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II. METODO. 1. Participantes

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Academic year: 2021

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II . METODO

1. Participantes

Responderam aos Experimentos 32 participantes destros1, sendo 16 musicistas: 8 homens (idade média: 41,91 anos, faixa de 35 a 50 anos) e 8 mulheres (idade média: 38,0 anos, faixa de 29 a 55 anos), com pelo menos 8 anos de formação e prática de música, recrutados em corporações musicais de São Paulo (Orquestras, Corais e Bandas de Música) e 16 leigos: 8 homens (idade média: 50,8 anos, faixa de 29 a 62 anos) e 8 mulheres (idade média: 39,9 anos, faixa de 24 a 62 anos), sem estudos formais de música e sem prática musical, recrutados dentre moradores da cidade de São Paulo, com profissões e atividades diversas (vide Fluxograma no Anexo 1). Do grupo dos leigos foi, no entanto, exigido que tivessem afinidade com a música, sendo capazes de detectar modificações de notas, perturbações de contornos melódicos e estéticos. Isto foi verificado mediante entrevista e mediante um Teste de Audição citado no procedimento. Isto se fazia necessário para que houvesse condições de o participante reconhecer, por exemplo, notas erradas quanto à altura em uma melodia. Todos foram voluntários, informantes de que tinham audição normal2 e eram destros. Os participantes não foram recompensados pela participação.

2. Estímulos

Para a elaboração dos estímulos para ambos os Experimentos foi usada uma melodia folclórica, “Rosa Vermelha”3, repetida 5 vezes (vide Anexos 1, 2 e 3), totalizando a duração de 3 min 44 s 107

1

- checados pelo Inventário de Edinburgh (OLDFIELD –1971), que se presta à investigação e analise da lateralidade das pessoas mediante um questionário.

2

- o que foi conferido pelo “teste de audição” citado no PROCEDIMENTO

3

- Rosa Vermelha é uma cantiga de roda que é (era) cantada pelo povo, sobretudo pelas crianças do interior do Nordeste. O autor desta tese participou deste canto, aí pelos 5 anos de idade, no interior do Ceará, onde a interferência da cidade grande ainda não havia chegado, e por isto ele acredita que Rosa Vermelha, na forma como é transcrita aqui, é uma autêntica manifestação da cultura e tradição musicais daquele povo tido por muitos como autenticamente brasileiro. Reflete sua etnia; por certo, concretiza a musicalidade latente do povo nordestino, hoje, tida como ícone da música brasileira.

Rosa Vermelha é uma cantiga tonal, em modo menor, de fácil memorização, onde as expectativas do desenvolvimento melódico e musical (os “arquétipos musicais”) se realizam sem contrariar o ouvinte ou o cantor. Nela a série harmônica reina tanto na dimensão linear (a melodia) como na vertical (a harmonia - subentendida). Também por este motivo o autor acredita ser, Rosa Vermelha, uma boa música para o sujeito detectar elementos estranhos ao seu contexto natural.

A versão de Rosa Vermelha aqui apresentada não segue à divulgada por Araújo e Jr (1957) em “100 Melodias Folclóricas”. Eles a transcreveram em ré menor, com um andamento de 132 semínimas por minuto ( MMq =132) e apresentam apenas o estribilho da cantiga. O autor preferiu a versão mais usada no folclore e que também foi usada na novela da Rede Globo “A Indomada”, cantada por Elba Ramalho (paraibana) que certamente conheceu, de pequena, esta cantiga de Roda. Além disto, acrescentamos o verso ao estribilho e adotamos o andamento de 92 semínimas por minuto (MMq =92) e a

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ms. A partitura foi criada e editada no programa Encore (PassPort Designs Inc. Foster City) na qual foram inseridas 46 anomalias de acordo com a exigência de cada teste, descrita abaixo. A seguir foi feita a geração por um Sintetizador Roland E-86 e gravação em arquivos .mid, posteriormente convertidos em .wav, formatados a 11.025 Hz e 8 bits, para apresentação monoaural no Experimento1 (modalidade monótica) e em dois canais, (havendo igualdade dos dois canais com exceção das anomalias ou modificações que ocorriam randomicamente apenas de um lado ao longo da melodia) para o Experimento 2 (modalidade dicótica) e recortados em 48 pequenos arquivos com durações que variaram entre 3.986 e 4.999 ms para qualquer uma das condições em estudo. Para a programação de cada teste (ou condição), as 48 tentativas foram dispostas seqüencialmente, de forma a serem tocadas sem interrupção e sem a ocorrência de lapso de tempo entre elas, no programa Studio da suite E-Prime (PST, Inc. Pittsburgh), em um Notebook Toshiba, mod. Satélite 1805, com processador de 1 GB, HD de 20 GB e memória RAM 128 MB. Como medida de precaução para evitar a influência de possíveis artefatos, as anomalias (ou modificações) foram colocados distanciando-se do início de cada tentativa no mínimo 320 ms e no máximo 2.666 ms em qualquer das condições dos dois

Experimentos, em nenhum caso sendo colocados após a metade do arquivo (tentativa) ou com menos de 2.000 ms entre uma anomalia e a próxima. As 46 anomalias (ou modificações) nas 48

tentativas receberam tratamento de acordo com a modalidade de audição adotada. A primeira e a última tentativa não continham anomalias.

As anomalias do timbre consistiram na mudança do timbre de piano para o timbre de clarinete em duas colcheias (664 ms), em 23 localizações no Experimento 1 (monótico) e 46 no Experimento 2 (dicótico), distribuídas ao longo da melodia. As da intensidade foram feitas sobre duas colcheias (664 ms) e consistiram em um incremento de potência da onda sonora em 6 dB sobre o nível básico da intensidade de toda a melodia, em 23 localizações no Experimento 1 (monótico) e 46 no Experimento 2 (dicótico), distribuídas ao longo da melodia. As anomalias de altura posicionadas sobre apenas uma colcheia (332 ms), consistiram em mudanças de notas randomicamente distribuídas ao longo da melodia, em 23 localizações no Experimento 1 (monótico) e 46 no Experimento 2 (dicótico), distribuídas ao longo da melodia. Para a inserção das anomalias na altura foram feitos testes experimentais com vista a posicioná-las onde elas fossem bem audíveis e de fácil detecção. As anomalias para os três parâmetros investigados nos diferentes testes (ou condições) foram as mesmas,

transcrevemos em dó menor que oferece melhor audibilidade de harmônicos, segundo alguns mestres de música (Koellreutter, (1978), Magnani, (1973)).

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com pequenas modificações quanto à localização, A ilustração das anomalias para o timbre estão no Anexo 2, para a intensidade no Anexo 3 e para a altura no Anexo 4.

Para o Experimento 1 foram criados 6 testes (ou condições) nos quais havia anomalia em dois parâmetros, mas que se respondia a apenas a anomalia do primeiro (em itálico, na relação), a seguir relacionados altura-intensidade, altura-timbre, intensidade-altura, intensidade-timbre, timbre-altura, timbre-intensidade. Neste Experimento as condições foram apresentadas aos participantes primeiro em uma orelha e a seguir na outra, sendo a escolha da primeira aleatória. Para o Experimento 2 foram criados 3 testes (condições) nas quais ocorriam anomalias apenas de um entre os três parâmetros investigados, timbre, intensidade e altura (vide Fluxograma no Anexo 1).

As respostas foram registradas pelo computador (aferido quanto ao desempenho de precisão por um teste específico para esta finalidade que faz parte do programa de registro de TRs E-Prime) e usando-se um fone de ouvidos marca Philips, mono e estereofônico, modelo SBC HP 150. Os dados coletados foram: o tempo de reação gasto para conferir as respostas, medido em ms, o número de acertos e o número de erros e omissões, (esclarecendo que o programa que foi usado para registro dos dados, o E-Studio da suite E-Prime não permite o registro de mais de uma resposta na mesma tentativa, registrando apenas a primeira, seja ela correta ou alarme falso). O tempo de duração para aplicação das 9 condições (ou testes) com duas aplicações cada, foi de aproximadamente 1 hora e 50 minutos.

5. Procedimento

Os participantes foram testados individualmente nos dois Experimentos (monótico e dicótico), em todas as condições, em uma única sessão. Desta forma criou-se um desenho de medidas repetidas com os fatores fator orelhas (direita, esquerda), formação (leigos, músicos) e gênero (homem, mulher). Foi medido o tempo de reação (TR) e os erros (omissão de resposta e resposta incorreta) de acordo com o desempenho de cada sujeito nas nove condições (ou testes) descritas anteriormente.

Primeiro, os participantes foram orientados verbalmente quanto à possibilidade de parar o experimento se o desejassem, que iriam responder a testes de percepção auditiva, nos quais seria medido o tempo de reação para cada orelha para perceber timbre, intensidade ou altura em uma melodia conhecida, que deveriam responder o mais rapidamente possível, apertando com o dedo indicador da mão direita, a tecla “1” do teclado do computador, para o Experimento 1 (monótico) e com os dedos indicador e médio, apertando as teclas “1”, para a orelha esquerda e “2” para a orelha

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direita, de acordo com a orelha que percebesse o estímulo no Experimento 2 (dicótico); que reclamassem se alguma coisa parecesse errada ou desconfortável (p. ex. o volume do som); que as instruções para responder aos testes apareceriam por escrito na abertura do programa que ia apresentar os estímulos, mas que poderiam pedir explicação se tivessem dúvidas; que se iriam gastar mais ou menos 2 horas para a aplicação dos testes, mas que seria feita uma pausa para descontração e se tomar um refresco; que a concentração seria absolutamente necessária para que se obtivessem os melhores resultados.

(Procedeu-se ao preenchimento de um formulário, o Inventário de Edinburgh (Oldfield, 1971) – Anexo 5) para avaliar a lateralidade do participante, seguindo-se a aplicação de um Teste de Audição (Anexo 6) para sons situados entre 40 e 3.072 Hz, (mi2 e sol8 respectivamente), desenvolvido e programado no E-Prime, teste este que, além da verificação da audição dentro dos limites das freqüências supra-indicadas, tinha mais duas funções, ou seja, a adaptação do participante ao equipamento e de ser um indicador de musicalidade mínima do participante, uma vez que era solicitado dele que executasse a pulsação do que ouvia batendo discretamente com a mão esquerda sobre a mesa. Bem acomodado diante do vídeo do computador, cada participante respondeu aos testes, iniciando-se com as 6 condições do Experimento 1 (monótico) seguidas, após uma pausa de mais ou menos 10 min., pelas três do Experimento 2 (dicótico). Os testes foram apresentados em ordem aleatória..

Não foi fornecida nenhuma informação ao participante quanto a seu desempenho durante as respostas.

As possibilidades de respostas e correspondente procedimento adotado estão na Tabela I.

TABELA I: Possibilidades de desempenho (TR) do participante, interpretação do desempenho e procedimento adotado para com a resposta.

TR Interpretação da reposta Procedimento adotado

TR negativo Omissão, antecipação (alarme falso) ou resposta errada Resposta não considerada

TR < 100 Antecipação Resposta não considerada

100<TR<2000 Resposta computada Resp. considerada válida <2000 Muito lento: alarme falso Resposta não considerada

Todos os sujeitos responderam aos estímulos apresentados utilizando a mão direita, apertando teclas do teclado de um computador, por se considerar que, de acordo com a literatura, indivíduos que

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têm integro o hemisfério esquerdo, desempenham-se melhor em tarefas motoras seqüenciais com este hemisfério (Kimura, 1977), ilustrando esta habilidade o fato de que destros gesticulam mais do que canhotos quando falam (Kimura, 1973, Lavergne e Kimura, 1987). Também foi levado em consideração o fato de que há diferença entre os TRs do HD e do HE na sinalização de respostas, sendo mais rápido o HE (Geffen, Jones e Geffen, 1994) no controle motor de sujeitos destros. O programa para registro dos TRs, o E-Prime, em um PC aferido de acordo com as instruções dos autores do programa, registra tempo de reação com precisão de mais ou menos 1 ms com respostas no teclado, o que foi considerado suficiente para este trabalho.

No Experimento1 (monótico), com seis condições, no qual o participante ouviu 12 vezes o estímulo “Rosa Vermelha”, com 46 interferências em cada condição, das quais, em tarefa de apenas discriminar (responder ... não-responder), devia registrar 23 delas (do parâmetro investigado) e não registrar as outras 23 (de algum dos outros parâmetros), a diferença hemisférica devia ser definida através da discriminação dos estímulos com uma das orelhas (audição monótica) e a com a outra silente, repetindo-se o procedimento com a inversão da apresentação dos estimulos nas orelhas. No Experimento 2 (dicótico), com três condições, no qual o participante ouviu 6 vezes o estímulo “Rosa Vermelha”, com 46 interferências em cada condição sempre do mesmo parâmetro, das quais, em tarefa de escolha, devia responder a 23 delas em uma orelha e 23 na outra, a diferença hemisférica devia ser definida através da escolha dos estímulos randomicamente distribuídos nas duas orelhas (audição dicótica). A seguir procedeu-se uma segunda aplicação de cada condição de acordo com a rotina da primeira, mas com a inversão do fone de ouvidos, garantindo, desta forma, a correção de possíveis artefatos do equipamento ou diferença de audição entre as orelhas do participante.

No Experimento 1 o procedimento de “responder... não responder” foi usado na modalidade monótica para assegurar que os participantes respondiam de fato ao estímulo investigado por decisão e não por mera mudança de atenção na lateralidade auditiva. No Exp 2 em que a tarefa do participante era indicar qual a orelha que percebia o estímulo, uma vez que as anomalias eram todas do mesmo parâmetro e podiam ocorrer, ora numa ora na outra orelha, corria-se o risco de o participante responder apenas ao efeito do estímulo, determinando-lhe a lateralidade, mas sem “ouvi-lo” de fato e incorrer em uma simples mudança de atenção de uma orelha para a outra, nada determinando quanto a audição de timbre, intensidade ou altura.. Além do que é conhecida a diferença de audição de um mesmo estímulo se ouvido apenas com uma orelha (audição monótica) ou se ouvido com as duas (audição dicótica). Reforçando esta idéia é bom lembrar que música, geralmente, é ouvida dicoticamente.

Referências

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