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Auto-regulação e Aprendizagem Significativa

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Academic year: 2021

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Marion Rodrigues Dariz1

Auto-regulação da Aprendizagem: este foi o foco de alguns textos estudados nas disciplinas ministradas pela profª Lourdes Maria Bragagnolo Frison durante o 1º semestre letivo de 2011.

Não pretendo aqui fazer um resumo dos textos estudados, mas no presente trabalho, tenho a intenção de me permitir explanar o conhecimento adquirido, ao discutir os textos em sala de aula, sobre o construto da auto-regulação da aprendizagem.

Partindo desse pressuposto, como poderíamos conceituar auto-regulação? Quem pode se auto-regular? Como se dá a auto-auto-regulação?

Perrenoud (1999, p.96) conceitua a auto-regulação como as “capacidades do sujeito para gerir ele próprio seus projetos, seus progressos, suas estratégias diante das tarefas e obstáculos.” Na realidade todas as pessoas possuem determinado grau de auto-regulação, mas é importante que esse grau nos e para os processos de aprendizagem escolar seja elevado, o que certamente favoreceria uma autonomia progressiva no aprender e por extensão na própria vida.

1 Aluna regular do Curso de Mestrado em Educação – PPGE/ FAE/ UFPel – Linha de

Pesquisa Cultura Escrita, Linguagens e Aprendizagem

Auto-regulação e Aprendizagem Significativa

Para aprender, o indivíduo não deixa de operar regulações intelectuais. Na mente humana, toda regulação em última instância, só pode ser uma auto-regulação, pelo menos se admitirmos as teses básicas do construtivismo: nenhuma intervenção externa age se não for percebida, interpretada, assimilada por um sujeito. Nessa perspectiva, toda acção educativa só pode estimular o autodesenvolvimento, a auto-aprendizagem, a auto-regulação de um sujeito, modificando seu meio, entrando em interacção com ele. Não se pode apostar, afinal de contas, senão na auto-regulação.

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Segundo Zimmerman (2000) a auto-regulação da aprendizagem pode ser definida como qualquer pensamento, sentimento ou ação criada e orientada pelos próprios alunos para a realização dos seus objetivos.

Enquanto, Silva e colaboradores (2004, p.13) aludem que:

Para Frison (2006), a teoria da auto-regulação pode ser conceituada como o processo em que os sujeitos estabelecem metas que interagem com suas expectativas, desenvolvem estratégias para alcançá-las, criando condições para que a aprendizagem se efetive.

Independente da concepção acerca da auto-regulação, percebe-se que elas realçam o caráter efetivamente intencional da ação, com um objetivo previamente estabelecido. Os processos por meio dos quais se pode alcançá-lo dependem das características individuais e contextuais bem como da capacidade do aluno em refletir e operar sobre essas mesmas características. O que se espera, então, para possibilitar a efetivação dessa proposta é um sujeito que se coloca no processo como protagonista, além de um professor que vai regular a ação. Assim, é imprescindível a competência dos estudantes para serem ativos durante a aprendizagem, exercendo controle sobre seus processos cognitivos, metacognitivos e motivacionais, de modo a adquirirem, organizarem e transformarem as informações adquiridas ao longo do tempo. (FREIRE, 2009)

Vemos, com isso, que a auto-regulação não dispensa a motivação, a cognição, a metacognição (diz respeito, entre outras coisas, ao conhecimento do próprio conhecimento, à avaliação, à regulação e à organização dos próprios processos cognitivos) a volição e o contexto. Além disso, tem de haver consciência, controle, intencionalidade e o mais importante regular a ação. No que tange à consciência e controle, Vygotsky (1978) foi um dos primeiros investigadores no âmbito da psicologia cognitiva, a postular a relação direta entre a consciência dos próprios processos cognitivos e a capacidade de controlá-los.

A aprendizagem regulada pelo próprio estudante resulta da interacção de conhecimentos, competências, e motivações, que são necessários ao planeamento, à organização, ao controlo e à avaliação dos processos adoptados e dos resultados atingidos.

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Vivemos na era da informação, uma época permeada por constantes transformações de ordem social, política e, principalmente, tecnológica. Temos assistido a mudanças desenfreadas de paradigmas, o que vem refletir diretamente na educação, forçando professores e alunos a repensarem o processo ensino/aprendizagem. Entretanto, percebe-se que o homem não está conseguindo lidar com todas essas mudanças. Nesse sentido, recorre-se a Simão:

Com todas essas inovações, já não cabe mais aquele professor tradicional, transmissor do conhecimento. A educação, hoje, requer um professor integral, com um significado, com uma representação especial capaz de regular a ação pedagógica e instrumentalizar o educando para que este busque alternativas de trabalho para atingir a meta, ou seja, a auto-regulação de sua aprendizagem. Para isso, é necessário atingir o equilíbrio da escola tradicional (memorização) e a nova escola (compreensão, consciência).

As mudanças na escola devem ocorrer no sentido de ensinar estratégias que possibilitem a aquisição do saber de forma crítica, independente e contínua. Para isso, a aprendizagem deve deixar de se centrar no aspecto transmissivo e ensinar os alunos a aprender.

Não basta aprender os conteúdos curriculares formais, mas principalmente poder fazer escolhas críticas, estar preparado para o “novo”, poder agir com autonomia, e saber gerir a informação. A atualidade exige que os indivíduos reflitam, buscando novas soluções e idéias, pois os velhos procedimentos já não atendem às necessidades cambiantes modernas, daí o imperativo do pensamento flexível e inovador, capaz de estabelecer soluções (Freire, 2006a, 2006b). Essas competências, porém, só poderão ser estimuladas por meio da compreensão dos conteúdos e de um ensino-aprendizagem que promova a auto-regulação do aluno para aprender.

(…) reconhece-se à incapacidade do homem consumir toda a informação, sendo por conseguinte indispensável desenvolver o indivíduo como um ser estratégico, gestor da multiplicidade de dados com que tem que lidar.” (SIMÃO, 2002, p. 13)

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Com o constructo da auto-regulação, exigem-se práticas de avaliação diferenciadas. Torna-se imprescindível uma avaliação com sentido, uma avaliação que regule o ensino e também a aprendizagem do aluno – uma avaliação formativa na qual o aluno tenha maior predisposição para aprendizagem, na qual ele encontre significado imediato para aquilo que o professor está propondo.

Um instrumento que atende a essas necessidades é portfólio porque aumenta e diversifica o processo formativo, exercita o pensamento reflexivo, a competência de organização, a tomada de decisão, a capacidade de auto-avaliação e a sistematização dos percursos de construção do saber.

Esse instrumento pode ser concebido como uma coleção de trabalhos diversificados, executados ao longo de um período, como por exemplo: escritos, desenhos, reflexões sobre textos, filmes, músicas, opiniões, sentimentos, que devem de alguma forma refletir os aspectos da instituição, do professor e do aluno.

Segundo Simão (2002, p. 93) constitui-se uma espécie de filme onde o processo de aprendizagem fica registrado quase que com movimento (...) constituem o somatório de experiências e de vivências do indivíduo. Além disso, não são guardados e esquecidos pelo professor e na escola, mas permanecem com o aluno, que deve utilizá-lo ao longo do percurso escolar.

Outro fator importante na utilização desse instrumento de avaliação é que os trabalhos não são produzidos no fim do período para fins avaliativos, mas continuamente elaborados, possibilitando a tomada de decisões.

Entende-se, pois, que a auto-regulação supõe uma capacidade do aluno de avaliar (ou auto-avaliar), com o fim de realizar correções ou ajustamento no seu processo de aprendizagem e como base da auto-regulação está o desenvolvimento no processo de aprendizagem, o desenvolvimento da autonomia e a metacognição.

A auto-regulação consiste em mobilizar as capacidades do aluno para administrar sua própria aprendizagem, seus projetos, seus avanços, suas estratégias diante das atividades propostas e das dificuldades que encontrar. É importante que o aluno tome consciência e reflita sobre esse processo. Nesse sentido, a auto-avaliação e a metacognição, como processos de conscientização dos mecanismos de aprendizagem, são indissociáveis da auto-regulação. Há

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que se procurar, portanto, atividades estimuladoras da auto-regulação, apoiadas em contextos significativos, as quais despertem o interesse dos alunos, mobilizando-os profundamente favorecendo a adesão destes, portanto.

Não se pode negar que não é tarefa fácil o constructo da auto-regulação. É um processo que prevê algumas etapas, as quais servirão para organizar as ações do sujeito no processo de aprender, quais sejam: planejamento, execução e auto-avaliação, as quais estão interligadas para produzir os resultados e produtos da aprendizagem.

Na primeira etapa, o aluno escolhe o que vai fazer e qual a meta que pretende atingir. A segunda, caracteriza-se pelo cumprimento dos objetivos e planos traçados na primeira fase. A terceira e última fase constitui-se o momento de o aluno avaliar o processo e seus resultados comparando-o com os objetivos delineados na primeira fase. Verificar se conseguiu atingir os objetivos ou não e por quê. Essa avaliação é influenciada fundamentalmente pelos constructos motivacionais e cognitivos.

Assim, a auto-regulação pode ser encarada como um mecanismo complexo que envolve múltiplos componentes motivacionais, comportamentais e metacognitivos. Além disso, por ser um constructo, suas etapas não podem ser verificadas diretamente, somente a partir do comportamento ou de inferências.

Entretanto, é inegável a sua importância para que se possa provocar transformações inovadoras nas práticas pedagógicas como para promover um papel ativo por parte dos alunos no seu processo de aprendizagem. Para isso, cabe, pois, ao educador se auto-regular e conceber ambientes de aprendizagem favoráveis e que conduzam a uma maior autonomia dos educandos. Nesse sentido, o professor, segundo Vygotsky (1994), será o mediador. Será por meio do auxilio dele na regulação da aprendizagem que certos desafios poderão ser enfrentados.

Bibliografia:

BERNARDES, C. e MIRANDA, F. (2003) Portfólio: Uma Escola de Competências. Porto: Porto Editora.

FREIRE, L. (2006a). Concepções e abordagens sobre a aprendizagem: a construção do conhecimento através da experiência dos alunos. Ciências & Cognição, 09, 162-168. Disponível emhttp://www.cienciasecognicao.org.

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FREIRE, L. (2006b). Instrumentos que melhoram as aprendizagens e o ensino: portfólios. Disponível emhttp://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=4996.

FRISON, Lourdes Maria Bragagnolo. Auto-regulação da aprendizagem: atuação do pedagogo em espaços não-escolares, Tese de doutorado. Disponível em http://tede.pucrs.br/tde_arquivos/10/TDE-2006-12-20T134138Z-211/Publico/385720.pdf

PERRENOUD, P. (1999). Avaliação: da excelência à regulação das aprendizagens: entre duas lógicas. Porto Alegre: Artmed.

SIMÃO, A. (2002). Aprendizagem estratégica: uma aposta na auto-regulação. Lisboa: Ministério da Educação.

SIMÃO, A. (2002) O Conhecimento Estratégico e a Auto-regulação da Aprendizagem. Em: Silva, A.; Duarte, A.; Sá, I.; Simão, A. Aprendizagem Auto-regulada pelo Estudante: Perspectivas Psicológicas e Educacionais (77-94). Porto: Porto Editora.

VYGOTSKY, L. S. A formação social da mente. São Paulo: Martins Fontes. 1994.

ZIMMERMAN, B. (2000). Attaining self-regulation: a social cognitive perspective. Em: M. Boekaerts; P. Pintrich e M. Zeidner (eds.). Handbook of Self-Regulation (13-39). New York: Academic Press.

Referências

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