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O rapper MC Catra em retrato produzido por Daryan Dornelles para a capa de uma revista que, depois, também foi usado na capa do CD A cor do som

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Confira a forma de trabalhar e as dicas do fotógrafo Daryan Dornelles, um dos

maiores especialistas em retratos de artistas no Brasil, e aventure-se na área

A cor do som

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ergunta rápida: quantas vezes você já se deparou olhando para um CD, mesmo que, musicalmente, ele não interessasse? O mérito maior para este primeiro contato com o trabalho de um artista vai para quem realizou a arte do produto.

Pois é com esta finalidade que Daryan Dornelles trabalha. Aos 39 anos, sendo 17 anos como fotógrafo profissional, ele fez centenas de capas para CDs lançados pelas principais gravadoras do mercado nacional. Tem no currículo, inclusive, fotos

para CDs de astros internacionais. Os nomes vão de Barão Vermelho a Andy Summers, nada menos do que o guitarrista do The Police.

Nem todo ensaio fotográfico vai para a capa de um CD. Alguns viram material de divulgação da gravadora que, depois, é disponibilizado para a

A arte de produzir fotos para capas de CDs

Por Valmir Moratelli

O rapper MC Catra em retrato produzido por Daryan Dornelles para a capa de uma revista que, depois, também foi usado na capa do CD

F OTOS : D ARY AN D ORNELLES

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imprensa. E aí se somam retratos de Marcelo D2, Lenine, Erasmo Carlos, Ivete Sangalo, Neguinho da Beija-Flor, Ana Carolina, Martinho da Vila, Elza Soares, Zeca Pagodinho, Gilberto Gil, além de outros tantos. O trabalho de retratos de Daryan já foi publicado em veículos como as revistas Placar, Época, Bravo!, Quem, Bizz, Serafina (da Folha de S. Paulo), TPM... O material é tão vasto que ele lança em breve o livro Retratos Sonoros (Ediouro), reunindo ensaios com toda essa turma musical – como algumas das fotos exclusivas que ilustram esta reportagem.

Para Daryan, o mais importante a se levar em consideração ao fotografar uma capa de disco

– ou CD – é a proposta visual

apresentada pelo artista (ou grupo, dupla...). Na briga pela conquista de espaço no mercado, o que vale é uma boa imagem do que o artista representa. “Vender a imagem é importante. A música vive disso e sempre viveu. Desde Elvis Presley a The Who, Beatles, Led Zeppelin, Sex Pistols... A música veio junto com a imagem, não tem como dissociá-las. A imagem fica na memória visual de todos, cria-se o ‘quero ser como o Robert Plant’ ou outro”, explica Daryan, citando o vocalista cabeludo do Led Zeppelin.

Quando a produção da gravadora entra em contato com o fotógrafo, é ele quem passa a cuidar da realização estética do CD. Um ensaio fotográfico visando

ao encarte de um CD dura, em média, seis horas de um dia. “Não passa de uma tarde, na maioria dos casos”, diz. O fotógrafo, junto com um diretor de arte, se torna o responsável pela apresentação visual do artista junto ao público. Ele cita como exemplo histórico o caso dos Beatles, que foram posar para a fotógrafa alemã Astrid Kirchherr. Na ocasião, ela deu ideia para que usassem a franja caída na testa. “Mal sabia ela que estaria criando uma marca visual que eternizaria a banda de Liverpool. Uma geração inteira também iria usar franja vendo os Beatles cantar”, conta.

Por causa disso, Daryan interfere em todas as questões relevantes, ajudando a escolher

Daryan Dornelles também se destaca em retratos de artistas, como Erasmo Carlos, feito com filme p&b e uma Hasselblad 500 CM

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Penso em música pelo menos 12 horas do meu dia. Tenho livros, estudo o visual, estudo a música do artista, daí sento e converso. Dou a minha opinião e o artista a sua. Geralmente prevalece a minha”, diz ele, com um grato sorriso de satisfação.

Daryan sabe que por trás do seu trabalho também está a vaidade de cada um. “Nunca fotografei um artista que não tenha se importado com sua imagem. Ninguém é arrumado demais ou bagunçado demais por simples acaso. Tudo tem uma razão de ser. Faz parte da característica dele e isso precisa ser respeitado”, diz.

DICAS ESSENCIAIS

Muitos críticos dizem que um CD é vendido muito mais pela capa que apresenta do que pelas músicas que oferece. Daryan não gosta de pensar assim. “Prefiro dizer que a música sempre vem em primeiro lugar”, afirma. E cita exemplos históricos para confirmar a teoria. “O segundo disco mais vendido da história da música mundial tem uma capa totalmente preta, é o álbum do AC/DC, o Back In Black (de 1980). Outro exemplo, o White (de 1968), dos Beatles, é um álbum totalmente branco. Esses discos venderam horrores porque são maravilhosos e não porque alguém achou linda uma capa monocromática”, explica. Mas ele também acredita na força de uma boa foto para a capa. “Se me perguntar se considero como arte a capa de um disco, vou dizer que considero e acho lindo ver um vinil com a capa bem elaborada. É um charme a mais”, continua.

Por isso, ele opta por fotografar com câmera Hasselblad 500 CM, usando filmes Fuji Acros 120. “Com uma Hasselblad, a foto já sai quadrada, no jeitinho para encarte de CD. Sobre o tipo de filme, prefiro ele porque o grão é melhor. Gosto da textura dele. Apesar de ser cada

Duas imagens feitas por Daryan Dornelles para o livro Retratos Sonoros, a ser lançado pela Editora Ediouro: o rapper Marcelo D2 (acima) e o cantor e compositor Gilberto Gil

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vez mais raro no mercado, vale a pena pela qualidade que imprime”, explica o fotógrafo, ressaltando que, quando o material não pode ser em p&b, precisa recorrer às câmeras digitais. Aí fotografa com uma Canon EOS Mark III, além de ter entre seus equipamentos imprescindíveis uma Nikon F3 e uma Canon EOS 5D. “Não tenho um equipamento preferido. Uso todos com lente normal, luz natural ou flash”, diz. Entre as referências fotográficas estão os CDs de Bob Dylan. “Para mim, uma capa de CD para ser atrativa basta ter uma bela foto. Simples e direta, bem Dylan mesmo”, afirma.

CAPA COERENTE

Na opinião de Daryan, o maior erro que deve ser evitado no momento em que se fotografa para um encarte está neste ponto: “Na capa, você deduz muitas das vezes o som que faz aquele artista. Não tem coerência ter um visual de boiadeiro se o som é rock. É chato quando você deduz uma coisa, compra o produto e, quando for ouvir, encontra uma coisa totalmente diferente”, diz.

Para quem quer fazer um CD independente, por exemplo, Daryan dá como dica de uma boa foto a ideia de uma mensagem que seja direta ao público alvo. “É preciso que haja uma arte ou uma foto que traduza fielmente o que é o som que o sujeito ou a banda se propõe a fazer”, afirma.

Neste sentido, ele não tem preferência sobre foto de close, perfil, de corpo inteiro, sombreada ou algo mais conceitual. Cada caso é um caso. “Gosto da que fica boa para aquele tipo de consumidor musical”, diz. Para quem deseja enveredar nesse nicho da fotografia, Daryan lista como primordial o estudo do assunto que está sendo fotografado. “É preciso conhecer música e história de música, das artes, da moda. Não tem jeito, esse é o caminho. É preciso pesquisar. Quando vou fotografar um músico, fico ouvindo o som dele por horas”, diz.

Acima, produção pensada e elaborada para a capa do CD do músico pop Rodrigo Santos; abaixo, na capa do CD Barão Vermelho MTV ao Vivo foi usada uma foto do próprio show

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SETLIST MUSICAL

Na vasta relação musical que Daryan coleciona entre seus trabalhos fotográficos, ele cita, como um dos melhores, alguns álbuns do Barão Vermelho, sua banda de rock nacional preferida. O que lhe rendeu um livro, On Tour Book, lançado em 2006. O projeto foi em parceria com seus sócios do Fotonauta, os também fotógrafos Eduardo Monteiro e Andréa Marques. “A proposta foi bem simples: fizemos o MTV ao Vivo do Barão, em 2005. Sobraram muitas fotos bacanas que não foram aproveitadas. Resolvemos juntar algumas delas nesse projeto do livro fotográfico. Levamos a ideia à banda e todo mundo curtiu”, conta ele, que prefere fotografar em estúdio. “Se posso escolher, não gosto de fotografar para CD ao vivo, no esquema de registrar shows. Prefiro algo mais elaborado, pensado, em estúdio. É mais rico para criar. Nesse sentido, o MTV ao Vivo do Barão é um caso raro de CD ao vivo que veio com foto de show”, diz.

Além da banda liderada por Frejat, ele também assinou capas como a do último disco da sambista Teresa Cristina (Delicada, de 2007, EMI), o pop-rock de Rodrigo Santos (O Diário do Homem Invisível, de 2008, Som Livre) e até do jazzístico

Vitor Biglioni e de Andy Summers, do The Police. “Gosto de fotografar quem não é fabricado. Teresa Cristina, por exemplo, é a nova dama da música brasileira, é classe pura. Além de tudo, tem bom gosto para futebol, é torcedora do Vasco”, brinca ele. Com tanto material em

mãos, nem tudo que Daryan fotografa vai para seu iPod. “Tem discos que fiz, que tentei escutar e nem consegui passar da primeira faixa”, diverte-se, sem querer se comprometer citando nomes.

A lista de quem já passou por suas lentes é bastante eclética. Vai

Acima, a capa e a contracapa ousadas do CD do grupo de rock Strike; ao lado, retrato do cantor Ed Motta para o CD

Piquenique: cada um com

característica própria

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da banda rockeira Strike (Desvio de Conduta, de 2007, DeckDisc), passando por João Donato (O Piano de João Donato, de 2007, DeckDisc) e Ed Motta (Piquenique, de 2010, Trama)... E um monte de novas bandas – no estilo MTV – que surgem no mercado, tais como Ramirez, In Natura, Autorama, Aliados, Forfun, Moptop...

FIM DO CD

Em tempos de crise na indústria fonográfica mundial, quando ano após ano as gravadoras lucram cada vez menos com a venda de CDs, é inevitável o questionamento sobre o futuro do trabalho de um fotógrafo como Daryan. Ao contrário de muita gente, que prefere acreditar que o caminho próximo é nebuloso, ele não se influencia por esses comentários. “Essa tal crise afeta, digamos, muito pouco no

meu trabalho. As gravadoras estão falidas, mas as bandas precisam fotografar, então sempre tem demanda”, diz. E cita um dado histórico recente para mostrar que a evolução acomoda o que é imprescindível. “É claro que, em termos de espaço para um bom trabalho de fotografia, o vinil era muito superior ao CD. Um antigo LP apresentava uma foto no tamanho de 29 x 29 cm. Mas a fotografia não acabou com a chegada do CD, mas se adaptou a ele”, diz.

Em outras palavras, em uma era cada vez mais ‘internética’, quando o comércio musical tem migrado para o cyber espaço, Daryan ainda assim não vê pânico para quem fotografa para encartes musicais. “Não sou tão cético para acreditar que o CD vai acabar. O CD ainda é um belo cartão de visitas de qualquer artista”, diz.

Acima, Daryan Dornelles no seu estúdio com a cantora Maria Rita para a produção de um retrato para a revista Bravo!; abaixo, o fotógrafo em retratos que simulam uma capa de CD F OTOS : G UILHERMO G IANSANTI V ALÉRIA M ENDONÇA

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