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O jardineiro, anthologia ou Tratado das flores, aos amantes da jardinagem
Autor(es):
Lobo, Gaspar da Encarnação
Publicado por:
Na Real Imprensa da Universidade
URL
persistente:
URI:http://hdl.handle.net/10316.2/2933
Accessed :
13-Jun-2021 17:46:29
digitalis.uc.pt
pombalina.uc.pt
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O
JARDINEIRO,
ANTHOLOGIA,
ou
TRATADO
DAS
FLORES,
AOS
AMANTES
DA
JARDINAGEM
O,
c.
D. G, DA
C.
COIMBRA:
NA
RKáiL IMPRENSADA
UNIVERSIDADE.18
24.
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.,
INTRODUCCAO.
L. 1
Ao
he
para
fazervaler
este3puscu}o
qiie sepõe
uma
Intro-iucção
á
sua' frente;mas
éópara
dar
ao Leitor
um
bre
econheci-r.ento
de
quanto
nelle secontém.
Primeiro
de tudo
se fazuma
iescripção das plantas
em
geral
,e
sua
classificaçào.—
Depois
al-gumas máximas
geraes
, eobser-vações,
onde
sevê
osquesitos
necessários ,
para
um
bom
Jardim,
as
qualidades
que
deve
termu
Jardineiro, e
os utensis ,que
lhesao
próprios.—
-Seguem-se
algu-mas
observações
arespeito
da
cul-tura das
flores.—
Declara-se qual
he
a terramais
própria
;porque
,
como
dizo
Poeta
:Non
omuis
estrumada,
e regada.
—
Qual
dev^
ser
o cuidado
com
assementes^
raízes,
e
cebolas.—
Como
sede-vem
fazer osAlfovres
, as Planta-sqdes
,a
Mergulhia
,Alporques
,
Enxertos
,e
Arvores
anãs.—
-Co-mo
se
hâo de
tratares
Melêes
,
e
a
maneira
de
conseguir
florestêmporas.
—
r-Finalmente
para
não
passar
em
silencioa principal
parte
da Botânica
, sefaliatambém
so-bre a
virtude
d'algumas
plantas.—
E
seeonclue
estapequena
obra
com
um
Calendário
para
o
go-verno do
Jardineiro
em
cada
um
dos
mezes
,o
qual
he
seguido
de
um
pequeno
Diccionario
das
Flo-res
mais
usuaes
, eestimadas
,em
que
seensina
o melhor
modo
de
as cultivar.Eis-aqui
poisem
pou-cas palavras analy
zada toda
a
Obra^
»í»»»,»%»»%»<»»l%l»\%»%t*•»^
1
N
D
È X
D
Escripção das Plantasem
getal. 1Systema
deLinneu
14
Regras
geraes 16 Observações23
Da
Terra
<...26
Do
Estrume.23
Da
Agua
, eda
Rega
32
Dos
Tanques, eBetume
para
elles. . 34?Das
Sementes *37
Das
Raizes, e Cebolas.39
Dos
Alfovres41
Da
Plantação43
Da
Mergulhia,
eAlporques
46
Da
Enxertia47
Das
Arvores
anãs54
Cultura de Melões.
55
Das
Floresprematuras
57
Virtude das Plantas
59
Calendário doJardineiro
63
DESCRIPCAO
oDAS
PLANTAS
EM
GERAL.
^^
OTA
NICA
lie a parteda
Historia Natural
, que
tem
por objectoo
conhecimento
do Reino
vegetal.*: Divide-se
em
três partes:Nomencla-tura, Cultura, e Propriedades: asduas
primeirassónos
devem
occupar pelo mui-toque
contribuem para a terceira,por-que basta conhecer as propriedades e
yirtudesdas plantas, para sabermosa
uti-lidade5 eo usoj
que
deliasdevemos
fazei*.Alguns
Observadores distinguem até20í|f000 espéciesdeplantas;
donde
sevê,que a Natureza he maisvariável nas
plan-tas 5
do
que nosAnimaes
eMineraes.PLAjNTA
heum
corpo orgânico,que cresce por intro-suscepçãò.
Ha
plantas Exóticas^ e Indígenasy-i. e. , Estrangeiras, e Próprias
do
paiz.Nas
plantas obsérvão-se asmesmas
funcções , que
tem
ocorpo animal : ave-getação, acirculação, a digestão, a res-piração, esensação, (posto que esta seja
meramente
fysica.)O
germe da
planta, que está envol^ vidona
semente , sedesenvolve aseutem-po,
elogopormeio dasraizes,como
porveias lácteas tira ochylo^ que adeve
nu-trir. Este sueco, a que os Naturalistas
chamãoseue,
sendoascendente, nutre osramos,edescendente, desenvolveas raizes: deserte queasplantas
de
dia sucçãopelas-\aizesos
humores da
terra, edenoite pelas f<,»lhas ahumidade do
ar.Em
fim aseue,circulando pelas veias , eartérias, deixa
por toda aparte osalimentos próprios
ao
imlrimento
da
planta, e esta he a causafysica
do
seuaccrescimo , ou Vegetação,Para
provara Circulação: 1/
ligne-seb Títhymalo, everemos arrebentar as
fi-bras
acima da
ligadura. 2.° Sesefizerem
timà oliveira
um
annel, tirando-lhea
tasca ,
no
primeiroanno
produzirácom
abundância ;
porem
no
segundoseccará aparte superior toda. S.** Se se
unirem
as pontas de duas varas, estas se pegaráôiiínaáoutradesorte,quecortadootronco
d'
uma,
ficaaponta pegada na
outraflo-rescendo,' etc.
He
esta experiênciaordi-nária
em
tanta variedade d'enxertos,que
provão
bem
a Circulação: e esta se fazfilais visivel
na
cascada
palmeira,de
que
, feitauma
incisão5 sáeabundância
H
4
Forma-se a Digestão desta sorte: o
calor esquenta a planta, e dilata o ar,
mettido nos suecos nutritivos: este ar
dilatado sáe
da
sua prisão, enestaacçãomoé
ossuecos, que vâo entrando nos va-sos próprios, e se estendem,como
nosaniinaes
, pelasartérias até aos
ramos
, eserecolhempelas veias, continuando
sem-pre o
mesmo
gyro.He
um
axioma
entre osNaturalistas,
que
asplantasrespirâo :As
tracheas,
que
selhe divisão
na
raizpalpitando,são,como
05pulmõesnosanimaes, e osstigmas nos
insectos , o órgão
da
respiração. Se llielançaremazeite
na
raiz, tapa-se aartériado
ar, a raizmurcha
, e a planta se'cca :bem
como
succedeaos insectos, querespi-râopelosstigmas, que elles
tem no
abdó-men
; tapadosestescom
azeite, o viventedesfallece.uAs plantas,dizPluche,
seguem
??asvariações
do
ar,perecem
quando
este5tlhe falta. . . -. Isto sefazevidente
em
milA
sensação (fysicá) hebem
conhecidatiasplantas. Ternosslsensitiva^ que
estre-mece
aomenor
toque : temos a papa»mosca
, que contrahindoasfibras , prendedentro
da
flor o insecto, que a picou.Vemos
a sympathia e antipathia, queumas
arvorestem
com
outras,abraçan-do-se
com
estas, enão
soffrendo o tacto,e proximidade daquellas : a vide, por
exemplo
, fogeda
couve, eseabraçacom
ocarvalho.
Em
fim asplantasassemelhão-se aos animaes , ate
mesmo
na
propaga-ção, e transmutação, (aindaque esta
si-milhança^ e analogia he só
em
quanto ao fysico.)A
Planta constageralmentede Rai%,
Tronco^ Folhas^
Flor
^ e Fructo.RAIZ.
Rahes
sãoaspartes oppostas abaste.Estas são essenciaes, ainda que
algumas
A
Raiz, ou tronco descendente be oprincipalórgãonutritivo
da
planta. Com-'pôe-sedecutícula^casca^ lenho,emedalla.
Geralmente
sedivideem
bulbosa (nabo),iuberosa (batata), ç.fibrosa.
Pode
seran-nual, biennal, etc.
Umas
raizescami-nhão
perpendicular, outrashorizontal-mente.
Tem
usonas Boticas, Tintureiros,Lavoura, Marinha,
perfumes, comidas,etc.
TRONCO.
Os
Antigos sódavão
estenome
aotronco ascendente das plantas lignosas ;
e aos das bervaceas
davão
o de caule jpore'm hoje quasi se
toma
indistincta-mente. •O
Tronco
consta de cinco partes:
medulla^raadeiro ,ou
âmago,
^ entrecasca,
ou
liber ^ casca^ e epiderme.Do
troncosaem
os ramos, os quaespodem
seralternos,oppostos, levantados,
^(7
Distinguem-se 5 espécies de troncos.•
Caule {vide), Aste (Junquilho) ,
Colmo
(trigo)^Espique(Jefo)^ Surciilo(musgo),
FOLHAS.
As
folhas,chamadas
também
orgàosde
movimento,
por contribuiremmuito
para o
movimento
dos suecos, sãouma
continuação
da
casca,da
qual tirão osseusvasos, que
também
estãocubertosdo
epiderme continuado. Estes vasos ,
que
partem do médio
longitudinal, oulombo
,formão
um
tecido reticular, ouredinha ,cujas malhas são occupadas pelo tecidd^
cellular,
ou pareiwhma.
Pódé
chamar-se ásfolhas hastesespal-madas
,que
constào de epiderme, casca,nervura^tecido-cellular^
ouparenciima.
ialon, stipula^ e pedículo^
ou
pedúncu-lo.
Também
são simples , compostas eindeterminadas.
Umas
são pediculadas,
consi-dera: pagina^ disco,
margem
, hasc, ^topQ, e nervura.
Podem também
olhar-se relativamente á inserção, direcção,
numero
y grandeza, e duração.Sào
para osramos
o que as barbas sao para as raizes. Muitas arvores sere»produzem
pelas folhas: rauitasnào
tem
folhas, tal he o linhoTertuliano, o
jun-co, etc.
Partes accessivas.
Tem
algumas
plantasumas
partesaccessorias, que se
podem
reduzir a 6:Estipulas,
Gavinhas,
Glândulas, Pel-los,^rmas
, e Bracteas,Estipulas sào
umas
escamas, ou ap-,pendices
na
base dos pediculos dasfo-ilias : V. g.
da
roseira,
da
pereira.Gavinhas
, cirrhos,oumãos
sãoumas
cordas,
ou
fios,com
que sesegurão: v.g.
da
videira.Glândulas são ostubérculos
, que
(
9
rasos, e muitas vezes
contem
dentro osvermes, cuja semente introduzirão os
insectos, que aspicarão , ese
vão
desen-volvendo : V. g. o bogalho.
Pellos são
umas
sedas excrescenciaes, capilíares,' finas, mais , ou
menos
rijas,chamadas
também
triquismo sendobran-das,eespide%sendorijas: v. g.
da
cevada.^rmas
, ou sào ferroes {ortiga),ou
aculeos (roseira),
ou
abrolhos(cardo),ou
espinhos (limoeiro).
Bracfeas são
umas
pequenas folhas pegadasno
pediculoda
flor (^tulipa),FLOR.
As
florescontem
o sexo dasplantas,e he
aonde
se forma ofructo ; aindaque
algumas
vezes onão
produzem
porfaltade perfeição
do
órgão, ou pornão
ternenhum
: e estas são neutras, oudobra-das.
Andanson
diz: que as arvoresdei-xãocair as flores
4K 10)*
As
partesda
flor, segundoLínneu
,
sâo 5: cálix^ corolla^ nectario^ estame,
e pistilo,
(Tome-se
uma
flor, e vá-seanalyzando).
Cálix, assim
chamado
pelasimilhan-ça
jque
tem
com
um
çópo, he o teg^u»mento
externo, eordinariamente heverde.Linneu
faz7
espécies deCálices.O
Cálixcontem
uma
pellicula ,chamada hymen
,que
cobre aflor,quando
estáembotào^
c se
rompe
,
quando
ella se abre.Corollalieo
tegumento immediato
aos orgâos sexuaes, eoque forma todaabel-leza
da
flor, e a que charaão lençoes deJ^cnus. Estas folhas chamão-se pétalas
j
e por isso a flor ,
segundo
onumero
daspétalas, chama-se: apetala^ polj/petala^
monopetala
^ dipetala^ etc.Nectario.
Segundo Linneu
,que
in-troduzio estetermo
na
Botânica, he uni:appendice daCorolla^
ou
bum
orgâo.*(
11)*
ou
para contel-o;porem
muitas vezes «^palavraIS^cctarioapplica-separaexprimir
Tariosappendiculos^ queseencontrão
em
muitas flores :
como
Escamas
, Raios,Denticulos, Pilares, etc.
Estornes^ que sesuppòe nascerem
co
mo
acorollado
alburno,podem
sercom-pletosy
ou
incompletos : osprimeirosde-vem
terfiletes, e anteras^ pelonumero
dasquaessecontao dosEstames.
As
^?>
theras, que
podem
ser univalves,ou
bi'valvesy
contem
opó
fecundante, cujosórgãos
muito miúdos
são cobertosd'uma
membrana
fmissima,na
qual he contidaaauraseminal,
ou
hálitoelástico, que se
dizentrarpelostigma, efecundarosovo^
vegetantes,
ou
tenrassementes, quan<J<>se
rompe
a ditamembrana.
Pistilo.
Compõe-se
deSparles :ger-men
, stilete, estigma. Este Lo o sexofe-Eiinino, assim
comooEstame
beo
áosexo
podem
dividir-se em.masculinas^femininas^ hermafroditas,eneutras.
Lin-neu dá
também
ás flores osnomes
dasClasses, e
Ordens do
seu Systema.As
florespodem
também
serviçadas,
e isto he de 3
modos
: semidohradas, do'bradas, e proliferas.
Semidohradashe
quando
acoroUatem
maior
numero
de pétalas ,do
que assin-gelas.
Dobradas
hequando
os.estames seconvertem todos
em
corolla,ou
pétalas:neste caso opistilo ou degenera, ou fica
suffocado, ainda que
nâo
he sempre. Prolifera he aque lança sobre siou-tra flor, ou pequenas folhas.
Chama-se
Parasilita, ou Parasita a planta, que
nasce sobre outra arvore: v. g. o7nusgo.
FRUCTO.
O
Fructo
conte'm a semente, pela qual se reproduz a planta, que a creou.^(
13)*
Sem
sementenào
háplantaalguma.Tire-se de
um
poço
terrafresca, cubra-se coraum
recipiente de vidro; pormelbor cul«.turaqueseLhede,
nunca
produzirá plantaalguma.
As
partes principaes dofructo são 3:'pericarpo, semente, e receptáculo,
Pericarpo he
um
tegumento
acces-sivo 5 queenvolve assementes, quedelledevem
sair, e, segundo os Sexualistas,
he
uma
viscera, ou ovário fecundante,Divide-seem8espécies: Capsula (cravo),
Siliqua{iiaho) ,
Bagem
{feijão), Folillio{loendro) ,
Drupa
(pecego) ,Pomo
(pc-ra)^
Baga
{uva)^ e Pinha.Semente^
consideradano
estadode
perfeição, he
como
um
ovovegetal,em
que ha
uma
planta seminal unida aum,
ou muitos cotilédones, involvidos
em
te»gumentos
próprios.Receptáculo he a base, a
que
estãom
14
)^
SYSTÈMA
DÊ
LINNEU.
Linneu
regulou ò seuSystema
pelasflores, oufloreâcencia
do
mòdò
seguinte :1/
Ou
a florescência hè manifesta,ou clandestina.
2.*
Sendo
manifesta, ou os estames ,
€ pistilo se achâo
na
mesma
flor, ouem
differentes.
3."
Estando
na
mesma
íTor ,ou
estãodespegados, e formão as primeiras 13
Classes,
quando
sao iguaes: e formãoa
14, é 15 5
quando
sâo desiguaes.4.** Se os estames estão pegados,
ou
lie entresi pelosfiletes, eformãoas
Clas-ses 16, 17, e 18 :
ou
pelasantheras, efor-mão
aClasse 19,ou
pelopistilo, eformão
a
Classe 20.5.*
Se
os estames estãoem
uma
flore o pistilo n'outra, formão as Classes
âl,
22, e 23.6.** Se osórgãos
não
são manifestos^
1.
Monandria.
9. Diandria. 3. Triandria. 4. Tetrandria. 5i Pentandria. 6. Hexandria. 7. Heptandria. 8. Octandria. 9. Enneandria. 10. Decandria. 11. Dodecandria. 12. Icosandria.CLASSIFICAÇÃO.
13. Polyandria. 14.Didynamia.
15.Tetradynamia,
16.Monadelphia.
17. Diadelphia. 18. Polyadelphia, 19. Syngenesia. - m 20.Gynandria.
' ^ 21. Monoicia. 22. Dioicia. 23. Polygamia. 24.Cryptogamia,
*(
16)^
EEGRAS
GERAES.
A
Jardinagem
pedeuma
attençâoperpetua, e
um
cuidado continuo:sem
isto
nada pôde
prosperai;»* *,'
Aquelle, quesepropõe tractarde
flo-res
, primeiro de tudo deve eâcolher o
sitioconveniente, ouseja para
Jardim de
nivel perfeito,
Jardim
deinclinaçãosua-ve5 ou
Jardim
em
Terrassos. Attenda-sesobre tudo a 5 cousas : ao terreno, á
si-tuação, á
agua,
á exposição, e á bellavista. " '
Reparta-se oterreno
em
duas partes,uma
exposta ao sol, que será para aâ
bellasflores, eaoutra
menos
expostaparaas mais inferiores, e
para
as queexigem
sombra
, ehumidade
:como
também
paraplantar
no Verão
em
alfovres asqueno
Outubro
sehão
de dispor.O
Plano do'Jardim
deve serdestruit orisco, cerceando-o de mais.
A
reh^
devesertosquiada todos os 15dias^ e aplainadacom
um
grosso cylindrode
páo,
ou
pedra.Os
viveiros, e arbustosnovos serãosachados, e
mondados 4
vezesno
anilo.Deve
procurar-seum
Jardineiro expe-rimentado, intelligente, activo, efiel: edar-lhe os necessáriosutensilios,
como
são :Carreta, I^aviola, Cestos,
Escadas
,For-quetas de
páo
edeferro,Martello, INIaçode
páo
, Picareta,Enxada
, Sachinhos,
Pá,
Ancinho,
Podôa,
Foucinha,
Ser-rote,Faca
, Canivete, Tizouras, Crivo,Regadores
, Plantador, Desplantador,
C}^lindro,
Redomas
,Machadinha
,Caixa
de
vidros,Thermometro
,Barómetro
,
G
uarda-vento, Palhoça, etc.O
Guarda-vento ,quetambém
guarda
asflores
do
frio, eda
chuva, pódefazer-sede papel, e este deve serforte , e claro ,
transpa-rente, e deixe passar os raios
da
luz^ Forma-se a grade de madeira,ou
decan«iias elevada
no
cimo
em
angulo,ou
arcoáfeição
do
vaso,ou
canteiro, que ha
de
Cobrir , eseveste
com
oditopapei(deixa-se
uma
porçãoaberta, para dar o arda
parte opposta ao vento): depois de
col-lado,
ou pregado
o papel, se unta todocom
óleodelinliaça, quesedeixa seccar,
esó seiiade fazeruso,depois
que
o cheirase dissipar; porque este he
mui
nocivoás plantas.
O
Plantador he á maneira deuma
colher, ou trolha de pedreiro,
da
feiçãode
uma
telha de ferrocom
seu cabo.O
Desplantadorpôde
ser defolhade
Flandres,
ou
de ferroem
duas peças, Ique unidas,
formão
um
cylindro oco,
maior , ou mais
pequeno
, conforme agrandeza, ecapacidade das plantas
,
que
se
hão
decom
elle transplantar.^osto pela
Jardinagem
: ecom
razão ;poiíque
as flores fazem pelo esmalte de suascores, porsua fragrância,
eporsuaregu*
laridade, ebelleza, oencanto
da
vista, cdeleite
do
olfato, e a alegriada
Natureza.O
Jardineiro sensivel a este prazerpõe
todo o seucuidado
em
multiplicar assuasplantas ,
em
asvariar, eaperfeiçoar ;po-rt-m a escolhadas plantas , eo cuidado
de
bem
plantar será inútil, se se lhenão
ij plicar
uma
boa
cultura.As
flores que*rem
serbem
sachadas,mondadas
, ere--gadas a
tempo
conveniente: he precisoabrigal-as nas grandes calmas, vento
,
chuva , e neve : separar-lhes , e
arrancar-Ihes 03 muitos filhos, e rebentos, que as
consomem,
e defecão :devem
visitar-sop Io orvalho
da
madrugada,
para lhe*tirar os insectos , que as attacào.
Não
sedevem manear
as flores,so-bre tudo se ellas sâo delicadas;
porque
5i8sijnsedesarranja aordem
5 e sedeslustraasuabelleza;
porem
infelizmenteha
mui* .tos, que entrando
em
um
Jardim, nâo
1estão satisfeitos,
sem
pôr logo as suas 1mâosinhas nas flores, principalmente sé sâo Senhoras.
Ora
nâo
seráuma
zanga,edesgosto para
um
Jardineiro desvelado, veruma mão
atrevida, epouco
civilizadaem
um
sómomento
tirar-lhe os fructosde
tantas fadigas?Mande
pois gravar sobre a portado
seuJardim
estes versosem
grandes letras:
Jltcverassiduum
mcUus
,quam
carmina
,Flores
Jmcrihunt
^ oculis tutege^ nonruanihus.As
flores,com
que se ornão os Jar-dins,procedem
umas
de semente, outrasde
cebola, e outras de estaca,ou
raizumas
sesemeâo
na
Primavera
para oVerão
,.e outrasno
Outono
para aPri-mavera.
No
Quarto
crescented'Outubro
,
Novembro
,eDezembro
plantão-seasqueprocedem
de cebola: a Angélica,Açu^
cena, Belladona, Preponsiana, Narciso, Junquilho,
Campanaditos
,Trombões
,
Jacinthos, Tulipas, JMarquezinhas,
Ané-monas
,Ranunculos
, Borboletas ,Cabo
de Boa-esperança,
ou
Raquel, Lirio, Abe-ilha, etc.
As
queprocedem
de semente são:
Mangericôes, Papagaios,Valverdes,
Me-lindres, Perpetuas,
Campainhas
,Cra-velinas, Martinetes, Gyrasol, Esporas
de Cavalleiro, Cravos,
Amores
perfei-tos,Saudades ,Violas, Cravos de
Defun-to, Boas-noites, etc.
As
queprocedem
de raiz são : osGoivos dobrados,
Chagas
dobradas,Ror
sas, Jasmins , Corações, Azares,
Mar-tyrios, Folhgdos,
Mosquetas
,Esponjas ,Novellos, Mauritânia,
Penachos
,Mar-garidas, etc.
Alem
das sobreditas flores se matizaum
Jardim
com Buxo
,Murta
, AlecrimSalva,
Losna
,Tomilho
,Mangerona
,
Rosmaninho
,Alfazema
, eoutras, quese
plantão desde
Outubro
atéáPrimavera,
ou
de raiz,ou
deestaca. Advirta-se queo
Alecrimnâo
pe'ga, depois que estáem
flor.
A
cada flordâo
alguns suasignifica-ção particular : assim a
Rosa
significagraça
^ LirioeAçucena
pwre^a, Jacinthosabedoria, Alecrim ciúmes,
Jasmim
pe-rigo,
Mangerona
prazer, Perpetuafir'7ne%aj
Losna
amargura
.^Arruda
casii'dade^
Ramos
desejos^ Fructos obras ,Murta
dor,Buxo
innocencia,Canna
iii'constância^ Silva
prwáo,
Loureiro i*'zcío=ria, Oliveira
pas
5 Folhas hv>e%a^ ParraOBSERVAÇÕES.
Nào
bC deve semear ^quando
a terra está congeladado
frio:nem
se devesa-char planta
alguma
,quando
ventado
Norte
; porque o frio penetra as raizes,
e
mata
as plantas.Havendo
tempestades,tombem-se
osvasos
com
o fundo contra o vento.E
iivrem-se asfloresdelicadas
donimio
sol:nem
setoquem
com
as mãos.Tanto
ajuda a crescer as plantas osachal-as a
miúdo,
como
o regal-as: epor isso se diz : Ser obrigação
do
Jardi-neiro trazer
em uma mào
aenxada, na
outra o regador.
He
bommethodo
para impedir apo-dridão das plantas encher
o
fundo dosvasos,
ou
alegretescom
algum
cascalho ,oucavacos, a fimdeescoarmelhoraagua.
Seráconveniente escaldar
com
a^ua
aferver 5iterra preparada para pôrflores
a fim de matar primeiro as sementes dos bichos, e hervas nocivas.
As
matériasoleosasmatão
os insectos;
mas
também
offendem asplantas, selheschegão á raiz.
Para
impedirasformigassedeveesfre-gar a arvore
com
tártaro aomenos
6pol-legadas.A
lagarta hequem
mais desbastaum
Jardim
:não
setem
achado melhormeio
paradestruir esteformidávelinimigo,
do
que desfazer-lhe os ninhos, e
esmagar
osovos, que as borboletas depõe, eque
em
poucos dias se transformâo
em
lagartas,que
ordinariamente denoiteheque causãoo
damno
; e por isso demadrugada
sedevem
procurar, ecom
paciência sepo-derá diminuir consideravelmente o seu
numero.
Para
terflores maisbellas, que o
or-dinário,devepreparar-se
uma
camada
de
camada
deterra, e depois outracamada
,
atéque tenha altura sufficiente para
nu-trir as raizes das plantas.
Se depois de ter cortado as aniheras
R
uma
flor, lhefizerem cair sobreostigmao
pó
fecundante d'outra flor differeníe,
a suasementeproduzirá
uma
planta,que
terá
alguma
cousadeuma,
eoutra, i.e.,
da
espécie fecundante, eda
fecundada,
será
um
IScutro ymas
paraestaoperaçãohe preciso, que haja já
alguma
analogiaentre as duasplantas,
como
succede nosanimaes dedifferente espécie. Sejuntares
uma
tulipaamarellacom
outravermelha,
não
sóda
semente sairáõ rajadas,mas
também
dasmesmas
cebolas , atéaonde
DA
TERRA.
A
Terra
^em
que sehâo
de plantarflores, será nova, quasi negra,
sem
bar-ro,nem
área. Senão
tiversidobem
estru-mada,
será depois regadacom
agua
d'estrume.
Nos
vasosdevemudar-setodososannos: e nos alegretes basta cousa de
meio
pé d'altura de 3em
3 annos.Deve
procurar-seuma
Terraconve-niente acada planta, emisturar-lhebem o estrume sufficienle.
Em
g^ral a Terra gordiaconvém
ásraízes, ealigeira,solta,
c areosa ás ceboUas.
A
Terra grossa misturadacom
área se Êaz fértil, e própria para nutrir osve-getaes.
A
boa Terra deve ser negra, gorda, oleosa, friável ,solta, efácilde lavrar, ereduzira
pó
:nem
muitofria,nem
muitoleve :
sem
máo
cheiro, ou sabor : sua4^(
27
pes ; porque
sem
isto as arvoresnão
durraráò mais de 6 annos.
Devo
fazeruma
observação geral arespeito
da
Terra para toda a sorte deplanta, ehe :
Que
aTerra, que ainda
não
produzio vegetaes
da
qualidade, que seihe querplantar5 he mais útil,
do
que aque
já sérvio; porissomesmo
não
sedeveplalitar
uma
arvoreno
mesmo
sitio, ond-âacaba deseccar ,
ou
setem
cortado outradaquclla qualidade : a razão be porque
ha
um
sal próprioem
toda a Terra, qu5só
convém
acertasplantas; assimácouverecebe o sal
, que lhe
convém
, a tulipaoutro diíferente, aroseira outro. . . .
Da-qui
vem
odizer-se :Que
algumas
plantastem
sympatliia , e outras antipathia ;por-queaquellas
medrão
, e estasesmorecem
^
se as plantão junto a outras.
DO
ESTRUJVIE.
A
matéria, que deveservird'eslrume,
quanto mais disposta estiver para a
pu-trefacção, tanto mais se subtiliza, e se
resolve
em
vapores; e por isso o estrumeanimal deve ser preferido ao estrume
ve-getal, que he maisfraco, eainda
mesmo
ao composto
de animal, e vegetal: eporisso omisturado
com
ourinas hepreferido ao simplesmente vegetal,He
experiência constante , que oscorposanimaes susten-?tão melhor , e
dão
mais fortaleza aosve-getaes: e
da
mesma
sorte os vegetaes,
regularmentefatiando,engordão ,efazem
maisrobustos osanimaes, que usãodeste sustento: i. e. , osfrugivoros, e
phytipha-gos são ordinariamente mais robustos, e
gordos, que os carnivoros: de sorte que
se pode dizer : que a Providericia
desti-nou
particularmente oreino vegetal parasustentar o animal, e
da
mesma
sortec
Deve
notar-se, que os corpos podres sãoum
veneno, eprincipio de gangrenapara os
da
sua espécie, sejão plantas,
sejão animaes.
Todo
oestrunie deve estarempilhadoalguns mezes, antes de se misturar
na
terra, para que fermente, eseja
bem
cor-tido.
O
estrume d'ovelhas he o melhor emais activo ;
mas
deve ser exposto ao armuito
tempo
, para perder o seu nimiocalor : e
convém
fazer uso d'elle desfeitoem
agua.O
escrementodo
homem
convém
ásterras frias, e sobretudo
quando
hemis-turado, eempilhado
com
outrosestrumes,O
estrume decavallo heodeque maisse usa
na
cultura das flores.O
sal parece ser destinado pelaNa-tureza para o accrescimo das plantas, e he
um
óptimo
estrume nas terras frias: por isso o estrume depombas
, e outros^C
30
)^
voláteis, que he cheio de saes, facilita
muito a vegetação, e produz
um
effeitomais
prompto
, que o dos animaes ,que
se sustentão dehervas.
Bem
pouco
desteestrume espalhado ao pe'
d'uma
arvore,a que se
tem
feito as folhas amarelias,por estar
em
terra fria, éhúmida
,he
muito' próprio para a restabelecer.
As
raspas de cornos, os ossos, as unhas , eoutraspartesdosanimaes; assimcomo
os peixes, conchas, todos os ma-»riscos, e plantas
do
mar
enriquecem, efertilizão muito as terras.
As
mesmas
her* vas verdes enterradas fazemum
bom
estrume, eem
algumas
partes ate'semeão
os tramoços para este effeito.
As
lamas
dasruas sãopreferiveis para os terrenos fortes.. e ar^fillosos.A
casca decarvalho, quetem
servidoaocortame
depelles, depois depostaem
pilha, e
bem
podre,dá
um
eícelienteA
êinza, de qualquerespécieque
seja,:onte'm
um
salrico, efértil,quehe própriopara asterras
húmidas
, efrias: eaexpe-riência
tem
mostrado , queaugmenta
con-sideravelmente a força vegetativa ,
com
especialidade áquellasplantas,
de
que as'cinzasforão tiradas.
As
cinzasde palhas,lenha , ecarvão de pedra servem
de
um
bom
estrume paraosprados; porquetem
a propriedade de aquecer o terreno frio
,
e de dar fecundidade ao que he estéril
;
mas
este estrume deve ser espalhado porcima
da
terrano
Inverno,afim
deque
as chuvas o
ajudem
logo a penetrar a.terra : e
na Primavera
, eVerão pode
sermuito nocivo ; porque
com
oardordo
soíqueimará
a herva.DA AGUA
E
DA
REGA.
A
A
gua
hcsem
duvida acousa maisnecessária
em
um
Jardim
, e o que maiscontribueparaorecreio,sendo
bem
distri-buida9 seja
em
repuxos, sejaem
casca-tas, fontes, e tanques.
A
Agua
benecessáriaá vegetação dasplantas : e
em
geral sedá
preferencia ásaguas
da
chuva
, depois ádos nascentes ,e dos rios;
porém
a dos charcos heno-civa:
com
a dos poçosnão
se devefazera
regaimmediatamente
que se extrahia»do
poço.Deve
evitar-se a rega d'agua fria nas plantas quentes, e d'agua quente nasplantasfrias.
Nada
pôde
fortalecer tanto asplantasno
Inverno,como
regal-ascom
agua
quente aosol, misturadacom
estru-me
depombas,
ecinzada
plantada
mesma
espécie : e, se
com
isto lhe applicaresHe
melhor regar as flores demanbã
,ou
á tarde, principalmente
no Verão
:no
In-verno será ao meio-dia ; e melhor será
regar pelo pe,
do
que pelas folhas: epara
não
escaTaraterra,convém
serpelosregadoresfurados.
Algumas
plantas,co-mo
osmelões, e melancias,não
devem
serregadas
nem
nasfolhas,nem
no
pe',mas
só nas raizes; por isso
pode
fazer-se-lhes regos ao redor, e nestes deitar a agua.A
quantidadeda agua
deve serpro-porcionada á natureza das plantas;
por-que
tanto lhes he nociva amuita ,como
a
pouca
de mais:também
se deve attea»DOS
TANQUES,
E
BETUME
PARA
ELLES.
Parece a propósito ensinar aqui
o
modo
de remediar o inconveniente,que
ha
nostanques,em
serprecisocalafetal-osmuito a
miúdo:
porque oBetume
ordi-nário, queficadebaixod'
a^a
, hefuradopela
minhoca
, eoutros bichinhos; eoquefica de fora hearruinado pelosol, e pela
neve
em
poucos annos.Em
todas asobras, e principalmentena
Arquitecturahydraulica, sedeve usard.€
um
betume
omaisconsistente.Os
nos-sos pedreiros
não sabem
ainda fa^er essemoderno
, cuja invençãodevemos
aMr.
Loriot. Esta argamassa he a que mais
se
approxima
á
dos antigosRomanos,
tanto para a construcçâo,como
paraa
decoração.
A
suapropriedade he ser im-penetraveláagua
, epassarconsisten-•95K 35 )4§5»
cia. Prepara-se
da
maneira seguinte:
Misture m-èe iguaes partes d'aiea^ ç
cal já
queimada,
meia
parte depó de
tijolo peneirado: faça-se de tudo
com
agua
uma
argamassa liquida, e áme-didaquesetrabalha, vá-selançando
meia
parte de calviva
em
pó
, misturandobem
tudo.
He
principalmentena
addiçãodesta cal porqueimar que consiste o segredo;
porque absorvendo subitamente a
agua
supérflua, opera-se de repente
uraacrys-tallizaçào confusa de toda a
massa
,que
seacha mais dura
no termo
dedoisdias,do
que obetume
ordinárioem
muitosjnezes.
Outío
modo
excellente: he pegar denm
cestocheio decalviva, emergulhal-otrês vezes
em
agua
: depois despeja-se, e<;obre-se d'área
, para que desapegando-se
o
calórico,não
seescapem
osgazes; peloque se deve ter cuidado
em
irtapando
com
áreaasfendas,ourespiradoiros ,que
os
mesmos
gazes fizerem ria área.QneU
madá
que seja a cal, deite-se-lhe maisagua
5 eamasse-se: advertindo pore'mquese faça só o necessário para aquelledia
;
porque
no
outroestará lapidificada, ein-capaz de servir.
Com
estebetume
,misturadocom
cas-calho, ou pedra
miúda
, pôde formar-seum
tanque inteiriço, fazendo-seprimeiro aforma
com
taboas, e depois seenchem
os vãos
com
os ditos materiaes, queem
poucos dias estará
em
termos de recebera agua
dentro; pore'mtomará
maiscon-Bistencia, se ficar
um
aiíno coberto deterra.
Para
calafetarum
tanque de sorte5
que
vede perfeitamente aagua, énunca
jamais seja preciso concertal-o, fação-sé
pequenos sarrafos de pinhoverde, e
com
elles aosinzel se
tapem
bem
as fendasdo
tanque.
Mas
estemethodo
decalafetar sócheios d'agu a ; porque o pinho verde de-^
baixo d'agua he eterno ; e eu sei de uin
tanque feito
há 60
annos, cujo fundo hede taboas de pinho, que está ainda tão
yerde ,
como
se fora agora feito.DAS
SEMENTES.
Deve
havermuito
cuidadocom
as sementes, paraque asespéciessejâomaisbellas, enão degenerem. Escolhem-se as mais fortes, e cujos grãos tenhào
adqui-rido toda a sua perfeição.
Apanhem-se
os
da
haste principal, e rejeitem-se o^dos
ramos
lateraes.Devem
colher-seem
tempo
sêcco, e guardal-asiem
saccos,pendurados
em
lugar sêcco.Conservâo-se melhor
na
sua espiga,ou legume
, e ao ar livre ; porque o arlhes he absolutamente necessário paraen-«
treter o seu
gérmen
, e conservar-lhes a^i
38)^
observação merece ser sabida por todos
èquelles, queenviâo, ou recebem sémen»
tes de paizes remotos ; porque he expe*
rienciaconstante5 quê
não nascem
aquel-las5que
vem
engarrafadas, eexactamentetapadas.
O
mellioi:modo
de conservar asse-mentes he tel-as
em
um
gráo de calortemperado, cnde nào
sofrão as intempé-riesdo
ar, I.E.
5nem
muitocaior,nem
muita
humidtide. Isto sepôde
tirar dosque
cultivâo meíòes;porque quando
assementessâomuitonovas,
produzem
plan-tas maisvigorosas,
mas
menos
férteis : epara obviar este inconveniente, trazem
fio bolso aS sementes
um
,ou
dois mezesantes de as semear ;
e
assim o calordo
Gorpo as enfraquece tanto,
como
sefos-sem
dièdols,ou
mais annos. Finalmentepara impedir os insectos, he conveniente
^ôr assementes
em
infusão de saião(joU' harbe)um
dia inteiro.m
39)^
DAS
raízes,
E cebolas.
As
Raizes e Cebolasdevem
estarde
molho
um
dia, antes que se mettàona
terra.
OsRanunculos,
Anémonas,
etodasas cebolas d'estimaçâo
devem
ser postasem
vasos ,ou
caixões , paraseguardarem
melhor
da
neve, e tempestades:devem
ser enterradas
em
Outubro
a 2, ou 3dedos debaixo
da
terra.Quando
estasacabarem
de dar flor,
e tiverem a
rama
sêcca,convém
logodesenterral-as,e laval-as , ousacudir-lhei
bem
opó
; e depois desêccas ásombra
,
guardal-as, para se tornarem a plantar
a seu tempo.
Devem
ter-se expostas aoar sêcco, e
com
asmesmas
cautelas , queacabamos
derecommendar
arespeitodas sementes.As
plantasdecebolafloreceramellior,
"
e mais depressa
immediatamente
pela cebola; jnas por semente hajiiais ya^^^*dades, ainda que só florecem, passado
um
,ou
mais annos.A
melhor estaçãode
fazer estasementeira heem
Setembro. Sefizerdescom
aunha
pequenas inci-sõesno
fundoda
cebola, aondesaem
asraízes,
no
anno
seguinte tereis tantosfi-lhos, ou cebolinhas , quantas forem as
mordeduras. Estas pequenas cebolas se
recolhem , e
em
Setembro
seplantãoem
alfovres,quese
mondâo,
eregàono
verão:no. fim de dous
annos
renova-se-lhes a terra,ese"vàotractando,atéseporem
em
DOS
ALFO^RES.
He
conveniente fazer bonsAl
roeres de flores, para delles povoar todo o
Jar-dim.
O
Alfo/re deve serem
sitioabri-gado,
ebem
expostoaosol : aterra deveser ligeira , esêcca, principalmente para
ESfloresderaizbulbosa.
De
todasas floresde
semente sedevem
fazer Alfo/res,ou
creadeiros; áexcepçãodas Papoulas,
que
devem
ficarno
mesmo
sitio,onde
nasce-rão.
Alem
dos Alfotres de sementes, e raizes, devetambém
haverum
deestacasde
cravos, goivos , jasmins, etc. Estedeve ser abrigado dos ardores
do
solde
verão , e fácilpara se laborar ,
mondar
,e regar.
Para
povoar ospomares
, deve havertambém
viveiros: estes se farãoda
ma-neira seguinte: Tirem-se as pevides
da
laranja, os caroços dos pecegos, o
de
'mesmo
já podres, iavem-se e3fiagua da
chuva, e sequem-se por três,
ou
quatrodias.
Em
Março
he que se semeiâoem
caixões
com
boa
terra, ebem
estrumada,
em
2 poliegadas de distanciaumas
dasoutras, e outro tanto debaixo
da
terra;
regao-se
com
agua tépida, ou quente aosol de 3
em
3 dias: haja cuidadoem
li-Trar astenras plantas dosrigores
do
tem-po
, e picar-lhes a terra frequentemente.No
anno
seguinte setransplantàoem
vi-veiro a
palmo,
emeio dedistancia,con-tinuando a estrumal-as, sachal-as , e
re-gal-as : e
no
termo de 4 annosestarãoem
termos de seenxertarem , ou de se
trans-plantarem simplesmente; porque desta
sorte se
conseguem
algumas
qualidadesraras, emuito boas : paraoqueserá
bom
deixardeenxertar as que
não
parecerem muitobravas, i.e. ,que nàotenhâo
mui-tosespinhos,
nem
as folhas muito miúdas.Daqui
vem
(cousa p,dmiravel!) a varie-»DA
PLANTAÇÃO.
A
melhor Plantação he depoisda
queda
desfolhas; porque então, a sevejánão
sebe : levando torrão , he o meioáé
soffrerem
menos no
transporte , epegão
melhor.
Para
se fazer o transporte para grande distancia, cobre-se o torrãocom
barro
amassado
em
mel, e depois secobrecom
musgo.
Note-se que as plantasde-vem
ficar ásombra
3, ou4
dias depoisdeplantadas, e hemelhor que sejãomais
pequenas,
do que
muito grandes.Primeiro de tudo sedeve fazer a pre-paração
da
terra, queconvém
ásdiffe-rentes espécies d'arvore3, ou arbustos,
que
sequerem
plantar, a fim de queestejãoarrancadas fora
da
terra omenos
tempo
possivel.Quando
searranca aar-vore, deve haver grande cuidado
comas
íaizes
, para as
não
ferir ; e antes de serai-zes perpendiculares , as podres, sêccas,
e feridas: as raizes mais grossas
devem
fazer-se mais curtas : aparem-se
também
os ramos
do
modo
mais próprio paraajudar p accrescimo futuro.
Feita
uma
cova bastante profunda,se lança
no
fundoalgum
estrume, quese cobre de terra: logo se pôe a arvore
de
modo,
que as raizesnão
fiquemem
maior profundidade,
do
queestavâo antesde
sertransplantadas: vai-selançandoter-ra
boa
sobre as raizes, que se vão
espa-lhando
em
roda quasi horizontalmente,sem
que fiquemem
contactocom
oestru-me
: depois se vai calcando levemente aterra
com
os pés, para quenão
fiquevácuo
algum
: e logo se enche d'aguay
para melhor se estenderem, e chegar-se
a
terra mais ás raizes. Serábom
cobrirpor
cima
a covacom
torrões, paraen-treter a frescura. Resta
recommendar,
que se
una
logo auma
estaca^(
45)^
defendadosesforços
do
vento.Finalmentelembramos
a boaordem na
plantação:que
as arvores íiquemem
boa.
'e igual
distancia
umas
dasoutras : que nâosejàopostas
onde
forem nocivas,ou
não
cau-sem
utilidade ;mas
que fiquemem
linharecta, principalmente nas
margens,
ejunto aos caminhos.
Recommenda-se
afigura de quincunce ; • [ •
*.
na
planta-ção de
um
pomar
,como
mais útil, e^(
46)^
DA
MERGULHIA,
E ALPORQUES.
Muitas arvores, e arbustos se muiti*
plicào mais facilmente por
mergulho
, ealporque destamaneira: Abaixa-se o
ra-mo
, e se fende debaixo paracima
no
sitio
, que deve ficarenterrado, e alguns
O
retorcem , ou lhe fazemum
entalhe :quando
osramos
senão
querem
dobrarfacilmente, obrigâo-se
com
estacaspre-gadas
na
terra, que os sujeitem ,ou
selhes applica
um
barril,ou
cortiço cheiode boa terra , e se cobre
com
musgo
, eseregão, ate crearraizes
em
termosde
sepoder separar, e transplantar.
Outros apertão
um
arame
em
tornodo
ramo
,em
quequerem
fazer oAlpor-que, e pela parte de
cima
do arame
fu-rão
com
uma
verruma
acascaem
muitaspartes.
Outros fazem
um
golpe debaixopara4^( 47
)^
que
chamâo
língua<,como
se practicanos craveiros. Outros fidalmente cortâo
em
circulo,ou
annel demeia
pollegadade largo a casca, que ha de vir a ser coberta de terra.
A
melhor estação para alporcar asarvores duras, que
perdem
a folha, heem
Outubro
—
as tenrasem
Março
—
as sempre-verdesem
Junho,
e Julho.DA
ENXERTIA.
,Enxertar he
tomar
osgomos
deuma
arvore para osinserir
em
outra, desorte que façâoum
, e omesmo
corpo. Estesgomos
chamão-segarfos, os quaesdevem
?er
do anno
precedente , enão
que sejâomais velhos :
devem
ser tiradosd'uma
arvore vigorosa, e de boa qualidade, e
são preferiveis os que sâotirados dos
ra-mos
lateraes ,ou
horizontaes.Devem
ser4^( 48
)^
s. brotar, e
nm
mez
antes de os inserir íentretanto se conservão
em
terracom
o
cimo
de fora, e secobrem
com
palha ^para
nâo
seccarem.Quando
semandão
para outropaiz, envolvem-se asextremi*
dades
em
bostacom
musgo
pórcima.Os
cavaHos,ou
hastes, sobre que sequerfa*zer o enxerto,
ou
são já crescidos, e seenxertão nos
ramos
(no ar): ou peque*nas varas , e se enxertão
em
baixo.Ha
4
modos
d'enxertar : 1.°Na
casca,
que
convém
ás arvoresgrossas, e secha-ma
enxertode
coroa, porque os garfossãopostos
em
forma decirculo.=
2.**De
fenda
^ que se faz nas arvores de duaspoUegadas dediâmetro.
=
3.°De
escudo,
que
se fazem
um
cavallo, ainda quete-nha
menos
deuma
poUegada
dediâme-tro.::=4.*
De
approche, quese faz,
quan-do
as hastes, que sequerem
enxertar,-estão tãovisinhas
, quese
podem
ajuntai"tf.
De
Coroa. Faz-seno
principiod'Abril.Cortão-se os grossos
ramos
horizontal-mente
, e se lhes põetrês, ou quatrogar-fos, que são aparados
na
base deum
sólado, e se introduzem entre a casca, e
omadeiro duaspollegadas
com
oencaixoaparado
para
dentro, e se cobre tudocom
barro,nâo
deixando de fora mais que dous botões.De
Fenda.
Faz-seem
Fevereiro, eMarço.
Corta-se a haste obliqua, ouho-rizontalmente, e se racha exactamente
pelo
meio
até duas pollegadas:insinua-se-lhe
no meio
um
ponteiro,
ou cunha
,
pcira ter o.
fenda
aberta, a fim de se lhemctterem
osdous garfos, quedevem
estar aparadosna
base deum
, e outro ladoa
modo
decunha,
e ajustaremexacta-mente
com
a cascado
cavallo : depoiaj^ira-se-lhe a
cunha do
meio, e se ligskcom
junco,vime,
ou
fio de lã, e secobre de barro: ou deterra, se he feito
era baixo junto á raiz.
DejFscwc?o, ou Borbulha.
Heordina*
riamente usado desde
Junho
atéAgosto
paraasfructasdecaroço, principalmente
pêcega,
damasco
, cereja,ameixa
; assimcomo também
na
larangeira,jasmim
,«
outrosarbustos. Depois dese ter escolhido^ sobre a haste, que deve ser enxertada
,
úm
sitio lisaacima da
terra 3 pés,pouco
mais5
ou menos
, coraum
canivete sefaz
na
casca (demodo,
quenão
fira o^páo)
uma
incisão atravessada, e outraiperpendicular,
que
tenha afigura deum
T,
tendoa perpendicularduaspollegadas*Depois se prepara o botão
da boa qua*
lidade , que se quer,
do
modo
seguintefCorta-se afolha,
que
oacompanha
, dei-^Xando-lhe o pedúnculo ; dá-se-lhe
un»
lados
em
forma de triangulo, ou escudoda
figura deum
V,
ficando o botãono
meio, e seextrahe de
modo
, queobotâõ
venha apegado. Depois se levanta
com
geito a incisão feita a
modo
deT
, e seinsinua o escudoexactamenteentreo
páo
,e a casca, ficando ó botão á vista, e
o
ladode
cima
bem
unido aocorte decima
,que forma â cabeça
do
T
; porque nestesitio he.que solda o enxerto, e
que
con-*tribue para o
bom
êxito.Logo
se liga3
incisão
com
junco, ou fio, principiandopor baixo
com
cuidado, para
não
offen«»der o botão: será
bom
untar a incisãocom
cera, ou greda,não
cobrindoo
botão.
Dahi
aum
mez
deve desligar^se, aparar-lhe os ladroes, e cortar-lbe ai
haste Spollegadas
acima
do
enxertoobli-quamente. Alguns pegão, semquearre^
bentem
naquelleanno
, e chamào-Ihede
^^mo
dormenU,
4/
De
^pproche.
Faz-seem
Abrilum
entalhe de duaspollegadas (no queha
deservir de garfo) de baixo para
cima
em
forma de
lingueta,ou cunha
: eno
ca-vallo se faz
um
igual cortedecima
para
baixo5 para receber a lingueta: depois
se
unem
de
modo
, que as suas cascasse-jâo perfeitamente juntas
em
contacto:iigâo-se, e se
cobrem
com
barro, paraos livrar
do
contactodo
ar, eda
humi-dade
: depois sesegurâobem
auma
esta-ca, que osdefenda dos insultos
do
vento^,Dahi
a4
mezes, estandopegado,
se se-,para
oenxerto pertoda
haste, e secobre,com
barro aincisão, feitaobliquamente yquando
sedeu o
corte. Usa-se sobre as.nogueiras, figueiras, amoreiras, laran*
geiras, jasmins, etc^
N.
B.
Todas
as arvoresdo
mesmo
género,s. e., que ^concordâo
em
suas flores,e
fructos,
pegão
bem
umas
sobre asoutras,
ainda que
não
tenhão semelhança nas suasfolhas: assimoloureiro, ecerejeira
pegão
entre si: as arvores de caroço entre si
:
as coníferas entre si : as que
produzem
landes,
ou
bolotas,pegão
entre si.Para
cobrir a feridado
enxerto usâomuitos
em
lugar debarro simples deuma
massa composta
de greda, excrementode cavallo,
alguma
palhabem
moida
, eumas
pedras desal,amassado
tudobem
com
aí^ua.Ainda
impede
melhor apassagem do
ar a seguinte composição : therebinto,
cera, eresina
, quesefervetudo, e
pouco
quente se applica sobre o enxerto: e
quando
vem
os fortes calores, estacom-posição cáe
sem
fazerdamno.
A
1. Ib.de
therebinto pôde ajuntar-se |lb. de cera,
€ pez. Esta
momia
he excellente vulne--vjario para as plantas.m
Ô4 )$.
DAS
ARVORES
ANxlS.
As
Arvores anãs adornãobem
uma
horta, ouum
Jardim. Tirão-se as arvo-res anãs dosramos
dequalquerfructeira,
que
vão dar fructo ri^quelleanno
; asdeespinhoconseguem-se ordinariamenre por
íilporque, e as outras por enxerto.
Para
conseguir , v. g. , pereirasanãs:enxerta-se
em
marmeleirogarfos dequal-quer qualidade de pereira .(as
do
Inver-no não
produzem'bom
fructo.)Os
gar-fos
não
devem
sertiradosdashastes muitovigorosas, porque
puxão
muito:devem
ser enxertados a 6 pollegadas acima
da
terra; e
quando
o enxerto tiver crescidoum
palmo
, cortão-se-lhe osgomos
, a fimde
forçal-o a darramos
lateraes.Doas
annos depois setransplantão para o
Jar-dim,
aonde
secontinua aaparar, edar-ihe a formaconveniente, e otratamentoum
vasodando
azeitonas,uma
figueira9-uma
tangerina,uma
cerejeira, etc.Os
damasqueiros, ameixieiras , epe-cegueiros anãos
produzem
melhor, e selhes
dá
melhor formaem
latadas, oucrucificados a paredes.
i
CULTURA DE
MELÕES.
A
terra devepreparar-seum
mez
an-tes ejn regos, gaíeiras, ou covas de
um
palmo
de profundocom
estrumemistu-rado
com
algum
decommuas
,ou
dasruas.
No
crescenteda
Lua
d'Abril, eMaio
semeião-se as pevides,que
devem
ser de dous annos, e
não
ashavendo
se-não
deum
anno
,costumão
os hortelãejtrazel-as
no
bolso dos calçòesum
me^:antes
de
as semear; porque o calordo
corpo asenfraquece, e
não
sendo tão vi-gorosas, são mais férteis, e productivas.K
56
)4S!sachando, ecobrindo deterra, atesear*
razar toda igualmente.
Logo
que o pedo
Melão
tiver4
fo-lhas, corta-se-lhe a ponta deixando-lhe
só
3 gomos
, que arrebentarãoem
ramos
lateraes, a que
chamão
correntes, e sãoos que
produzem
o fructo.Da
mesma
sorte estessegundos seespontão,deixan-do-lhe sempre 2
gomos
: e amesma
ope-ração se faz aos terceiros . . . fazendo
sempre, que aforça
vá
toda para avarado
melão, adiantedo
qual se deixa urnolho só, e selimpatudo omais, que lhe
pôde
tirar o vigor ; principalmente osgomos,
eelos5 quevem
junto aopedún-culo
do
melão. Advirta-se queo orvalho,
e o ardor
do
Sol lhe he muito nocivo, sevier logo
immediato
á capação ; porissoa
melhor hora he fazer-se pelo meioda
tarde.
Esta capação se