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Estruturas de mercado do Pólo Industrial

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Academic year: 2021

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ARTIGO

trIal dE manaus: Educação E Inovação

ProfIssIonalIzantE

ANA MARIA OlIVeIRA de SOuzA

elANe CONCeIçãO de OlIVeIRA

RESUMO

O artigo em pauta preocupa-se em realizar uma análise dentro das características das estruturas de mercado, sob a ótica de concentração, utilizan-do em parte, o estuutilizan-do de mercautilizan-do encomendautilizan-do pela Fundação Nokia de Ensino (FNE), no ano de 2008, o qual se voltou para o diagnóstico, análise e compreensão da mão de obra técnica empregada no Pólo Industrial de Manaus (PIM). Para tanto, uti-lizando-se da pesquisa da FNE, este trabalho pro-cura interceptar as principais variáveis identificadas sobre o comportamento da mão de obra técnica empregada no PIM com as respectivas estruturas de mercados diagnosticadas em harmonia com a comprovação da teoria da polarização técnica.

ESTRUTURAS DE MERCADO DO PIM: UMA VISÃO SOB A ÓTICA DA CONCEN-TRAÇÃO

O PIM representa um grande laboratório para estudo e aplicabilidade das teorias de comporta-mento das estruturas de mercado, pela ótica dos

fatores de produção. São mais de 500 empresas classificadas em dezenove subsetores de ativida-des, nos quais estão contidos nove pólos indus-triais específicos.

A aglomeração desses pólos industriais na ci-dade de Manaus configura, no âmbito das teorias de desenvolvimento regional, o que se pode deno-minar de pólos de crescimento, em face da forte presença de indústrias motrizes. Estas, conforme Souza (2005) atraem empresas satélites, fornece-doras de insumos ou utilizadores dos produtos das primeiras como insumos, desencadeando o cresci-mento local e regional.

Além do mais, entre as características das in-dústrias motrizes apontadas por Souza (2005), três delas permitem diagnosticar literalmente as prin-cipais estruturas de mercado de bens e serviços e de fatores de produção do PIM em uma visão holística, quais sejam: (a) possui grande poder de mercado, influenciando os preços dos produtos e dos insumos e, portanto, a taxa de crescimento das atividades satélites a elas ligadas; (b) apresenta-se como uma atividade inovadora, geralmente de

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grande dimensão e de estrutura oligopolista; e (c) possui inúmeras ligações locais de insumo-produ-to, através da compra e venda de insumos.

A primeira característica não chega a ser um mercado monopolista, apesar de alguns pólos centrarem grande parte da produção e, por con-seguinte, deter poder de mercado, como é o caso da produção de celulares, mas sim é um mercado monopolisticamente competitivo. Neste, segundo Pindyck (et. al. 2006), as empresas competem vendendo produtos diferenciados, altamente subs-tituíveis uns pelos outros, mas que não são substi-tutivos perfeitos, além de haver livre entrada e livre saída de empresas nesse tipo de mercado.

Quanto à segunda característica, nos merca-dos oligopolistas, os produtos podem ou não ser diferenciados. O importante é que apenas algumas empresas são responsáveis pela maior parte ou por toda a produção, revela ainda Pindyck. O pólo de duas rodas do PIM constitui um grande modelo deste tipo de mercado. O mercado de motocicletas do País é abastecido pelas indústrias de Manaus, principalmente pela Moto Honda da Amazônia Ltda. e Yamaha Motor da Amazônia Ltda.

Outra e última característica são as ligações in-dustriais locais de insumo-produto. A aquisição de insumos do PIM provenientes do mercado regional, em 2007, representou quase 30% da aquisição to-tal de insumos, e, em 2008 (dados até novembro),

este percentual já alcançava praticamente 27%. Em alguns casos a produção de algumas empresas de componentes abastece apenas um determinado segmento industrial ou, se não, apenas uma em-presa. O que pode ser considerado razoavelmente como um monopólio bilateral.

E, no que tange ao comportamento das es-truturas de mercado desses pólos, sabe-se que estas estruturas são determinadas pela conduta mercadológica de atuação dessas empresas - em que, de um lado, está a quantidade de empresas e, de outro, o tipo de bem (intermediário ou final) e o faturamento delas. A partir de uma análise dessas variáveis foi possível avaliar o grau de concentra-ção¹ dos pólos estudados e mensurar a estrutura de mercado de cada um deles. A predominância de mercado foi mensurada por dois instrumentos: (a) Grau de Concentração e (b) Índice de Hirschman-Herfindahl (IHH)².

a) Grau de Concentração – GC³:

b) Índice de Hirschman-Herfindahl – IHH4:

¹ O grau de concentração de uma indústria, qualquer que seja o indicador utilizado para medi-lo, constitui um dos principais indica-dores de sua estrutura de mercado. Então, quanto maior for o índice de concentração maior a possibilidade de se encontrar estruturas oligopolistas; e quanto menor, maior o grau de concorrência entre as firmas (Leite & Santana, 1996).

² O Índice de Hirschman-Herfindahl, consiste do somatório dos quadrados dos valores referentes ao marketshare de cada empresa. O valor máximo para o Índice de Hirschman-Herfindahl é a unidade, correspondente a um mercado formado por uma única empresa (um monopólio). Em estruturas muito pulverizadas, a medida se aproxima de zero (KUPFER, 2001). Logo, este índice pode ser inter-pretado como a soma dos quadrados das parcelas de mercado representadas pelas indústrias que atuam neste mercado.

³ A variável escolhida para calcular o GC foi o faturamento, sendo que: GCn equivale ao grau de concentração de cada empresa; Fat é o faturamento; n é o número de empresas do setor de atividade. Se GC ≡ 100% o segmento é altamente concentrado (monopólio); se GC ≡ 0% o segmento é de baixa concentração (maior grau de concorrência); se GC < 40% o mercado é concorrencial (competitivo); se GC > 60% o setor é mais concentrado.

4 A variável utilizada para calcular o IHH foi o faturamento, sendo que s

i é a participação de cada segmento no faturamento em termos

percentuais ao quadrado. De acordo com KUPFER (2002), elevar cada parcela de mercado ao quadrado implica atribuir um peso maior às empresas relativamente maiores. Assim, quanto maior for HH, mais elevada será a concentração e, portanto, menor a concorrência entre os produtores. O Índice HH varia entre 1/n e 1. O limite superior do índice está associado ao caso extremo de monopólio no qual uma única empresa opera no mercado. O limite inferior decorre de que HH é uma função convexa definida no simplex. Assim, o índice

assume o valor mínimo HH = 1/n, isto é, quando todas as empresas têm o mesmo tamanho (si=1/n). Temos então 1/n ≤ HH ≤ 1.

G n

C

=

[

Fat ( n )

Fat ( n )

[

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Dentro do ambiente avaliado o único segmen-to com menor grau de concentração é o pólo de componentes dos produtos eletroeletrônicos com 38,61%, identificando-se como um mercado de concorrência monopolística. O restante dos pólos é considerado mercado oligopolista, com exceção do pólo termoplástico e mecânico, que consideramos como um mercado em transição, ou seja, entre a concorrência monopolística e o oligopólio (Tabela 01).

EDUCAÇÃO PROFISSIONALIZANTE E AS ESTRUTURAS DE MERCADO DO PIM

A FNE, com o fim de direcionar a política de ensino da Instituição de forma estratégica e sus-tentável para o ano de 2009, procurou diagnosticar, analisar e compreender a dinâmica da mão de obra técnica empregada no PIM através de uma pesqui-sa de cenário de mercado.

Para tanto, no âmbito da pesquisa da FNE, este artigo procurou interceptar as principais variáveis

Fonte: próprias autoras

identificadas sobre o comportamento da mão de obra técnica empregada no PIM com as respectivas estruturas de mercados diagnosticadas no item 1, até porque as indústrias sediadas na Zona Franca de Manaus (ZFM) funcionam como catalisadores de mão de obra profissionalizante, portanto, com-provando a teoria da polarização técnica mencio-nada anteriormente.

A mão de obra do PIM é constituída entre 82-88% de mão de obra permanente, com exceção do

pólo de bebidas. Dessa mão de obra permanente, entre 90-96% não possuem formação técnica, com exceção do pólo de papel e celulose (Quadro 01).

Os pólos com maior presença de formação téc-nica profissionalizante são os de papel e celulose (20%), químicos e farmacêuticos (10%), metalúr-gico (10%), sendo que todos possuem caracterís-ticas de estruturas de mercado oligopolistas, com alto grau de concentração (superior a 60%) pro-dutiva entre as quatro maiores indústrias de seus

Tabela 01 – Grau de Concentração – por pólo/setor estudado

Quadro 01: Perfil da mão de obra técnica do PIM

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respectivos segmentos. Isto nos permite afirmar, a priori, que estes pólos com estruturas de mercado oligopolistas são os que mais demandam mão de obra especializada.

Naquilo que diz respeito ao porte de mercado, o pólo de componentes, caracterizado como con-corrência monopolística, é o mais expressivo pela quantidade de empresas de médio porte (mão de obra varia entre 100 e 500 funcionários) e gran-de porte (acima gran-de 500 funcionários). Esse pólo detém uma baixa concentração no mercado, ou seja, as empresas competem vendendo produtos diferenciados, altamente substituíveis uns pelos outros, mas que não são substitutivos perfeitos. No campo da polarização técnica, mais de 30 tipos de cargos técnicos foram identificados, dos quais ape-nas cinco são os mais demandados pela indústria de transformação do PIM: técnico em Segurança de Trabalho, técnico em Mecânica, técnico em Eletroeletrônica, técnico em Processo Produtivo e técnico em Manutenção.

Observando-se essa identificação dos pólos com os cargos técnicos demandados, verifica-se que o pólo de componentes e mecânico, com menores graus de concentração, demanda cargos técnicos em Eletrônica, Segurança do Trabalho e Mecânica, inclusive em maior proporção que o pólo de bebidas, caracterizado como oligopolista de al-tíssima concentração de mercado.

No que tange às políticas empresariais que

es-timulam o ingresso de mão de obra à realização de cursos técnicos, a maior parte das empresas pesquisadas possui pouquíssimas ações nesse sentido, com exceção do pólo de papel e celulose (Quadro 02).

Além do mais, na estrutura de mercado de concorrência monopolista, verificou-se que 43% das empresas não possuem ações e/ou políticas que venham a estimular o ingresso de funcionários em cursos técnicos. Fator mais preocupante ainda quando se observa o pólo de bebidas.

Considerado um oligopólio com alta concen-tração para o monopólio, o mercado de bebidas destaca-se por não possuir políticas de incentivos de capacitação, quando 71% das empresas pes-quisadas responderam que não tinham nenhuma ação nesse sentido.

Em segundo lugar - com a mesma característi-ca - vem o pólo químico/farmacêutico com 67% das empresas pesquisadas sem nenhuma ação, indica-dor este preocupante para um mercado oligopólio de alta relevância para a região. Os pólos de papel e celulose e metalúrgico são os únicos que pos-suem razoáveis políticas profissionalizantes volta-das para a mão de obra. Verificou-se ainda que os oligopólios preferem a contratação de profissionais técnicos com formação e evitam desenvolver po-líticas de capacitação, treinamento e qualificação. Com exceção do pólo químico/farmacêutico que

Quadro 02: Políticas de incentivo em curso técnico e preferências de contratação no PIM Fonte: adaptação a partir da pesquisa de mercado da Action Pesquisas de Mercado

Nota 1: A=não possui; B=bolsa de estudos; C=financiamentos; D=convênios com instituições de ensino; E=outros; F=não informou; G=prefere pessoas c/formação técnica; H=prefere desenvolver internamente; I=preferências por ambas as formas de contratação anterior: G e H.

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mantém a preferência em desenvolver sua mão de obra técnica.

INOVAÇÃO PROFISSIONALIZANTE NO PIM: UMA PROPOSIÇÃO

A questão da inovação, no âmbito da teoria econômica, surge com Joseph Schumpeter, a partir da difusão de suas ideias após a Segunda Guerra Mundial.

Para ele o cerne do desenvolvimento econô-mico estava na inovação como ferramenta funda-mental para a mudança econômica e social de uma sociedade.

Hasenclever (2002) relata que, para Schumpeter, a inovação propicia uma ruptura no sistema eco-nômico, no interior das indústrias, revolucionando as estruturas produtivas e criando fontes de dife-renciação para as empresas. Isto porque, segundo Souza (2008, grifo nosso), o dinamismo da

eco-nomia deriva da ação do empresário inovador,

que põe em prática novos processos de produção, gera novos produtos e abre novos mercados. O que justifica, assim como os economistas clássi-cos, Schumpeter enfatizar fundamentalmente o lado da oferta e não o da demanda, para explicar o crescimento econômico, especialmente a questão da inovação tecnológica para o desenvolvimento, acrescenta Souza.

Nessa perspectiva, no presente artigo - temos a pretensão de propor a denominação “inovação profissionalizante” como aquela que é difundida

pela atuação do empresário que investe na capa-citação da mão de obra técnica permanente da empresa com o fim de obter uma maior competiti-vidade no mercado de processos e de produtos a partir da especialização profissional.

A inovação profissionalizante, dependendo da capacidade criativa e inovadora e do comprometi-mento do recurso humano com a empresa, é capaz de propor mudanças nos processos produtivos e transformar o ambiente organizacional a partir dos novos paradigmas concebidos pela mão de obra técnica.

Pelo perfil da pesquisa de mercado da FNE sobre a mão de obra técnica empregada no PIM, deixa-nos bastante a vontade para propor a imple-mentação de políticas direcionadas para a inova-ção profissionalizante no interior das empresas, uma vez que, além de haver insuficiência de mão de obra técnica permanente, determinados merca-dos não possuem sequer políticas de incentivos à capacitação profissional, especialmente àqueles mercados considerados intensivos de novos pro-cessos tecnológicos.

Pela visão Schumpteriana de desenvolvimento econômico a partir da inovação e pelo próprio con-ceito atual de inovação (introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que resulte em novos produtos, processos ou servi-ços), entendemos ser a inovação profissionalizante um indicador relevante para as empresas do PIM, especialmente porque as empresas locais, além de terem dificuldades na contratação, enfrentam es-cassez de mão de obra técnica no mercado local.

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BIBLIOGRAFIA

Action Pesquisas de Mercado. Pesquisa de Cenário de Mercado: estudo quanto à mão-de-obra técnica empregada no PIM. Manaus, nov./ dez., 2008.

HASENCLEVER, Lia. Estrutura de mercado e ino-vação. IN: DAVID, Kupfer et al. Economia Industrial: fundamentos teóricos e práticas no Brasil. Rio de Janeiro: Elsevier, 2002, 4ª reimpressão. Editora Campus.

KUPFER, David. Mudança estrutural nas empre-sas e grupos líderes da economia brasileira na década de 90. Instituto de Economia da Universidade Federal do Rio de Janeiro – Grupo Indústria e Competitividade. Rio de Janeiro, 2001.

_____________. Economia Industrial: fundamentos teóricos e práticos no Brasil. Rio de Janeiro: Campus, 2002.

LEITE, André Luís da Silva; SANTANA, Edvaldo Alves de. Índices de Concentração na Indústria de Papel e Celulose. 1996. Acesso em 09/02/2008. Disponível em http://www. abepro.org.br/biblioteca/ENEGEP1998_ ART158.pdf.

PINDYCK, Roberto S.; RUBINFELD, Daniel L. Microeconomia. 6ª edição. São Paulo: Person Prentice Hall, 2006.

SOUZA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento Econômico. 5ª edição. São Paulo: Atlas, 2008.

SOUZA, Nali de Jesus de. Teoria dos pólos, re-giões inteligentes e sistemas regionais de inovação, Análise, Porto Alegre, v.16, nº 1, p. 87-112, jan/jul.2005.

Ana Maria Oliveira de Souza é graduada em Ciências Econômicas, especialista em Comércio Exterior e mestra em Desenvolvimento Regional pela UFAM. Atua como substituta na Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Empresariais na SUFRAMA.

Elane Conceição de Oliveira é graduada em Ciências Econômicas pela UFAM e doutoranda em Desenvolvimento Sustentável pelo CDS-UNB. Atualmente atua como analista de nível superior na Coordenação Geral de Estudos Econômicos e Empresariais na SUFRAMA.

Referências

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