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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS-UFAL CAMPUS ARAPIRACA UNIDADE DE ENSINO PENEDO CURSO DE BACHARELADO EM TURISMO ADANNE MARIA CORRÊA DE FARIAS

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CAMPUS ARAPIRACA UNIDADE DE ENSINO PENEDO CURSO DE BACHARELADO EM TURISMO

ADANNE MARIA CORRÊA DE FARIAS

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E TURISMO: MONUMENTOS HISTÓRICOS DE PENEDO-AL NA VISÃO DE SEUS MORADORES

PENEDO-AL 2017

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EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E TURISMO: MONUMENTOS HISTÓRICOS DE PENEDO-AL NA VISÃO DE SEUS MORADORES

Trabalho de conclusão de curso apresentado como exigência parcial para obtenção do título de Bacharel em Turismo, da Universidade Federal de Alagoas, Campus Arapiraca, Unidade de Ensino Penedo.

Orientadora: Profª Drª. Silvana Pirillo Ramos

PENEDO-AL 2017

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Ao nosso Deus maravilhoso pelo sopro da vida e a chance de realização de tantos sonhos e aos meus pais, Gilza de Jesus José de Farias e a minha irmã Amanda Silva por todo amor e dedicação, que incansavelmente tem me apoiado e possibilitado em todos os sentidos continuar minha caminhada, independentemente de qualquer circunstância. Amo-os com toda força do meu ser.

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À minha orientadora Profª. Drª. Silvana Pirillo Ramos, primeiramente pelo amor e dedicação em transmitir conhecimento em suas aulas, pela paciência e assiduidade em meu processo de orientação e todo apoio oferecido.

A todos os meus professores da Universidade Federal de Alagoas-Unidade de Ensino Penedo que não mediram esforços para compartilhar suas experiências e aprendizagens, possibilitando-nos desenvolver um olhar crítico e profissional acerca da atividade turística.

Aos meus amigos de turma e aos que conheci além dela, agradeço pelo companheirismo em sala, durante as viagens técnicas, amigos estes que encontrei no âmbito acadêmico e levarei comigo pra toda vida.

Ao meu namorado, Idalmir dos Santos, que tive a sorte de conhecer dentro da Universidade, que sempre me incentiva e acompanha em todos os momentos. A todos os meus familiares que acreditam em mim e ne apoiam em todas as minhas escolhas.

Ao PET Conexões do Saberes/Penedo, sob a Tutoria do Prof. Drº. Alexandre Ricardo de Oliveira, que me proporcionou trabalhar e experiênciar os principais eixos norteadores da Universidade, compartilhando conhecimento com meus colegas petianos aprendendo a conviver e grupo com pensamentos e opiniões diferentes. A todos estes, que de forma direta ou indireta contribuíram para tornar minha passagem pela Universidade ainda mais importante, o meu muito obrigada.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ... 9

1. PATRIMÔNIO CULTURAL E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL ... 10

2. PATRIMÔNIO CULTURAL DE PENEDO-AL ... 16

2.1. PROGRAMAS PARA REVITALIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO EM PENEDO ... 17

2.1.1 Monumenta ... 17

2.1.2 PAC das Cidades Históricas ... 19

2.1.3 Casas de Patrimônio ... 20

3. MONUMENTOS HISTÓRICOS DE PENEDO NA VISÃO DOS MORADORES . 22 3.1.Igreja de Santa Maria dos Anjos ... 23

3.2. Igreja Nossa Senhora das Correntes (Igreja dos Lemos) ... 24

3.3. Casa de Aposentadoria (Cadeia Pública) ... 26

4. A VISÃO DOS MORADORES ... 27

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 41

6. REFERÊNCIAS ... 43

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RESUMO

O presente trabalho teve por objetivo caracterizar visão dos moradores do município de Penedo-Al sobre os monumentos históricos da cidade, sua relação com a Educação Patrimonial e o Turismo. Foi desenvolvida pesquisa exploratória, com a aplicação de cinquenta questionários estruturados, sendo entrevistados cinquenta indivíduos, numa amostragem não probalística, que morassem no mínimo há 10 anos e que tenham estudado em uma das escolas da cidade de Penedo, estes escolhidos no momento em que passassem em frente a um dos monumentos pertencentes ao Centro Histórico tombado pelo IPHAN, previamente selecionados em função de sua representatividade (Igreja da Corrente, Igreja de Santa Maria dos Anjos e Casa de Aposentadoria). O resultado das entrevistas possibilitou identificar o conhecimento sobre Patrimônio Cultural baseado na vivência dos moradores de Penedo, desse modo, permitindo entender a relação desses moradores com os monumentos históricos. A análise nos mostra que os a maioria dos penedenses entrevistados tem conhecimento sobre a história dos monumentos e têm ciência da importância da preservação do patrimônio e seu papel no desenvolvimento do turismo, no entanto, não se revelam atuantes no processo de planejamento e gestão do patrimônio e nem de seus usos para o turismo. A partir de tal prerrogativa, pode-se verificar que o conhecimento adquirido nas escolas do município sobre os monumentos históricos reduz a Educação Patrimonial ao conhecimento da história de Penedo e que não há um efetivo trabalho com as metodologias da Educação Patrimonial.

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ABSTRACT

The objective of this study was to characterize the residents of the municipality of Penedo-AL on the historical monuments of the city, its relationship with Patrimonial Education and Tourism. An exploratory research was carried out, with the application of fifty structured questionnaires, being interviewed fifty individual non-probatic sampling who lived at least 10 years in the city and who had studied in one of the schools of city of Penedo, these were chosen the moment they passed in front of one of the monuments belonging to the historical center listed by the IPHAN, previously selected due to its representativeness (Church of the Chain, Church of Santa Maria dos Anjos and House of Retirement). The result of the interviews allowed to identify the knowledge about Cultural Heritage based on the experience of the residents of Penedo, in this way, allowing to understand the relationship of these residents with the historical monuments. The analysis shows that the majority of the interviewed have knowledge about the history of monuments and are aware of the importance of heritage preservation and its role in the development of tourism, however, they do not appear to be active in the process of planning and managing the patrimony and neither of its uses for tourism. From this prerogative, it can be verified that the knowledge acquired in the schools of the municipality reduces the Patrimonial Education to the knowledge of the history of Penedo and that there is an effective work with the methodologies of Patrimonial Education.

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INTRODUÇÃO

A Educação Patrimonial é um instrumento que possibilita dar propriedade cultural ao sujeito, enquadrando-o nas noções de pertencimento diante do Patrimônio Histórico e Cultural de sua comunidade de modo que este consiga ter uma visão amplificada do mundo que o rodeia, levando-o a entender os sentidos socioculturais e a trajetória histórica a qual está inserido. O conhecimento da cultura local reforça a valorização e os atos de preservação, assim, de igual maneira incentiva o desenvolvimento da região.

Quando se vive em um determinado lugar, tal localidade passa a existir dentro de cada um de seus residentes. Nesta perspectiva, compete a seus habitantes dotados de pertencimento, detentores de adequado conhecimento histórico e cultural, a valoração de sua identidade permeada nestes espaços, cultuando seus significados arquitetônicos, urbanos e culturais, vivências e tradições.

Neste trabalho, considerando sua representatividade histórica e artística, tem-se como objeto de estudo a cidade de Penedo, caracterizando a visão dos moradores sobre os monumentos históricos da cidade e sua relação com a Educação Patrimonial e o Turismo, para tal identificando o conhecimento sobre Patrimônio Cultural baseado na vivência dos moradores de Penedo, entendendo a relação destes com os monumentos históricos tombados pelo IPHAN, verificando o conhecimento adquirido nas escolas da cidade sobre os monumentos com base nos preceitos da educação patrimonial.

Com este intuito, foram selecionados três monumentos históricos da cidade de Penedo-AL, sendo eles a Igreja das Corrente, Igreja de Santa Maria dos Anjos e a Casa de Aposentadoria, todos estes pertencentes ao centro histórico e tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Artístico Nacional).

Trata-se de uma pesquisa de caráter exploratório, que segundo Gil (2008, p. 27) tem por objetivo “proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná-lo mais explícito ou a constituir hipóteses”. Essa especificidade da pesquisa tem como principal objetivo desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias, numa perspectiva de formulação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para além do imediatismo.

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Foram realizadas entrevistas estruturadas permitindo a partir de um roteiro a fala dos sujeitos, esclarecendo dessa maneira as questões de interesse no momento da coleta de dados. Os entrevistados da pesquisa foram os moradores do município de Penedo que residem na cidade há, no mínimo, 10 anos, maior de 18 anos de idade, que tivessem estudado em alguma das escolas de Penedo e que durante o processo de coleta de dados passassem em frente ao monumento, selecionados a partir de uma amostragem não probalística, considerando as especificidades da pesquisa. Sendo assim, sobre a abordagem feita ao entrevistado além de expor questões sobre os monumentos, houve o cuidado de ser feito com a presença deste, permitindo a partir desse momento conhecer a relação de pertencimento entre o morador e o monumento de pesquisado.

Esta pesquisa tem uma abordagem qualitativa. Para Miles e Huberman (1994), a pesquisa qualitativa apresenta três etapas que geralmente são seguidas na análise de dados: redução, exibição e conclusão/verificação. O pesquisador se coloca como sujeito da pesquisa e os dados se dão a partir de elementos subjetivos analisados, desta forma, estabelecendo relação entre o objeto de estudo e o real.

Considerando estes aspectos, a Educação Patrimonial para o desenvolvimento do Turismo é base do pleno desenvolvimento deste colocando em exercício as noções de pertencimento, conhecimento local e a necessidade de preservação dos atrativos. As relações entre turismo e a educação se estabelece numa conexão contínua tendo como princípio o compartilhamento de experiências sobre os espaços e as ações de preservação necessariamente cotidianas.

1. PATRIMÔNIO CULTURAL E EDUCAÇÃO PATRIMONIAL

Segundo Camargo (2005), o termo patrimônio surge por volta do século XIX, junto à Revolução Francesa, direcionando o que era considerado patrimônio, advindo de uma ideologia até então salientada apenas pelo Estado. Nesse período, tendo em vista a forma como se desencadearam os acontecimentos da época, os monumentos expressavam as coisas da natureza de forma suntuosa e singular. Nesse sentido, focalizando este momento marcado na história, para evitar que fossem destruídos e para proteção dos monumentos remanescentes, era preciso catalogá-los, pois, além de

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destruídos, muitos deles eram vendidos para a aristocracia, monarquia e para igreja francesa. Levado em consideração tais fatos, a forma de preservação do passado estava atrelada a uma noção de melhoria e progresso.

Diante desse contexto, a definição de patrimônio era ligada as grandes construções monumentais e esculturas de valor artístico e estético encarregado de propiciar beleza e encantamento a seus expectadores. Os feitos artísticos e culturais que identificavam o passado e a vivência de classes mais populares acabavam sendo esquecidas no tempo.

Passando para o século XX, percebe-se que as noções sobre espaço e cultura vêm ganhando força sobre a questão do que também é considerado patrimônio, englobando outras possiblidades e reforçando aquilo que é também dotado de valor. Nesse sentido a ideia de patrimônio não existe de forma desconexa, deve-se interpretá-la de maneira que a mesma exista por afinidade aos diversos aspectos da cultura de um povo. Barbosa (2001, p. 68) afirma ainda que a questão do patrimônio situa-se num cruzamento que envolve tanto o papel da memória quanto o da tradição na construção de identidades coletivas, sendo que “o patrimônio tem um significado muito forte com o conceito de nação, pois ambos carregam o símbolo dos acontecimentos históricos de um povo” (BARBOSA, 2001, p. 68).

O conceito de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, segundo o Decreto-lei nº 25, de 30 de novembro de 1937, é entendido como:

“o conjunto dos bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse público, quer por sua vez, tem vinculação a fatos memoráveis da história do Brasil, quer por seu excepcional valor arqueológico ou etnográfico, bibliográfico ou artístico”.

Versa a Lei Federal que determina a instituição de controle e autonomia para definir tombamento aos monumentos, surgindo dessa maneira, para subsidiar ao Estado o poder de tombamento de bens particulares de públicos. Ampliando os conceitos de Patrimônio, levando em consideração as intensas e rápidas mudanças, de rural para o urbano, a Constituição de 1988 passa a reconhecer também o caráter dos bens imateriais do patrimônio. Dessa maneira, fica instituído no Artigo 216 da constituição as mudanças no conceito de Patrimônio, definido como:

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Art. 216. Constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais se incluem:

I- as formas de expressão; II- os modos de criar, fazer e viver; III- as criações científicas, artísticas e tecnológicas; IV- as obras, objetos, documentos, edificações e demais espaços destinados às manifestações artístico-culturais; V- os conjuntos urbanos e sítios de valor histórico, paisagístico, artístico, arqueológico, paleontológico, ecológico e científico (BRASIL, 1988).

Diante do exposto, sobre Patrimônio considera-se importante a compreensão da identidade histórica e cultural de um povo, para que seus bens não caiam no esquecimento podendo se manter vivo e perpetuar os usos e costumes populares de cada sociedade, legando as futuras gerações a herança do passado arraigado aos bens materiais e imateriais advindos de um processo histórico cultural.

No Brasil, o órgão do governo que é responsável pela guarda do Patrimônio é o Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN). Conforme já descrito, nascido no ano de 1937 durante o Governo de Getúlio Vargas. Conhecido nessa época como SPHAN (Serviço de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com funcionalidade de secretaria. Nessa perspectiva, este órgão vem atuando com o objetivo de se estabelecer no fomento do Patrimônio Cultural nas sociedades acreditando que com processo educacional as práticas culturais tornar-se-ão concretas.

De acordo com a cartilha do IPHAN, intitulada Educação Patrimonial: Histórico seus Conceitos e Processos inicia-se uma discussão mais sistematizada sobre Educação Patrimonial apenas em 1983 , por ocasião do 1º Seminário sobre o “Uso Educacional de Museus e Monumentos, realizado no Museu Imperial em Petrópolis, que o termo Educação Patrimonial, traduzido da expressão inglesa Heritage Education, passa a ser mais divulgado em meio a importantes discussões sobre a necessidade de conhecimento a respeito da preservação do Patrimônio Histórico e Cultural brasileiro, assim, fortalecendo a base das ações de Educação Patrimonial.

Ainda, em 1996 as arquitetas Maria de Lourdes Parreiras Horta, Evelina Grunberg e Adriana Queiroz Monteiro, lançaram Guia Básico de Educação Patrimonial, com apoio do IPHAN, abordando conceitos e metodologias que serviriam de base para orientar a elaboração de ações que contribuíssem para o desenvolvimento da Educação Patrimonial inerente às questões do Patrimônio Cultural, cooperando para sua preservação.

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No manual é abordado a proposta do estabelecimento de quatro etapas técnicas para a apreensão dos objetos e fenômenos culturais, sendo eles a observação, registro, exploração e apropriação. Segundo é citado pelas autoras a Educação Patrimonial é um processo permanente e sistemático, centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária, trabalhando na perspectiva metodológica de que

qualquer evidência material ou manifestação cultural, seja um objeto ou conjunto de bens, um monumento ou um sítio histórico ou arqueológico, uma paisagem natural, um parque ou uma área de proteção ambiental, um centro histórico urbano ou uma comunidade da área rural, uma manifestação popular de caráter folclórico ou ritual, um processo de produção industrial ou artesanal, tecnologias e saberes populares, e qualquer outra expressão resultante da relação entre indivíduos e seu meio ambiente (HORTA; GRUNBERG; MONTEIRO, 1999, p. 6).

No Brasil, quem resguarda os princípios da Educação Patrimonial no IPHAN é a CEDUC (Coordenação de Educação Patrimonial), sediada em Brasília, tendo como incumbência a divulgação das informações e apoio das ações desenvolvidas no país, voltadas à Educação Patrimonial. A CEDUC é também responsável pelo apoio à rede de agentes educativos que se dedicam a cuidar do patrimônio nas regiões que estão presentes as atividades do IPHAN em parceria com a sociedade civil descentralizada.

A preservação e valorização dos bens culturais se instituem como um fato social, desse modo a escolha do que se considera como patrimônio cultural são constituições do coletivo, fundamentado nos significados e na estima que são dadas pelas diferentes esferas da sociedade. Nesse sentido, além da promoção de mecanismos de proteção ao patrimônio, para que exista de fato o envolvimento da comunidade na apropriação desses bens, o caminho necessariamente perpassa pela educação, promovendo os mais variados processos de reflexão e desenvolvimento do sentimento de pertencimento ao patrimônio. Por meio da educação é possível ser direcionada a concepção do valores culturais. Bezerra (2006, p.83) afirma que:

[...] educar é um ato político que visa à formação de sujeitos críticos que utilizem o conhecimento construído na escola para lutar pelos seus direitos. Esses direitos que incluem o acesso aos bens culturais são constituintes da cidadania. Isto entendo que a escola forma cidadãos e não agentes do patrimônio cultural. Então, educação patrimonial é educação.

Trabalhar o Patrimônio Cultural fortalece a relação entre as sociedades e suas heranças culturais, instituindo um melhor relacionamento destas com os bens

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patrimoniais, compreendendo dessa forma sua responsabilidade pela valorização do Patrimônio, fortalecendo a vivência da realidade num processo de inserção social. A Educação Patrimonial se estabelece como uma metodologia que se processa como um trabalho educacional de permanência na busca da valorização e preservação de bens culturais materiais e imateriais.

Segundo dados descritos na cartilha do IPHAN, Educação Patrimonial: Histórico, Conceitos e Processos (2014), a Educação Patrimonial

constitui-se de todos os processos educativos formais e não formais que têm como foco o Patrimônio Cultural, apropriado socialmente como recurso para a compreensão sócio histórica das referências culturais em todas as suas manifestações, a fim de colaborar para seu reconhecimento, sua valorização e preservação. Considera ainda que os processos educativos devem primar pela construção coletiva e democrática do conhecimento, por meio do diálogo permanente entre os agentes culturais e sociais e pela participação efetiva das comunidades detentoras e produtoras das referências culturais, onde convivem diversas noções de Patrimônio Cultural.

As ações educativas, sobre as áreas da aprendizagem, objetivam possibilitar aos alunos a melhor forma de empregarem suas capacidades intelectivas para o alcance e o uso de conceitos e habilidades práticas, em sua vida e no processo educacional.

A LDB 9.394 (Lei de Diretrizes e Base da Educação) de 20 de dezembro de 1996, prevê no artigo 1º, que “a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas manifestações culturais”.

O estabelecimento e concretude da identidade individual e coletiva devem ser embasadas nos procedimentos didático-pedagógicos que atribuam aos sujeitos a construção de conhecimento e a aquisição de respostas às suas indagações. Nesse cenário, a figura do professor é imprescindível, tendo como papel principal o de mediador de todo processo. A aplicação de uma metodologia baseada na Educação Patrimonial fortalece a construção da identidade cultural e o sentimento de cidadania, além de revigorar o sentimento de pertencimento. Muito além do termo preservação, a Educação Patrimonial objetiva também a apropriação e a reapropriação dos bens patrimoniais pela comunidade.

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Para isso, é necessário que sejam adotadas medidas que de fato preparem os educadores para a realização de atividades que envolvam a sociabilização com outros profissionais especialistas, na promoção de capacitação dos docentes por meio de cursos e treinamentos, buscando dessa forma uma alternativa para a ausência de material didático adequado.

A educação patrimonial nada mais é do que uma proposta interdisciplinar de ensino voltada para questões atinentes ao patrimônio cultural. Compreende desde a inclusão, nos currículos escolares de todos os níveis de ensino, de temáticas ou de conteúdos programáticos que versem sobre o conhecimento e a conservação do patrimônio histórico, até a realização de cursos de aperfeiçoamento e extensão para os educadores e a comunidade em geral, a fim de lhes propiciar informações acerca do acervo cultural, de forma a habilitá-los a despertar, nos educandos e na sociedade, o senso de preservação da memória histórica e o consequente interesse pelo tema (ORIÀ apud MORAES 2005).

A história do patrimônio local deve ser compreendido pela comunidade, através da escola, de atividades socioculturais e também dentro do seio familiar, sendo repassado assim, de geração para geração. Trata-se portanto, da construção da memória para a formação das identidades coletivas permitindo conectar o passado e o presente (MACHADO, MONTEIRO, 2010, p. 27 apud PREVIDI).

O patrimônio cultural se estabelece como um dos recursos para a formatação de um destino turístico, podendo ser um produto a serviço do desenvolvimento local. Nesse sentido, vale destacar que a valorização do patrimônio é configurada a partir da atribuição de valores a este pela comunidade no qual está inserido. A instituição de valores perpassa pelas concepções da educação, a criação de políticas públicas de educação, preservação e manutenção sob os bens patrimoniais.

1.1. Patrimônio Cultural e Turismo

Segundo definição da OMT “o turismo, como fenômeno social é caracterizado como o deslocamento de pessoas de seu domicilio cotidiano, por no mínimo 24 horas, com finalidade de retorno” (FUNARI; PINSKY, 2003, p.7). Para seu funcionamento, prática das atividades do turismo depende de uma gama de serviços, como meios de hospedagem, transporte, restaurantes, comércio e atratividade da localidade, por conseguinte a adoção estratégias para a manutenção do fluxo de visitação do destino. A conciliação de valores aliados a importância atribuída na preservação do patrimônio pode diferir conforme os grupos sociais da localidade.

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O turismo tende a considerar o patrimônio cultural como aquele que se volta para certos tipos de atividades mais propriamente “culturais”, tais como as visitas a museus, a cidades históricas ou a roteiros temáticos, como a rota dos queijos e dos vinhos, por exemplo. Este é um aspecto importante do turismo moderno, pois os maiores países, regiões e cidades receptoras de turistas podem ser identificados como destinos de visitantes ávidos por cultura, como é o caso da Itália, o país com o maior número de patrimônios tombados pela Unesco, mas também da França, Egito, Grécia, Turquia e Grã-Bretanha (FUNARI; PINSKY, 2009, p. 9).

Para reconhecer e valorizar é preciso conhecer. De tal maneira o conhecimento pode ser adquirido através da Educação Patrimonial, principalmente a partir identificação da comunidade com relação a importância do patrimônio que está a seu redor.

Sob esses aspectos, possibilitar a comunidade e a seus visitantes, subsídios que lhes remetam a leitura conjuntural de seu Patrimônio Cultural, permite-lhes assim o reconhecimento e a aprendizagem ao que diz respeito a seu papel na formatação do meio em que está inserido, compreendendo a importância desse patrimônio em sua memória e valoração de sua identidade permitindo a existência de uma troca cultural, própria da atividade turística.

2. PATRIMÔNIO CULTURAL DE PENEDO-AL

Reconhecida pelo Patrimônio Artístico Nacional, Penedo é considerada uma das cidades brasileiras possuidoras de beleza arquitetônica, natural e cultural ímpar, possível de ser vista em todos os seus ângulos. De acordo com dados do IBGE (2010), as margens do Rio São Francisco, na divisa do Estado de Sergipe e Alagoas está a cidade de Penedo. Seguindo a BR AL 101, à 153 km, está localizada sua capital, Maceió. Ainda de acordo com o órgão, a cidade possui pouco mais de 60 mil habitantes numa área de 689,875 km². Penedo tem como principais atividades econômicas o comércio de varejo, o cultivo de cana-de-açúcar e o exercício de atividade pública, destacando-se como principal empregador.

Existem duas versões para a origem do município de Penedo. A primeira conta que a criação do povoado está relacionada a Duarte Coelho Pereira, primeiro donatário da capitania de Pernambuco que descobriu o lugar durante suas viagens explorando o Rio São Francisco. A segunda, diz que essa incumbência foi concedida a seu filho, Duarte Coelho de Albuquerque, que herdou a capitania. De acordo com o historiador Craveiro

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Costa, as expedições a Penedo, começou em 1560, quando Albuquerque organizou duas bandeiras: uma com destino ao norte de Olinda e outra para o sul (SIPEAL, 2014).

Não há registros que indiquem ao certo, mas acredita-se que o povoado só foi oficialmente fundado a partir de 1613, com o recebimento de uma sesmaria por Cristóvão da Rocha. Elevada à condição de vila em 1636, Penedo fica conhecida como Vila de São Francisco e no final do século XVII passou a ser chamada de Penedo do Rio São Francisco. Em 18 de 1842, foi elevada à categoria de cidade.

As margens do Rio São Francisco, a cidade de Penedo, resguarda um patrimônio artístico-cultural valioso, marcado por acontecimentos importantes da história do Brasil Colonial. As características da arquitetura barroca, portuguesa e holandesa, podem ser constatadas em casas residenciais e comerciais, sobrados e igrejas que rodeiam a cidade.

Em 09 de março de 1986, ocorreu o tombamento do sítio histórico de Penedo, através do Governo do Estado de Alagoas. E em 18 de dezembro de 1995, Penedo tem o seu segundo tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN), com a portaria de nº 169 do Ministério da Cultura. A partir desse momento Penedo é reconhecida pelo Governo Federal como Patrimônio Histórico Nacional considerando seu conjunto de logradouros públicos, edificações e importantes bens da arquitetura religiosa do nordeste brasileiro.

Tendo em vista o acúmulo de seu patrimônio histórico e cultural, o município torna-se cenário de vários programas de pretorna-servação do patrimônio cultural como o Programa Monumenta, e PAC das Cidades Históricas que assumem uma proposta de restauração e recuperação dos bens tombados pelo IPHAN trazendo como prerrogativa a capacitação de mão de obra para trabalhos ligados à cultura e ao turismo local com o objetivo de fortalecer as atividades educativas vinculadas ao patrimônio, alicerçando o desenvolvimento econômico e social.

2.1. PROGRAMAS PARA REVITALIZAÇÃO DO PATRIMÔNIO EM PENEDO

2.1.1 Monumenta

Com o objetivo de estimular a conservação do patrimônio histórico, e assim instigar à população a preservar suas atividades culturais locais, no ano de 1995, o Ministério da Cultura - MinC junto à direção do Banco Interamericano de

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Desenvolvimento - BID iniciaram os entendimentos para a negociação de um programa que viabilizasse a preservação do patrimônio cultural do país. No ano seguinte, precisamente no mês de julho de 1996 o IPHAN elabora uma carta-consulta ao BID, aprovada em agosto do mesmo ano. Sequencialmente são discutidos os fundamentos e premissas do programa, o estabelecimento dos locais de intervenção prioritária e a criação, nesse mesmo período, de uma comissão técnica do IPHAN possibilitando o estabelecimento de subsídios para o Programa Monumenta.

De maneira a que fosse atingido o fortalecimento institucional do MinC, o programa definiu como essencial o estabelecimento de um sistema de priorização de suas atividades. Para tanto, foram fixados os seguintes objetivos: a) preservar áreas prioritárias do patrimônio histórico e artístico urbano sob proteção federal; b) aumentar a conscientização da população brasileira acerca desse patrimônio; c) aperfeiçoar a gestão desse patrimônio e o estabelecimento de critérios para a implementação de prioridades de conservação (PROGRAMA MONUMENTA).

Em 2005, o programa selecionou por meio de edital, aproximadamente 77 projetos destinados a promoção de atividades econômicas, de qualificação profissional em restauro, conservação, criação de núcleos de educação profissional em 46 cidades históricas brasileiras. As cidades que se beneficiaram com os investimentos do Programa Monumenta, tiveram como critério de seleção as seguintes características:

Presença de, no mínimo, 02 (dois) monumentos tombados em nível federal; presença de fatores que contribuam para a configuração do conjunto urbano, tais como: inserção em estrutura urbana de interesse de preservação, a ocorrência de elementos urbanísticos catalisadores ou articuladores, assim como a existência de unidade histórica e morfológica do tecido urbano; e inserção em sítio protegido pelos níveis estadual ou municipal ou onde Revista CPC, São Paulo, n. 10, p. 49-88, maio/out 2010 63 se registre a presença de monumentos protegidos nesses níveis. (PROGRAMA MONUMENTA, 2005, p. 17).

Dentre as prerrogativas de restauração e recuperação, segundo a representatividade artística do patrimônio, inicialmente foram escolhidas 26 cidades brasileiras contabilizando as ações do Programa em 892 imóveis nas seguintes cidades: Alcântara-MA, Belém-PA, Cachoeira-BA, Congonhas-MG, Corumbá-MS, Diamantina-MG, Goiás-GO, Icó- CE, Laranjeiras-SE, Lençóis-BA, Manaus-AM, Mariana-MG, Natividade-TO, Oeiras-PI, Olinda-PE, Ouro Preto-MG, Pelotas-RS,

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Penedo-AL, Porto Alegre-RS, RecifePE, Rio de Janeiro-RJ, Salvador-BA, São Cristóvão-SE, São Francisco do Sul-SC, São Paulo-SP e Serro-MG.

A proposta do Programa Monumenta em Penedo engendrou a recuperação de alguns locais, como: Orla da cidade, Igreja Nossa Senhora das Correntes e Adro, Igreja de São Gonçalo Garcia, Pavilhão da Farinha, Casa da Aposentadoria, Praça Padre Veríssimo, Praça Barão de Penedo, Praça Rui Barbosa, Rua Dâmaso do Monte, Mercado Público, Avenida Floriano Peixoto, Praça Costa e Silva, Rua Dom Jonas Batinga, Rua São Miguel. Em Penedo, o Programa Monumenta, não conseguiu atingir seus objetivos tendo em vista que os trabalhos realizados não correspondiam aos ensejos de todos os seus envolvidos.

Verifica-se que os impactos positivos previstos, a partir das ações do Monumenta no Perfil do projeto, não se concretizaram: não houve melhoria da qualidade de vida dos residentes e nem manutenção adequada dos edifícios históricos de propriedade privada situados na área do Projeto (sendo uma minoria da população contemplada com a linha de financiamento para recuperação de imóveis privados). A melhoria estética dos imóveis não resultou em consequente aumento da autoestima dos residentes e nem em maior atratividade da cidade para visitantes como previsto e a manutenção dos prédios históricos continua um grave problema para a administração municipal, que não tem recursos para efetuá-la (RAMOS, 2014).

Em 2010, finalizaram-se os repasses dos recursos financeiros do Programa Monumenta, contabilizando um investimento de doze milhões de reais em obras de revitalização do patrimônio.

2.1.2 PAC das Cidades Históricas

O PAC das Cidades Históricas é lançado em 20 de agosto de 2013, em Brasília-DF, instituindo-se como mais um programa do governo desenvolvido para dar continuidade as ações de restauração e preservação do patrimônio cultural brasileiro.

Em 2013, de forma até então inédita na história das políticas de preservação, o Ministério do Planejamento autorizou a criação de uma linha destinada exclusivamente aos sítios históricos urbanos protegidos pelo Iphan, dando origem ao PAC Cidades Históricas. Coube ao Instituto, a concepção do Programa atualmente em fase de implementação em cooperação com diversos co-executores, em especial os municípios, universidades e outras instituições federais, contando ainda com apoio técnico da Caixa e de estados da federação. (IPHAN, 2013)

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Conforme descrito na página do programa em consonância com o IPHAN, a ação tem por objetivo preservar o patrimônio brasileiro, valorizar a cultura nacional e promover o desenvolvimento econômico e social com sustentabilidade e qualidade de vida, assim consolidando os resultados anteriormente obtidos com a implantação do Programa Monumenta. O programa visa, inicialmente, contemplar 44 cidades, de 20 estados da federação. Segundo o IPHAN, o PAC tem a dispor, cerca de1 bilhão de reais até o final de 2015, em obras públicas e mais outros R$ 300 milhões estão destinados a uma linha de crédito para proprietários de imóveis de cidades tombadas pelo órgão. Mais uma vez selecionada, Penedo faz parte das cidades que serão contempladas pelo PAC Cidades Históricas.

De acordo com dados IPHAN (2013), as ações de restauro realizadas pelo programa em Penedo são: restauração do Teatro Sete de Setembro, Cine Penedo, Casarão do Montepio dos Artistas, Círculo Operário - Escola de Santeiros, Casarão da Biblioteca de Penedo, Galpões da orla do rio (implantação da Escola Náutica, Oficina e Marina Pública) Casa São Francisco (implantação do Conservatório de Música), Chalet dos Loureiros (implantação do Centro de Referência do São Francisco), Requalificação urbanística do Largo de São Gonçalo, recuperação do Cais da Marina de Penedo e a implantação do Museu de Lapinhas e religiosidade - Igreja de São Gonçalo.

A restauração dos monumentos tem por objetivo a atribuição de novos usos ao patrimônio, tendo como principal o uso para o desenvolvimento do Turismo Cultural, que até 2016 continua inativo, sem projetos específicos sendo desenvolvidos efetivamente.

2.1.3 Casas de Patrimônio

Na perspectiva de ampliar o diálogo com a sociedade levando em consideração a Educação Patrimonial foram criadas as Casas de Patrimônio, que nada mais são do que polos de apoio do IPHAN que referenciam nas cidades que possui sede, o patrimônio cultural, desenvolvendo as noções de preservação por meios de ações educacionais, contando ainda com a parceria das escolas agentes culturais, instituições educativas não formais e demais segmentos sociais e econômicos.

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Segundo dados do IPHAN, não existe uma estrutura de atividades padronizada para as Casas de Patrimônio, cada caso e localidade especifica exigirá por si um arranjo próprio de acordo com suas características predominantes.

O IPHAN elenca como os principais objetivos das Casas de Patrimônio:

Articular coletivamente as representações do IPHAN nas unidades da federação, as instituições da sociedade civil e os poderes públicos municipais e estaduais, instaurando espaços de debate e reflexão sobre o Patrimônio Cultural; difundir informações sobre a ação institucional do IPHAN de forma acessível ao público; estimular a participação das comunidades nas discussões e propostas de redefinição do uso social dos bens culturais; promover oficinas para educadores da rede pública municipal e estadual focadas na interface Patrimônio e Educação com a finalidade de que venham a atuar como multiplicadores desse novo enfoque; garantir o enfoque em práticas educativas inter/transdisciplinares e com abordagens transversais, em acordo com a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) e Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) do Ministério da Educação; promover a valorização das comunidades bem como contribuir para sua inserção tecnológica e digital por meio, por exemplo, de oficinas educativas focadas em ferramentas de audiovisual; mapear e identificar agentes locais responsáveis por ações educativas; buscar temas geradores significativos para a valorização do patrimônio cultural das diferentes comunidades; valorizar ações educativas que promovam a interface entre Patrimônio Cultural e Natural; garantir um espaço de trocas de experiências envolvendo iniciativas de Educação Patrimonial.

As Casas do Patrimônio se instituem como uma forma de aproximação da comunidade local ao patrimônio, possibilitando a valorização dos espaços culturais e potencializando as referências individuais, coletivas das comunidades, desse modo ampliando os conceitos de Patrimônio e Cultura, buscando envolver além das instituições de esfera pública como também as privadas utilizando como principal meio as ações educativas.

Conforme publicado no Portal Brasil é inaugurada em 5 de junho de 2014 as instalações da Casa do Patrimônio de Penedo. O prédio que apresentava risco de desabamento foi cedido pela Prefeitura Municipal da cidade por meio de comodato. Totalmente restaurado, o imóvel, conforme citam Souza e Santos:

conta com uma quantidade relevante de informações sobre a história da cidade, seus aspectos sociais, econômicos e culturais. Para facilitar o repasse das inúmeras informações que formam essa

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exposição permanente, a Casa utiliza-se de tecnologias interativas (como realidade aumentada e monitores touchscreen) objetivando dinamizar as relações entre os visitantes da Casa e todo o conteúdo apresentado (SOUZA; SANTOS, 2016).

Segundo os autores, a instalação da Casa de Patrimônio em Penedo não cumpriu o objetivo proposto, encontrando como principais entraves para tal a existência de uma gestão participativa do órgão responsável, o IPHAN e a comunhão de todos os atores sociais que deveriam fazer parte desse processo, conforme os objetivos primários do projeto.

3. MONUMENTOS HISTÓRICOS DE PENEDO NA VISÃO DOS MORADORES

A cidade de Penedo-AL traz ao longo de sua história construções e elementos naturais que hoje são considerados patrimônios históricos. Estes refletem a história vivida de seus antigos habitantes e embora esteja galgada no passado não tão distante, passa a refletir no modo de como é visto sua herança patrimonial por quem reside no município nos dias atuais. Ao considerar o passado LE GOFF apud FERREIRA (2007), explicita que “a memória, onde cresce a história, que por sua vez a alimenta, procura salvar o passado para servir o presente e o futuro”.

Os monumentos que compõem o patrimônio histórico de Penedo, considerados nesses artigo são tombados pelo IPHAN, ainda contemplados pelos Programas Monumenta e PAC das Cidades Históricas, possuem grande relevância social, representando também a cultura e arquitetura de uma dada época. E é de grande importância o conhecimento da população penedense sobre esses monumentos desencadeando assim a instituição da valoração e preservação, numa corrente de conhecimento que interage com o presente em consonância às futuras gerações, nesse sentido compreendendo a necessidade de preservação.

A seguir, é possível acompanhar uma descrição parcial dos três monumentos históricos da cidade de Penedo, escolhidos para realização desta pesquisa, todos pertencentes ao centro histórico da cidade, considerando os critérios de sua importância histórica e o seu tombamento pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN).

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3.1.Igreja de Santa Maria dos Anjos

Figura1- Igreja de Santa Maria dos Anjos

Fonte: Júlio Cesar Santos, 2016.

Segundo dados do SIPEAL/Pendo, a Igreja Conventual de Santa Maria dos Anjos edificou-se em decorrência da construção do Convento Franciscano de Santa Maria dos Anjos no período do século XVII. Ao todo, a obra deste complexo levou cerca de 99 anos para então ser finalizada (1660 a 1759).

Na data de 04 de outubro de 1682, os Frades Franciscanos, habitantes deste Recolhimento, festejam o lançamento da pedra fundamental, marco que deu iniciou a construção da Igreja de Santa Maria dos Anjos, da Capela da Ordem III de São Francisco e do Convento Franciscano de Santa Maria dos Anjos.

Assinalada pela arquitetura de estilo Barroco e Rococó, a igreja traduz toda uma história de ordem franciscana, revelada por todo seu entorno, entre detalhes de portas e janelas, de jacarandá e safenas de madeira, até toda uma estrutura marcada por detalhes de pinturas feitas com ouro em pó, clara de ovo e óleo de baleia. O teto da igreja é um espetáculo à parte, destacando uma pintura ilusionista, com os olhares de Maria e alguns anjos ao seu redor, feita pelo pintor Lazdro Lial Afes com data de 1784.

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Por todo sua representatividade histórica, em 1941 a Igreja de Santa Maria dos Anjos é tombada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Artístico Nacional (IPHAN). Em 21 de julho de 2011, é finalizada e entregue a obra de restauração da Igreja e do Convento Franciscano, apoiado pelo IPHAN, junto ao Programa Monumenta (SIPEAL, 2013). 3.2.Igreja Nossa Senhora das Correntes (Igreja dos Lemos)

Figura 2- Igreja Nossa Senhora das Correntes (Igreja dos Lemos)

Fonte: Acervo digital Unesp, 2013.

A igreja de Nossa Senhora da Corrente, localizada às margens do Rio São Francisco, é uma grandiosa construção do século XVIII, edificada primeiramente pelos pescadores ribeirinhos como Capela, que posteriormente acaba dando espaço para a construção da atual igreja, com data marcada em sua fachada em 1729. Seu estilo arquitetônico apresenta elementos diversificados com características do Barroco, Rococó e Neoclássico. De acordo informações do SIPEAL/AL esta igreja se destaca como um dos objetos mais representativos do acervo Patrimonial da cidade e da Arquitetura Religiosa do Estado de Alagoas.

Em 1764, o Capitão-Mor José Gonçalo Garcia Reis, esposo de Ana Felícia da Corrente, inicia os trabalhos de construção da Igreja de Nossa Senhora das Correntes. No ano seguinte, após a conclusão da construção da Capela-Mor, a obra foi considerada finalizada. O sargento Jacinto Soares de Souza, genro do Capitão-Mor José Gonçalo, após seu falecimento, dá continuidade às obras da Igreja. No ano de

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1790, o Capitão André de Lemos Ribeiro, assumi o compromisso de concluir a construção do templo, trazendo de Portugal os materiais de decoração e de conclusão desta igreja. Em 1804, a administração desse templo foi passado para o seu sobrinho, Manuel da Silva e Lemos. Considerando se tratar de uma igreja particular, por um longo período de tempo foi denominada de Igreja da Família Lemos. Nesse sentindo, a origem do nome Igreja Nossa Senhora das Correntes é contada popularmente com algumas versões diferentes, desde a associação do sobrenome da esposa do seu primeiro benfeitor, Ana Felícia da Corrente, até outros que dizem que o nome “Nossa Senhora das Correntes” está ligado a proteção da Virgem Maria, para proteção da fúria da correnteza do rio.

A família Lemos, que resguardava o patrimônio da igreja tinha uma linhagem abolicionista, utilizando este templo com refúgio para se esconderem das fazendas das quais fugiam. Passavam cerca de três a quatro dias dentro uma passagem secreta existente no interior da igreja até receberem uma falsa carta de alforria, para dali então, fugirem para o Quilombo dos Palmares, na Serra da Barriga, em União dos Palmares.

Igreja de Nossa Senhora das Correntes (Igreja dos Lemos), possui seu exterior típico das igrejas da época, chama a atenção pela unidade de decoração do seu interior banhada a ouro. Destacam-se os retábulos em estilo neoclássico, de influência baiana e decorados à imitação de mármore, a pintura do forro da capela-mor em tons vermelhos e azuis escuros, os púlpitos finamente entalhados. Por todos os seus detalhes e reconhecido valor histórico foi tombada pelo IPHAN em 1964, caracterizada como uma das construções histórica, particular mais belas de Penedo (SIPEAL, 2013).

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3.3. Casa de Aposentadoria (Cadeia Pública)

Figura 3-Casa de Aposentadoria (Cadeia Pública)

Fonte: Júlio Cesar Santos, 2016.

As obras de construção da, até então denominada “Cadeia Pública”, iniciaram em 1662. O prédio em sua originalidade tinha por objetivo abrigar presos, e para tal foi construído na Praça do Pelourinho e estrategicamente sobre uma rocha no despenhadeiro da Rocheira, dessa maneira, na tentativa de evitar fugas. Em 1664, finaliza-se o projeto de construção e tem-se instituída a 1ª Cadeia Pública do Estado de Alagoas.

Entre as datas de 1781 e 1782, segundo ordem do ouvidor José de Mendonça de Matos Moreira, na parte superior da Cadeia Pública, foi construído a Casa de Aposentadoria Velha, de estilo barroco, edificado para servir de hospedagem aos ouvidores que chegavam à cidade, levando em consideração que naquela época não existiam hotéis.

Nomeado pelo capitão, interventor do Estado de Alagoas, Afonso de Carvalho, o então Prefeito Amarílio Sales, durante sua gestão foi adquirido pelo município no ano de 1933 as instalações da “Alfândega de Penedo”, desativada desde 1904. Esta passa por modificações e adaptações e todo arranjo da “Cadeia Pública” foi transferido para o local,

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acomodando detentos e integrantes das forças armadas. Anos depois a edificação da Casa de Aposentadoria Velha, não serviu mais para acomodação dos ouvidores. A partir desse momento o prédio fica cedido provisoriamente a alguns grupos escolares da cidade.

Conforme dados da Lista dos Bens Tombados pelo IPHAN (Instituto do Patrimônio Artístico Nacional) em 1986, junto ao conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico, a então denominada “Casa de Aposentadoria” é tombada pelo órgão. O edifício passa por reformas de restauração trazendo de volta sua originalidade arquitetônica colonial funcionando no local o Casarão das Artes, um espaço destinado aos artistas penedenses, um salão de eventos, a sede da Academia Penedense de Letras e um restaurante, atendendo a população penedense aos turistas vindos de várias partes do Brasil e do Mundo (SIPEAL, 2013).

4. A VISÃO DOS MORADORES

Com o intuito de identificar e caracterizar a visão dos moradores da cidade Penedo-AL sobre os monumentos históricos pertencentes ao Patrimônio Histórico e Cultural, foi realizada uma pesquisa de campo, nas datas de 20 a 27 de julho de 2015, com a aplicação de 50 questionários estruturados, permitindo dessa maneira a partir da fala dos sujeitos esclarecer questões de interesse. Os questionários foram aplicados com os moradores que residem há mais de dez anos na cidade de Penedo, maiores de 18 anos, que tenham estudado em alguma de suas escolas e ainda, que no momento da coleta de dados passassem em frente aos monumentos de pesquisa.

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Gráfico 1- Sexo

Fonte: Elaboração própria, 2016.

Os entrevistados pertenciam a uma faixa etária de: entre 18 e 25 anos, 52%, entre 26 e 33 anos, 28%, entre 34 e 41 anos, 8% e entre 42 e 50 anos, 12%.

Gráfico 2- Faixa Etária

Fonte: Elaboração própria, 2016.

Homens 48% Mulheres 52% Homens Mulheres 52% 28% 8% 12%

Entre 18 e 25 anos Entre 26 e 33 anos Entre 34 e 41 anos Entre 42 e 50 anos

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Quanto ao nível de escolaridade, 2% dos entrevistados fizeram o Fundamental Completo, 4% o Médio Incompleto, 32% fizeram o Médio Completo, 54% o Superior Incompleto e 8 % dos entrevistados cursaram o Ensino Superior Completo.

Gráfico 3- Escolaridade

Fonte: Elaboração própria, 2016.

O primeiro questionamento levantado aos entrevistados, diz respeito ao conhecimento visual dos monumentos históricos da cidade de Penedo, onde 100% dos entrevistados conhecem os monumentos históricos e sabem dizer seus nomes.

Ao serem indagados se já haviam visitado os monumentos históricos pesquisados, da cidade de Penedo, 92% respondeu que já havia visitado em contrapartida a 8% dos moradores entrevistados que nunca haviam visitado nenhum dos monumentos. É perceptível que os moradores de Penedo em sua maioria vistam os monumentos da cidade e por isso os conhecem visualmente.

0%2% 4%

32%

54%

8%

Fundamental Incompleto Fundamental Completo

Médio Incompleto Médio Completo

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Gráfico 4- Já visitou o interior de algum deles?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

Passar diariamente em frente ao monumento, nos permite apenas, um certo grau de saber sobre aquilo que é imóvel e está sempre, visualmente em nosso cotidiano. Mas o qual seria de fato representatividade histórica e cultural de tal monumento? Importante salientar que a depender do contato que se estabelece com os monumentos há possibilidade de ampliação do conhecimento de sua história, e consequentemente a consciência de sua representatividade. Nesse sentido, para cada entrevistado foi questionado quantas vezes foi visitado cada monumento, sendo possível a análise desta frequência.

No monumento 1, a Igreja Santa Maria dos Anjos, 85% dos entrevistados visitou mais de 6 vezes, 11% visitou entre 1 a 5 vezes e 4 % nunca visitou. O monumento 2, a Igreja Nossa Senhora das Correntes, 49% visitou mais de 6 vezes e 51% entre 1 a 5 vezes. O monumento 3, representado pela Casa de Aposentadoria, 54% visitou mais de 6 vezes, 37% entre 1 a 5 vezes e 9% nunca visitou o monumento.

Os moradores entrevistados revelam como principais justificativas de visitação aos monumentos os seguintes apontamentos:

Igreja Nossa Santa Maria dos Anjos:

SIM 92% NÃO 8% SIM NÃO

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 Visitação realizada pela escola;  Idas à missas;

 Festas de Casamento;  Orações diárias.

 Festas realizadas pela igreja.

Igreja Nossa Senhora das Correntes:  Visitação realizada pela escola;  A interesse do entrevistado.

Casa de Aposentadoria:

 Visitação realizada pela escola;  Participação em cursos;

 Participação em eventos;  Participação em reuniões.

Gráficos 5- Quantas vezes visitou cada um dos monumentos?

Elaboração própria, 2016. 4% 11% 85%

MONUMENTO 01

NUNCA VISITOU 1 A 5 VEZES MAIS DE 6 VEZES

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Fonte: Elaboração própria, 2016.

Fonte: Elaboração própria, 2016.

Com a opção de dar mais de uma resposta ao questionamento de qual o motivo da visita em cada monumento, os entrevistados do monumento 1, 47% responderam que visitou o monumento com visita conduzida pela escola, 11% para lazer, 13% por necessidade de conhecimento da história município, 9% participar de algum evento e 20% responderam participar as terças-feiras da missas realizadas na Igreja Santa Maria dos Anjos.

Ao monumento 2, 50% dos entrevistados responderam que esteve no monumento em visita conduzida pela escola, 27% a lazer, 18% por necessidade de conhecimento da

1 A 5 VEZES 51% MAIS DE 6 VEZES 49%

MONUMENTO 02

1 A 5 VEZES MAIS DE 6 VEZES NUNCA VISITOU 9% 1 A 5 VEZES 37% MAIS DE 6 VEZES 54%

MONUMENTO 03

NUNCA VISITOU 1 A 5 VEZES MAIS DE 6 VEZES

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história do município e 5% para participar de algum evento. Para monumento 3, 15% respondeu que visitou o monumento com visita conduzida pela escola, 7% para lazer, 6% por necessidade de conhecimento da história do município e 72% participar de algum evento.

É perceptível que a escola desempenha um papel importante ao levar os alunos até os monumentos utilizando-se de visitas técnicas conduzidas por professores, contribuindo com a ampliação do conhecimento do aluno sobre o monumento, em contra partida, não significa dizer que é utilizada de forma correta a metodologia para o desenvolvimento da Educação Patrimonial. O monumento 3, a Casa de Aposentadoria, é consideravelmente utilizado para a realização de alguns eventos como cursos de capacitação e reuniões que acontecem no município, onde a sociedade civil tem a oportunidade de se fazer presente.

Gráfico 6- Qual o motivo da visita?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

20% 11% 13% 9% 47%

MONUMENTO 01

VISITA CONDUZIDA PELA ESCOLA LAZER NECESSIDADE DE CONHECIMENTO DA HISTÓRIA DO MUNICÍPIO PARTICIPAR DE ALGUM EVENTO

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Fonte: Elaboração própria, 2016.

Fonte: Elaboração própria, 2016.

O fator da escola contribuir com determinado grau de conhecimento e informação sobre os monumentos históricos de Penedo, facilita o reconhecimento destes como parte do patrimônio histórico e cultural da cidade.

Com relação ao conhecimento sobre o tombamento dos monumentos históricos realizado pelo Instituto do Patrimônio Artístico Nacional (IPHAN), 14% dizem que não sabiam deste marco na história de Penedo em contraste a 86%.

15% 7% 6% 72% 0%

MONUMENTO 03

VISITA CONDUZIDA PELA ESCOLA LAZER NECESSIDADE DE CONHECIMENTO DA HISTÓRIA DO MUNICÍPIO PARTICIPAR DE ALGUM EVENTO OUTROS 50% 27% 18% 5%0%

MONUMENTO 02

VISITA CONDUZIDA PELA ESCOLA LAZER NECESSIDADE DE CONHECIMENTO DA HISTÓRIA DO MUNICÍPIO PARTICIPAR DE ALGUM EVENTO

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Gráfico 7- Você sabe que esses monumentos são tombados pelo IPHAN?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

Com a instituição de decreto específico, o tombamento é caracterizado por ser instrumento de reconhecimento e proteção do patrimônio impedindo seu desaparecimento e preservando-o para outras gerações. Quando questionados sobre o significado do processo de tombamento e qual o papel do IPHAN, 58% disseram saber seu significado e 42%, não. Com esta interrogativa fica evidente que os moradores da cidade de Penedo não conhecem precisamente como se dá o processo de tombamento pelo órgão com relação aos monumentos históricos e culturais da cidade. Tendo em vista o conhecimento que deveria ser passado pela escola e o desenvolvimento de atividades educacionais, com o apoio da Casa do Patrimônio, existente em Penedo, nota-se que ainda é falha a transmissão de informação desta prerrogativa.

Sobre o questionamento de qual o papel do IPHAN, sobre os monumentos, segue abaixo algumas das resposta das pessoas que foram entrevistadas:

 Ditam leis que dizem que ninguém pode “mexer”;

 Não permite que as das residências e prédios históricos sejam mexidos;  Faz com que se mantenha e conserve-se a arquitetura colonial;

 Preserva o patrimônio cultural da cidade;

 Trabalha com o processo de restauro e preservação dos monumentos;

Significa preservar os monumentos, onde o IPHAN é o órgão responsável por fazer os trabalhos de restauro.

SIM 86% NÃO 14% SIM NÃO

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Gráfico 8- Sabe o que significa “processo de tombamento” e o papel do IPHAN?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

Segundo as respostas fornecidas durante a realização da pesquisa, a história dos monumentos em questão é apenas verossímil, por não haver tantos registros e por ser contada geração após geração de diversas maneiras, algumas até lendárias. Sobre esta questão, 62% respondeu conhecer a história dos monumentos, e 38% dizem não ter conhecimento a respeito.

Sobre as respostas dos entrevistados que têm conhecimento da história dos monumentos segue as principais informações inferidas:

Monumento 1, Igreja Santa Maria dos Anjos

 Trata-se de um convento franciscano, construído no século XVI, finalizado no século XVII, onde, até hoje é habitado pelos frades de mesma ordem;

 Mosteiro que era uma estrutura para a igreja católica;

 Primeira monumento construído em Penedo pelos franciscanos em Penedo. 

 O convento, que é a igreja onde a alta sociedade frequentava e os homens sentavam separados das mulheres, naquela época. Existe um túnel que começa na igreja e sai na beira do rio. É chamado de convento porque existiam freiras e padres que residiam lá.

Monumento 2, Igreja Nossa Senhora das Correntes

SIM 58% NÃO 42% SIM NÃO

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 Era uma igreja particular, onde os donos escondiam os escravos fugidos até conseguir sua carta de alforria.

 A Igreja Nossa Senhora das Correntes que pertencia a família Lemos, onde dentro da igreja existe uma passagem secreta que protegiam os escravos fugidos.

 Existem restos mortais da família Lemos que a construiu e seus azulejos são portugueses.

 Igreja do século XVII. Possui arquitetura no estilo barroco e Rococó. Monumento 3, Casa de Aposentadoria

 Casa de repouso para viajantes que chegavam em Penedo;

 A Casa de Aposentadoria que servia de meio de hospedagem para quem chegasse a Penedo;

 Servia de aposento para os ouvidores do Império e foi também a primeira cadeia pública;

 São duas construções que se fundiram em um só complexo. A primeira uma casa de aposentos e a segunda uma prisão, com o passar do tempo a prisão foi desativada e passa a ser também casa de aposentos.

Gráfico 9- Você conhece a história desses monumentos?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

SIM 62% NÃO 38% SIM NÃO

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O acompanhamento através de visita conduzida pela escola, incentiva aos moradores de Penedo a reconhecer a história dos monumentos em destaque. Assim, 56% enfatizam que a escola contribuiu para o conhecimento do patrimônio histórico e cultural de Penedo e 44% dizem que a escola não ajudou muito nesta questão, apontando como principais motivos o despreparo no repasse de informações sobre os monumentos ou a descontinuidade desta considerando a inexistência de um processo pedagógico específico. Dado confirmado pelo percentual de visitas realizadas pelas escolas. Constata-se de fato, que a escola junto a ferramenta da Educação Patrimonial se faz ainda mais necessária no método de aprendizado sobre a preservação do patrimônio.

Gráfico 10- A escola que você frequentou em Penedo o (a) ajudou a conhecer o patrimônio histórico e cultural da cidade?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

O conhecimento passado de geração a geração, do ouvir falar, de ter vivido situações peculiares e o aprendizado na escola fazem com que 78% dos familiares dos entrevistados tenham conhecimento da história desses monumentos, em contrapartida de 22% que dizem que seus familiares não os conhecem.

SIM 56% NÃO 44% SIM NÃO

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Gráfico 11- Sua família (avós, pais, filhos), conhecem esses monumentos?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

A preservação dos monumentos históricos faz referência a guarda da identidade de um povo e de sua história marcada por acontecimentos importantes. Numa visão moderna, o patrimônio cultural pode ser visto como benefício estendendo-se ao próprio monumento e assim, ampliando estendendo-seus efeitos à localidade em que estendendo-se encontra. Quando um monumento tem a capacidade de atrair outras pessoas vindas das mais diversas localidades, é despertado por parte do empresariado e da esfera pública a veemência de instalações de uma infraestrutura básica para receber os visitantes e turistas, transformando assim o monumento como atrativo e possibilitando a geração de emprego e renda para a comunidade local. A esse respeito, 100% dos entrevistados consideram que a preservação do patrimônio é importante para o desenvolvimento do turismo em Penedo, apontando como consequência as repostas inferidas abaixo:

 Preservar pode desenvolver a cultura do turismo atraindo os turistas para conhecer nossa cidade histórica;

 Impulsiona o desenvolvimento, uma vez que as pessoas buscam, também, no turismo atrativos históricos;

 Atrai turistas trazendo renda para o município, gerando emprego;

SIM 78% NÃO 22% SIM NÃO

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 Por serem monumentos históricos despertam nas pessoas curiosidade de conhecer nossa história tornando a cidade notada;

 Se algo for modificado não seremos mais considerados cidade histórica e turística, dessa forma, ficando esquecida no tempo.

O tombamento é um dos instrumentos que serve como forma de salientar a importância de alguns monumentos ou objetos que precisam de cuidados especiais. Nesse sentido, se faz necessária uma educação de conscientização que esclareça a real importância dos nossos referenciais históricos. Não é apenas papel do poder público zelar pela integridade dos monumentos, mas da população local servindo como exemplo para seus visitantes e turistas. Quando questionados se concordavam com fictícia construção de um shopping center, onde hoje se localizada a Casa de Aposentadoria, reconstruindo-a, 96% descordou dessa hipótese, contra 4%.

Apontando como fator para não concordar com essa ação fictícia, tem-se:  A Casa de Aposentadoria é importante para a história da cidade;

 Destruirá um patrimônio e na cidade existe outros terrenos disponíveis;  Estaria sendo contra a história da cidade, apagando parte dela;

 Excluiria toda a característica histórica e cultural do monumento.

Apenas dois dos entrevistados concordaram com este questionamento respondem que:

 Reconstruindo o monumento trará emprego para a cidade;

 Se for para melhoria da cidade e trazer desenvolvimento concordo que seja feito.

A partir dessas respostas podemos observar que a população, quase em sua totalidade, desconhece que é possível estabelecer novos usos para o patrimônio cultural, mesmo quando tombado, de forma sustentável, desde que devidamente planejado. A construção de shopping center revigoraria uma das especificidades do Turismo, trazendo para o monumento em questão um reavivamento de seu uso, para os moradores, visitantes e turistas uma opção de lazer e para quem reside em Penedo e em regiões circunvizinhas seria mais uma atividade econômica geradora de emprego e renda.

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Gráfico 12- Você concorda com uma possível construção de um Shopping Center com livrarias, cafeteria, lojas reconhecidas nacionalmente e cinema, na cidade de Penedo, mas que para isso seja feita uma reconstrução da Casa de Aposentadoria, desfazendo sua fachada dessa forma trazendo um novo uso para a mesma?

Fonte: Elaboração própria, 2016.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Esse trabalho abordou a visão dos moradores do município de Penedo-AL, sobre os monumentos históricos desta cidade e sua relação com a educação patrimonial e o Turismo, verificando o conhecimento adquirido nas escolas de Penedo, assim, caracterizando a situação da Educação Patrimonial.

A partir da análise dos gráficos e todo o contexto apresentado, identifica-se que os moradores da cidade de Penedo tem conhecimento sobre os monumentos históricos utilizados na pesquisa. De acordo com os dados, os entrevistados revelam ter ciência da importância da preservação do patrimônio, e como isso pode contribuir com a atividade turística.

SIM 4% NÃO 96% SIM NÃO

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Se formos compactuar de uma visão de Educação Patrimonial reducionista, baseada no senso comum, poderíamos, com base nos dados da pesquisa, considerar que o morador de Penedo é detentor de Educação Patrimonial.

Por outro lado, considerando a questão da Educação Patrimonial em sua dimensão complexa contemplada no conceito do IPHAN, percebe-se que não existe participação civil efetiva na tomada de decisões na gestão pública e atitudes políticas que revelem aos moradores a totalidade do conhecimento patrimonial. Mesmo a escola realizando visitas que levam os alunos até o patrimônio, pouca informação sobre este é dada e trabalhada em sala de aula.

Para reconhecimento do patrimônio necessita-se de fato conhecê-lo, proeza esta, possível apenas através das ações de Educação Patrimonial, galgado na metodologia, onde a comunidade passa a entender a importância do patrimônio que está no seu entorno compreendendo a necessidade de discussões para mudança. Para a efetividade e excelência no funcionamento dos Programas de revitalização do patrimônio que existem em Penedo, como o Programa Monumenta, PAC das Cidades Históricas e Casa do Patrimônio, descritos neste artigo, a questão da Educação Patrimonial, também se faz necessária. É imprescindível que se conheça o que cada um desses programas pode trazer de benefício à sociedade como um todo, dessa maneira será perceptível entendimento de como a atividade turística associada ao conhecimento histórico e cultural local, preservação, programas de revitalização, poderes público e privado podem trabalhar em conjunto para que nessa relação todos ganhem.

Por conseguinte, observa-se a acuidade da Educação Patrimonial como ferramenta para valoração e preservação dos monumentos, tomando como base o papel da escola na construção de memórias e na formatação da identidade da comunidade local, levando para esta o entendimento de como a preservação do patrimônio pode se conciliar com as práticas da atividade turística, tornando o patrimônio um produto de desenvolvimento local, onde a sociedade penedense no geral poderá perceber efetivamente como este em sua intrínseca existência histórica consegue se estabelecer como umas das atividades econômicas do município na geração de emprego e renda ao atrair visitantes e turistas para conhecer mais sobre história e cultura de Penedo com cada um de seus monumentos.

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6. REFERÊNCIAS

BARBOSA, Ycarim Melgaço. O despertar do turismo: uma visão crítica dos não-lugares. São Paulo: Aleph, 2001.

BEZERRA, Márcia. Educação [bem] patrimonial e escola. In: NAJJAR, Jorge; CAMARGO, Sueli (Org.). Educação se faz (na) política. Rio de Janeiro: EDUFF, 2006. Faculdade de Educação da Universidade Federal Fluminense. (Série Práxis Educativa)

BRASIL. Lei n.25 de 30 de dezembro de 1937. Organiza a proteção do patrimônio histórico e artístico nacional. Presidência da República. Rio de Janeiro, 30 de novembro de 1937, 116º da Independência e 49º da República. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del0025> Acesso em 16 de abril de 2015.

BRASIL. Lei n. 9. 394 de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da educação nacional. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília,

DF, 23 dez. de 1996. Disponível em:

http://legislacao.planalto.gov.br/legisla/legislacao.nsf/Viw_Identificacao/lei%209.394-1996?OpenDocument >Acesso em 27 de maio de 2015.

BRASIL. Portal do IPHAN. Patrimônio Cultural. Disponível em: <http://portal.iphan.gov.br/portal/montarPaginaSecao.do?id=20&sigla=PatrimonioCult ural&retorno=paginaIphan> Acesso em 14 de março de 2015.

CAMARGO, Haroldo L. Patrimônio e turismo, uma longa relação: história, discurso e práticas. Patrimônio: Lazer e Turismo, Santos (SP), v. 2, n. Maio, 2005.

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL. Educação Patrimonial. Disponível em: <https://educacaopatrimonial.wordpress.com/about/> Acesso em 24 de maio de 2015.

FERREIRA, Lúcia de Fátima Guerra. Memória e Educação em Direitos Humanos.

(2007). Disponível em:

http://www.dhnet.org.br/dados/livros/edh/br/fundamentos/10_cap_2_artigo_02.pdf. Acesso em 20 de abril de 2015.

Referências

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