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FATORES ASSOCIADOS À DEPRESSÃO NO PROFISSIONAL ENFERMEIRO

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FATORES ASSOCIADOS À DEPRESSÃO NO PROFISSIONAL ENFERMEIRO

FACTORS ASSOCIATED WITH DEPRESSION IN THE PROFESSIONAL NURSE

BIANCA BEZERRA LEITE1

LAYLA MARIA PESSOA DE BARROS1

PALOMA ROBERTO SOARES1

TÂNIA MARIA ALVES BENTO2

LUCAS KAYZAN BARBOSA DA SILVA3

RESUMO

Os profissionais da enfermagem estão propensos a inúmeros riscos psicológicos, dentre estes, a depressão, que, pode acarretar a desocupação destes. O objetivo desta pesquisa foi identificar estudos que indagaram a conjunção da depressão relacionada ao trabalho de enfermagem. Tratou-se de uma revisão integrativa nas bases de dados BVS, LILACS, SciELO e BDENF, entre 2010 e 2015. Constatou-se que a saúde mental desses profissionais pode ser instigada por fatores internos e externos do trabalho devido à carga exorbitante de trabalho relativa com a falta de lazer, o contato emocional com os clientes, déficit de materiais básicos para assistência, além do pouco reconhecimento profissional desta categoria, com remuneração descabida diante às responsabilidades exigidas, elevação de stress gerado por atividades burocráticas, que se tornam cada vez maiores. Os resultados aqui obtidos contribuem para o melhoramento do conhecimento científico e como incentivo para a realização de novas pesquisas, bem como para a prevenção desta condição física e mental.

PALAVRAS-CHAVE: Enfermagem; Depressão; Trabalho

ABSTRACT

Nursing professionals are prone to numerous psychological risks, among them, depression, which can lead to their unemployment. The objective of this research was to identify studies that investigated the conjunction of depression related to nursing work. It was an integrative review in the VHL, LILACS, SciELO and BDENF

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databases between 2010 and 2015. It was verified that the mental health of these professionals can be instigated by internal and external factors of the work due to the exorbitant work load with the lack of leisure, emotional contact with clients, lack of basic materials for assistance, and the lack of professional recognition of this category, with unreasonable compensation in the face of the responsibilities demanded, elevated stress generated by bureaucratic activities, which become ever larger. The results obtained here contribute to the improvement of scientific knowledge and as an incentive for new research, as well as for the prevention of this physical and mental condition.

KEY WORDS: Nursing; Depression; Job.

____________________________

1Graduandos do Curso Bacharel em Enfermagem. E-mail: bianca_leite.66@hotmail.com; layla-pessoa@hotmail.com; paloma28soares@gmail.com.

2Orientadora. Docente. Enfermeira graduada pela Universidade Federal de Alagoas - UFAL, Especialista em Saúde Mental e Docência, E-mail: alves0816@globo.com

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INTRODUÇÃO

A depressão é um acontecimento complexo que traz intenso sofrimento não apenas na vida das pessoas acometidas, como também de seus familiares, amigos e comunidade (BARBOSA, 2012). Logo, este fenômeno encontra-se cada vez mais presentes na sociedade moderna e caracterizam-se, atualmente, como problemas de saúde pública (CAMBAÚVA, 2005).

Essa doença apresenta elevada incapacidade laborativa, alta morbidade e mortalidade. Afeta a autoestima, remete ao desânimo e ao pessimismo, diminui o interesse pelo mundo externo e a atividade sexual, causa insônia, falta de apetite, sentimentos autopunitivos e descrença em capacidades individuais (CAMBAÚVA, 2005).

Revela-se que a taxa etária correspondente à terceira idade é a que reúne as estatísticas mais preocupantes. No caso de mortes relacionadas à depressão, os maiores índices estão concentrados em pessoas com mais de 60 anos, com o ápice depois dos 80 (BRASIL, 2012).

Segundo Monteiro e Lage (2007), a depressão poderá ultrapassar o número de pessoas afetadas por diabetes e doenças cardiovasculares. Na atualidade, é relacionada como a quarta causa mundial de deficiência e o segundo lugar na faixa etária compreendida entre 15 a 44 anos, podendo se tornar um problema crônico ou recorrente que impossibilite ao sujeito cuidar de si mesmo e de suas atividades diárias.

Os trabalhadores da área de Saúde, em relação a sua dinâmica laboral, estão expostos às mais variadas formas de estímulos físicos e mentais, que os tornam mais susceptíveis a desenvolver sintomatologia depressiva e risco para o suicídio. Tal susceptibilidade decorre tanto do ambiente de trabalho quanto das tarefas desempenhadas porquanto lidam, cotidianamente, com doenças graves e com o risco eminente de morte do paciente (BARBOSA, 2012).

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Manetti e Marziale (2007) revelam que alguns profissionais são mais susceptíveis aos problemas de saúde mental, entre eles, o enfermeiro por interagir, na maior parte do tempo com pessoas que necessitam de ajuda. Inclusive, alguns fatores estressores, como clima de trabalho negativo, papéis ambíguos e a falta de clareza em relação às tarefas a serem executadas e às expectativas têm efeitos adversos na saúde mental desses profissionais.

Excessivas jornadas de trabalho, estresse pela instabilidade do emprego, salários insatisfatórios e o fato de se deparar rotineiramente com a morte, com a dor e com o sofrimento também são fatores responsáveis que contribuem por danos à saúde mental do profissional de saúde (OLIVEIRA et al, 2009).

Os esforços para combater o adoecimento do trabalhador da área da saúde são extremamente fundamentais, e entendemos que os estudos que focalizam o estresse ocupacional, os problemas relacionados à saúde física e mental assim como os mecanismos de enfrentamento do estresse têm contribuído para melhor compreensão da situação laboral desses profissionais e para o início da conscientização dos gerentes quanto à importância de elaboração de medidas preventivas para o ambiente de trabalho hospitalar, considerado como altamente estressante e repleto de fatores predisponentes à depressão, à ansiedade entre seus trabalhadores (SCHMIDT, 2011).

No que se refere ao profissional Enfermeiro, a carga horária laboral excessiva e o próprio trabalho são tidos como alarmantes e podem ser importantes causas da deterioração da qualidade da assistência de enfermagem como gerador de ansiedade, sofrimento psíquico, estresse ocupacional, desgaste e fator gerador de insatisfação profissional (SANTOS; GUIRARDELLO, 2007).

É importante enfatizar que compreender a depressão, como também os fatores envolvidos, é de extrema importância para os estudos relacionados no que se refere à saúde do trabalhador (SCHMIDT, 2011).

Desse modo, conhecer os fatores associados à depressão no profissional Enfermeiro permite para que sejam criadas estratégias de prevenção e apoio para

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estes profissionais, bem como também descrever as discussões sobre a partir das publicações de artigos referentes a esta temática em bases de dados científicas. Assim, o presente estudo teve como objetivo identificar os fatores associados à depressão no profissional Enfermeiro. Visando responder este objetivo, foi elaborada a seguinte questão norteada: Quais os fatores associados à depressão no profissional Enfermeiro?

METODOLOGIA

O presente estudo teve como método uma revisão integrativa. Serão abordados os fatores associados à depressão no profissional enfermeiro. Esse método tem como intuito reunir e condensar resultados de pesquisa sobre um delimitado tema ou questão, de maneira sistemática e ordenada, contribuindo para o aprofundamento do conhecimento do objeto investigado (MENDES; SILVEIRA; GALVÃO,2008). No geral, para construção da revisão integrativa é preciso percorrer seis etapas distintas, a primeira é a identificação do tema, e as seguintes são respectivamente: estabelecer critérios de inclusão e exclusão do estudo; definição das informações a seres extraídas do estudo; avaliação dos artigos inclusos na revisão integrativa; interpretação dos resultados e apresentação da revisão (MENDEN; SILVEIRA; GALVÃO, 2008).

Para o levantamento do estudo, foram utilizados os seguintes descritores: “Depressão” e “Enfermagem”, no idioma português (de acordo com os DeCS – Descritores em Ciências da Saúde). Foi seguida uma etapa de suma importância, que foi a busca pelos descritores utilizando o operador boleano AND. Essa busca foi realizada no mês de setembro de 2017.

A busca dos artigos foi realizada como meio de consulta as bases de dados científicas: Literatura Latino-Americana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) e Bases de dados de Enfermagem (BDENF), para elaboração e análise dos

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resultados e discussões conforme o objetivo proposto no estudo. Foi realizada uma busca com o cruzamento dos descritores “Depressão” e “Enfermagem”.

Para complementação do referencial teórico serão realizadas pesquisas em referências literárias pertinentes ao tema proposto. Havendo, desta forma, consulta ao acervo da biblioteca central do Centro Universitário Tiradentes (Campus Amélia Maria Uchôa).

Os limites de refinamento das publicações indexadas encontradas serão a inclusão de artigos completos, no idioma português, publicado entre 2010 a 2015, sendo excluídos artigos que não retratam os objetivos do estudo, que não se encontram no limite de ano que foi definido ou que estão incompletos.

De acordo com o quadro abaixo, pode-se notar que durante a pesquisa nas bases de dados utilizando os operadores boleanos “Depressão” AND “Enfermagem” foram encontrados 42 artigos no Lilacs, onde foi selecionado 6 após a leitura do título, 4 após a leitura do resumo e 4 artigos foram selecionados para utilizar na revisão integrativa. E deste modo foi feito nas outras bases de dados.

Na BVS foi lido na íntegra 4 artigos, na Scielo 1 artigo e na Bdenf 1 artigo. Teve como total de artigos encontrados 387, onde destes 19 o título condizia com o tema escolhido para revisão. Foi feito mais uma seleção lendo o resumo, onde sobraram 10 artigos e esses 10 são os artigos de base para a revisão integrativa.

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RESULTADOS

O Quadro 2 mostra os estudos que foram realizados e compõe a revisão integrativa: ano, ordem decrescente, revista, título, tipo de estudo, amostra e fatores. Assim encontrando-se estudo descritivo, Correlacional transversal, um; Estudo Epidemiológico e Transversal, um; Estudo Transversal, dois; Pesquisa Investigativa, um; Pesquisa descritiva com Abordagem quantitativa, um; Amostra não probabilística, um; Estudo descritivo Exploratório, um; Estudo quantitativo, um; Revisão Integrativa, um;

Ano Revista Título Delineamento do estudo/ Amostra Fatores 2010 Rev Esc Enfermagem USP Ansiedade e depressão entre profissionais de enfermagem que atuam em blocos cirúrgicos. Estudo Descritivo, Correlacional, Transversal. 211 trabalhadores de enfermagem Ansiedade; Acúmulo de empregos; Jornada de trabalho excessiva; Depressão AND Enfermagem

Lilacs 42 Artigos 6 Artigos após a leitur do título leitura do resumo 4 Artigos após a leitura na íntegra 4 Artigos após a

BVS 66 Artigos 6 Artigos após a leitura do título leitura do resumo 4 Artigos após a leitura na íntegra 4 Artigos após a

Scielo 118 Artigos 2 Artigos após a leitura do título leitura do resumo 1 Artigo após a leitura na íntegra 1 Artigo após a

Bdenf 161 Artigos 5 Artigos após a leitura do título leitura do resumo 1 Artigo após a leitura na íntegra 1 Artigo após a

Quadro 2 Quadro 1

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Salário insatisfatório. 2010 Rev Latino – AM. Enfermagem Avaliação de qualidade de vida e depressão de técnicos e auxiliares de enfermagem. Estudo Epidemiológico e Transversal, realizado com 266 profissionais. (Técnicos e Auxiliares) Jornada de Trabalho noturna; Qualidade de vida, relacionados ás atividades profissionais; Acumulo de empregos; Insatisfação no Trabalho referente à assistência. 2011 Rev Latino – AM. Enfermagem Prevalência de depressão em trabalhadores de enfermagem de Unidade de Terapia Intensiva: estudo em hospitais de uma cidade do noroeste do

Estado de São Paulo.

Estudo Transversal, realizado com 67 profissionais da Enfermagem. Excessivas jornadas de trabalho; Qualidade de vida no trabalho; Ser separado ou divorciado; 2011 --- Depressão, Ansiedade e Suporte social em Profissionais de enfermagem. Pesquisa Investigativa, Realizada com 39 profissionais de enfermagem. Suporte Social; Jornadas de Trabalho excessivas; Ansiedade; Lidar cotidianamente com risco sofrimento, dor e morte;

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Transtornos emocionais; Acumulo de empregos; 2012 Rev de Enfermagem da UFSM Sintomas depressivos e ideação suicida em Enfermeiros e Médicos assistência hospitalar. Pesquisa descritiva com Abordagem quantitativa, realizada com 100 profissionais. (50 Enfermeiros e 50 Médicos) Ambiente de Trabalho; Sobre Carga; Conflitos; Susceptibilidade a doenças; Lidar cotidianamente com risco sofrimento, dor e morte. 2012 Rev de Enfermagem Referência Ansiedade, depressão e burnout em enfermeiros – Impactos do trabalho por turnos. Amostra não probabilística realizada com enfermeiros que trabalham na unidade de Saúde de Coimbra. (Amostra acidental) Exaustão Emocional e de realização Pessoal; Ansiedade; Atividade física; Estado Civil; Baixa Valorização no trabalho; Falta de poder na tomada decisão; Síndrome de Burnout. 2013 Rev enfermagem - UERJ Avaliação da Presença de Sintomas depressivos entre usuários de plantão noturno, em Estudo descritivo Exploratório, 62 entrevistados. (Maiores de Idade) Jornadas de Trabalho noturno; Insônia; Tabagismo; Problemas

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unidade de emergência. Econômicos; 2014 Enferm. Foco Alterações de saúde e sintomas sugestivos de depressão entre trabalhadores da enfermagem do serviço de atendimento móvel de urgência. Estudo quantitativo, realizado com 85 Profissionais de enfermagem do SAMU. A carga de horários excessiva; Lesões resultantes de acidentes de trabalho; Transtornos emocionais; 2014 Acta Paul Enfermagem Sintomas de depressão e fatores intervenientes entre enfermeiros de serviço hospitalar de emergência. Estudo Transversal, realizado com 23 Enfermeiros. Desvalorização; Sobre Carga; Falta de Recursos humanos e Materiais; 2015 Rev Esc Enfermagem - USP Depressão e risco de suicídio entre Profissionais de Enfermagem: Revisão Integrativa. Revisão Integrativa, 38 artigos. Conflitos Familiares; Ambiente de Trabalho; Conflitos interpessoais no ambiente de Trabalho; Estado Civil; Jovens adultos; Maior nível educacional; Estresse; Plantão Noturno; Falta de autonomia profissional;

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Renda Familiar; Insegurança em desenvolver as atividades; Sobre carga de Trabalho; Síndrome de Burnout; Depressão; Baixa Realização Pessoal. DISCUSSÃO

FATORES QUE CONTRIBUEM PARA A DEPRESSÃO

Estresse

A presença de estresse tem sido verificada em diferentes profissionais e também entre enfermeiros, pelo fato de ser grande sua proximidade com os pacientes em sofrimento e com risco de morte. Esse fato se agrava devido à necessidade de cuidados diretos e intensivos.

Os enfermeiros estão entre os profissionais mais suscetíveis aos problemas da saúde mental, uma vez que são os que interagem, na maior parte do tempo, com indivíduos que necessitam de sua ajuda, sendo que as pressões no trabalho contribuem para minar sua saúde mental (CARVALHO, 2004;SILVA, 2004; KOVÁCS, 2002; BABA ET AL., 1999).

O local de trabalho acaba provocando casos de estresse por suas condições, e conflitos.

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Ansiedade

Foram os enfermeiros mais novos que apresentaram valores mais ligeiros de ansiedade antes do turno e mais elevados após o turno (GOMES et al., 2009).

Ansiedade é considerada como um estado de tensão, apreensão e desconforto, que se originam de um perigo interno ou externo iminente, podendo ser resposta a estresse ou a estímulo ambiental. Envolvendo fatores emocionais e fisiológicos, o indivíduo pode manifestar sensação de medo, sentimento de insegurança, antecipação apreensiva, e pensamentos negativos.

Entre os transtornos psiquiátricos, os transtornos de ansiedade correspondem à categoria mais frequente na população, alguns grupos estão mais susceptíveis a desenvolver este transtorno e principalmente no ambiente de trabalho, por exemplo, situações como estas podem provocar a ansiedade, a instabilidade ou agravamento do estado de saúde dos pacientes, falta de material, de equipamentos e de pessoal, relacionamento com familiares do paciente, assim como as dificuldades para a sistematização da assistência de enfermagem e os procedimentos.

Jornada de Trabalho Excessiva

A sobre carga excessiva está vinculada com o mercado de trabalho e tem se apresentado, com alta demanda de profissionais para poucas vagas de emprego, que por sua vez provoca desvalorização da profissão.

O excesso de trabalho implica na diminuição de horários de alimentação, lazer, repouso, sono e de contato social e familiar a encaminhar-se para o sofrimento. A jornada de trabalho excessiva é um dos fatores que levam os profissionais da enfermagem a se sentirem insatisfeitos e desmotivados com o trabalho.

A sobre carga é considerada um fator que contribuiu para o aumento do estresse emocional e físico, que pode desencadear transtornos mentais, ainda apontaram que a sobrecarga decorre da falta de profissionais, conflitos na escala de trabalho que resultam na insatisfação e no abandono do emprego. Todos esses fatores

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influenciam mudanças na saúde mental do trabalhador induzindo ao transtorno depressivo.

Plantão Noturno

Percebe-se que a prática do trabalho noturno acarreta alguns pontos negativos na vida do enfermeiro, mostrando que o trabalho noturno está gerando consequências na vida profissional e pessoal destes trabalhadores, o que pode influenciar na assistência proporcionada.

Os profissionais enfermeiros que trabalham no período noturno, desenvolvendo suas atividades assistenciais e gerencias, acabam apresentando consequências na sua saúde, pois a qualidade do sono é interrompida, muitas vezes passam mais de um dia sem dormir, o que pode desencadear graves problemas, tanto físicos quanto psicológicos.

Trabalhar no período noturno exige que o trabalhador conheça os limites físicos do seu corpo para que a realização da atividade não interfira no processo saúde-doença e, ao mesmo tempo, não comprometa a qualidade no serviço prestado e é algo desgastante e cansativo que potencializa sequelas na saúde mental.

Assim, o trabalho noturno é um fator de risco para o desenvolvimento de depressão. Então, as jornadas de trabalho no período noturno, acabam desencadeando diversos problemas de saúde, consequentemente dificultando a vida do trabalhador.

Estado Civil

Trabalhadores divorciados ou separados apresentam maiores chances de adquirir depressão, pode-se dizer que o apoio entre as relações familiares e o matrimônio tem relação inversa com o desenvolvimento de estresse e doenças físicas e da depressão e que, em indivíduos sem esse tipo de suporte, há aumento de estresse. Contudo essa observação contradiz com a evidência de que enfermeiros casados apresentam um nível mais eleva de ansiedade e depressão, pois as exigências que

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lhes são cobradas no trabalho, induzem a níveis elevados de estresse, dessa forma os profissionais não conseguem associar trabalho e vida matrimonial.

Salários Insatisfatórios

A insatisfação salarial não é necessariamente uma doença, porém, se ela for sentida por longos períodos, ocasionando o estresse poderá gerar transtornos ao bem-estar e à saúde mental desses profissionais. Com os salários muito baixos a classe de enfermagem, precisa de mais empregos e isso acarreta no desgaste físico e psicológico do profissional fazendo com que a qualidade da assistência de enfermagem fique prejudicada.

Quanto mais baixa a remuneração, maior prevalência de depressão. A insatisfação salarial pode ser determinada por uma série de fatores negativos que também poderão interferir na qualidade dos serviços, como a ausência dos mesmos, salários inferiores a função exercida, falta de benefícios, podem conduzir além da insatisfação no trabalho.

Baixa Valorização Profissional

A importância dessa valorização encontra-se, entre outros, na influência que a profissão tem no desempenho profissional. Implicações negativas geradas pela pouca visibilidade da enfermagem estão relacionadas à insatisfação e ausência de motivação no contexto de trabalho, sendo assim um dos fatores que levam o profissional e desenvolver transtornos mentais e psicológicos.

O reconhecimento da enfermagem pode fazer com que esse profissional se sinta pleno, com as atividades desempenhadas no contexto de trabalho e perante a sociedade. A falta de reconhecimento profissional não é discutida com a importância devida. O profissional, quando reconhecido, desenvolve o seu fazer com maior comprometimento e satisfação, o que pode motiva-lo a desenvolver a assistência sem implicações no seu cotidiano.

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A não valorização e reconhecimento do enfermeiro podem interferir diretamente no seu empenho, na sua autoestima, na relação do profissional com o seu trabalho e consigo mesmo e consequentemente em sua saúde.

Acumulo de Empregos

A baixa remuneração força alguns profissionais a terem mais de um emprego para sobreviver, a jornada de trabalho múltipla pode ser associada à depressão nos trabalhadores de enfermagem, em consequência da privação do lazer e do convívio social, que são indispensáveis à sua saúde mental.

O enfermeiro ao se submeter a mais de um vínculo de trabalho promove prejuízos a si e a outros que dependem de seu trabalho, o acumulo de empregos coloca em risco a vida de pacientes. Pois tal caso pode provocar ausência entre os profissionais da enfermagem, maior número de acidentes no trabalho somam as chances de erros na administração das medicações e dificuldades na organização pessoal de períodos de lazer.

Lidar Constantemente Com a Dor, Sofrimento e a Morte

Esse é um desafio constante para o enfermeiro que já tem experiência e muito mais para aquele que ainda não tem. Torna-se fácil compreender que proporção isso toma para o enfermeiro que inicia sua atuação profissional. Aqueles que já têm alguma experiência profissional apresentam mais recursos para enfrentar essa situação. Por outro lado, os que não têm podem se deparar com obstáculos, vivenciando problemas que já foram trabalhados em algum nível pelos enfermeiros experientes.

Os profissionais de saúde sentem-se responsáveis pela manutenção da vida de seus pacientes, e acabam por encarar a morte como resultado acidental da profissão, sendo esta considerada como um fracasso da equipe, levando o profissional a desenvolver angústia, tristeza, remorso, e sentimentos alto punitivos que são característicos da depressão.

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Assistir com frequência a dor e o sofrimento dos pacientes e de seus familiares pode afetar psicologicamente a vida dos profissionais enfermeiros, sendo que por muitas vezes estes não têm um preparo adequado para lidar constantemente com essas situações.

CONCLUSÃO

A depressão é uma doença que traz sofrimento para a pessoa acometida, e também a todos aqueles que vivem ao seu redor, é um grande problema de Saúde pública, podendo se tornar um problema crônico ou que recorrerá à impossibilidade do sujeito cuidar de si mesmo e de realizar as suas atividades no dia a dia.

Assim foi possível identificar no presente estudo que entre os diversos fatores associados à depressão na qual o profissional Enfermeiro está exposto, a ansiedade, estresse, jornada de trabalho excessiva, plantão noturno, estado civil, salários insatisfatórios, baixa valorização profissional, acumulo de empregos, ter que lidar constantemente com o sofrimento e a morte, são fatores que contribuem de maneira significativa para desencadeamento desta doença.

Portanto, é necessário que haja a implementação da assistência a esse profissional de saúde, contribuindo a diminuição dos altos índices dessa doença e o risco para suicídio, visto que o enfermeiro é o profissional da Saúde de nível superior que mais tem depressão comparada às demais categorias.

Assim, ressaltamos o ato para que haja mais discussões, pesquisas relacionadas à temática, e que sejam ofertadas nas unidades medidas preventivas, tratamento ao profissional enfermeiro e demais profissionais, pois quem cuida deve ser cuidado também.

REFERÊNCIAS

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Referências

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