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Comunicação Não-Violenta na Facilitação de Grupos com Pedro Consorte

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Academic year: 2021

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​Comunicação Não-Violenta na

Facilitação de Grupos

​”

com Pedro Consorte

Obs: esse PDF foi elaborado a partir do workshop que aconteceu no dia 17 de outubro de 2020, como parte de uma sequência de workshops organizada pela Juliana Matsuoka,

criadora do Criando Pontes.

Obs2: em breve, abriremos inscrições para a ​Jornada de Comunicação Não Violenta

para Facilitação de Grupos​ (7 encontros para mergulhar nesse tema na prática com

outras pessoas que também estão querendo desenvolver essas habilidades e trocar aprendizados). Se quiser mais informações, se cadastre na lista de emails do site

https://pedroconsortebr.wordpress.com/ ou mande um email para pedroconsorte@hotmail.com

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Sumário

● Qual é o jeito certo de facilitar grupos?

● Para começar uma Jornada…

● Antes de decolar…

● O papel da música na facilitação

● Compartilhamentos em duplas e pequenos grupos

● Momento de Sacadas / “e aí como foi?”

● Mapeamento de necessidades

● A utilização de jogos na facilitação

● Mapeamento dos interesses do grupo

● As perguntas mais quentes

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Qual é o jeito certo de facilitar grupos?

● A Comunicação Não-Violenta nos convida a não dividir o mundo entre o certo e o errado. Em vez disso, ela nos convida a olhar para as relações humanas, a partir das necessidades das pessoas e pensar em como podemos contemplar essas necessidades. Quais será os possíveis caminhos e estratégias para fazer isso? ● Quando estamos pensando em Facilitação de Grupos, podemos nos inspirar nesses

princípios, para olhar tanto para as necessidades do grupo quanto para as necessidades de quem está facilitando o encontro. Todo mundo possui necessidades e é importante que todas elas sejam levadas em conta quando pensamos em uma jornada de facilitação.

● A ideia de que não existe um jeito universalmente certo ou errado de facilitar grupos pode nos ajudar a ter mais criatividade, ousadia e autenticidade na facilitação, porque, quando não há um jeito certo, podemos experimentar caminhos, linguagens, formatos totalmente diferentes e ver como cada caminho contempla ou não as necessidades de todo mundo.

● A Comunicação Não-Violenta nos convida a nos relacionarmos a partir da ideia de que podemos legitimar a nossa autenticidade, expressar aquilo que é importante para nós na nossa facilitação e, ao mesmo tempo, também acolher aquilo que é importante para quem está participando do grupo que estamos facilitando. São esses os dois princípios propostos por ela: empatia e autenticidade.

● Aqui você vai encontrar alguns caminhos e estratégias inspiradas na Comunicação Não-Violenta que eu pessoalmente gosto de usar como facilitador para cuidar de

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necessidades minhas e dos grupos que eu facilito. Não é, obviamente, o jeito universalmente certo de facilitar grupos, mas são apenas algumas possibilidades, principalmente aquelas que surgiram durante o workshop que impulsionou a criação desse PDF. Mas há muito mais ainda para ser falado sobre esse assunto…

Para começar uma Jornada...

No começo de encontros, gosto de:

● Nomear, relembrar e convidar o grupo a se conectar com o tema do encontro ​:

isso muitas vezes é uma estratégia para que as pessoas se sintam mais seguras, tenham mais clareza da proposta do encontro, sintam uma sensação de organização e se conectem conscientemente com aquilo que estão vindo buscar no encontro.

● Contar como estou chegando​: contar como estou me sentindo e, muitas vezes, me vulnerabilizar no começo de uma jornada de facilitação é uma das minhas estratégias para criar um certo alívio e leveza na posição de facilitação e também me aproximar das pessoas, com a intenção de me mostrar humano e estimular certa conexão entre nós. Isso também ajuda compartilhar com o grupo informações que podem ser proveitosas a ele. Afinal de contas, o grupo pode se beneficiar, quando sabe quais são as condições da pessoa que facilitará a jornada. Essa estratégia também me ajuda a estar mais consciente de quais são as minhas necessidades,

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porque eu me convido a verbalizá-las e oficializá-las e isso pode me ajudar inclusive a receber mais compreensão e acolhimento do grupo, e ter mais abertura para pedir ajuda para questões que eu precise durante o encontro.

● Compartilhar o Plano de Vôo e explicar o porquê da escolha dessa estrutura ​:

muitas pessoas gostam de saber o plano para o encontro e, por isso, eu gosto dessa estratégia como uma forma de cuidar daquelas pessoas que se sentem um pouco ansiosas por não saberem o que vai acontecer. Ao mesmo tempo, gosto de proporcionar surpresas e também relembrar as pessoas de que planos são planos e a vida é dinâmica e imprevisível.

● Oferecer uma estrutura aberta aos interesses das pessoas​: essa é uma das estratégias de facilitação que mais tem me chamado atenção nos últimos anos. Muitas vezes, facilitei grupos e depois me arrependi de não ter checado com as pessoas quais eram seus reais interesses sobre o tema que eu estava abordando. Existem facilitações mais expositivas e facilitações mais colaborativas, mas, independentemente do estilo de encontro, gosto muito de checar quais são os interesses das pessoas, porque, assim, posso oferecer uma proposta de encontro que contemple mais as necessidades delas.

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Antes de decolar…

Gosto de fazer alguns CONVITES que podem apoiar a Jornada​:

● Considerar tudo um convite​: este é um dos convites mais importantes na minha opinião, porque ele está tentando cuidar de uma necessidade humana que todo mundo tem: autonomia. Todo mundo que sente uma certa imposição ou obrigação na proposta de qualquer atividade tende a criar resistência. Digo isso, baseado nos meus vários anos de facilitação. Já estive em ambientes muito difíceis de facilitar e, mesmo assim, quando digo que as pessoas não serão obrigadas a participar das atividades ou que podem adaptar as atividades para o que for mais confortável, elas tendem a relaxar os ombros instantaneamente. É visível. A Comunicação Não-Violenta não opera na imposição e sim no pedido.

● Cultivar a presença, desligando distrações ​: gosto de convites mais detalhistas

como este, que chamam a atenção de todo mundo para pequenas coisas que podem nos distrair durante Jornada, seja uma reunião, um encontro ou uma sequência de treinamentos. Tanto em experiências virtuais quanto presenciais, gosto de fazer esse convite, como uma forma de mostrar que o tempo e a energia

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de todo mundo ali são preciosos e que a qualidade da nossa presença pode também nos proporcionar uma experiência muito proveitosa.

● Ligar o vídeo, se possível (encontros virtuais) ​: em encontros virtuais, gosto de

lembrar dessa minha necessidade que é de sentir uma conexão com as pessoas. Por isso, peço para elas ligarem o vídeo. Acho que isso afeta a relação com as outras pessoas do grupo também, mas também gosto de ressaltar que, mesmo se a pessoa deixar o vídeo desligado, eu imaginarei que ela está tentando cuidar de algo. Esse é um exercício de olhar empático da minha parte, não tem a intenção de botar uma pressão nas pessoas que estão com o vídeo desligado, só contar aquilo que eu gostaria de ver acontecendo, mas com abertura para que elas também possam fazer as próprias escolhas.

● Falar sinceramente e ouvir empaticamente ​: esse é um convite que gosto de fazer às pessoas, como uma maneira de já conectar o grupo com essas duas musculaturas que a Comunicação Não-Violenta nos estimula a acordar: a autenticidade e a empatia. Esta é uma forma que eu encontrei para estimular as pessoas a serem mais sinceras com suas opiniões e também olharem umas para as outras com um olhar compreensivo, que tenta entender de onde cada um está falando, como funciona o universo daquelas pessoas que são diferentes de mim.

● Guardar as pérolas​: essa é uma tentativa de lembrar as pessoas sobre a própria responsabilidade que elas possuem sobre suas próprias experiências e aprendizados. Então, para isso, costumo dizer que, muitas vezes, surgem pérolas durante o encontro, ideias que podem ser preciosas, e, para não esquecermos dessas pérolas, convido todo mundo a ir registrando com anotações.

● Transbordar os conteúdos: essa é uma forma que eu encontro de trazer a consciência ao grupo de que há sempre pessoas que não terão o privilégio de vivenciar aquilo que estaremos vivenciando juntos durante aquela jornada. Inclusive, gosto de refletir sobre qual é o papel daquele grupo dentro da sociedade em que vivemos. Como podemos transbordar esses conteúdos e aprendizados que teremos durante essa jornada para fora daqui, especialmente para as pessoas que estão vivendo em situações de vulnerabilidade e desigualdade social, econômica, moral, simbólica?

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● Acordar a musculatura da adaptação ​: a musculatura da adaptação é esse mecanismo que todo mundo tem que possui a capacidade de ouvir uma ideia e adaptá-la, mas nem sempre lembramos que temos essa habilidade. Esse é um dos convites que eu mais gosto, principalmente em encontros em que eu explicarei ou ensinarei algo, porque ele traz às pessoas essa consciência de que elas também tem uma certa responsabilidade e autonomia sobre aquilo que estão aprendendo. Em vez de elas dizerem para si mesmas “ah, isso não funciona pra mim”, elas podem se perguntar “como eu poderia adaptar essa ideia, para que ela funcione pra mim?”.

Obs: nem sempre faço todos esses convites, mas eles são convites que eu costumo carregar comigo, como possibilidades. Se eu achar que podem beneficiar a experiência e o grupo, eu lanço!

Obs2: eles podem ser feitos no começo da jornada, mas também podem ser feitos durante a jornada ou em qualquer momento que eu considere que vão potencializar o processo do grupo.

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O papel da música na facilitação:

● Grupos e contextos diferentes reagem a música de formas diferentes, mas momentos musicais tendem a convidar (tanto o grupo quanto quem está na facilitação) a relaxar um pouco e desligar certas tensões cognitivas que ficam mais estressadas durante o processo de aprendizado ou tomada de decisão.

● A utilização de música na facilitação pode cumprir muitos papéis no cuidado das necessidades das pessoas: relaxar, divertir, criar um ambiente introspectivo, reflexivo, animado e até ajudar o grupo a passar por um momento difícil, de lamento ou luto.

● Gosto de escolher conscientemente as músicas que uso nos meus encontros, porque cada música propõe uma paisagem sonora diferente que convida o grupo a ir para um lugar sensorial e simbólico. Por isso, gosto de observar que tipo de paisagem a música propõe e, para fazer isso, observo tanto a letra dela quanto a energia sensorial que ela traz consigo. Isso pode ajudar proporcionar uma experiência de sentido, significado e profundidade ao grupo.

● Acho muito importante estar previamente atento para o fato de que uma mesma música pode reverberar de maneiras totalmente diferentes para grupos diferentes. Então, na escolha das músicas, gosto de fazer um exercício empático e me perguntar: “Quem são essas pessoas que ouvirão essa música? O que será que é

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importante para elas? Como uma música pode tocá-las de uma forma que isso potencializará o processo delas?”

● Também gosto de explicar para o próprio grupo o porquê da escolha da música que eu coloco, pois acho que isso ajuda a trazer mais sentido e conexão à apreciação da música. Quando não explico, às vezes, as pessoas não se dão conta da relação entre a música e o processo vivido pelo grupo e acho que essa consciência pode deixar a experiência muito mais especial e profunda.

● Em encontros virtuais, eu costumo convidar as pessoas a fecharem o vídeo delas enquanto apreciam a música, para que isso ajude o grupo a relaxar e se preocupar menos com as aparências e o mundo externo. Também é uma forma de cuidar da privacidade e da intimidade de cada pessoa do grupo.

Por exemplo:

Nesse workshop que dei sobre Comunicação Não-Violenta na Facilitação de Grupos, eu escolhi uma música do Lenine, chamada “Vivo” e, antes de colocar a música, expliquei que havia escolhido essa música específica porque ela poderia ser inspiradora para aquele contexto, pois ela nos convidaria a nos olharmos na facilitação de grupos como seres imperfeitos. E isso pode ser um olhar bem proveitoso, quando pensamos em facilitação, porque podemos ser muito duros com nós mesmos, quando estamos nessa posição. Então, isso, pra mim, combina bastante com o olhar da Comunicação Não-Violenta pois ela nos convida a olharmos para nós mesmos com um olhar humanizador, imperfeito, falível. Viu como uma música pode cuidar de tantas coisas ao mesmo tempo?

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Compartilhamentos em duplas e

pequenos grupos

Gosto de convidar as pessoas a se encontrarem em duplas ou pequenos grupos, porque acho que esse tipo de dinâmica pode potencializar muito os processos coletivos. Por exemplo, podem compartilhar como estão se sentindo num momento de chegada do encontro, no início de uma jornada, e compartilhar também quais são os interesses de cada uma sobre o tema que será abordado no encontro. É uma estratégia para cuidar de várias necessidades das pessoas: conexão, clareza, compreensão, intimidade, segurança, relaxamento, autonomia..

Para encontros virtuais:

É muito comum que as pessoas se sintam desconfortáveis quando estão conversando nas salas simultâneas do Zoom e a conversa é interrompida pelo fechamento das salas. Então, gosto de combinar com as pessoas que quando acabar o tempo programado para as

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subsalas, eu mando um recado dizendo “podem voltar” e aí cada um/uma finaliza sua fala e volta de forma autônoma.

Momento de Sacadas / e aí como foi?

Gosto de oferecer um momento de reflexão após cada prática, para que as pessoas possam ter voz no grupo e digerir as experiências, fazer conexões, trocar entre si e refletir sobre como foi participar daquela atividade. Essas foram algumas sacadas e reflexões que apareceram depois das primeiras salas simultâneas do encontro sobre Comunicação Não-Violenta na Facilitação de Grupos.

● “como pode ser gostoso e emocionante chegar com uma música e trocar na intimidade de uma conversa em dupla”

● “como pode ser mais estar na posição de participante do que de facilitador/a e quais será que podem ser as estratégias para deixar a facilitação mais leve”

● “pode ser bom para se perceber e ter consciência de como está, no começo de um encontro”

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Mapeamento de necessidades:

● Mapear as necessidades das pessoas pode acontecer de várias formas, inclusive com atividades lúdicas, divertidas, envolvendo linguagens variadas. Mas também pode acontecer de uma forma simples, dependendo da disponibilidade do grupo ou do tempo de encontro.

● Gosto de perguntar para o grupo “Alguém tem alguma necessidade especial em relação ao encontro?” como uma forma de abrir um espaço para que as pessoas possam compartilhar alguma dúvida, inquietação ou necessidade com o resto do grupo.

● Em jornadas que duram mais tempo, gosto inclusive de criar uma tabela na qual convido as pessoas a responderem a seguinte questão: “que pedidos você gostaria de fazer para que essa jornada seja proveitosa?”

● Uma possibilidade é criar 3 subcategorias para essa pergunta: ○ Que pedidos eu gostaria de fazer para mim mesmo? ○ Que pedidos eu gostaria de fazer para o grupo?

○ Que pedidos eu gostaria de fazer para o facilitador desse encontro?

● Quem estiver facilitando o encontro pode criar um painel no qual as pessoas preenchem essas perguntas simultaneamente, há várias formas de fazer isso, e

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essa atividade costuma trazer um certo bem estar às pessoas, porque se sentem ouvidas porque tem, de alguma forma, os seus pedidos reconhecidos e legitimados por todo mundo.

● Gosto de reforçar que pedidos são diferentes de exigências e que talvez o pedido que cada pessoa faça ali não seja atendido. Então, convido o grupo a refletir “se o seu pedido não for atendido, o que será que poderia ser feito para cuidar dessa sua necessidade?”

A utilização de jogos na facilitação:

A utilização de jogos na facilitação pode ser um grande recurso para trazer dinamicidade, leveza, movimento, diversão, conexão, autonomia. A utilização de jogos está em sintonia com a Comunicação Não-Violenta, na minha opinião, principalmente quando estes são jogos cooperativos que oferecem a possibilidade de as pessoas brincarem juntas, se aproximarem, se conectarem e se enxergarem com um olhar humano e colaborativo.

Por exemplo:

Nesse workshop de Comunicação Não-Violenta para a Facilitação de Grupos, eu escolhi convidar o grupo a jogar um jogo chamado “Só perguntas”, no qual as pessoas apenas são

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convidadas a fazer perguntas e nunca respondê-las. A cada rodada, é oferecido um tema para o grupo e, assim o grupo vai criando e pipocando perguntas aleatórias sobre aquele tema. Gosto de usar esse jogo como uma forma de introduzir um momento no qual abrirei um espaço para que o grupo levante dúvidas sobre o tema abordado no workshop. Mas, antes de convidá-lo a criar perguntas sobre o tema do workshop, geralmente faço algumas rodadas de “só perguntas” com temas improváveis. Neste caso, os 2 primeiros temas usando no Só Perguntas foram “Autorama” e “Amarelo”. Pra mim foi divertido, engraçado e refrescante.

Mapeamento dos interesses do grupo:

Existem muitas formas de mapear quais são as curiosidades e interesses do grupo sobre aquele assunto que será abordado num processo de facilitação. É uma maneira de convidar as pessoas a checarem consigo mesmas sobre quais são seus interesses, se conectarem com aquilo que faz sentido para si, e incorporar isso no processo. Também é uma forma de adaptar os conteúdos aos interesses do grupo, para que a jornada faça sentido ao grupo e atenda as necessidades das pessoas.

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Por exemplo:

Nesse workshop, nós abrimos a possibilidade de todo mundo fazer perguntas no chat do Zoom. Então, eu, como facilitador, enumerei todas perguntas compartilhadas e convidei o grupo a sinalizar quais eram as perguntas mais quentes, as perguntas que mais reverberam no grupo todo. Cada pessoa foi convidada a escolher uma única pergunta da lista de todas as perguntas elaboradas pela qual se interessava mais e, assim, mapeamos quais eram as 2 perguntas mais quentes do grupo. Isso também pode ajudar as pessoas a se localizarem em relação aos interesses das outras pessoas do grupo.

Depois de selecionar as perguntas mais quentes, escolhi uma delas e convidei o grupo a bater um papo em quartetos sobre possíveis respostas.

Quais foram as perguntas mais

quentes?

Veja abaixo as perguntas mais quentes do encontro e algumas das reflexões que surgiram a partir dessas perguntas:

1) Como a Comunicação Não-Violenta pode me auxiliar a confiar mais na sabedoria do coletivo para que eu possa sair do controle (da facilitação)?


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a) a Comunicação Não-Violenta pode nos ajudar a refletir sobre o motivo de nos preocuparmos com o controle sobre as atividades. Por que será que

queremos manter o controle? Por que será que o controle é importante? b) podemos compartilhar com o grupo sobre o porquê de o controle ser

importante para nós mesmos, nos vulnerabilizarmos.

c) observar o papel da autoridade do facilitador e estimular um espaço de co-criação com o grupo, não se colocando como alguém que tem as respostas certas e únicas, mas como alguém que quer construir junto. d) a posição de facilitação pode ser uma posição de dominação, pode ser um

exercício de poder e de silenciamento de vozes, então podemos pensar em como criamos uma experiência baseada no “poder com os outros” em vez do “poder sobre os outros”.

e) essa confiança na sabedoria do coletivo pode nos apoiar no autocuidado como facilitadores, porque, ao entregar certos processos na mão do grupo, isso pode também aliviar um pouco a pressão de quem está na facilitação, trazendo mais leveza e descentralizando o processo.

f) a presença de pessoas que estão na posição de apoio da facilitação pode ajudar bastante quem está facilitando a ter mais segurança para abrir mais o processo e confiar mais no grupo.

g) estar na posição de liderança pode ser uma posição pesada pela sensação de precisar resolver todos os problemas que aparecem, mas podemos estar atentos e ouvir o que cada pessoa do grupo tem para contribuir, para que possamos observar e aproveitar os talentos e capacidades de cada um/uma. h) na facilitação, nós criamos e propomos estruturas e formas de se relacionar e

isso é um tipo de poder. Então, como levamos em consideração essa criação de espaços para que as próprias pessoas também possam cuidar das

próprias necessidades? Isso pode ajudar a descentralizar a responsabilidade de cuidar das necessidades de todo mundo e aliviar um pouco a posição da facilitação.

i) podemos oferecer momentos mais abertos pode ajudar a estimular a autonomia dos processos e deixar a experiência menos centralizada. j) mapear as necessidades das pessoas, oficializar essas necessidades e

reconhecer quais são os interesses mais comuns e latentes no grupo podem nos ajudar a entregar o processo nas mãos do grupo.

k) a vulnerabilização de si enquanto facilitador/a e a distribuição de poder podem abrir espaços para imprevistos e desafios que a pessoa que está na

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facilitação talvez não dê conta de lidar, o que abre a possibilidade de julgamentos do grupo sobre a facilitação.

l) momentos de bate-papo podem ser um recurso para ter um recuo e espaço de respiro para quem está na facilitação, pois enquanto as pessoas

conversam e troca, nós podemos observar coisas que seriam mais difíceis de serem observadas enquanto estamos facilitando ativamente.

m) quando começamos a reconhecer que cada pessoa aproveitará de uma experiência aquilo que ela é capaz de aproveitar, isso também pode trazer mais confiança e leveza, em vez de forçar o processo para chegar num resultado específico que todo mundo do grupo precise chegar.

n) poder ser violento, quando priorizamos um objetivo final, abrindo mão da qualidade do processo, porque podemos atropelar as pessoas em nome de chegar em um resultado esperado.

o) pode ser difícil abrir mão do controle e não saber lidar com aquilo que estão esperando de você como líder. Pode ser difícil estar num grupo, estar vulnerável e lidar com os julgamentos das pessoas sobre isso,

principalmente quando as coisas não saíram do jeito que era esperado. Como podemos buscar apoio nisso?

p) pode ser muito bom ter um apoio empático, para antes, durante ou depois da facilitação, para ter companhia, acolhimento, aliviar as angústias e organizar as ideias.

q) existe uma relação entre o ambiente e as relações que as pessoas

estabelecem. Então, muitas vezes, quando uma estrutura de uma empresa, organização ou de um grupo de pessoas é baseada na dominação e na competição pode ser desafiador propor atividades de outras naturezas, como o diálogo ou a cooperação.

r) quem está na facilitação ou liderança também pode contar com os talentos do grupo, para não se forçar a ter que dar conta de tudo, o que pode ajudar a aliviar a pressão da facilitação e inclusive ajudar as pessoas a se sentirem parte do processo.

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2) Como lidar com conflitos que acontecem durante o grupo? O que fazer quando algum participante entra em conflito com algo que o mediador falou? Como acolher da melhor forma?


a) a vulnerabilidade do facilitador pode trazer o que está sentindo e precisando em relação ao conflito.

b) mesmo num conflito, podemos construir coletivamente soluções para quem as necessidades de todo mundo sejam atendidas.

c) a utilização do bastão da fala pode ajudar a organizar falas e garantir os espaços de cada voz.

d) a imparcialidade de quem está na facilitação pode ajudar no processo e, quando não for possível existir imparcialidade, que possa ser oficialmente reconhecida a parcialidade de quem está na facilitação.

e) a importância de co-criar combinados e pode voltar aos combinados criados no início de uma jornada. Quando a construção dos combinados é feita levando em consideração as necessidades das pessoas, elas costumam se sentir mais pertencentes ao processo.

f) pode ser muito proveitoso responder com empatia a pessoas que estão emocionalmente movidas e também reconhecer que nem sempre conseguimos ser empáticos, principalmente quando algumas questões reverberam em pontos doloridos nossos.

g) pode ser muito importante contar com alguém que possa estar junto na co-facilitação, principalmente quando surgem temas polêmicos.

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h) podemos nos conscientizar dos nossos próprios privilégios e o quanto estamos ou não familiarizados com certos temas que estão conectados com as desigualdades que existem na sociedade.

i) observarmos como podemos nos preparar e romper com uma formação de facilitação colonial e celebrar o fato de que certos assuntos apareçam, como racismo, LGBTfobia, machismo, e não invisibilizar e silenciar as vozes que trazem esses temas à tona.

Como encerrar encontros

Gosto de encerrar encontros com um espaço no qual as pessoas se colocam, dizem como estão saindo, falam do que gostaram, do que não gostaram, quais necessidades foram contempladas, quais incômodos ainda estão latentes, e quais celebrações ou lamentos estão vivos neste momento. Essa é uma forma reconhecer a jornada, reconhecer aquilo que gostaríamos de celebrar e também reconhecer aquelas necessidades que não foram contempladas. Não ter necessidades contempladas é um processo normal da jornada de qualquer grupo e quando nós estamos na posição de facilitação pode ser bem saudável reconhecermos que sempre haverá necessidades não atendidas tanto no grupo quanto em nós mesmos.

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Por exemplo:

Nesse workshop de Comunicação Não-Violenta para Facilitação de Grupos, eu convidei o grupo a ouvir uma música que escolhi para finalizar a Jornada, e, durante essa música, o convite foi para as pessoas irem colocando no chat do Zoom, como estavam saindo, do que tinham gostado, do que tinham sentido falta etc, o que tinha ficado marcante, o que estava incomodando. Dependendo do tempo que temos para mergulhar no encerramento, podemos criar dinâmicas para que as pessoas possam escolher vários recortes celebrativos. Ex: qual foi um momento especial? qual foi um aprendizado valioso? algo que incomodou? quais necessidades minhas foram contempladas? quais sentimentos eu senti durante essa jornada?

A música escolhida para criar essa celebração final foi “Os alquimistas estão chegando” do Jorge Ben, em homenagem a esse papel da facilitação, que experimentamos e pesquisamos através dos princípios da Comunicação Não-violenta, onde não há uma busca pelo certo ou pelo errado, e sim pelo cuidado das necessidades de todo mundo.

É isso! Espero que você tenha aproveitado alguma coisa disso tudo que eu escrevi aqui.

Nas próximas semanas eu realizarei algumas lives falando mais sobre esse assunto, até porque tem muita coisa que não foi contemplada aqui nesse PDF. Então, se quiser me seguir aí nas redes, é só procurar “Pedro Consorte”.

ATENÇÃO

Em breve, vou abrir as inscrições para a ​Jornada de Comunicação Não Violenta para

Facilitação de Grupos (7 encontros para mergulhar nesse tema na prática junto com

outras pessoas que também facilitam grupos).

Se tiver interesse e quiser mais informações, é só se cadastrar aqui nesse formulário: https://docs.google.com/forms/d/e/1FAIpQLSfo0QBS3KUWTHvrNyznfYmjO88d_0s41UGEp HUdhBhkSxMHRg/viewform

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Sobre mim:

PEDRO CONSORTE

Olá, eu sou o Pedro e, hoje em dia, eu atuo como consultor de Comunicação voltada para a Facilitação de Grupos, para Inteligência Emocional e para o Desenvolvimento Humano. Em outras palavras, eu compartilho ideias e caminhos para as pessoas se relacionarem, através de formas mais construtivas de se comunicar.

Currículo:

Facilitador de grupos há mais de 18 anos, trabalhou em 15 países (América do Sul, América do Norte, Europa, Ásia e África). Tem Foundation Course em Música (CCCU, Inglaterra), Graduação em Comunicação das Artes do Corpo (PUCSP), Pós-Graduação em Pedagogia da Cooperação e Metodologias Colaborativas (UNIP), Mestrado em Comunicação e Semiótica (PUCSP).

É ex-performer do espetáculo internacional STOMP (Londres), co-fundador do projeto Música do Círculo (música e conexão humana), co-fundador do Festival da Empatia (online), fundador do coletivo Colabora Corona, é professor convidado na Pós-Graduação em Pedagogia da Cooperação, com treinamento internacional pelo CNVC (Center for Nonviolent Communication), e é voluntário no CVV (Centro de Valorização da Vida) que oferece apoio emocional no Brasil inteiro.

Referências

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