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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM BIOCIÊNCIA ANIMAL

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UNIVERSIDADE DE CUIABÁ

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU MESTRADO EM

BIOCIÊNCIA ANIMAL

LETÍCIA SOARES VAZ DE SOUZA

PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS EM

FRIGORÍFICOS SOBRE INSPEÇÃO FEDERAL NO ESTADO DE MATO GROSSO, BRASIL

Cuiabá 2018

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LETÍCIA SOARES VAZ DE SOUZA

PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS EM

FRIGORÍFICOS SOBRE INSPEÇÃO FEDERAL NO ESTADO DE MATO GROSSO, BRASIL

.

Dissertação apresentada à UNIC, como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre em Biociência Animal

Orientador: Prof. Dr. Selwyn Arlington Headley

Cuiabá 2018

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)

S723p

SOUZA, Leticia Soares Vaz de

Prevalência de cisticercose em bovinos abatidos em frigoríficos sobre inspeção federal no estado de Mato Grosso, Brasil / Letícia Soares Vaz de Souza. – Cuiabá, 2018.

42 f.:il.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-graduação em Biociência Animal, Universidade de Cuiabá, 2018

“Orientador: Prof. Dr. Selwyn Arlington Headley.”

1. Cisticercose Bovina. 2. Epidemiologia. 3. Saúde Animal CRB CDU: 619:616

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LETÍCIA SOARES VAZ DE SOUZA

PREVALÊNCIA DE CISTICERCOSE EM BOVINOS ABATIDOS EM

FRIGORÍFICOS SOBRE INSPEÇÃO FEDERAL NO ESTADO DE MATO GROSSO, BRASIL

Dissertação apresentada à UNIC, no Mestrado em Biociência Animal, área e concentração em Saúde Animal como requisito parcial para a obtenção do título de Mestre conferida pela Banca Examinadora formada pelos professores:

BANCA EXAMINADORA

___________________________________ Prof. Dr. Selwyn Arlington Headley

UNIC

__________________________________ Prof. Dr. Marcelo Diniz dos Santos

UNIC

__________________________________ Profa. Dra. Cássia Aldrin de Mello

UFMT

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Dedico este trabalho aos meus pais pelo amor e compreensão.

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, por propiciar fôlego, disposição e esclarecimento para mais essa etapa.

Aos meus pais, Sebastião Vaz de Souza e Mara Lúcia Soares de Souza, por todo apoio, incentivo, amor, carinho e confiança.

A minha irmã Laura, por sempre estar ao meu lado, me ajudando nas horas difíceis.

Ao meu namorado, melhor amigo e companheiro de todas as horas, Isaías José Lemes, pelo carinho, amor e compreensão.

A toda minha família, que sempre me apoiou e me incentivou.

Aos amigos de Mestrado que compartilharam comigo esses momentos de aprendizado, especialmente à Viviane Clementina de Lara Pinto.

Ao meu orientador professor Dr. Selwyn Arlington Headley que me auxiliou em todas as etapas desta pesquisa.

Aos professores do Mestrado em Biociência Animal, que me orientaram com sabedoria, perseverança e atenção.

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A mente que se abre a uma nova ideia jamais voltará ao seu tamanho original. Albert Einstein

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RESUMO

A cisticercose é a parasitose mais diagnosticada em matadouros frigoríficos e a principal causa de condenações, sequestros e aproveitamentos condicionais de carcaças, gerando severos prejuízos econômicos à cadeia produtiva de carne bovina do país. Objetiva-se determinar a prevalência através da análise de banco de dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento do Estado de Mato Grosso entre janeiro, 2008 a dezembro 20015. Durante esse período, 32.407.209 bovinos foram abatidos nos estabelecimentos frigoríficos sobre inspeção federal. Desse total foram identificados somente 0,071% (23.171) de cisticercose nos bovinos abatidos, com a subsequente prevalência reduzida de cisticercose viva (0,021%; 6.644/32.407.209) e calcificada (0,051%; 16.527/32.407.209). Adicionalmente, houve diferença estatística na prevalência de cisticercose viva (0,039%; 2.533/6.535.990) e calcificada (0,101%; 6.604/6.535.990) na região oeste do Estado em relação aos demais macrorregiões do Estado de Mato Grosso. A ocorrência da cisticercose bovina não foi influenciada pelas estações do ano. Os resultados desse estudo demonstram que a prevalência de cisticercose bovina é reduzida no Estado do Mato Grosso, com índices semelhantes aos países desenvolvidos.

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ABSTRACT

Cysticercosis is the parasitism that is most frequently diagnosed in slaughterhouses and the main cause of condemnation, seizure and conditional use of carcasses, resulting in severe economic loss to the country's beef production chain. The objective of this study was to determine the prevalence of bovine cysticercosis by analysis of the database of the Ministry of Livestock and Supply in the State of Mato Grosso between January 2008 and December 20015. During this period, 32,407,209 cattle were slaughtered in abattoirs under federal inspection. From this total, only 0.071% (23,171) of cysticercosis were recorded in slaughtered cattle, with a subsequent reduced prevalence of live (0.021%; 6.644 / 32.407.209) and calcified (0.051%; 16,527/ 32,407,209) cysticercosis. Additionally, there was a statistical difference in the prevalence of live (0.039%; 2,533/6,535,990) and calcified (0.101%; 6,604/6,535,990) cysticercosis in the western region of the State of Mato Grosso relative to the other mesoregions of the State. The results of this study demonstrated that the prevalence of bovine cysticercosis is reduced in the state of Mato Grosso, with similar indices to that of developed countries.

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SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO ... 12 2. REVISÃO DE LITERATURA... 14 2.1 CISTICERCOSE BOVINA ... 14 2.1.1 Etiologia ... 14 2.2 EPIDEMIOLOGIA ... 14 2.3 CICLO BIOLÓGICO ... 16 2.4 TRANSMISSÃO ... 18 2.4.1 No homem ... 18 2.4.2 No bovino ... 18 2.5 SINTOMATOLOGIA ... 19 2.5.1 No homem ... 19 2.5.2 No bovino ... 20 2.6 MEIOS DE DIAGNÓSTICO ... 20 2.6.1 No homem... 20 2.6.2 No bovino ... 21

2.6.2.1 Inspeção post mortem...21

2.6.2.2 Julgamento e destinação RIISPOA...22

2.7 CONTROLE E PROFILAXIA ... 23 2.8 TRATAMENTO ... 24 2.8.1 No homem ... 24 2.8.2 No bovino ... 24 REFERÊNCIAS ... 26 3. OBJETIVOS ... 30 3.1 OBJETIVO GERAL ... 30 3.2 OBJETIVO ESPECÍFICO ... 30 4. ARTIGO ... 31

Prevalência de cisticercose em bovinos abatidos em frigoríficos sobre inspeção federal no estado de Mato Grosso, Brasil RESUMO ... 31

ABSTRACT ... 32

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4.2 MATERIAL E MÉTODOS ... 34 4.3 RESULTADOS... 35 4.4 DISCUSSÃO ... 37 4.4 CONCLUSÃO ... 39 REFERÊNCIAS ... 40 5. CONCLUSÕES GERAIS ... 42

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1. INTRODUÇÃO

O Brasil ocupa uma posição de destaque no comércio do agronegócio internacional, sendo o maior exportador de carne bovina desde 2008. Soma-se a isso o fato de o Brasil ser o possuidor do maior rebanho bovino comercial do mundo, e com condições favoráveis de expansão (BRASIL, 2015). O rebanho bovino no Estado de Mato Grosso consiste de 29.740.424 milhões de cabeças (IMEA, 2018).

Apesar do status sanitário do rebanho nacional, que eleva o Brasil ao maior

player do mercado da carne bovina, algumas doenças ainda são responsáveis por

causar prejuízos em decorrência das condenações ou tratamentos condicionais das carcaças, como a cisticercose (BRASIL, 2017).

A cisticercose bovina caracteriza-se pela presença da forma larval do Metacestoda, Taenia Saginata, denominada Cysticercus bovis e tem o bovino como hospedeiro intermediário e o homem como hospedeiro definitivo (PFUETZENREITER; ÁVILA-PIRES, 2000).

A ocorrência da cisticercose está relacionada a falta de tratamento dos esgotos urbanos, os quais poluem os mananciais, que irão abastecer os animais e até o próprio homem. A ausência de fossas ou coleta de esgoto em algumas áreas permite a contaminação ambiental, ocasionando a transmissão aos animais pela ingestão involuntária de fezes humanas (SANTOS; BARROS, 2009). Na área rural trabalhadores com teníase que migram para a colheita das culturas em áreas vizinhas à criação de bovinos estão associadas a ocorrência da cisticercose bovina (FERREIRA et al., 2014).

Para Rossi et al. (2014) a inspeção sanitária das carnes é uma das medidas efetivas para o controle da teníase e, consequentemente, da persistência da zoonose na população além de ser fonte de informação de ocorrência por meio do registro de casos e da disponibilidade desses aos serviços de saúde pública e saúde animal.

Segundo Silva et al. (2013) as localizações anatômicas consideradas de predileção para o cisticerco são o coração, os músculos da mastigação, a língua, o diafragma e seus pilares e as massas musculares da carcaça.

A cisticercose bovina além de ser uma importante questão de segurança alimentar, possui importância econômica, pois ocasiona prejuízos na indústria,

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sendo a cisticercose bovina a zoonose parasitária diagnosticada com mais frequência nos abatedouros frigoríficos (Gonçalves et.al.,2014). O presente trabalho teve como objetivo determinar a prevalência em abatedouros frigoríficos do estado de Mato Grosso, subdividindo o estado em macrorregiões de acordo com dados ofertados pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária.

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2 REVISÃO DE LITERATURA 2.1 CISTICERCOSE BOVINA

2.1.1 Etiologia

O complexo teníase-cisticercose constitui-se de duas doenças distintas, causadas pela mesma espécie de cestódeo, em fases diferentes do seu ciclo biológico, sendo a teníase caracterizada pela presença da forma adulta de Taenia

saginata no intestino delgado do ser humano (RIBEIRO; TELES; BALIAN, 2012).

Já a cisticercose bovina caracteriza-se pela presença da forma larval do Metacestoda, Taenia saginata, denominada Cisticercus bovis. A Taenia saginata pertence à família Taeniidae, classe Cestoidea e da Ordem Cyclophyllidea cujas características são: ausência completa de aparelho digestivo e respiratório, segmentação do corpo em proglótides, sistema reprodutor hermafrodita e o escólex não possui rostelo nem ganchos (PFUETZENREITER; ÁVILA-PIRES, 2000; REY,2008).

2.2 EPIDEMIOLOGIA

A Taenia saginata possui distribuição mundial, tendo grande ocorrência no Brasil por causa das precárias condições de higiene da população, deficiência no saneamento básico, existência de criação extensiva de animais em grande quantidade e, pelo mau hábito de ingerir carne crua ou malpassada (MAGAÇO et al., 2017).

Taylor (2010) relatou que há dois padrões epidemiológicos igualmente distintos encontrados em países em desenvolvimento e desenvolvidos: em países em desenvolvimento como partes da África, Ásia e América, bovinos são criados em larga escala, sendo o saneamento básico pouco desenvolvido e o combustível para cozimento oneroso.

Portanto, nessas circunstâncias a incidência do parasitismo pela Taenia

saginata é elevada, em certas áreas superior a 20%. Em decorrência disso, bezerros

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após o nascimento, por criadores infectados cujas mãos estão contaminadas com ovos de Taenia. Também pode ocorrer infecção pré-natal de bezerros, mas é rara. Dos cistos que se desenvolvem, uma proporção persiste por anos, mesmo se o hospedeiro desenvolveu imunidade adquirida e é completamente resistente a outra infecção (TAYLOR, 2010). Com base na inspeção de rotina de carcaça, a taxa de infecção frequentemente no estado de Goiás é de cerca de 30-60%, embora a prevalência real seja consideravelmente mais alta (TAYLOR, 2010).

Em países desenvolvidos como na Europa, na América do Norte, a Austrália e a Nova Zelândia, os padrões de saneamento são elevados e a carne é cuidadosamente inspecionadas e em geral são totalmente cozidas antes do consumo. Nesses países, a prevalência de cisticercose é baixa, estando abaixo de 1% das carcaças inspecionadas (TAYLOR, 2010). Ocasionalmente, entretanto, pode ocorrer uma epidemia de cisticercose em uma alta proporção de bovinos são infestados, como na Grã-Bretanha e na Austrália pela utilização de água de esgoto humano no pasto como fertilizante e no sul dos EUA pela utilização trabalho imigrante de um país com alta prevalência da infecção (TAYLOR, 2010).

Na Europa, a ocorrência da cisticercose bovina é esporádica, indicando grande variedade de fontes de infecção que dependem de cada região ou fazenda, sendo atribuída a ocorrência ao livre acesso doa animais as fontes de água e pastagens próximas possivelmente contaminadas, mas também a prática de transferência de animais entre fazendas (MAGAÇO et al., 2017).

Na Ásia, muitos casos foram reportados no Irã com prevalência, variando de 0,04 a 3%. As altas prevalências foram relacionados aos fatores ambientais que garantem a longevidade dos ovos do parasita no ambiente, prática de criação extensiva dos animais, consumo de carne malcozida e uso de dejetos humanos como fertilizante na agricultura, mantiveram o país em zona de endemecidade, porém após a adoção de medidas que proporcionaram o desenvolvimento tecnológico e socioeconômico essa parasitose apresentou redução considerável dos números de caso (MAGAÇO et al., 2017).

No continente Africano, as ocorrências da zoonose foram relacionadas com as condições geográficas e econômicas, condições higiênicas e de criação de animais de forma extensiva, bem como o consumo de carne crua (MAGAÇO et al., 2017).

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Embora, haja uma possibilidade de que a doença assuma uma distribuição mundial, ela apresenta maior prevalência nos países em desenvolvimento, como Ásia, África e América Latina (DORNY et al., 2002).

A Organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial de Saúde estabelece o percentual de 5% para a endemicidade de cisticercose animal de acordo com GIOVANNINI et al. (2012) e de 1 a 3% conforme LUZ et al. (2013).

De acordo com Magaço et al. (2017), no Brasil, muitos estudos foram publicados sobre a situação epidemiológica da cisticercose bovina em diversos estado, o que demonstra a importância dessa parasitose na pecuária de corte.

Segundo Ptutzenreiter e ÁvilaPires (2000) um dos fatores que favorecem a prevalência da cisticercose no Brasil, em áreas economicamente mais pobre é a criação de bovinos em regime extensivo, quando ocorre contaminação dos animais pela ingestão de ovos de Taenia saginata presente nas pastagens ou na água. Assim, na tabela 01 encontram-se algumas prevalências em diversas regiões do país.

Tabela 01- Prevalência de cisticercose bovina em diversas regiões geográficas do país

Região Período Total Abatido

Prevalência Prevalência Cist. Viva

Prevalência

Cist. Calcif. Referência

Mato Grosso JAN-ABR

2010 75.983.590 0,12% --- ---

Dutra et al. 2012

Barra do Garças, MT 2007 14.248 0,11% --- --- Röbl et al.

2009 Vale do Araguaia, MT 2007-2008 429.370 0,06% --- --- Lima et al. 2011 Rondonópolis, MT FEV 2007 - JUN 2010 396.601 0,11% --- --- Giovannini et al. 2012 Sinop, MT 2009-2014 429.266 0,20% --- --- Strutz 2015 Goiás 2008 1.048.959 3,23% --- --- Silva et al. 2012

Maringá, PR 2000 103.441 --- 1,70% 7,00% Borba et al.

2004 Ipuã, SP OUT 2010 AGO 2011 34.443 4,80% --- --- Ferreira et al. 2014 Rio de Janeiro 2000-2003 494.620 1,95% --- --- Pereira; Schwanz; Barbosa 2006 Triângulo mineiro, MG 2000-2009 409.697 4,60% --- --- Carvalho et al. 2006

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2.3 CICLO BIOLÓGICO

Na fase larvária, a T. saginata parasita obrigatoriamente os bovídeos, sendo assim parasitos estenoxenos, parasita que apresenta especificidade parasitária a uma determinada espécie de hospedeiro, em todas as fases de seu ciclo biológico. Todavia na vida adulta parasita o intestino delgado do homem (MENEGOTTO; BOGO; SAKAMOTO, 2017).

Um ser humano parasitado pode eliminar milhões de ovos por dia pelas fezes ou como segmentos intactos, com cada um contendo 25.000 ovos, que podem sobreviver na pastagem durante meses (FERREIRA; FERREIRA, 2017).

Após a ingestão dos ovos pelo bovino ocorrerá a eclosão e a ativação do embrião hexacanto, pela ação dos sucos digestivos e da bile, posteriormente a oncosfera penetra na mucosa intestinal e ganha a circulação sanguínea (LUZ et al., 2013). O desenvolvimento do cisticerco ocorrerá sobretudo nos músculos esqueléticos e cardíacos, mas alguns cisticercos poderão desenvolver-se também no tecido gorduroso e no parênquima de alguns órgãos (LUZ et al., 2013). A predileção pela musculatura estrida se dá pelo tropismo por área com maior aporte sanguíneo (LUZ et al., 2013).

O cisticerco apresenta uma longevidade relativamente curta, iniciando sua degeneração, no bovino, algumas semanas depois. Aos noves meses, a maioria dos cisticercos já morreu ou se calcificou (PFUETZENREITER; ÁVILA-PIRES, 2000). A longevidade de Cyticercus bovis depende do tipo de tecido invadido e não é uniforme no mesmo animal (COSTA et al., 2012)

O Cysticercus bovis, ingerido com carne crua de origem bovina ou não submetida a uma cocção suficiente, chegando ao intestino delgado inicia sua evolução e em três meses a tênia torna-se adulta e inicia a eliminação de proglótides (RIBEIRO; TELES; BALIAN, 2012).

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Figura 01- Ciclo biológico do Cysticercus bovis.

Fonte: https://nossomeioporinteiro.wordpress.com/2011/11/28/platelmintos/

2.4 TRANSMISSÃO

2.4.1 No homem

A fonte de infecção neste caso é a ingestão de carne crua ou insuficientemente cozida, de bovinos que contraíram a cisticercose bovina por meio de alimentos e água contaminados com ovos provenientes de fezes humanas (COSTA et al. ,2012).

Contudo, estão mais sujeitas à teníase as pessoas que preparam alimentos e ingere a carne antes de cozinhar e indivíduos que fazem as refeições fora de casa. Fatores econômicos, culturais (hábitos alimentares) e religiosos tendem a expor certos grupos de indivíduos em maior ou menor grau. Na culinária tradicional de muitas culturas, há pratos que utilizam carne crua, por exemplo o quibe cru. (PFUETZENREITER; ÁVILA-PIRES, 2000).

De acordo com Duarte et al. (2016) o abate clandestino é um outro fator preponderante na disseminação de doenças, sendo uma prática nociva e insegura à saúde humana.

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2.4.2 No bovino

A intensificação da agricultura, com vastas áreas de monoculturas como as extensas áreas de plantio de cana-de-açúcar em São Paulo, sendo necessário a concentração de lavradores nos campos, sem estrutura sanitária para as práticas fisiológicas de excreção de fezes e urina e, ainda condicionada a existência de lavradores portadores da tênia (RIBEIRO; TELES; BALIAN, 2012). Esses lavradores ao defecar em ambientes rurais abertos, que mediante a ação do vento e chuvas ocasionará a disseminação dos ovos nas pastagens, assim contaminando bovinos em fase de engorda nos sistemas extensivos e semiextensivos (RIBEIRO; TELES; BALIAN, 2012).

De acordo com Mello e Sandoval (2010) a transmissão em animais confinados poderia ser estar relacionada ao contato humano na manipulação das dietas, pela qualidade da água oferecida aos animais e pela correlação positiva com a teníase humana e cisticercose.

Ainda a permanente eliminação involuntária de proglotes pode ocasionar, por meio das mãos de ordenhadores, à contaminação dos tetos das vacas e, consequentemente, a transmissão da doença ao bezerro (MANHOSO; PRATA, 2004).

A contaminação do solo e alimentos ocorre quando excretas humanas, inadequadamente tratadas, são lançadas nos mananciais de água, ou utilizados como fertilizantes na adubação de pastagens ou na irrigação de culturas (FUKUDA, 2003).

Segundo Manhoso (2003), insetos e anelídeos (minhocas) que tiveram contato com fezes contaminadas transportam mecanicamente os ovos, contribuindo assim para sua disseminação, bem como quando animais vertebrados estão associados neste processo de transporte como algumas aves (gaivotas, gralhas e pardais) que, após alimentarem-se em esgotos canalizado ao mar, ou em outros redutos de esgoto não tratado, vão contaminar as pastagens com ovos que percorrem seu trato digestivo sem sofrerem qualquer alteração.

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2.5.1- No homem

A teníase é frequentemente assintomática, tornando-se o indivíduo consciente do parasitismo apenas depois de ter sido constatada por ele a expulsão de proglotes. Nos casos sintomáticos são relatadas as manifestações clínicas como irritabilidade, insônia, anorexia ou apetite exagerado, perda de peso, dor abdominal, distúrbios digestivos, náuseas, vômitos, diarreia alternada com constipação, perturbações nervosas, fraqueza muscular, sensação de dor e de fome. Os sintomas característicos da doença, como dores abdominais, náuseas, debilidade, perda de peso, flatulência, diarreia ou constipação, raramente estão presentes. (RIBEIRO; TELES; BALIAN, 2012).

2.5.2 – No bovino

A cisticercose não causa sinais clínicos em bovinos. Entretanto, experimentalmente, bezerros submetidos a infecções maciças por ovos de Taenia

saginata desenvolveram grave miocardite e insuficiência cardíaca associada aos

cisticercos em desenvolvimento no coração (COELHO et al. 2017; RIBEIRO; TELES; BALIAN, 2012).

Os impactos somente serão percebidos durante a inspeção post mortem nas linhas de inspeção nos abatedouros. Nesse momento, já não é possível fazer qualquer tipo tratamento dos animais e a condenação parcial ou total das carcaças acometidas implicará em prejuízos ao produtor (MELLO; SANDOVAL, 2010).

2.6 MEIOS DE DIAGNÓSTICO

2.6.1 No homem

O próprio paciente que, frequentemente, visualiza a presença de proglótides na cama, em suas roupas intimas e no bolo fecal, que, por possuírem movimentos próprios, conseguem deixar a massa fecal do hospedeiro definitivo. O diagnóstico laboratorial, consiste na pesquisa das proglótides nas fezes, realizando a técnica de

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tamisação, a qual baseia-se na passagem do bolo fecal já dissolvido em água, em peneira de malha fina, para o encontro das proglótides (FORTES, 2004).

Fortes (2004), também aborda o Método de Sedimentação para pesquisa de ovos, porém geralmente não são encontrados ovos nas fezes, exceto quando as proglótides ao transporem o esfíncter anal são comprimidas, fazendo saliência de continuidade da superfície da apólise, sofre ruptura, eliminando os ovos.

Para Rey (2008), a pesquisa de ovos com a fita adesiva é a melhor técnica para evidenciar a presença de ovos e consiste em aplicar contra a superfície da região perineal uma tira de celofane colante, para que os ovos que eventualmente existentes na pele sejam aderidos à fita. Esta será, posteriormente, colada sobre uma lâmina de microscopia e examinada ao microscópio. Quando positivas costumam ser ricas em ovos.

Rey (2008), afirma que apenas os testes de hemaglutinação indireta e de imunofluorescência indireta podem ser úteis para o imunodiagnóstico. Estas provas contribuem para à caracterização específica, quando outros métodos não se mostrarem adequados.

2.6.2 No Bovino

2.6.2.1 Inspeção post mortem

O diagnóstico anatomopatológico realizado pelos serviços de inspeção sanitária na ocasião do abate de animais é indispensável ao sucesso de programas de prevenção a teníase humana (CORTEZ, 2000b). Logo, no exame devem–se seguir normas rotineiras, em que se inspeciona cabeça, língua, coração, diafragma e outros tecidos (BRASIL, 2017).

Conforme o Manual de Inspeção de Carnes - Padronização de técnicas, instalações e equipamentos de Bovinos e o Regulamento de Inspeção Industrial Sanitária de Produtos de Origem Animal , o exame para pesquisa de cisticercose na cabeça consistirá em incisar sagitalmente os músculos masseteres, praticando corte duplo, a fim de devassar os masseteres externos e internos nos dois lados da cabeça, os músculos pterigoides também deverão ser cortados sagitalmente. As incisões devem ser extensas e profundas de modo a oferecerem o máximo de superfície para esta pesquisa (BRASIL, 1952; BRASIL,1971).

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Para o exame da língua primeiramente realiza-se um exame visual e tátil do órgão, realizando cortes, quando surgir suspeita quanto à existência de cistos ou quando encontrados cistos nos músculos da cabeça (BRASIL, 1952; BRASIL,1971). Além disso, para a exploração da cisticercose no coração, inicialmente, deve-se examinar visualmente o coração e pericárdio, procedendo em seguida, a incisão do pericárdio para exame visual da superfície, sob água morna corrente a temperatura 38-40°C, posteriormente realiza-se uma incisão longitudinal, da base à ponta, através da parede do ventrículo esquerdo e do septo interventricular, examinando-se as superfícies de cortes, bem como as superfícies mais internas dos ventrículos. Por conseguinte, praticam-se largas incisões em toda a musculatura do órgão, tão numerosa quanto possível, desde que já tenha sido verificada a presença de "Cysticercus bovis", na cabeça ou na língua (BRASIL, 1952; BRASIL,1971). Logo, se forem visualizados cisticercos durante o exame da cabeça, língua e/ou coração, estes deverão ser encaminhados juntamente com a respectiva carcaça para o Departamento de Inspeção Final (DIF), onde examinam-se sistematicamente os músculos mastigadores, coração, porção muscular do diafragma, inclusive seus pilares, bem como os músculos do pescoço, estendendo-se o exame aos intercostais e a outros músculos, estendendo-sempre que necessário, devendo-se evitar tanto quanto possíveis cortes desnecessários que possam acarretar maior depreciação à carcaça (BRASIL, 1952; BRASIL,1971).

2.6.2.2 Julgamento e destinação RIISPOA

Considerando o período de realização do estudo retrospectivo de 2008 a 2015 e neste período vigorava o Decreto 30.691 de 29 de março de 1952, Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (RIISPOA), sendo assim foi utilizado o critério de julgamento e destinação de carcaça e vísceras descritos nesta legislação. Segundo o RIISPOA, são condenadas todas as carcaças com infestações intensas pela cisticercose, sendo assim considerada quando detectada a presença de um ou mais cistos em incisões praticadas em várias partes da musculatura e numa área aproximada da palma de uma mão (BRASIL, 1952).

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No que concerne a infestação discreta ou moderada é realizada a rejeição parcial, após cuidadoso exame sobre o coração, músculos da mastigação, língua, diafragma e seus pilares, bem como dos músculos facilmente acessíveis. Nestes casos são removidas e condenadas todas as partes com cistos, sendo as carcaças recolhidas às câmaras frigoríficas ou submetidas à desossa e posterior tratamento por salmoura, pelo prazo mínimo de 21 dias, ou alternativamente, ao congelamento a pelo menos -10°C por 15 dias. Esse período pode ser reduzido para dez dias, desde que a temperatura nas câmaras frigoríficas não evidencie oscilações maiores que 1ºC (BRASIL, 1952).

Ademais, pode-se aproveitar para consumo as carcaças que apresentem apenas um único cisto calcificado, após remoção da parte acometida, porém a exportação dessas carcaças é proibida. As vísceras, com exceção dos pulmões, coração e esôfago, não sofrerão qualquer restrição de comércio desde que consideradas livres de cisticercos (BRASIL, 1952).

2.7 CONTROLE E PROFILAXIA

A prevenção da enfermidade pode ser realizada através de medidas que atuem no ciclo epidemiológico do parasita, através de saneamento básico, inspeção sanitária de carnes e derivados, combate aos abates clandestinos, redução do consumo de carnes cruas ou malcozidas e ações de educação sanitária à população (BURGER et al, 2015).

Almeida et al. (2006) relataram que a inspeção sanitária de carnes é a medida direta de maior importância na prevenção da teníase, pois apesar de suas limitações, a inspeção identifica as carcaças com infecções intensas e leves, desde que exista alguma alteração visível macroscopicamente, e atua também como crivo sanitário, impedindo a disseminação desta zoonose.

Contudo, o abate clandestino é uma realidade em várias regiões do país e um problema de grande relevância decorrente principalmente da estrutura tributária do país. Nesse sentido, dados revelam que o mercado informal do abate clandestino é responsável por cerca de 50% do mercado nacional, o que traz grande risco a saúde pública, principalmente a cisticercose bovina que é a zoonose de maior ocorrência nos abatedouros-frigoríficos (LUZ. et. al, 2013).

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O controle realizado pela vigilância sanitária municipal no comércio varejista de carne e derivados também é importante para impedir a comercialização de carne não inspecionada, infectadas com Cysticercus bovis, que representam um risco a saúde do consumidor (MAGALHÃES et al.,2017)

A importância da cisticercose está relacionada à doença na população humana e o papel que o homem parasitado desempenha como fonte de infecção para a cisticercose animal e humana (CORTEZ, 2000a).

O controle da teníase-cisticercose depende das condições econômicas, sociais e culturais em cada região e país. A educação sanitária é a ferramenta fundamental no controle do complexo teníase-cisticercose (RIBEIRO; TELES; BALIAN, 2012).

2.8 TRATAMENTO

2.8.1 No homem

De acordo com Rey (2008) é importante que a espécie de Taenia presente seja identificada para escolha de melhor terapêutica. Quando o parasitismo é por T. saginata e não há indício de cisticercose, a escolha do medicamento pode ser feita entre várias drogas cestocidas.

Os medicamentos atualmente mais recomendados são o Praziquantel e a Niclosamida (REY, 2008). Logo, a teníase humana pode ser tratada facilmente com Praziquantel na dose de 5-10 mg/kg em administração única, via oral, ou com Niclosamida na dose de 1-2 g, também via oral. O tratamento deve ser recomendado após o almoço e, a seguir, recomenda-se a utilização de laxante. Após três dias, utilizar Mebendazol (100mg) duas vezes ao dia durante três dias, sempre após as refeições (SIQUEIRA-BATISTA; GOMES, 2005).

2.8.2 – No bovino .

Giovanini et al. (2012) recomenda para bovinos o sulfóxido de albendazole por possuir menor toxicidade e poder ser utilizado também em infecções sistêmicas. A eficácia do sulfóxido de albendazole 10% foi comprovada, sendo superior a 98,8%

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25

como anti-helmíntico com 86,7% de eficácia para degeneração e/ou calcificação dos cistos de Cysticercus bovis (REY,2008).

O tratamento induz à calcificação dos cistos demonstrando ser uma medida capaz de prevenir a ocorrência da teníase, no entanto ainda ocasionará perdas econômicas devido à retirada das partes acometidas e desprestígio da carcaça no mercado internacional (ROSSI et al., 2014).

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3. OBJETIVOS

3.1 OBJETIVO GERAL

Determinar a prevalência da cisticercose bovina em abatedouros-frigoríficos sob Inspeção Federal no estado de Mato Grosso

3.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

- Determinar a prevalência das formas viáveis e calcificadas de cisticercose nos bovinos abatidos;

- Delimitar as áreas de risco em potencial da cisticercose bovina através da sua distribuição geográfica de origem dos animais abatidos;

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Prevalência de cisticercose em bovinos abatidos em frigoríficos sobre inspeção federal no estado de Mato Grosso, Brasil

The prevalence of cysticercosis in cattle slaughtered at abattoirs under federal inspection in the State of Mato Grosso Brazil

Leticia Soares Vaz de Souza1; Selwyn Arlington Headley2,3

1Programa de Mestrado em Biociência Animal, Faculdade de Medicina Veterinária

Universidade de Cuiabá, Mato Grosso, Brazil.

2Programa de Pós-Graduação em Biociência Animal, Faculdade de Medicina

Veterinária, Universidade de Cuiabá, Mato Grosso, Brazil.

3 Department of Veterinary Preventive Medicine, Universidade Estadual de Londrina,

Paraná, Brazil.

Corresponding author: Dr. Selwyn A. Headley, Department of Veterinary Preventive Medicine, Universidade Estadual de Londrina, Rodovia Celso Garcia Cid, PR 445 Km 380, Campus Universitário, PO Box 10.011, 86057-970, Paraná, Brazil. Phone/Fax: + 55 43 3371-4766. E-mail: selwyn.headley@uel.br

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A cisticercose é a parasitose mais diagnosticada em matadouros frigoríficos e a principal causa de condenações, sequestros e aproveitamentos condicionais de carcaças, gerando severos prejuízos econômicos à cadeia produtiva de carne bovina do país. Objetiva-se determinar a prevalência através da análise de banco de dados do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento do Estado de Mato Grosso entre janeiro, 2008 a dezembro 20015. Durante esse período, 32.407.209 bovinos foram abatidos nos estabelecimentos frigoríficos sobre inspeção federal. Desse total foram identificados somente 0,071% (23.171) de cisticercose nos bovinos abatidos, com a subsequente prevalência reduzida de cisticercose viva (0,021%; 6.644/32.407.209) e calcificada (0,051%; (16.527/32.407.209). Adicionalmente, houve diferença estatística na prevalência de cisticercose viva (0,039%; 2.533/6.535.990) e calcificada (0,101%; 6.604/6.535.990) na região oeste do Estado em relação aos demais macrorregiões do Estado de Mato Grosso. A ocorrência da cisticercose bovina não foi influenciada pelas estações do ano. Os resultados desse estudo demonstram que a prevalência de cisticercose bovina é reduzida no Estado do Mato Grosso, com índices semelhantes aos países desenvolvidos.

Palavras-chave: cisticercose bovina, epidemiologia, prevalência, condenações

ABSTRACT

Cysticercosis is the parasitism that is most frequently diagnosed in slaughterhouses and the main cause of condemnation, seizure and conditional use of carcasses, resulting in severe economic loss to the country's beef production chain. The objective of this study was to determine the prevalence of bovine cysticercosis by analysis of the database of the Ministry of Livestock and Supply in the State of Mato Grosso between January 2008 and December 20015. During this period, 32,407,209 cattle were slaughtered in abattoirs under federal inspection. From this total, only 0.071% (23,171) of cysticercosis were recorded in slaughtered cattle, with a subsequent reduced prevalence of live (0.021%; 6.644 / 32.407.209) and calcified (0.051%; 16,527/ 32,407,209) cysticercosis. Additionally, there was a statistical difference in the prevalence of live (0.039%; 2,533/6,535,990) and calcified (0.101%; 6,604/6,535,990) cysticercosis in the western region of the State of Mato Grosso

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relative to the other mesoregions of the State. The results of this study demonstrated that the prevalence of bovine cysticercosis is reduced in the state of Mato Grosso, with similar indices to that of developed countries.

Key words: bovine cysticercosis, epidemiology, prevalence, condemnations

INTRODUÇÃO

No complexo teníase-cisticercose bovina, os humanos são os únicos hospedeiros definitivos da Taenia saginata, albergando a forma adulta do parasita, enquanto os bovinos são hospedeiros intermediários, que se infectam por meio da ingestão de ovos embrionados, formando cisticercos em sua musculatura. Os animais se infectam ao consumirem água ou pasto contaminado com ovos viáveis do parasita, ou por qualquer outro modo que leve à ingestão desses ovos. O homem adquire a teníase pelo consumo de carne crua ou malpassada contendo os cisticercos (BURGUER et al.,2015).

Os animais acometidos pela cisticercose não evidenciam os sintomas clínicos da doença. No entanto, esta é a parasitose mais diagnosticada em matadouros frigoríficos e a principal causa de condenações, sequestros e aproveitamentos condicionais de carcaças, gerando severos prejuízos econômicos à cadeia produtiva de carne bovina do país (BAVIA et al., 2012), além de limitar as possibilidades de exportação de carne, diminuindo o prestigio dos países produtores e o valor de seus produtos (ROSSI et al., 2014).

O Brasil, atualmente está em situação privilegiada no cenário da bovinocultura, e o Estado de Mato Grosso apresenta um grande potencial de produção de gado de corte a nível nacional e internacional (GIOVANNINI et al.,2012), nesse cenário todas as enfermidades dos bovinos passam a ter importância, pois as barreiras sanitárias constituem o maior entrave às exportações. As doenças zoonóticas constituem um problema de saúde pública em todo o mundo, particularmente nos trópicos, onde seu controle é realizado utilizando recursos financeiros e infraestrutura deficientes. Além disso, faltam informações sobre a importância e a distribuição dessas zoonoses (LUZ et al.,2013).

Dutra et al. (2012) realizaram um estudo usando dados de frigoríficos inspecionados pelo Serviço de Inspeção Federal, entre janeiro de 2010 a abril 2010,

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quando foram abatidos 75.983.590 bovinos e a prevalência de cisticercose bovina no Brasil foi de 1,05% e, enquanto a prevalência para o Estado de Mato Grosso foi de 0.12% (16,449/13,700,949). Giovanini et al. (2012) em um estudo no período de fevereiro de 2007 a junho de 2010, em Rondonópolis, MT, de 396.601 bovinos avaliados 444 carcaças apresentaram cisticercose, registrando uma prevalência média de 0.11%.

Tendo em vista a importância da cisticercose bovina e os prejuízos relacionados à pecuária bovina e saúde pública, os objetivos desse estudo foi de determinar a prevalência em abatedouros frigoríficos do estado de Mato Grosso, subdividindo o estado em macrorregiões de acordo com dados ofertados pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária.

MATERIAL E MÉTODOS

Para este estudo, foram utilizados os registros das condenações de bovinos abatidos nos frigoríficos com Serviço Inspeção Federal (SIF) localizados no Mato Grosso, através do banco de dados do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento.

Os dados foram obtidos de um total de 33 abatedouros-frigoríficos distribuídos em 26 municípios, que receberam bovinos para abate procedidos dos 141 municípios do Mato Grosso no período de 2008 a 2015. Estes dados são resultantes da inspeção post mortem realizada pelo SIF, tendo como base legal o Manual de Inspeção de Carnes (BRASIL, 1971) e o Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal (BRASIL, 1952).

Utilizou-se a divisão de Mato Grosso em macrorregiões, de acordo com o proposto pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (Figura 1), para a melhor caracterização do estudo de prevalência da doença entre as regiões diferentes do estado. As estações do ano (chuvoso e não chuvoso), foram definidas em base da precipitação no Estado de Mato Grosso (Marcuzzo et al. 2010), definindo assim como o período chuvoso os meses de setembro a abril, com o período de seca sendo entre maio a agosto.

Os dados foram tabulados e as possíveis diferenças entre as prevalências da cisticercose viva e calcificada analisados durante o período e em

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relação as estações do ano forem determinadas estatisticamente pela utilização do teste do Qui-Quadrado. Diferenças estatísticas foram consideradas quando P≤ 0,05.

Figura 1- Divisão do Estado de Mato Grosso de acordo com IMEA 2017

RESULTADOS

No período avaliado foram abatidos 32.407.209 bovinos no Estado de Mato Grosso, desse total foram identificados 23.171 bovinos com cisticercose, resultando numa prevalência geral de 0,071%. Desses bovinos, a prevalência de cisticercose viva era 0,021% (6.644/32.407.209), e da cisticercose calcificada com 0,051% (16.527/32.407.209).

Quando a prevalência da cisticercose viva (Tabela 1) foi analisada nas macrorregiões do Estado de Mato Grosso, observou-se que a prevalência variou entre 0,004% (204/5.054.310) na região norte e 0,039 (2533/6.535.990) na região oeste. Enquanto, na cisticercose calcificada a prevalência variou entre a região

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Norte 0,021% (1053/ 5.054.310) Oeste 0,101% (6604/ 6.535.990). Entretanto, houve diferença estatística (P≤ 0,05) entre a ocorrência da cisticercose viva (0,039%; 2.533/6.535.990) e calcificada (0,101%; 6.604/6.535.990) na região Oeste em relação as demais macrorregiões do Estado de Mato Grosso.

Tabela 1- Prevalência de cisticercose viva e calcificada por macrorregião do Estado de Mato Grosso, 2008-2015.

Macrorregiões Total bovinos abatidos

Cisticercose viva Cisticercose Calcificada Bovinos

positivos Prevalência (%) Bovinos positivos Prevalência (%)

Noroeste 3.511.919 540 0,015 529 0,015 Norte 5.054.310 204 0,004 1.053 0,021 Nordeste 4.924.959 405 0,008 1.189 0,024 Médio Norte 1.958.306 161 0,008 504 0,026 Oeste 6.535.990 2.533 0,039* 6.604 0,101* Centro Sul 3.981.813 1.172 0,029 3.625 0,091 Sudeste 6.439.912 1.629 0,025 3.023 0,047 Acumulado 32.407.209 6.644 0,021 16.527 0,051

Houve diferença (P<0,01) pelo teste do Qui-quadrado

Quando as estações dos anos foram comparadas, não houve diferença estatística (P>0,05) entre a ocorrência de cisticercose viva e calcificada no período não chuvoso em relação ao período de chuva (Tabela 2). Adicionalmente, não houve diferença estatística (P>0,05) quando a ocorrência mensal de cisticercose bovina foi avaliada (Figura 2).

Tabela 2- Prevalência de cisticercose viva e calcificada em relação ao período chuvoso e não chuvoso do Estado de Mato, 2008-2015.

Estação do ano Total animais abatidos Bovinos

positivos Prevalência (%) Cisticercose Viva Chuvoso 21.450.540 4.280 0,020 Não chuvoso 11.001.883 2.382 0,022 Cisticercose Calcificada Chuvoso 21.450.540 11.631 0,054 Não chuvoso 11.001.883 5.835 0,053

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Figura 2. Prevalência mensal de cisticercose viva (A) e calcificada (B) no Estado de Mato Grosso, 2008-2015.

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DISCUSSÃO

As prevalências de cisticercose bovina identificadas nesse estão abaixo do índice considerado como endêmico para a América Latina, pela Organização Pan-americana de Saúde, onde o limite de endemicidade estabelecida varia entre de 5% (GIOVANNINI et al., 2012) e 1-3% (LUZ et al., 2013).

Ao compararmos as prevalências obtidas com outros estudos realizados no estado de Mato Grosso, notamos que Lima et al. (2011), em um levantamento de dados sobre bovinos abatidos oriundos de 20 municípios do estado de Mato Grosso, no período de janeiro/2007 a março/2008, descreveu uma prevalência de 0,063% (269/429.370) de cisticercose, sendo 24,54% (66/429.370) para cisticercose viva e 75,46% (203/429.370) para cisticercose calcificada. Giovanini et al. (2012) através do levantamento de dados de bovinos abatidos no município de Rondonópolis/MT, no período de 2007-2010, obteve como prevalência geral 0,11% (444/396.601). Os valores de prevalência determinados em estudos anteriores são muito semelhantes aos obtidos no presente estudo, demonstrando assim aderência dos dados analisados.

Porém quando os resultados desses estudo foram comparados com estudos realizados em outros estados da Federação tais como RONDINELLI et al. (2011) que realizou levantamento de dados da Inspeção Federal no período de Janeiro/2004 a Dezembro/2008, encontrando prevalência de 4,6%.

COSTA et al. (2012) realizando estudos de carcaças no município de Barretos/SP, com prevalência de 3,23% e OLIVEIRA et al. (2013) que realizou levantamento de dados oficiais no período de Julho/2009 a Maio/2010 no estado do Paraná, com prevalência de 5,50%.

É notório que o valor obtido para o estado de Mato Grosso é considerado ínfimo, uma vez que de acordo com MAGAÇO et al. (2017) essa prevalência se assemelha com as obtidas em países desenvolvidos como Dinamarca, Bélgica, Espanha e França, onde os valores obtidos em estudos realizados em abatedouros frigoríficos girou em torno de 0,06%.

Para avaliação dos dados por procedência dos animais abatidos, o estado de Mato Grosso foi subdividido em macrorregiões de acordo com o IMEA (IMEA, 2017). Pelo teste Qui-Quadrado houve diferença significativa (p<0.01) na prevalência de cisticercose viva e calcificada na macrorregião oeste (0,039%) em relação às demais

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regiões. Está região apresenta como sistema de produção áreas de cultura perene, e pecuária amplamente difundida, onde o escoamento de grãos se dá por meio fluvial pelo porto de Itacoatiara, o restante da macrorregião tem comércio e trânsito com as demais limitado apenas pela distância (IMEA, 2017).

Com base nas informações fornecidas pelo Instituto Matogrossense de Economia Agropecuária (IMEA), entende-se que a maior prevalência de cisticercose viva nessa macrorregião se dá pela presença de culturas perenes, próximo as criações de gado, onde existe a utilização intensiva de mão de obra temporária proveniente do meio rural. Neste caso muitas pessoas migram para o meio rural para realizar a colheita das respectivas lavouras onde a colheita mecânica não é possível, que geralmente são áreas vizinhas de pastagens contendo bovinos (FERREIRA et al.,2014). Sendo assim, é possível que seres humanos portadores da teníase poderiam ser as fontes de disseminação da cisticercose bovina, principalmente nos estabelecimentos onde não haviam banheiros químicos para estes trabalhadores temporários no meio rural (FERREIRA et al.,2014). No que diz respeito à cisticercose calcificada o percentual encontrado pode ser consequência da vermifugação regular do gado ou realização de abate logo após o tempo de vida do parasito que é de 18 meses a 2 anos (OLIVEIRA et al.,2013).

De acordo com COELHO et al. (2017), a água é uma importante fonte transmissora de cisticercose bovina, devido principalmente a fatores como: pastagens inundadas, livre acesso de bovinos a águas superficiais e águas residuais com efluentes nas imediações. Considerando as informações fornecidas pelo autor foi avaliada a influência do período chuvoso em relação à prevalência da doença, onde os dados apresentados não foram significativos P>0.05 para o teste Qui-Quadrado, desta forma o período chuvoso não influenciou a ocorrência de cisticercose bovina durante o período estudado no Estado de Mato Grosso.

CONCLUSÃO

Após análise do estudo verificou-se que o Estado de Mato Grosso não é uma área endêmica para cisticercose de acordo com índice da Organização Pan-Americana de Saúde e a Organização Mundial de Saúde (OMS). Todavia, os dados demonstram uma baixa prevalência, semelhante a países desenvolvidos.

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Adicionalmente, a ocorrência da cisticercose bovina não foi influenciada pelas estações do ano.

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5. CONCLUSÕES GERAIS

De acordo com dados apresentados neste trabalho, observou-se que a cisticercose bovina é provocada pela ingestão de ovos da T. saginata liberados através das fezes humanas desenvolvendo no organismo do animal o Cysticercus

sp. Este quando ingerido pelo homem, desenvolve a forma adulta da T. saginata no

intestino humano; posteriormente, os ovos são liberados nas fezes em locais próximos aos animais, iniciando-se novo ciclo.

Esta enfermidade está presente em todo o território nacional, apresentando prevalência baixa 0,071% em MT, e outros estados com prevalência alta como é o caso do Rio Grande do Sul 4,11% e Paraná 3,83%, os quais não se enquadram na faixa de aceitável para países em desenvolvimento.

De qualquer modo, revelam-se necessárias medidas profiláticas para o controle dessa enfermidade principalmente nos estados mencionados como inaceitável, a fim de proporcionar menor risco a saúde pública e minimizar os prejuízos a exploração pecuária.

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