 4.400 delas exclusivas desse bioma e 1.268 animais vertebrados terrestres, sendo 117 também endêmicas. Vinte e sete destas espécies animais estão ameaçadas de extinção, cinco sob grave ameaça de acordo com dados de 2003 da ONG Conservation International.

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Até as primeiras décadas do Século XX, a região central do Brasil possuía baixa densidade demográfica, a população era majoritariamente rural e a economia girava em torno da agricultura de subsistência. Na década de 1940, o governo de Getúlio Vargas impunha um forte plano de industrialização do país, que levou à ocupação de novas áreas. Havia a necessidade de alimentos e matérias primas baratos para fomentar a indústria nacional incipiente. Foi então que surgiu a famosa “Marcha para o Oeste”, política estatal de doação de terras e incentivos financeiros com o fim de colonizar a região.

Esse processo de avanço da fronteira agrícola rumo ao Centro Oeste continuou se intensificando por todo o restante do Século XX. Além das idéias de integração nacional e desenvolvimento da indústria, havia o objetivo declarado de expandir a fronteira agrícola sobre o bioma Cerrado, considerado menos relevante do que a Floresta Amazônica, que à época já era reconhecida internacionalmente como importante área de preservação ambiental.

Nos anos 1960 foi construída na região a nova capital brasileira, Brasília, e conseqüentemente melhorada a infra-estrutura local. A malha rodoviária foi ampliada em milhares de quilômetros, o que favoreceu o escoamento da produção.

Na década seguinte, já sob o milagre econômico da ditadura militar, houve uma intensa modernização do campo. Para o prof. Valter Machado da Fonseca, Mestre em Educação Ambiental pela Universidade Federal de Uberlândia, “a quantidade total de chuvas, a temperatura amena e a energia solar abundante favorecem a utilização intensiva do cerrado e o desenvolvimento de culturas comerciais. A sua topografia e os solos, profundos e de boa drenagem, facilitam a mecanização.” Ainda segundo Machado, “a vegetação, menos densa que a florestal, é facilmente removida. Todos esses fatores, aliados à expansão da infra-estrutura de transportes, de armazenagem e eletrificação rural e ao baixo preço das terras do cerrado contribuíram para, rápidas e profundas, mudanças no seu uso.”

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(http://www.es.gov.br/site/noticias/show.aspx?noticiaId=99667251)

Delfim Neto, ministro da economia entre 1967 e 1974, incrementou a política de incentivo financeiro com créditos agrícolas subsidiados e renúncia fiscal, que beneficiaram principalmente os agricultores modernos, mais influentes politicamente. Por fim, a solução de antigos problemas com o solo da região tornou essas terras ainda mais interessantes. Nas palavras de Prof. Dr. Gervasio Castro de Rezende, da Universidade Federal Fluminense, "É bem conhecida a mudança espetacular que ocorreu na aptidão agrícola dos solos de cerrado no Brasil, e que consistiu da descoberta de uma solução para os problemas de baixa fertilidade natural e elevada acidez".

Nas últimas duas décadas do Século XX, um novo fator surge na devastação do Cerrado. A implantação da cultura de soja na região colaborou para maior desmatamento e uso de agrotóxicos, já que a monocultura leva ao empobrecimento do solo. Já a partir dos anos 2000, o que mais preocupa e é a agroindústria sucroalcooleira, que surge como importante alternativa de matriz energética limpa e renovável. Entretanto, com o crescimento da importância mundial deste setor, cresce também a área utilizada nas plantações de cana-de-açúcar. Para a geógrafa e educadora ambiental Elisvalda Beatriz da Silva, além de promover o avanço da fronteira agrícola, esse setor produz dejetos altamente tóxicos, como o vinhodo.

AQUECIMENTO GLOBAL

Desde o final do último século, o problema do aquecimento global vem se tornando cada vez mais um tema de discussão científica, econômica e política em todo o mundo. O efeito estufa, fenômeno natural que mantém a temperatura estável durante a noite, vem sendo intensificado pela atividade humana, através da emissão de gases poluentes como os óxidos de carbono e o metano. Esse aquecimento está acelerando muito o processo também natural de aquecimento do planeta, que normalmente leva centenas de milhares de anos para alternar entre glaciações e deglaciações.

O prof. Valter Machado da Fonseca explica que essa elevação da temperatura mundial, em um primeiro momento, pode promover a ampliação do Cerrado, com o seu avanço sobre a Floresta Amazônica. Entretanto, posteriormente, o bioma sofreria uma intensa desertificação.

Em contrapartida, para o professor, a preservação do ecossistema pode amenizar as mudanças climáticas. Além da liberação do carbono (CO2) que estava retido nas plantas, comum a qualquer desmatamento, a mudança no uso do solo diminui a renovação do ar e aumenta a retenção de calor, já que o Cerrado é o principal sumidouro de carbono do Brasil. Plantações e pastagens também retêm menos carbono e mais calor que a mata nativa.

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Carvoaria

(http://www.iar.unicamp.br/galeria/rmacedo/nonada.htm)

A criação de gado - largamente estabelecida no centro oeste do país - contribui com a emissão de metano, um dos piores gases do efeito estufa, proveniente da digestão dos animais e da decomposição do excremento. Pesa ainda o fato de a maior parte da madeira proveniente do desmatamento da região ser utilizada como carvão vegetal. Pesquisas apontam que 80% do carvão vegetal consumido no Brasil vem das árvores do Cerrado.

Além de preservar a fauna, a flora o relevo e as águas da região, salvar o Cerrado ajuda a humanidade a enfrentar um de seus maiores desafios. Do total de 1.783.200km² originais do Cerrado central, restam 356.630km², 20% da área total. Apenas 1,5% está em áreas de preservação, também segundo a ONG Conservation International.

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ALGUNS DOS MAIORES PROBLEMAS NA

PRESERVAÇÃO E SUGESTÕES PARA RESOLVÊ-LOS

PROBLEMA SUGESTÃO

Pequeno número de áreas de conservação definidas por lei.

Triplicar a área de preservação legal chegando a 4,5% (média latino-americana) e

regularizar a situação fundiária das reservas estabelecidas

Invasão biológica de espécies estranhas ao bioma

Controlar o intercâmbio e erradicação de espécies exóticas do ecossistema/habitat

Falta de consciência ambiental e de conhecimento específico sobre o ecossistema

Dinamizar projetos de educação ambiental e pesquisa ecológica

Ausência de comunicação entre diferentes instâncias de poder dos gestores ambientais e

entre estes e o meio científico

Criar mecanismos de integração entre as unidades de conservação federais, estaduais

e municipais; integrar meio acadêmico e Estado

Órgãos ambientais corridos pela burocracia e pela corrupção

Melhorar a remuneração dos servidores e os planos de carreira, equipar as instituições e

elevar a capacidade administrativa

Isolamento das áreas de proteção Criar corredores ecológicos ligando as reservas ambientais

Referências

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