21/05/2019
Número: 5111573-87.2016.8.13.0024
Classe: RECUPERAÇÃO JUDICIAL
Órgão julgador: 1ª Vara Empresarial da Comarca de Belo Horizonte
Última distribuição : 29/07/2016
Valor da causa: R$ 839.054,07
Assuntos: Recuperação judicial e Falência, Administração judicial, Limitada
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? NÃO
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? SIM
Tribunal de Justiça do Estado de Minas Gerais
PJe - Processo Judicial Eletrônico
Partes Procurador/Terceiro vinculado
REAL PARK ESTACIONAMENTO LTDA - ME (AUTOR) FELIPE RODRIGUES MOREIRA (ADVOGADO)
MINAS BRASIL ESTACIONAMENTO LTDA - ME (AUTOR) FELIPE RODRIGUES MOREIRA (ADVOGADO)
REAL PARK ESTACIONAMENTO LTDA - ME (RÉU) FELIPE RODRIGUES MOREIRA (ADVOGADO)
OTAVIO DE PAOLI BALBINO DE ALMEIDA LIMA (ADVOGADO)
MINAS BRASIL ESTACIONAMENTO LTDA - ME (RÉU) FELIPE RODRIGUES MOREIRA (ADVOGADO)
OTAVIO DE PAOLI BALBINO DE ALMEIDA LIMA (ADVOGADO)
BANCO BRADESCO S/A (TERCEIRO INTERESSADO) SERGIO ADNEI BATISTA DOS SANTOS (ADVOGADO)
LUIZ EDUARDO MASSARA GUIMARAES (ADVOGADO)
ITAU (TERCEIRO INTERESSADO) ROSALINA CAMACHO TANUS FERREIRA (ADVOGADO)
BERNARDO ANANIAS JUNQUEIRA FERRAZ (ADVOGADO) DERICK MAGNUM PEREIRA TORRES (TERCEIRO
INTERESSADO)
LARISSA PAZ DE SOUZA PINTO (ADVOGADO)
FRANCIELE NASCIMENTO CASSINO (TERCEIRO INTERESSADO)
LARISSA PAZ DE SOUZA PINTO (ADVOGADO)
OTAVIO DE PAOLI BALBINO DE ALMEIDA LIMA (ADMINISTRADOR JUDICIAL)
JOSE MARIA RODRIGUES DE SOUZA (INTERESSADO) MARCELLO VITOR ROCHA COTA (ADVOGADO)
ALEXANDRE PIMENTA GONCALVES (INTERESSADO)
JANAINA GRASIELE MODESTO (INTERESSADO) LUCIANO FRANCISCO PINTO (ADVOGADO)
CLEIDIANE RODRIGUES DA SILVA (INTERESSADO) LUIS CARLOS MIRANDA CHAVES (ADVOGADO)
FERNANDA DE PAULA SANTOS (INTERESSADO) FELIPE RAFAEL DE PAULA (ADVOGADO)
CARLA SILVA RESENDE (INTERESSADO) ANA PAULA BARBOSA ROCHA (ADVOGADO)
JAIR SABINO DA SILVA JUNIOR (TERCEIRO INTERESSADO)
RITA DE CACIA LACERDA GOMES (ADVOGADO)
ANDERSON DOS SANTOS OLIVEIRA (TERCEIRO INTERESSADO)
RAQUEL DE ANDRADE FARNESE PINHEIRO (ADVOGADO)
FLAVIO AUGUSTO DINIZ PEREIRA (TERCEIRO INTERESSADO)
CRISTIANO PESSOA SOUSA (ADVOGADO)
Ministério Público - MPMG (FISCAL DA LEI)
CARLOS HENRIQUE COSTA (TERCEIRO INTERESSADO) ROGERIO RONCALLI PRADO ALVES (ADVOGADO)
Documentos Id. Data da Assinatura Documento Tipo 58097 435
EXCELENTÍSSIMO SENHOR JUIZ DA 1ª VARA EMPRESARIAL DA COMARCA DE BELO HORIZONTE/MG
Autos nº 0758032-55.2017.8.13.0702
PAOLI BALBINO & BARROS SOCIEDADE DE ADVOGADOS, Administradora Judicial
nomeada nos autos da Recuperação Judicial requerida por MINAS BRASIL ESTACIONAMENTO
LTDA-ME E REAL PARK ESTACIONAMENTO LTDA - ME, vem, respeitosamente, perante Vossa
Excelência, expor e requer o que segue.
I – ATUAL SITUAÇÃO DA ATIVIDADE EMPRESARIAL E DA CESSAÇÃO DAS ATIVIDADES PELA RECUPERANDA
1. Conforme apontado em petições anteriores, a Recuperanda encontrava-se com grandes dificuldades de soerguimento, tendo encerrado suas atividades em diversos estabelecimentos. Recentemente possuía um único estacionamento em atividades, no Hotel Mercure, no bairro Vila da Serra em Nova Lima/MG.
2. Fato é que, em recente visita neste último estabelecimento, onde a recuperanda locava o estacionamento da Hotelaria Accor Brasil S/A SCP Vila da Serra (Mercure Vila da Serra), visita esta ocorrida em 31/10/2018, constatou-se que outra sociedade empresária, qual seja,
Estacionamento Pare Park, atualmente funciona no local.
3. Em outras palavras, a Recuperanda cessou totalmente suas atividades, não havendo
mais nenhum estacionamentos em funcionamento, estando todos eles fechados ou até mesmo sendo explorados por outras sociedades empresárias que não a Recuperanda.
4. Em conversa com funcionários do local a Administradora Judicial foi informada que houve rescisão do contrato da Real Park e a Mercure Hoteis e, no estabelecimento onde a Recuperanda exercia suas atividades, atualmente, funciona a empresa Pare Park Estacionamento. Veja-se atuais fotografias da empresa que funciona no local:
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Situação da atividade empresarial – 31/10/2018 – atividade totalmente paralisada e com outra sociedade empresária funcionando no local
Num. 58097435 - Pág. 2 Assinado eletronicamente por: OTAVIO DE PAOLI BALBINO DE ALMEIDA LIMA - 12/12/2018 12:37:26
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5. A Administradora Judicial foi ainda informada que a nova empresa que estabeleceu-se no local, embora semelhante em nomenclatura, não guarda qualquer relação com a Real Park ou a Minas Brasil Estacionamentos, tratando-se de grande rede reconhecida em Belo Horizonte (Rede PARE PARK). Constatou-se, ainda, que o quadro societário da Pare Park não coincide com o da Real Park ou da Minas Brasil Estacionamentos. Veja-se:
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II – DA NECESSIDADE DE DECRETAÇÃO DA FALÊNCIA
6. Em petição ID 55239818, a própria Recuperanda informa que todos os seus contratos
de locação se encontram encerrados e que está tentando retomar as atividades aguardando
eventual decisão que venha a lhe autorizar voltar a explorar o CONDOMINIO DE EDIFICIO IANELLI e MERCURE VILA DA SERRA. Veja-se:
No final de agosto, o cotraro mantido perante a Hotelaria Accor Brasil S/A SCP Vila da Serra findou-se e as recuperandas tiveram que findar as atividades também naquele hotel.
Em resumo, a situação das atividades da empresa continua a seguinte: busca novos negócios e aguarda decisão para voltar a explorar os estacionamentos mantidos perante ao CONDOMÍNIO DO EDIFÍCIO IANELLI RESIDENCE SERVICE e HOTELARIA ACCOR PDB LTDA.
7. Data maxima venia, o espírito da lei de insolvências é justamente a preservação da
EMPRESA, que, tecnicamente, nada mais é que ATIVIDADE EMPRESARIAL. Se não há atividade,
não há o que ser preservado no caso em tela.
8. Ainda a respeito da petição ID 55239818, onde a recuperanda informa não haver perspectiva de retomada de atividades, há firme entendimento jurisprudencial no sentido de que a “ausência de proposta de retomada das atividades empresariais, na manutenção da fonte
produtora e dos empregos”, caracterizada pela paralisação das atividades, induz à inviabilidade
flagrante da empresa, não se justificando a manutenção da Recuperação Judicial. Veja-se:
Recuperação judicial. Aprovação do plano de recuperação judicial pelo voto favorável da maioria de credores presentes à assembleia, não considerados os votos computados em apartado. Controle judicial de legalidade. Enunciado nº 44 da I Jornada de Direito Comercial do Conselho da Justiça Federal (CJF). Afastamento das cláusulas que violem as disposições legais que regem a matéria. Ausência de proposta de retomada das atividades
empresariais, da manutenção da fonte produtora e dos empregos. Atividades paralisadas. Inviabilidade das empresas reconhecida. Falência decretada. Agravo de instrumento provido em parte, com
observação
(TJSP: Agravo de Instrumento 2137102-45.2014.8.26.0000; Relator (a): José Reynaldo; Orgão Julgador: 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Foro de Serrana - 1ª Vara Judicial; Data do Julgamento: 10/12/2014; Data de Registro: 11/12/2014)
9. Há no caso, claramente flagrante inviabilidade econômica e gerencial, pois não se revelou possível a retomada das atividades a despeito dos supostos esforços empenhados pela administração das recuperandas. Ao contrário, as atividades foram sendo reduzidas ao longo do tempo até cessarem definitivamente.
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10. Nas hipóteses de paralisação das atividades, a jurisprudência tem entendido pela impossibilidade de subsistência da recuperação judicial, devendo ocorrer a convolação da recuperação judicial em falência. Veja-se:
DECRETO DE FALÊNCIA. CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL NA
QUEBRA DA RECUPERANDA. A FALÊNCIA É MEDIDA EXTREMA QUE DEVE
SER DECRETADA APÓS ESGOTADOS TODOS OS MEIOS PARA O SOERGUIMENTO DA EMPRESA. ILEGALIDADES COMETIDAS PELA RECUPERANDA. OMISSÃO DE INFORMAÇÕES. OMISSÃO DE DÉBITOS. APRESENTAÇÃO DE PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL IRREAL. EXPRESSIVO PASSIVO APONTADO PELO ADMINISTRADOR JUDICIAL, MORMENTE FISCAL. ATIVIDADE EMPRESARIAL IRRECUPERÁVEL.
FALÊNCIA BEM DECRETADA. RECURSO NÃO PROVIDO, COM OBSERVAÇÃO.
Decreto de falência da agravante. Pedido de Recuperação judicial
convolado em decreto de quebra. Empresa inviável. Falência. Medida
extrema. Esgotamento de todos os meios para o soerguimento da atividade empresarial. Princípio da preservação da empresa. Princípio da função social. Lei nº 11.101/2005. A empresa que deve ser preservada para que
cumpra sua função social é aquela que se apresenta viável. A empresa deve ter a possibilidade de se reerguer, de dar continuidade à atividade desenvolvida e de produzir e gerar lucros futuros, apesar da crise econômico-financeira pela qual passa e que impede sejam honrados momentaneamente seus compromissos. Ilegalidade cometidas pela agravante no curso da demanda. (...) Empresa com atividades paralisadas, tendo demitido trabalhadores e sem insumos para produção. Inviabilidade econômica e gerencial da companhia. Situação de insolvência irrecuperável. Administradores que não têm condições de
retornar ao cargo que ocupavam. Falência bem decretada. Indisponibilidade de bens. Cabe ao Administrador Judicial promover a realização do ativo e perseguir a responsabilidade pelos desvios patrimoniais e a prática de atos prejudiciais à sociedade e credores. Recurso não provido, com observação.
(TJSP; Agravo de Instrumento 2143108-97.2016.8.26.0000; Relator (a): Carlos Alberto Garbi; Orgão Julgador: 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Foro de Monte Alto - 1ª Vara; Data do Julgamento: 15/05/2017; Data de Registro: 18/05/2017)
11. Quanto ao aspecto legal, conforme disciplina o art. 47 da Lei n. 11.101/05, o principal objetivo da recuperação judicial é a preservação da empresa, mediante a MANUTENÇÃO da fonte produtora, do emprego dos trabalhadores e dos interesses dos credores.
12. Sem o regular desenvolvimento da atividade empresarial durante o procedimento de recuperação judicial é impossível atender o objetivo central da Lei n. 11.101/05, qual seja, a
MANUTENÇÃO da fonte produtora e do emprego dos trabalhadores e PROMOÇÃO da
preservação da empresa, sua função social e o estímulo à atividade econômica.
Num. 58097435 - Pág. 6 Assinado eletronicamente por: OTAVIO DE PAOLI BALBINO DE ALMEIDA LIMA - 12/12/2018 12:37:26
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13. Diante das circunstâncias aqui narradas, nota-se que a situação fática atual da Recuperanda evidencia uma completa paralização das atividades empresariais, ensejando na inobservância dos requisitos legais (artigos 47 e 48 da Lei de Falências) indispensáveis para a concessão e regular processamento da recuperação judicial, impondo-se, por tais razões e fundamentos, a DECRETAÇÃO da falência.
14. Refletindo o raciocínio exposto acima, transcreva-se o esclarecedor acórdão da lavra do Des. Fábio Tobasa do TJSP no qual fica evidente a possibilidade de convolação da recuperação judicial em falência na hipótese de cessação das atividades pela Recuperanda:
Recuperação judicial. Convolação em falência em virtude da
constatação de ausência de atividade empresarial no estabelecimento da recuperanda, bem como do descumprimento de obrigações constantes
do plano recuperacional. Atividade produtiva da empresa devedora
confessadamente paralisada. Impossibilidade de atendimento aos objetivos do instituto da recuperação judicial e às metas traçadas no
respectivo plano caracterizada. Descumprimento de obrigações assumidas através do plano de recuperação, durante o prazo bienal de supervisão judicial, que autoriza a decretação da quebra, mesmo ex officio.
Desnecessidade, nessas circunstâncias, de prévia deliberação por parte da assembléia-geral de credores. Inteligência do art. 61, § 1º, da
Lei nº 11.101/2005. Requerimento de convolação formulado pela Administradora Judicial. Regularidade. Art. 22, II, alínea "b", do mesmo diploma legal. Decisão de Primeiro Grau, que decretou a quebra, mantida. Agravo de instrumento interposto pela devedora a que se nega provimento.
(TJSP; Agravo de Instrumento 2159511-78.2015.8.26.0000; Relator (a): Fabio Tabosa; Orgão Julgador: 2ª Câmara Reservada de Direito Empresarial; Foro de Birigui - 3ª Vara Cı́vel; Data do Julgamento: 16/11/2015; Data de Registro: 19/11/2015)
15. Entende-se, portanto, que nas hipóteses de “constatação de ausência de atividade
empresarial no estabelecimento da recuperanda” não há, no entendimento acima exposto,
necessidade de convocação de Assembleia Geral de Credores para deliberar acerca de eventual decretação de falência.
16. Pontua-se, por oportuno, que não se pode interpretar equivocadamente o princípio regente da recuperação judicial concernente à preservação da empresa como se ele justificasse a manutenção de toda e qualquer atividade empresarial a todo custo.
17. Não há de se confundir, obviamente, preservação da empresa com manutenção cega e irrestrita de uma recuperação judicial. Neste sentido, citamos a coerente doutrina o de João Pedro Scalzilli, Luis Felipe Spinelli e Rodrigo Tellechea:
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Nem toda empresa merece ser preservada. Não existe, no direito brasileiro ou em qualquer outro do que temos notícia, um princípio da “preservação da empresa a todo custo”. Na verdade, a LREF consagra, no sentido exatamente oposto, um princípio complementar ao da preservação da
empresa que é o da retirada do mercado da empresa inviável. Ora, não é possível nem razoável exigir que se mantenha uma empresa a qualquer custo; quando os agentes econômicos que exploram a atividade não estão aptos a criar riqueza e podem prejudicar a oferta de crédito, a segurança e a confiabilidade do mercado, é sistematicamente lógico que eles sejam retirados do marcado, o mais rápido possível, para o bem da economia como um todo, sempre com
a finalidade de se evitar a criação de maiores problemas.1
18. Em suma, se não há atividade, não há o que ser preservado, exceto interesse dos
sócios. Este é também o entendimento do TJMG. Veja-se:
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO. DIREITO EMPRESARIAL. CONVOLAÇÃO DA RECUPERAÇÃO JUDICIAL EM FALÊNCIA. PREVISÃO LEGAL. REJEIÇÃO DO PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL PELOS CREDORES. ASSEMBLÉIA GERAL DE CREDORES. VÍCIOS E NULIDADES. VOTAÇÃO POR CÉDULAS. PROCEDIMENTO REGULAR E NÃO DEFESO EM LEI. MITIGAÇÃO DA VOTAÇÃO INJUSTIFICÁVEL NO CASO EM APREÇO. (...)
Injustificável prosseguir-se no processo de recuperação judicial, em nome do principio da preservação e função social da empresa, se a recuperanda, por exemplo, já não apresenta atividades no seu principal estabelecimento de produção, por tempo considerável,
conforme informações prestadas pelo Administrador Judicial.
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0015.11.004724-6/007, Relator(a): Des.(a) Armando Freire, 1ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 26/02/2013, publicação da súmula em 07/03/2013)
EMENTA: AGRAVO DE INSTRUMENTO - PRELIMINAR DE
INTEMPESTIVIDADE - REJEIÇÃO - PLANO DE RECUPERAÇÃO JUDICIAL - DESCUMPRIMENTO - CONVOLAÇÃO EM FALÊNCIA - CABIMENTO - RECURSO NÃO PROVIDO.(...)
- Caso se verifique a inviabilidade da manutenção da atividade produtiva e dos interesses correlatos (trabalhistas, fiscais, creditícios etc.), a própria Lei de Falências e Recuperação de Empresas impõe a promoção imediata de sua liquidação - sem que isso implique violação ao princípio da preservação empresa, inserto em seu art. 47 - mediante
um procedimento que se propõe célere e eficiente, no intuito de se evitar o agravamento da situação, sobretudo no que toca aos direitos de credores e empregados.
- Recurso não provido (...)
(TJMG - Agravo de Instrumento-Cv 1.0024.09.509890-1/001, Relator(a): Des.(a) Luís Carlos Gambogi, 5ª CÂMARA CÍVEL, julgamento em 31/07/2014, publicação da súmula em 08/08/2014)
1 Recuperação de Empresas e Falência: Teoria e Prática na Lei 11.101/2005, Ed. Almedina, 2016, p. 77.
Num. 58097435 - Pág. 8 Assinado eletronicamente por: OTAVIO DE PAOLI BALBINO DE ALMEIDA LIMA - 12/12/2018 12:37:26
https://pje.tjmg.jus.br:443/pje/Processo/ConsultaDocumento/listView.seam?x=18121212372588700000056812732 Número do documento: 18121212372588700000056812732
19. Desta forma, tem-se entendido que a preservação da empresa existe em função do princípio constitucional da função social da propriedade e, por via de consequência, da função
social da empresa.
20. No caso em tela, a função social da empresa (e da propriedade) não se encontram presentes e nem justificam a recuperação judicial pois, ao que tudo indica, o processo apenas tem garantido a postergação do pagamento de credores, sem que sequer a Recuperanda esteja operando e, consequentemente, faturando com sua atividade.
21. Em suma, não se vislumbra, data maxima venia, qualquer proveito para a coletividade em razão da manutenção da presente recuperação judicial na medida em que, inclusive, passa a haver risco de extravio de bens, além de sua depreciação pelo decurso do tempo. Evidentemente, Excelência, que o que se deve preservar é a atividade empresarial VIÁVEL, e não perpetuar uma situação flagrantemente prejudicial à sociedade e à coletividade de credores.
22. Isto posto, em razão: a) das atividades paralisadas; b) do não preenchimento do requisito do art. 48 da Lei 11.101/05; c) da inviabilidade gerencial; d) da não prestação pela Recuperanda das informações contábeis legalmente exigidas; e) da falta de recursos e, principalmente; f) em razão da ausência de previsão de reabertura dos estacionamentos fechados, requer seja a
presente recuperação judicial convolada em falência.
III – PEDIDOS
Isto posto, requer a decretação (convolação) da falência, com fundamento no art. 73, parágrafo único c/c art. 94, inc. III, alı́nea f, da Lei de Falências, devendo ser concedida vista geral, com intimação do Ministério Público, credores e recuperanda para que se manifestem acerca do pedido decretação (convolação) da falência.
Termos em que, pede deferimento.
Belo Horizonte, 26 de novembro de 2018.
___________________________________________________________________ PAOLI BALBINO & BARROS SOCIEDADE DE ADVOGADOS
Administradora Judicial na Recuperação Judicial de Minas Brasil Estacionamento Ltda-Me E Real Park Estacionamento Ltda - Me