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UTILIZAÇÃO DE TOMOGRAFIA ULTRASSÔNICA 3D PARA AVALIAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

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Academic year: 2021

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UTILIZAÇÃO DE TOMOGRAFIA ULTRASSÔNICA 3D PARA

AVALIAÇÃO DE ESTRUTURAS DE CONCRETO

Alexandre Lorenzi – alexandre.lorenzi@ufrgs.br Lucas Alexandre Reginato – lucas.reginato@ufrgs.br

Rafael Burin Fávero – rafael.favero@ufrgs.br Josué Argenta Chies – josue.chies@ufrgs.br Luciane Fonseca Caetano – lucianefc@gmail.com Luiz Carlos Pinto da Silva Filho – lcarlos66@gmail.com

Universidade Federal do Rio Grande do Sul – UFRGS

Laboratório de Ensaios e Modelos Estruturais – LEME – Porto Alegre / RS

INTRODUÇÃO

A evolução da tecnologia em vários campos do conhecimento, como a física e a eletrônica, vem alimentando a geração de novas técnicas de Ensaios Não Destrutivos (END), ampliando o escopo das ferramentas de investigação aplicáveis a estruturas de concreto. A maioria destes métodos permite a detecção de anomalias sem ocasionar danos ao material, e a partir da sua utilização, consegue-se proceder a uma inspeção de uma estrutura afetada sem interrupção de serviço, propiciando uma economia em termos de tempo e de custos (GRABOWSKI, PADARATZ e PINTO, 2008).

Medições precisas da durabilidade de estruturas são tarefas difíceis, assim como a interpretação dos dados referentes a estas análises. Isto se dá devido à inerente heterogeneidade do concreto. Apesar disto, a avaliação através de END de materiais cimentícios é uma área fundamental da investigação de problemas, pois permite a obtenção de informações sobre a qualidade e o estado de degradação dos materiais de construção (MOLERO ARMENTA et al., 2009).

A aplicação de END para garantia da qualidade de estruturas de concreto tem obtido consideráveis progressos recentemente. Impulsionado pelo avanço tecnológico, e pela transferência de conhecimento, de outras áreas de testes de materiais e da medicina, métodos de investigação cada vez mais versáteis tem surgido com frequência, aumentando o potencial destas técnicas para investigação de estruturas de concreto.

O presente trabalho apresenta o resultado de um estudo de caso que busca verificar a acurácia da tomografia ultrassônica 3D na detecção de defeitos internos em estruturas de concreto. Para atingir esta finalidade foi utilizado um tomógrafo ultrassônico, modelo A1040 - MIRA.

ENSAIO DE VELOCIDADE DE PROPAGAÇÃO DO PULSO ULTRASSÔNICO -VPU

O método de Velocidade de Propagação do Pulso Ultrassônico, ou VPU, é baseado na determinação longitudinal das características de propagação de um pulso ultrassônico através de um material, e é o método de ultrassom mais comumente utilizado na avaliação de estruturas de concreto. Este método é bastante utilizado para avaliação do concreto

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devido à sua eficácia, simplicidade de aplicação e baixo custo.

O princípio do ensaio está baseado no fato de que os sons produzidos em um ambiente qualquer são refletidos ou reverberam nas paredes que consistem o mesmo, podendo ainda ser transmitidos a outros ambientes. Fenômenos como este, apesar de simples e frequentes, constituem os fundamentos do ensaio ultrassônico de materiais.

O ensaio de VPU é caracterizado como um método de END que tem por objetivo a detecção de defeitos ou descontinuidades internas presentes nos mais variados tipos ou formas de materiais. A VPU em um material sólido irá depender, entre outras coisas, da massa específica e das propriedades elásticas desse material.

Os métodos ultrassônicos têm a característica de serem ferramentas de rápida aplicação e de apresentarem um adequado grau de confiança e de segurança ao fornecer informações quantitativas sobre as características iniciais da microestrutura do concreto e sobre a avaliação local das condições do mesmo.

Lorenzi e Silva Filho (2003) destacam que o ensaio de VPU tem sido cada vez mais empregado no diagnóstico de estruturas, pois permite caracterizar o material, avaliar sua integridade e medir propriedades físicas importantes por meio do monitoramento da velocidade de propagação de ondas de som de alta frequência pelo material.

Segundo a norma americana ASTM E 114-95 (1995), a técnica de VPU pode ser usada na detecção de defeitos, medição de espessuras ou caracterização dos materiais constituintes de um objeto. Já a norma brasileira NBR 8802 (ABNT, 1994b) prescreve que a mesma seja empregada com o objetivo de checar a uniformidade do concreto, detectar eventuais falhas internas de concretagem, monitorar as características do concreto ao longo da vida útil, avaliar a profundidade de fissuras ou outras imperfeições, avaliar o módulo de deformação e, inclusive, estimar a resistência à compressão do concreto.

A norma inglesa, BSI-1881, parte 201(1986), considera que as principais aplicações deste método são:

a) determinação da uniformidade do concreto; b) determinação da existência de fissuras;

c) estimativa da resistência à compressão do concreto, utilizando para tal curvas de correlação apropriadas;

d) monitoramento da evolução da resistência; e) avaliação da deterioração do concreto.

Pode-se, todavia, utilizar o VPU para fins específicos, tais como controlar o tempo de desforma, avaliar a presença de falhas de concretagem ou detectar danos causados pelo fogo. A facilidade de manuseio e o custo relativamente baixo do equipamento têm estimulado diversos pesquisadores a buscar novas formas e fins para o uso dos ensaios de VPU.

TOMOGRAFIA ULTRASSÔNICA

A tomografia ultrassônica é um método não destrutivo que possibilita diagnósticos do concreto que podem ser utilizados para melhorar o controle de qualidade do mesmo e auxiliar na tomada de decisão de serviços de reparo ou reabilitação das estruturas de concreto. Contudo, a detecção de falhas através da tomografia requer um esforço significativo e experiência do usuário (HOEGH e KHAZANOVICH, 2012).

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O Tomógrafo MIRA utiliza ondas de cisalhamento e é um sistema capaz de gerar imagens 3D tomográficas de elementos de concreto, o que possibilita a detecção de falhas em estruturas desse material.

O sistema é constituído de um console com 40 transdutores em uma matriz de 10 linhas, contendo quatro transdutores cada. Os transdutores são sensores piezoelétricos com uma frequência que pode ser controlada, variando de 25 a 80 kHz. Esses transdutores são retráteis e de ponto de contato seco, dispensando, portanto, o uso de materiais acoplantes. A figura 1 mostra uma vista do sistema MIRA.

Figura 1 – Tomógrafo A1040 - MIRA.

Através da utilização do tomógrafo MIRA, modelo A1040, é possível proceder a um controle de qualidade das estruturas de concreto armado com a finalidade de determinar a sua integridade e a presença de defeitos na estrutura, tais como: fissuras, heterogeneidades, falhas de concretagem, entre outros. Também é possível medir a espessura do objeto que está sendo examinado. Segundo o fabricante, é possível configurar o aparelho para efetuar leituras em espessuras de até 2 metros.

A utilização de transdutores de ponto de contato seco pelo MIRA permite que, mesmo com frequências de transmissão relativamente baixas (55 kHz), as ondas geradas pelo equipamento possam penetrar maiores profundidades.

A figura 2 ilustra o funcionamento do sistema de aquisição das leituras do MIRA e a representação dos resultados de uma tomografia ultrassônica, mostrando a detecção de zonas com 0% de vazios, na cor azul, e 100% de vazios na cor vermelha. As demais cores resultam da interpolação entre os dois extremos e dos efeitos de reflexão das ondas emitidas pelo aparelho.

(a) (b)

Figura 2 – (a) esquema de aquisição de leituras do equipamento e (b) representação dos resultados de uma tomografia ultrassônica.

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APLICAÇÃO PRÁTICA

A aplicação prática da tomografia ultrassônica foi realizada em uma laje constituída por elementos alveolares pré-fabricados, buscando sua localização e forma.

ESTUDO DE CASO

O estudo de caso baseia-se na aplicação do MIRA para detectar a localização dos alvéolos de lajes pré-fabricadas utilizadas na estrutura de um edifício. A figura 3(a) apresenta um corte esquemático das lajes analisadas e a figura 3(b) demonstra o local e o posicionamento do grid onde foi realizada a leitura.

Neste este estudo de caso foi utilizada uma frequência de 70 kHz e velocidade de pulso de 3040 m/s.

(a) (b)

Figura 3 – (a) corte esquemático das lajes e (b) demarcação do grid de leitura no piso.

Neste estudo, o objetivo foi analisar os níveis de detalhes captados pela tomografia 3D através da variação do grid utilizado. Dessa forma, foi utilizado o grid máximo recomendado pelo fabricante, que é de 10 x 25 cm, e um grid mais refinado, de 5 x 10 cm, que permite grande sobreposição de leituras para a interpolação dos dados. De forma complementar, também foram efetuadas leituras com um grid maior do que o recomendado.

A figura 4 apresenta a vista superior da tomografia da laje obtida com o grid de 5 x 10 cm, onde se pode observar nitidamente a localização dos alvéolos.

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Figura 4 – Resultados da tomografia ultrassônica com grid de 5x10 cm.

Na figura 5 observa-se um corte transversal da laje. A imagem permite observar os alvéolos, seu espaçamento, formas e distância até a parte superior.

Figura 5 – Identificação dos alvéolos em corte, utilizando o grid de 5 x 10 cm.

Entretanto, quando se utiliza um grid com maior espaçamento (10 x 25 cm) há uma redução no nível de detalhes capturados pela tomografia 3D, o que é mostrado na figura 6.

Figura 6 – Resultados da tomografia ultrassônica para um grid de 10 x 25 cm.

Apesar de os alvéolos ainda serem perceptíveis, a imagem perde qualidade e as análises mais apuradas, para identificação de falhas e outros detalhas, podem ficar comprometidas. No caso da utilização de grids maiores do que o recomendado pelo fabricante (maior que 10 x 25 cm), o equipamento não interpola os dados entre as leituras que não foram feitas, fazendo com que ocorra o aparecimento de zonas sem leitura, como pode ser constatado na figura 7.

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Figura 7 – Resultados da tomografia ultrassônica para um grid de 25 x 50 cm.

O software de análise, além das representações acima demonstradas, permite a visualização das superfícies dos locais onde há localização de espaços vazios. Neste caso pode-se observar, na figura 8, a superfície formada pelos alvéolos das lajes, onde nitidamente verifica-se a continuidade dos vazios e o formato dos mesmos.

Figura 8 – vista superior e frontal da laje com a superfície dos alvéolos em evidência.

CONCLUSÕES

Os ensaios de VPU já se mostraram comprovadamente úteis para analisar diferenças de homogeneidade e para detectar padrões de microfissuração em estruturas de concreto deterioradas. Neste contexto, a tomografia ultrassônica 3D começa a ganhar importância nesse meio, e sua aplicação, em particular do tomógrafo MIRA, é uma técnica muito promissora dentro da área de END.

Trata-se de uma ferramenta ideal para criar uma representação tridimensional de defeitos internos que podem estar presentes em um elemento em particular e possibilita uma análise bastante completa das imagens geradas, vindo a ser bastante útil na avaliação de elementos delicados.

O presente artigo ilustrou a aplicação da tomografia ultrassônica para detecção de lajes alveolares com o objetivo de mostrar a técnica e a as possibilidades de análise propiciadas pelo equipamento, bem como a interferência do grid utilizado na qualidade das imagens obtidas.

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tamanho dos alvéolos dos elementos pré-fabricados. A análise dos dados coletados permitiu explorar as superfícies e fazer cortes na estrutura, mostrando a versatilidade do programa de análise que o equipamento oferece.

Em linhas gerais, pode-se afirmar que a aplicação do MIRA é uma ferramenta importante na avaliação de estruturas de concreto, possibilitando gerar imagens tomográficas tridimensionais bastante fiéis dos elementos analisados e permitindo um diagnóstico preciso através dos dados coletados.

REFERÊNCIAS

ACOUSTIC CONTROL SYSTEMS, Disponível em: http://acsys.ru/eng/. Acesso em: 15/06/2013.

AMERICAN SOCIETY FOR TESTING AND MATERIALS. ASTM E 114-95: Standard Practice for Ultrasonic Pulse-Echo Straight-Beam Examination by the Contact Method. In: Annual Book of ASTM Standards, Vol. 03.03: Nondestructive Testing. West Conshohocken: 1995, 920 p., p. 12-15.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8802: Concreto Endurecido – Determinação da Velocidade de Propagação da Onda Ultrassônica: Método de Ensaio. Rio de Janeiro: 1994b.

BRITISH STANDARDS INSTITUTION. BSI 1881 - Part 203: Recommendations for measurement of velocity of ultrasonic pulses in concrete. London: 1986. 20 p.

GRABOWSKI, S. L.; PADARATZ, I. J.; PINTO, R. C. A.; Avaliação de Placas de Concreto com o Método Não Destrutivo do Eco-impacto. In: CONGRESSSO BRASILEIRO DO CONCRETO (COBRACON 2008), 50, 2008, Salvador. Anais.... São Paulo: Instituto Brasileiro do Concreto, 2008. 12p. 1 CD-ROM.

HOEGH, K.; KHAZANOVICH, L. Correlation Analysis of 2D Tomographic Images for

Flaw Detection in Pavements. ASTM Journal Of Testing And Evaluation, 2012, Vol.40

(2), pp. 247-255

LORENZI, A.; SILVA FILHO, L. C. P. Estudo Comparativo entre Sistemas Inteligentes para Auxílio da Análise de Estruturas de Concreto através de Ensaios Não Destrutivos. In: CONFERÊNCIA SOBRE TECNOLOGIA DE EQUIPAMENTOS (COTEC 2003), 7, 2003, Florianópolis. Anais.... São Paulo: Associação Brasileira de Ensaios Não Destrutivos e Inspeção, 2003. 9p.. 1 CD-ROM.

MOLERO ARMENTA, M. A.; SEGURA, I.; HERNÁNDEZ, M.; GARCIA IZQUIERDO, M. A.; ANAYA, J. Ultrasonic characterization of cementitious materials using frequency– dependent velocity and attenuation. In: NON-DESTRUCTIVE TESTING IN CIVIL ENGINEERING (NDTCE’09), 2009, Nantes. Procedings.... Paris: Confédération Française por lês Essais Non Desctructifs, 2009. 6p.

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