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TÍTULO: A INFLUÊNCIA DA ÉTICA ARISTOTÉLICA SOBRE A ÉTICA ADVOCATÍCIA

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Academic year: 2021

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TÍTULO: A INFLUÊNCIA DA ÉTICA ARISTOTÉLICA SOBRE A ÉTICA ADVOCATÍCIA

CATEGORIA: CONCLUÍDO

ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS

SUBÁREA: Direito

INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE PARANAENSE - UNIPAR

AUTOR(ES): GABRIEL TRENTINI PAGNUSSAT

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RESUMO: O advogado brasileiro tem sua conduta direcionada por uma deontologia, ou seja, um conjunto de princípios e regras de conduta profissional. O Código de Ética e Disciplina da Advocacia e da OAB (CED) exibe um conjunto de deveres éticos e, juntamente com o Estatuto da Advocacia (Lei n.º 8.906/94), são responsáveis pelo norteamento e vinculação da conduta desse profissional. Acontece que, a construção desse Código se deu sobre os fundamentos éticos aristotélicos. Diante disso, por meio de uma revisão bibliográfica/documental, este estudo analisa o pensamento ético aristotélico, demonstrando sua intrínseca ligação e influência na construção dos fundamentos deontológicos e normativos do Código de Ética e Disciplina da Ordem dos Advogados do Brasil – OAB.

INTRODUÇÃO

No transcurso do tempo, na Filosofia apresentaram-se diversos pensadores, os quais foram em busca dos fundamentos para uma variedade de questões e problemas que constrangiam o ser e a sociedade. Nesse interim, surge a Filosofia ética, que se preocupa em estudar e sistematizar o bem comportar-se do Homem, seu modo de agir, por meio de padrões mais “elevados”.

Nessa busca, Aristóteles escreve Ética a Nicômaco, em que se encontram todas as diretrizes ético/comportamentais desse pensador. Destaca-se que essa obra gera influência na construção sociocultural dos conceitos de bem e mal, bom e ruim, certo ou errado.

Essa influência estende-se de modo amplo, afetando os postulados éticos da advocacia, pois, é na escola de pensamento ético aristotélico que a construção do novo Código de Ética e Disciplina da Advocacia e da OAB se arvora e, por conseguinte, vinculando e dirigindo o comportamento do Advogado de modo indireto.

Portanto, neste estudo, no primeiro momento descrever-se-á o que é a ética em Aristóteles, em seguida demonstrar-se-ão os postulados éticos da advocacia, tratando também da ligação do advogado à imagem da justiça, para por fim, caracterizar a ligação da ética aristotélica com a ética da advocacia.

OBJETIVO

Demonstrar como a ética aristotélica influencia a ética advocatícia.

METODOLOGIA

Para a realização dos propósitos, deste estudo, escolheu-se a metodologia de pesquisa cuja natureza encontra respaldo em métodos apropriados para o tema

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de ordem social, dentre os quais, se revela a pesquisa bibliográfica e documental. Sendo assim, o estudo buscou embasamento em uma análise descritiva com abordagem qualitativa.

DESENVOLVIMENTO

Ética aristotélica

Aristóteles entende a alma humana como dividida em partes (BELTRAMI, 2011): a racional e a não racional. A racional torna a espécie humana, exclusivamente humana; pois caraterísticas como: desejos, impulsos e sentimentos, são compartilhados com as demais espécies.

Sua ética é de cariz finalista, vez que para Aristóteles a existência goza de finalidade (felicidade). Coelho (2017, p.8) na introdução à edição brasileira de Ética a Nicômaco conclui que:

[...] o específico do humano é a vida própria do ente que tem razão. A realização do humano será o progredir na sua melhor possibilidade, na realização em si de sua melhor parte, sua alma divina. É caminhar na direção da divindade; nesse caminhar consiste a felicidade. A ética tem por objetivo exatamente a realização da excelência como cumprimento do fim do homem, que é a afirmação do que há de divino nele.

Ademais, na dinâmica do aprimoramento, é necessário que se tenha a parte inferior da alma (não racional) submetida à parte superior da alma (razão), pois, como afirmado, assim estará se aprimorando o que significa ser humano.

No que concernem os desejos, todos almejam por objetivos, honras, riqueza, fama etc., acontece que o desejo último e mais digno de ser perseguido é a felicidade, nesse sentido, argumenta Aristóteles (2017, p.25):

Na verdade, simplesmente completo é aquele fim que é sempre escolhido segundo si próprio e nunca como meio em vista de qualquer outro. Um fim deste gênero parece ser, em absoluto, a felicidade. De fato, nós escolhemos sempre a felicidade por causa dela mesma, e nunca em vista de outra coisa para além dela.

A validade de tal argumento reside no fato de que o único desejo absoluto na espécie humana é o desejo pela felicidade; exe.: deseja-se a riqueza não como um bem em si, mas como meio para outras coisas, tais como: propriedades, veículo,

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conforto, viagens, felicidade etc.; já a felicidade não é almejada com fins diversos, mas como um fim em si mesmo, pois ninguém deseja ser feliz para alguma coisa.

Assim, para a realização do ser humano é necessária a felicidade, sendo o exercício das virtudes o meio para alcançá-la. As virtudes dividem-se em duas categorias, as intelectuais e as morais. As intelectuais residem nas características da parte racional da alma, que estão ligadas a um processo de aprendizagem; nelas enquadram-se a arte, ciência, sabedoria, sapiência e o intelecto (ROCHA, 2009).

Já as virtudes morais estão ligadas a parte não racional da alma, abarcando os comportamentos formados pelo hábito e pelo costume. Assim, são necessárias a combinação do desejo e do intelecto sobre a prática e a vontade, para que o intelecto subjugue a vontade e, assim pratiquem-se atos virtuosos.

É importante destacar que a virtude não é nem natural, nem inatural ao homem, visto que este a adquire pela ação, tornando-se, por exemplo: justo ou moderado conforme o exercício para obtenção de tais hábitos (ROCHA, 2009).

Por fim, toda virtude é caracterizada pelo meio termo (moderação), nas palavras de Rocha (2009, p. 27):

O exercício da virtude diz respeito aos meios, logo, a virtude está no poder de escolha da pessoa. Em outras palavras, é possível escolher entre a virtude e o vício, porque se depende do indivíduo o agir, também depende dele o não agir. Depende, certamente, da consciência do homem praticar atos nobres ou vis, ou então, depende deste ser virtuoso ou vicioso.

Nas ações é necessária a moderação entre o vício e a ausência, o meio termo aristotélico, para que assim, atinja-se o bem agir e, por conseguinte, a felicidade e a concretização do que significa ser humano.

De toda as virtudes elencadas por Aristóteles em Ética a Nicômaco, a justiça é tratada como a maior, vez que pode ser exercida sobre si e sobre o próximo, assim perseguindo o aprimoramento do indivíduo e da coletividade enquanto animais sociais.

Ela é entendida como a virtude ética que resume todas as outras virtudes, sendo a mais elevada e perfeita virtude ética, como observa Aristóteles: “[a] justiça concentra em si toda a excelência. [...] É, completa, porque quem a possuir tem o poder de a usar não apenas só para si, mas também com outrem” (ARISTÓTELES, 2017, p. 97).

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Nicômaco o pensador elenca uma série de comportamentos comuns à espécie humana. Cada indivíduo é caracterizado por um estilo de ser e precisa exercitar as atividades que o personifique de acordo com os princípios que fundamentam o conceito ou estilo no qual se propõe a ser identificado (ROCHA, 2009). Por conseguinte, nessa senda se integra a ligação do advogado com a justiça.

Ética do Advogado

O advogado tem sua conduta direcionada pelos princípios deontológicos dispostos no preâmbulo do Código de Ética e Disciplina da Advocacia e da OAB (CED), que se vinculam às disposições normativas do Código.

O artigo 1° do Código de Ética e Disciplina da OAB outorga o seguinte:

O exercício da advocacia exige conduta compatível com os preceitos deste Código, do Estatuto, do Regulamento Geral, dos Provimentos e com os demais princípios da moral individual, social e profissional. (OAB, 2015, [10] p.).

Ou seja, é dentro do escopo do Código de Ética e Disciplina e do Estatuto da Advocacia e da OAB que o advogado brasileiro encontra-se permitido a agir. Destaca-se que são os princípios deontológicos que orientam esse profissional no exercício de sua conduta, fornecendo-lhe fundamentos ético/comportamentais, ou seja, determinando o que é o ético nesta seara.

Nesse diapasão, afirma Marcelino (2002, [3] p.), que o “profissional do direito deve encontrar na Ética as lições necessárias para exercer com independência a mais bela das profissões, que permite ao advogado defender seu semelhante e contribuir para o aprimoramento da nação e das instituições”.

Postulado esse que reflete com maestria o ético para a classe. Assim, conceitos tais como os de: lutar sem receio pelo primado da justiça; pugnar pelo cumprimento da constituição e pelo respeito à lei; observar os fins sociais e visar ao bem comum ao interpretar as leis e a constituição e; defender com o mesmo denodo os humildes e poderosos.

Somam-se a esses também: ter lealdade e boa-fé; jamais deixar que o anseio de ganho sobreleve a finalidade social do trabalho, aprimoramento no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica e; contribuir para o aprimoramento da nação e das instituições são princípios basilares na ética do

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advogado, vez que estão expressos como imperativos de conduta do advogado no preâmbulo do CED.

Ademais, no Código de Ética, encontra-se regulamentado o comportamento do advogado em questões tais como, relações com os clientes, sigilo profissional, publicidade, honorários e o dever de urbanidade. Disposições essas, fundamentadas nos “imperativos de conduta” dispostos no preâmbulo e que regem o ético ou não da classe.

A ligação do advogado a imagem da justiça

A imagem do advogado é constantemente ligada ao valor da justiça, como se infere logo no preâmbulo do Código de ética, e em suas demais disposições normativas. Nesse sentido, já afirmava Alysson Mascaro (2013, p.191) que:

A referência à justiça é a mais recorrente legitimação ideológica da atividade jurídica prática e de sua teoria. Do mesmo modo que um religioso lastreia seus mandamentos na moral, o jurista se reporta à justiça de seus atos e suas normas.

Até mesmo a Constituição Federal de 1988, em seu artigo 133, dispõe que: “O advogado é indispensável à administração da justiça, sendo inviolável por seus atos e manifestações no exercício da profissão, nos limites da lei” (BRASIL, 1998, [125] p.).

Denota-se assim, que essa classe profissional tem grande valor em um estado democrático de direito. Sobre isso destaca Sollberg, em seu artigo “O Advogado e a busca pela Justiça”:

[...] sem a intervenção do advogado não há justiça; portanto, sua atuação é condição imprescindível para o funcionamento da sociedade, por isso exposto, afirmamos que ele é o Guardião do Estado de Direito, sem ele não há justiça, nem liberdade. [...] o advogado é o “Guerreiro da Justiça”, pois combate as iniquidades e as desigualdades de toda maneira, é incansável na procura do meio-termo da “balança”, protetores daquilo que é justo, “instrumento da verdade” no exercício da função social, atendendo às exigências e os anseios da sociedade (SOLLBERG, 2009, [3] p.).

Nesse sentido, o Código de Ética e Disciplina também reafirma tal posição, em seu em seu artigo 2° e alíneas e artigo 3°:

Art. 2° O advogado, indispensável à administração da Justiça, é defensor do Estado democrático de direito, da cidadania, da moralidade pública, da

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Justiça e da paz social, subordinando a atividade do seu Ministério Privado à elevada função pública que exerce.

Parágrafo único. São deveres do advogado: [...]

IX - pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos individuais, coletivos e difusos; [...]

X - adotar conduta consentânea com o seu papel de elemento indispensável à administração da justiça;

Art. 3° O advogado deve ter consciência de que o Direito é um meio de mitigar todas as desigualdades para o encontro de soluções justas e que a lei é um instrumento para garantir igualdade a todos. (OAB, 2015, [10] p.).

Também se insere aqui, a figura do advogado, na qualidade de defensor técnico. Nessa perspectiva, promotor da justiça, que além promover a defesa de mérito de seu cliente, zelará pelo cumprimento do devido processo legal e, consequentemente, dos princípios democráticos e da dignidade humana (KHALIL, 2014).

Ademais, é por meio desse profissional, que se tem o acesso às formas institucionalizadas para solução da uma lide, ou seja, que se tem acesso ao judiciário. Outrossim, garante o devido processo legal, assegurando também uma pena adequada ao disposto em lei, bem como certifica que os interesses do cliente tenham a solução estatal/legal. Ou seja, é nítida a necessidade desse profissional para que a população tenha amparo do direito e tenha sua justiça em sentido amplo e estrito garantida.

Portanto, parece claro que o fim último da atividade advocatícia é a consecução da justiça.

Ligação da ética aristotélica com a ética da advocacia

A ética do advogado está constantemente entrelaçada com a ética aristotélica. Tal fato está plasmado nas constantes ligações do advogado com a imagem da justiça - nos moldes aristotélicos - bem como nas exigências feitas ao advogado no que diz respeito às virtudes intelectuais, morais e na moderação.

A ligação do advogado com a justiça pode ser constatada de diversas formas, como por exemplo, pelo artigo 133 da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988, por meio do artigo 2° do Código de Ética e Disciplina, e também por meio do preâmbulo desse, uma vez que se afirma que o advogado deve “Lutar sem receio pelo primado da justiça” (OAB, 2015, [10] p.).

Sendo assim, a justiça, nos moldes Aristotélicos, é caracterizada como a uma das maiores virtudes, já que pode ser exercida sobre si e sobre o próximo,

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ou seja, quem é justo, projeta-se mais para os outros que para si, cumprindo, assim, com as leis e seu papel de cidadão e realizando atitudes benéficas para todo o corpo social.

Tal conceito de justiça encaixa-se com a justiça prescrita para as ações do advogado, já que conforme disposto no preâmbulo do Código de Ética e Disciplina, o advogado deve “pugnar pelo cumprimento da Constituição e pelo respeito à Lei, fazendo com que esta seja interpretada com retidão, em perfeita sintonia com os fins sociais a que se dirige e às exigências do bem comum” (OAB, 2015, [10] p.).

Exige-se, portanto, que esse profissional embote sua busca incessante por lucros pessoais e coloque a finalidade social em frente a tal desejo “[...] jamais permitindo que o anseio de ganho material sobreleve à finalidade social do seu trabalho” (OAB, 2015, [10] p.). Soma-se a isso, no artigo 2° do CED em suas alíneas IX e X, lê-se:

[...] São deveres do advogado: [...] pugnar pela solução dos problemas da cidadania e pela efetivação dos direitos individuais, coletivos e difusos [...] adotar conduta consentânea com o seu papel de elemento indispensável à administração da justiça (OAB, 2015, [10] p.).

E, precipuamente, no discurso da classe, nota-se que a imagem do advogado é ligada ao valor da justiça, como inferem em Mascaro (2002), Sollberg (2009) e Marcelino (2018). Destaca-se também que o fator da construção do Código de Ética e Disciplina e seu Estatuto, visto que a Ordem dos Advogados do Brasil goza de autorregulação, portanto, cria seu próprio Código de ética que reflete o consenso da casse dos advogados e seus dirigentes sobre seus valores e deveres.

Já no que concerne o ponto das virtudes intelectuais e morais, nota-se que a classe é constantemente cobrada por meio de seu Código e Estatuto em relação a elas. Como se infere logo no preâmbulo do Código de Ética e Disciplina, afirma-se que é imperativo de conduta do Advogado:

[...] aprimorar-se no culto dos princípios éticos e no domínio da ciência jurídica, de modo a tornar-se merecedor da confiança do cliente e da sociedade como um todo, pelos atributos intelectuais e pela probidade pessoal (OAB, 2015, [10] p.).

No artigo 2° § único, inc. IV do mesmo Código afiança-se que: “São deveres do Advogado: [...] Empenhar-se permanentemente em seu aperfeiçoamento pessoal e profissional” (OAB, 2015, [10] p.).

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Assim, é clara a exigência feita ao Advogado em relação ao seu aprimoramento e empenho, no que concerne sua moral e seus atributos intelectuais. Ademais, na seara moral, já fora longamente discorrido sobre a ligação do advogado com a justiça e, por consequências suas altas exigências morais, visto que lhe cabe promover o bem comum e não apenas seus interesses.

No sentido intelectual, esse é o meio pelo qual o advogado atua, e para isso, na práxis jurídica é constante a necessidade do aprimoramento intelectual, conforme prevê o preâmbulo do Código de Ética que destaca o “aprimorar-se [...] no domínio da ciência jurídica” (OAB, 2015, [10] p.) como imperativo de conduta.

No que diz respeito à moderação (meio-termo), essa é outro importante traço exigido ao advogado. No artigo 2°, § único, inc. VIII, alínea f, do Código de Ética afirma-se que: “São deveres do Advogado: [...] abster-se de: [...] contratar honorários advocatícios em valores aviltantes” (OAB, 2015, [10] p.).

Ainda nesse diapasão, o art. 48 § 6° do Código, prevê que:

Deverá o advogado observar o valor mínimo da Tabela de Honorários instituída pelo respectivo Conselho Seccional onde for realizado o serviço, inclusive aquele referente às diligências, sob pena de caracterizar-se aviltamento de honorários (OAB, 2015, [10] p).

Ou seja, como o próprio artigo 49 afirma: “Os honorários profissionais devem ser fixados com moderação [...]” (OAB, 2015, [10] p.), logo, é vedada a cobrança em valores exorbitantes. Todavia, há a tabela de honorários, na qual se estabelecem os valores mínimos, ou seja, um meio termo entre o excesso e a ausência, resultando no meio-termo das virtudes aristotélicas.

A exigência por moderação também é vista em relação à publicidade. O artigo 39 do CED da OAB confere que: “A publicidade profissional do advogado tem caráter meramente informativo e deve primar pela discrição e sobriedade, não podendo configurar captação de clientela ou mercantilização da profissão” (OAB, 2015, [10] p.).

Ademais, no trato social também se deve prezar pela moderação, polidez, o que se infere pelo artigo 27 e 28 do Código de Ética:

Art. 27. O advogado observará, nas suas relações com os colegas de profissão, agentes políticos, autoridades, servidores públicos e terceiros em geral, o dever de urbanidade, tratando a todos com respeito e consideração,

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ao mesmo tempo em que preservará seus direitos e prerrogativas, devendo exigir igual tratamento de todos com quem se relacione.

Art. 28. Consideram-se imperativos de uma correta atuação profissional o emprego de linguagem escorreita e polida, bem como a observância da boa técnica jurídica. (OAB, 2015, [10] p.).

Fica ratificado, portanto, que a advocacia é uma profissão que preza pela moderação nas cobranças, na publicidade e também no trato social, uma vez que o CED da OAB dispõe tal padrão de comportamento como imperativo de conduta do advogado.

RESULTADOS

É latente que as disposições éticas aristotélicas estão intimamente ligadas à ética da advocacia, já que o advogado tem sua imagem ligada à justiça, justamente nos moldes desse pensador. Soma-se a isso, reiteradamente exige-se desse profissional, por meio de seu Código de Ética, o aprimoramento ético, intelectual, pessoal e profissional, ou seja, virtudes em busca de excelência.

Ademais, a ética advocatícia está claramente marcada pela moderação (meio termo) em todas as searas de seu agir. Portanto, a ética aristotélica influencia de modo direto o comportamento advocatício.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Concebe Aristóteles que os fins a que as coisas tendem apresentam diferenças, pois alguns são atividades, enquanto outros são produtos distintos destas. Ressalta ainda que, como são muitas as ações, artes e ciências, muitos são também os seus fins: o fim da arte médica é a saúde, o da construção naval é um navio, o da estratégia é a vitória e o da economia é a riqueza.

Nesse sentido, pode-se considerar o fim último da advocacia, a promoção da Justiça, dadas as constantes exigências legais e disciplinares voltadas para esse sentido. Por conseguinte, sendo essa a maior de todas as virtudes e imperativo de conduta do profissional dessa classe, o que se encaixa com perfeição na visão aristotélica sobre as virtudes.

Ademais, uma vez que o advogado tem sua imagem e função essencialmente ligada à justiça e à exigência sobre o aprimoramento de suas virtudes morais e intelectuais. Soma-se a isso, também deve agir com moderação em todas as searas de seu agir, ou seja, uma série de deveres profissionais que o

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impelem a agir conforme o ético prescrito em Aristóteles, ficando clara a influência de tal ética sobre o comportamento advocatício.

FONTES CONSULTADAS

ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Antônio de Castro Caeiro. 2. ed. São Paulo: Forense, 2017.

BELTRAMI, Fábio. Aristóteles e as ramificações da alma. In: Anais do II congresso internacional de filosofia moral e política. Pelotas: UFPel, 2011. Disponível em: http://cifmp.ufpel.edu.br/anais/2/cdrom/mesas/mesa1/01.pdf. Aceso em: 20 ago. 2019.

BRASIL. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/ConstituicaoCompilado.htm. Acesso em: 02 jul. 2019.

COELHO. Nuno Manuel Morgadinho dos Santos. Introdução à edição brasileira. In: ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. Tradução de Antônio de Castro Caeiro. 2. ed. São Paulo: Forense, 2017.

DINUCCI. Aldo. A relação entre virtude e felicidade em Sócrates. Filosofia Unisinos, São Leopoldo, RS. v.10, n. 13, p. 254-264, 2009.

MARCELINO. Felipe. Ética na Advocacia. Disponível em: https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/949/Etica-na-Advocacia. Acesso em: 4 jul. 2019.

MASCARO. Alysson Leandro. Introdução ao estudo do direito. 4. ed. São Paulo: Atlas S/A, 2013

OAB. Resolução n. 02/2015. Código de Ética e Disciplina da OAB. Disponível em: https://www.oab.org.br/arquivos/pdf/LegislacaoOab/codigodeetica.pdf. Acesso em: 4 jul. 2019.

PRECHT. Richard David. Amor: um sentimento desordenado. Tradução. Claudia Abeling. Rio de Janeiro: Casa Da Palavra, 2012.

ROCHA. Narcisa Ferreira Lima. O Agir Ético Segundo Aristóteles. Dissertação (Mestrado Acadêmico Em Filosofia). Universidade Estadual Do Ceará, Fortaleza 2009.

SOLLBERG. Rafael Gondim D`Halvor. O Advogado e a busca pela Justiça. Portal Jurídico Investidura, Florianópolis, SC, 28 nov. 2009. Disponível em: investidura.com.br/biblioteca-juridica/artigos/filosofia-do-direito/124074-o-advogado-e-a-busca-pela-justica. Acesso em: 4 jul. 2019.

KHALIL. Antoin Abou. A questão ética na advocacia: uma abordagem crítica. Tese de doutorado (Filosofia e Teoria Geral do Direito). USP. São Paulo, 2014.

Referências

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