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Legionella: Surtos ou epidemia?

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Academic year: 2021

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(1)

António Veríssimo

|CEF U. Coimbra

Legionella: Surtos ou epidemia?

IPQ| 03 Abril 2019

(2)

Legionella

(3)

Legionella

(4)

Legionella spp.

Legionelose ou Doença

dos Legionários Febre de Pontiac

• Bactérias Gram-negativas

• Ubíquas em ambientes aquáticos

• 61 espécies, 3 subespécies

• Manifestações clinicas:

• A espécie Legionella pneumophila é responsável por mais de 90 % dos casos

de doença reportados

• Os humanos são considerados hospedeiros acidentais uma vez que a

legionella se replica em macrófagos alveolares, mas sem capacidade de

transmissão

• infetam e multiplicam-se em amebas e alguns protozoários

(5)

Legionelose

É uma pneumonia

É contraída por inalação de gotas de água contaminadas

com Legionella

Não se transmite de pessoa para pessoa

É provocada por estirpes de Legionella com capacidade

de infectar, residir multiplicar-se em células fagocíticas

do hospadeiro - monócitos e macrófagos

alveolares

(6)

Febre de Pontiac

Doença não pneumónica

Caracterizada por acesso súbito e agudo de febre, arrepios, dores de cabeça e

dores musculares

É uma doença autocontrolada e os sintomas desaparecem em 3 a 5 dias sem

tratamento especifico

(7)

sintomas

febre alta, calafrios e tosse seca dores musculares e dores de cabeça.

American Legion Convention Julho de 1976

182 adoeceram 29 morreram

The Bellevue Stratford hotel, Philadelphia.

en.wikipedia.org

•Período de incubação de 2 a 10 dias - os casos foram dispersos pela Pensilvânia

•Falta de registro de presenças na convenção

•Falta de métodos conhecidos para cultura, serologia, coloração de tecidos e toxicologia deram resultados negativos

História da doença

(8)

Cadeia de transmissão (Fraser, 1984)

Ambientes naturais

Fatores de amplificação

Disseminação Ambientes intervenção humana

Exposição por uma população suscetível Inoculação

LEGIONELOSE

(9)

Cadeia de transmissão (Fraser, 1984)

Água de profundidade Lagos

Natural spring

Rios

Nascentes quentes Biofilmes

Nascentes

Ambientes aquáticos naturais Ambientes aquáticos artificiais ou de intervenção humana

Fontes Piscinas Torres de arrefecimento Sistemas de distribuição Chuveiros Solo jardinagem

(10)

temperaturas entre 6ºC e 63ºC – óptimo 37ºC

valores de pH entre 5.5 e 8.1

oxigénio dissolvido entre 0.3 e 9.6 mg/ml

presença de outros organismos

zonas de reduzida circulação de água

presença de sedimentos

formação de biofilmes / aumenta a

probabilidade de multiplicação em amebas

Fatores de amplificação

(11)

A maior parte da actividade bacteriana na natureza ocorre, não com as células individualizadas, mas com as bactérias organizadas em comunidades sob a forma de um biofilme. Esses biofilmes são constituídos por uma comunidade estruturada de células aderentes a uma superfície inerte (abiótica) ou viva (biótica), embebidas numa matriz de exopolissacárido.

A associação dos organismos em biofilmes constitui uma forma de protecção ao seu desenvolvimento, fomentando relações simbióticas e permitindo a sobrevivência em ambientes hostis.

Em ecossistemas aquáticos, mais de 99,9% das bactérias crescem em biofilmes associadas a uma grande variedade de superfícies.

Os biofilmes mais comuns na natureza são heterogéneos, compostos por várias espécies, podendo os produtos do metabolismo de uma espécie auxiliar o crescimento das outras e a adesão de uma dada espécie fornecer ligandos que promovem a ligação de outras.

Inversamente, a competição pelos nutrientes e a acumulação de metabolitos tóxicos produzidos pelas espécies colonizadoras poderão limitar a diversidade de espécies num biofilme.

São ambientes muito propícios ao intercâmbio genético – Transmissão horizontal de genes.

(12)

Protecção contra: • Radiações UV • Fagocitose • Desidratação • Predadores • Antimicrobianos

Os principais componentes estruturais de biofilmes são: • Microrganismos

Matriz de exopolímeros

• Componentes de origem não-biológica

Fatores de amplificação - Biofilmes

(13)

A associação entre as legionelas, protozoa e biofilmes propicia uma forma de proteção capaz de

potenciar a capacidade de sobrevivência destas bactérias a ambientes hostis.

Esta proteção será a explicação mais plausível para o facto das legionelas conseguiram passar de ambientes naturais para ambientes de intervenção humana, e permanecerem viáveis, suportando os vários tratamentos a que

a água é sujeita. stress térmico e osmótico. biocidas antibióticos

(14)

Os ambientes naturais são raramente associados a casos de legionelose.

As legionelas multiplicam-se muito lentamente a baixas temperaturas, o que resulta num equilíbrio natural entre a concentração das bactérias e dos seus hospedeiros. Concentração esta abaixo do limite mínimo necessário para causar infecção em humanos.

A maioria dos casos de doença está associada a ambientes sujeitos a intervenção humana onde temperatura da água é superior, alterando a concentração quer das bactérias quer dos seus hospedeiros naturais.

Assim, variações nos parâmetros abióticos da água podem alterar o equilíbrio entre as legionelas e

protozoários, resultando num aumento rápido da concentração das bactérias, podendo causar doença.

Ambientes naturais Ambientes intervenção humana

102 a 106 CFU/L

<1% população

> 106 CFU/L

50% população

Concentração bacteriana como factor determinante para a ocorrência de doença

(15)

Legionella – de organismo ambiental a agente

patogénico acidental

A infecção humana é um beco sem saída (dead end evolutivo) para a replicação de legionella uma

vez que a transmissão de pessoa para pessoa nunca foi comprovada.

A evolução das características de virulência resultou em grande parte da necessidade do

organismo de se replicar num nicho intracelular e também evitar a predação por protozoários

ambientais.

A capacidade de replicação em diferentes protozoa tornou as legionella igualmente capazes de se

replicarem em macrófagos alveolares humanos.

(16)

Legionella – de organismo ambiental a agente

patogénico acidental

As legionelas evoluíram no sentido de otimizarem o ambiente intracelular hostil para se replicarem, desenvolvendo maquinarias moleculares muito eficazes

A infeção em humanos é um desvio ao ciclo de vida natural em protozoa

IPQ|2019|Workshop "Prevenção e Controlo de Legionella nos Sistemas de Água"

https://brage.bibsys.no/xmlui//bitstream/id/334578/Larsen%202015.pdf

(17)

Legionella – de organismo ambiental a agente

patogénico acidental

(Escoll, P. et al, 2013 )

Legionella é um patogénico acidental

As legionellas evoluíram no sentido de otimizarem o ambiente intracelular hostil para se replicarem, desenvolvendo maquinarias moleculares muito eficazes

(18)

Ambientes naturais

Fatores de amplificação

Dispersão

Ambientes intervenção humana

Cadeia de transmissão (Fraser, 1984) - Dispersão

v v

v v

aerossóis

(19)

Dispersão

(20)

Dispersão

Os grandes surtos estão relacionados com torres de arrefecimento que funcionam

simultaneamente como amplificadores e fontes de dispersão

(21)

Dispersão

(22)

Ambientes naturais

Factores de amplificação

Dispersão Ambientes intervenção humana

Exposição por uma população suscetível Estirpe patogénica

LEGIONELOSE

Cadeia de transmissão (Fraser, 1984)

(23)

Legionella – de organismo ambiental a agente

patogénico acidental

As legionellas evoluíram no sentido de otimizarem o ambiente intracelular hostil para se replicarem, desenvolvendo maquinarias moleculares muito eficazes

IPQ|2019|Workshop "Prevenção e Controlo de Legionella nos Sistemas de Água"

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Yang et al., 2008 IJSEM

61 espécies de Legionella

A maioria é capaz de infectar protozoários

24 espécies foram associadas a casos de doença

(25)

Legionelose

L. pneumophila

90% dos casos de Legionelose

(26)

Há uma grande diferença entre a prevalência de L. pneumophila como principal

responsável por casos de doença e a sua distribuição ambiental

Prevalência de Legionella sp. – doença vs ambiente

L. pneumophila sg.1; 84% L. pneumophila sg. 2-14; 6% Legionella bozemanae, L. micdadei, and L. longbeachae; 7% Other Legionella sp.; 3% L. pneumophila sg 1; 29,1% L. pneumophila sg 2-14; 46,5% Total non-pneumophila legionellae; 24,4%

L. pneumophila sg.1 corresponde a 30% dos isolados

ambientais e a 84% dos isolados clínicos

Distribuição ambiental

Distribuição clínica

(27)

Diversidade de L. pneumophila – doença vs ambiente

Ambientes naturais Ambientes de intervenção humana Clínicas

Paradigma - apenas um subgrupo das estirpes ambientais

teriam a capacidade para produzir doença (virulência)

Com base na diversidade genética estabeleceu-se que

estirpes clinicas de L. pneumophila eram distintas das

ambientais

Costa et al., 2005, 2010, 2012, 2014; Harrison et al., 2007,

(28)

Virulência de L. pneumophila – clinicas vs ambientais

(29)

Modelo animal com correlação com a virulência

em humanos.

Possui sistema imune inato, semelhante aos

macrófagos humanos

Virulência de L. pneumophila – clinicas vs ambientais

Sousa, PS.,et al. (2018). Frontiers in Cellular and Infection Microbiology 8, 97.

(30)

Larvae survival (%) after injection with 106 CFU per larvae

Larvae survival (%) after injection with 105 CFU per larvae

Larvae survival (%) after injection with 107 CFU per larvae

A infeção depende da dose

(31)

Virulência de L. pneumophila – clinicas vs ambientais

Sousa, PS.,et al. (2018). Frontiers in Cellular and Infection Microbiology 8, 97.

Relationships between 2,342 allelic profiles of 11,737 isolates (from the EWGLI SBT database)

Os clones (sequence-type) mais frequentemente relacionados com casos de doença

não têm relação direta com a virulência

(32)

Virulência de L. pneumophila – clinicas vs ambientais

A patogenicidade varia com a estirpe e

concentração, mas todas são virulentas

A partir de 10

6

CFU todas as estirpes causam

doença

Não foi possível estabelecer qualquer relação

entre a virulência, a origem das estirpes e a sua

constituição genética (sequence-type)

a infeção por legionella está relacionada com a capacidade de algumas estirpes sobreviverem e

se replicarem em ambientes de intervenção humana, e não com a virulência

Environmental Filtering

Sousa, PS.,et al. (2018). Frontiers in Cellular and Infection Microbiology 8, 97.

Novo Paradigma

(33)

Sousa, PS., Silva, IN, Moreira, LM., Veríssimo, A., Costa, J. (2018). Differences in virulence between Legionella pneumophila isolates from human and non-human sources determined in Galleria mellonella infection model. Frontiers in Cellular and Infection Microbiology 8, 97. Costa, J., Teixeira, P. G., D’Avó, A. F., Júnior, C. S., and Veríssimo, A. (2014). Intragenic recombination has a critical role on the evolution of Legionella pneumophila virulence-related effector SidJ. PLoS One 9, e109840.

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Milton Costa

Joana Costa

Gina Marrão

Graça Rocha

Alexandra Diogo

Paula Santos

Patrícia Sousa

Ana Filipa d’Avó

Referências

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