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ACÓRDÃO. O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FLAVIO ABRAMOVICI (Presidente sem voto), GILBERTO LEME E MORAIS PUCCI.

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Registro: 2018.0000081783 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Apelação nº 1009009-57.2017.8.26.0071, da Comarca de Bauru, em que é apelante ANA CAROLINA FARIA FRAZATTO, é apelado VANACAR FUNILARIA E PINTURA DE AUTOS LTDA ME.

ACORDAM, em 35ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Rejeitaram a preliminar e negaram provimento ao recurso, com observação. V.U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores FLAVIO ABRAMOVICI (Presidente sem voto), GILBERTO LEME E MORAIS PUCCI.

São Paulo, 19 de fevereiro de 2018. Melo Bueno

RELATOR Assinatura Eletrônica

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COMARCA: BAURU 4ª VARA CÍVEL

APELANTE: ANA CAROLINA FARIA FRAZATTO

APELADA: VANACAR FUNILARIA E PINTURA DE AUTOS LTDA.-ME JUIZ(A): ARTHUR DE PAULA GONÇALVES

VOTO Nº 41180

PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS DE OFICINA MECÂNICA AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS Dissenso entre as partes quanto à autorização para a realização dos serviços Ré, proprietária do automóvel avariado, que se utilizou das redes sociais para reclamar da autora - Danos morais configurados Afirmações de cunho ofensivo - Ação procedente Recurso desprovido, com observação.

Apelação contra a r. sentença de fls. 110/113 que julgou procedente ação de indenização por danos morais fundada em prestação de serviços de oficina mecânica automotiva. A apelante, em preliminar, suscita cerceamento de defesa. No mérito sustenta, em suma, que fez apenas reclamações nas redes sociais na qualidade de consumidora, eis que a apelada iniciou os reparos sem a sua autorização, não tendo sustado os serviços quando alertada, além de ter desmontado o seu veículo, tornando-o imprestável.

O recurso (fls. 117/123), que é tempestivo, foi processado e respondido (fls. 150/154). Autos redistribuídos por força do v. acórdão de fls. 164/167.

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De início, considerando que a apelante está sendo defendida por advogado conveniado à Defensoria Pública do Estado de São Paulo (fls. 124/128), defere-se à mesma os benefícios da justiça gratuita.

Outrossim, a alegação de cerceamento de defesa devido ao julgamento antecipado da lide não prospera, uma vez que o conhecimento do pedido e a efetiva solução de mérito da ação foram devidamente promovidos pelo digno Magistrado de primeiro grau. Aliás, ressalte-se que a revelia da apelante foi devidamente decretada, eis que sua citação foi válida, nos termos do art. 248, §4º, do CPC/15.

No mérito, o recurso também não merece melhor sorte.

A apelada assevera que a apelante deixou seu automóvel na sua oficina para ser consertado aos 10/06/16, tendo entrado em contato telefônico diversas vezes com esta para a autorização dos orçamentos e realização dos serviços; sendo que, ao término dos reparos, a apelante lhe informou que não teria condições de pagar o valor total, além de ter ordenado que o serviço fosse desfeito, culminando na retenção do bem. Posteriormente, em cumprimento à decisão liminar obtida pela apelante na ação que ajuizou contra ela no Juizado Especial Cível da Comarca de Bauru (autos nº 001883391-2016.8.26.0071), foi obrigada a devolver o automóvel aos 16/11/16.

Contudo, mesmo depois de entregue o bem sem o respectivo pagamento e, ainda, aguardando o desfecho da ação supramencionada, soube que a apelante utilizou-se das redes sociais (Facebook) para expor a sua imagem de maneira negativa, descrevendo

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fatos de cunho calunioso e difamatório com relação à situação em questão, razão pela qual propôs a presente ação, a fim de que esse conteúdo ofensivo fosse removido da rede social, bem como fosse indenizada por danos morais, devido ao ataque à sua honra objetiva.

A apelante, por sua vez, sustenta que em momento algum autorizou a apelada a proceder ao conserto do seu automóvel, bem como usou a rede social visando a formalizar uma reclamação, na qualidade de consumidora, não tendo feito quaisquer ofensas à apelada.

Com efeito, de acordo com o conjunto probatório, extraem-se os seguintes fatos relevantes para o desfecho da lide: i) a apelante, por meio da página 'AONDE NÃO IR EM BAURU (OFICIAL)' existente no Facebook, escreveu um texto, aos 09/12/16, acusando a apelada não só de ter feito os serviços no seu automóvel sem autorização, como também destacou que: “(...) Meu carro ficou lá durante 4 meses até o Juiz dar a causa a meu favor e poder retirar...fora o constrangimento de ficar lá esperando chamar polícia e tudo mais, quando consegui retirar o meu carro de lá, adivinha??? Ele tinha retirado várias peças do motor, que não havia sido afetado e pneus do lado esquerdo que não havia batido, a parte de funilaria, ou seja acabou com o meu carro literalmente!! Fica aqui a minha indignação com essa empresa e onde não devemos definitivamente ir em Bauru!!” (fls. 30; 130); ii) no termo de entrega do automóvel (fls. 78) - relacionado à ação ajuizada pela apelante em face da apelada no Juizado Especial Cível (fls. 70/72) -, constou que o bem foi devolvido parcialmente desmontado, com todas as peças que acompanharam o veículo, e; iii) referida ação, aos 31/07/17, foi julgada improcedente (fls. 155/156), tendo o Juiz destacado que os serviços teriam, a princípio, sido autorizados pelo ex namorado da apelante, “dando a entender que ele possuía ingerência sobre seus negócios” (fls. 155).

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Diante disso, deve-se considerar que, apesar do dissenso entre as partes quanto à existência ou não de autorização para a realização dos reparos no automóvel o que implicou, inclusive, a improcedência do pedido contraposto formulado pela apelada na ação do Juizado Especial -, é certo que a apelada, cuja boa-fé não foi elidida, efetivamente prestou serviços visando ao conserto do automóvel avariado. Ademais, cumpre ressaltar que, no termo de entrega (fls. 78), não constou que o automóvel estaria inutilizado, mas apenas parcialmente desmontado, muito em decorrência das incontroversas discussões que as partes tiveram depois do ingresso do automóvel na oficina, fato que se depreende dos fatos narrados na primeira ação (fls. 70/72; 73/76).

Sendo assim, forçoso reconhecer que os danos morais restaram configurados, uma vez que, antes do julgamento de mérito da ação ajuizada pela apelante no Juizado Especial Cível, ela utilizou-se de ferramenta disponibilizada na rede social para atacar e denegrir a imagem da apelada; destacando, de maneira descontextualizada e inverídica, que seu automóvel havia sido entregue todo desmontado e imprestável ao uso a que se destinava (“acabou com o meu carro literalmente” fls. 30). Ou seja, não se cuidou de uma simples reclamação, mas de fazer afirmações de cunho altamente ofensivo, beirando à difamação.

Outrossim, evidente que ocorreu danos à honra objetiva da apelada, à medida que o texto da apelante foi visualizado por mais de mil pessoas, além de inúmeros compartilhamentos (fls. 32/69); sendo que o montante fixado a este título, R$6.000,00 (seis mil reais), deve ser mantido, eis que foram levados em consideração os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, atendo-se às peculiaridades do caso concreto.

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seus próprios fundamentos. E, nos termos do art. 85, §11, do CPC/15, majoram-se os honorários sucumbenciais, em favor do patrono da apelada, para o equivalente a 15% (quinze por cento) do valor da condenação; observando-se, contudo, a justiça gratuita ora concedida à apelante.

Ante o exposto,

rejeito a preliminar e nego

provimento ao recurso, com observação.

FERNANDO MELO BUENO FILHO Desembargador Relator

Referências

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