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ESTRUTURA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UM FRAGMENTO DE FLORESTA ALUVIAL EM REGENERAÇÃO

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ESTRUTURA E DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DAS ESPÉCIES DE UM

FRAGMENTO DE FLORESTA ALUVIAL EM REGENERAÇÃO

Jonas Eduardo Bianchin1, Giovanno Radel de Vargas2, Elaine Vivian Oliva3

Resumo

As florestas ciliares, por sua localização e função ecológica devem ser preservadas e recuperadas, sendo para isso necessário obter informações sobre a estrutura destas florestas. O estudo objetivou conhecer a estrutura e a distribuição espacial das espécies de um fragmento de Floresta Estacional Decidual Aluvial, localizada no campus da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Santa Maria, RS. Foram mensuradas 74 parcelas, e considerados todos os indivíduos arbóreos com CAP maior que 10 cm. Foram identificadas 32 espécies, pertencendo a 29 gêneros e 19 famílias botânicas diferentes. Destas, Casearia sylvestris, Symplocos uniflora,

Mimosa bimocronata, Lithraea molleoides e Zanthoxylum rhoifollium se destacaram em relação ao Valor de

Importância Ampliado, sendo possível inferir que estas são as principais espécies do fragmento. O padrão de distribuição agregado foi encontrado para a maior parte das espécies. A vegetação analisada encontra-se em processo de sucessão, devido à maior abundância de indivíduos nas primeiras classes de diâmetro e elevado número de árvores mortas, pela substituição das espécies pioneiras por secundárias.

Palavras-chave: Fitossociologia, floresta ciliar, distribuição espacial.

Structure and spatial distribution of species of an alluvial forest fragment in regeneration Abstract

The riparian forests for your location and ecological function must be preserved and restored, and for it is necessary to obtain information on the structure of these forests. This study aimed to know the structure and spatial distribution of species in a remnant of Alluvial Deciduous Forest, located on the campus of UFSM, Santa Maria, RS. Were measured74 plots and considered all trees with CAP greater than 10 cm. We identified 32 species by 19 different botanical families. Of these, Casearia sylvestris, Symplocos uniflora, Mimosa

bimocronata, Lithraea molleoides and Zanthoxylum rhoifollium have distinguished themselves in relation to the

Expanded Value Importance; it is possible to infer that these are the main species of the fragment. The aggregated distribution was found for most species. The vegetation analyzed is in process of succession, due to the high frequency of individuals in the first diameter classes and great numbers of dead trees, by the replacement of pioneer for secondary species.

Keywords: Phytosociology, riparian forest, spatial distribution INTRODUÇÃO

As florestas e demais formas de vegetação têm sofrido grande pressão antrópica, o que as reduziu a pequenas ilhas de vegetação ao longo dos cursos d’água. Fragmentos isolados em suas bordas por campos, capoeiras e cultivos agrícolas são comuns em grande parte dos nossos ecossistemas florestais (LONGHI et al., 1999), principalmente no domínio da Mata Atlântica, um dos biomas mais degradados.

As vegetações florestais em estágio de regeneração inicial (capoeiras) desempenham um papel importante no que se refere ao favorecimento de um microclima para o desenvolvimento da fauna e flora de estágios mais avançados, conservação de solos e a manutenção de todo o ecossistema florestal (CARVALHO JÚNIOR, 2002). No caso das floretas aluviais, essa função ecológica é ainda mais relevante, devido aos inúmeros processos ecológicos que ocorrem nesses ambientes.

Segundo IBGE (1992) Floresta Estacional Decidual Aluvial é quase que exclusiva das bacias do Estado do Rio Grande do Sul, localizando-se sobre os terraços fluviais, onde a drenagem é dificultada pelo pouco desnível do terreno.

A sucessão ecológica pode de ser definida, de forma muito simplificada, como o conjunto de transformações que ocorrem na composição e na estrutura de uma vegetação ao longo do tempo (GANDOLFI,

1 Engenheiro Florestal, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná.

jonasbianchin@gmail.com.

2 Engenheiro Agrônomo, Mestrando do Programa de Pós-Graduação em Ciência do Solo, Universidade Federal do Paraná, giovanno@ufpr.br 3 Bióloga, Doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Engenharia Florestal, Universidade Federal do Paraná. elainevivian@ufpr.br

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2007). O conhecimento da dinâmica sucessional de uma floresta se torna uma importante ferramenta para a elaboração de estratégias de recuperação de áreas degradadas, além da conservação dos atuais relictos florestais.

Uma maneira de estudar o comportamento dos fragmentos é por meio da fitossociologia, que envolve o estudo das inter-relações de espécies vegetais dentro de determinada comunidade vegetal, especificamente as vegetais arbóreas (OLIVEIRA et al., 2009). Schneider (2009) afirma que a análise estrutural de uma floresta pode fornecer um indício do estágio sucessional em que cada espécie se encontra ou qual a espécie poderá compor o povoamento futuro.

O objetivo deste trabalho foi estudar a estrutura e a distribuição espacial das espécies de um fragmento de Floresta Estacional Decidual Aluvial em regeneração, em Santa Maria, RS.

MATERIAL E MÉTODOS Caracterização da área

A área estudada situa-se no campus da Universidade Federal de Santa Maria, município de Santa Maria, RS. Possui um córrego sazonal que passa pelo interior do fragmento, tendo seu fluxo interrompido em períodos de baixa precipitação. A área possui vestígios de exploração recente para a retirada de lenha, além do pastoreio de animais.

O município de Santa Maria ocupa a parte central do Estado do Rio Grande do Sul, sendo limitado ao norte pelo rebordo do Planalto Meridional e ao sul pelo Escudo Sul Riograndense. A região fisiográfica da Depressão Central, que situa-se sobre um compartimento geomorfológico do mesmo nome, é subdividida em áreas de coxilha e de planícies aluviais (DURLO e SUTILI, 2005). O clima da região, segundo Moreno (1962), é o subtropical tipo Cfa 2, da classificação de Köppen, com verões quentes e úmidos e precipitação distribuída ao longo do ano, podendo, no entanto, ocorrer déficit hídrico.

A vegetação original é a Floresta Estacional Decidual Aluvial. Como característica dessas formações, há uma estratificação pronunciada, além da sazonalidade, expressa pela queda das folhas de mais da metade das árvores do dossel, durante o período frio e seco. Segundo Durlo e Sutili (2005), nos locais de solos drenados e só esporadicamente inundáveis, a cobertura florestal é densa, representada por algumas espécies no dossel como o açoita-cavalo (Luehea divaricata Mart. – Malvaceae), a guajuvira (Patagonula americana L. – Boraginaceae), o angico (Parapiptadenia rigida (Benth.) Brenan – Fabaceae) e o camboatá-vermelho (Cupania vernalis Cambess. – Sapiandaceae). Nos estratos inferiores, dentre outras, pode ser encontrado o carvalhinho (Casearia sylvestris Sw. – Salicaceae).

Na área estudada, ocorrem os Planossolos, que são solos imperfeitamente ou mal drenados, encontrados geralmente em áreas de várzea, com relevo plano a suavemente ondulado e se caracterizam pela cor escura e textura arenosa. Segundo Strek at al. (2002) os Planossolos hidromórficos eutróficos arênicos são frequentes na Depressão Central Sul Rio-grandense, tendo um horizonte A espesso (de 50 a 100 cm), assentado sobre um horizonte B textural (Bt), que lhe confere drenagem deficiente, podendo elevar temporariamente o lençol freático.

Coleta e processamento dos dados

Foram mensuradas 74 parcelas de 100 m² (10 x 10 m), locadas em faixas perpendiculares ao curso d’água. Todos os indivíduos com circunferência à altura do peito (CAP) maior ou igual a 10 cm foram mensurados, sendo obtidos o CAP, altura total e posição fitossociológica. As espécies foram identificadas à campo. Os dados foram então analisados com o auxílio dos softwares FITOPAC 1.6 (SHEPERD, 1996) e do Microsoft EXCEL 2007©.

Parâmetros avaliados

Para caracterizar a estrutura do fragmento foi utilizado o Valor de Importância Ampliado (VIA), conforme a Equação 1 (LONGHI, 1980). Esse valor reúne dados da estrutura horizontal com a estrutura vertical, o que faz com que a importância da espécie dentro da comunidade vegetal seja melhor caracterizada.

×

=

(

ni

)

N

ni

(3)

×

+

=

PFA

100

PFA

VI

VIA

(Equação 2)

Onde: VIA = Valor de importância ampliado; PFA = Posição fitossociológica absoluta; VI = Valor de importância; ni = número de indivíduos da espécie considerada, em cada estrato (inferior, médio e superior); N = número total de indivíduos amostrados, em todas as parcelas.

Para caracterizar a distribuição espacial das espécies foi utilizado o Índice de Agregação de Morisita (BARROS, 1986), conforme a Equação 3. Para testar a significância do desvio da aleatoriedade foi usado o teste Qui-quadrado, que indica a significância do Índice de Morisita, conforme a Equação 4. Dependendo do valor do Índice de Morisita (Tabela 1), a dispersão pode ser agregada, aleatória ou uniforme, ou ainda com tendência ao agregamento.

)

1

(

2

×

=

N

N

N

x

n

IM

(Equação 3)

N

N

x

n

×

=

(

²)

²

χ

(Equação 4)

Onde: IM = Índice de Morisita;

χ

2= Valor do teste de Qui-quadrado; n = número total de parcelas amostradas;

N = número total de indivíduos por espécie, contidas nas n parcelas; x = número de indivíduos, por espécie e por

parcela.

Tabela 1. Interpretação dos valores do Índice de Morisita. Table 1. Interpretation of values of the Morisita Index.

Índice de Morisita Padrão de distribuição espacial

maior que 1 Agregado*

igual a 1 Aleatório*

igual a 0 Uniforme*

1 < IM < 10 e

χ

2 calculado >

χ

2 tabelado Tendência ao agregamento** * BARROS, 1986; ** ARRUDA E DANIEL, 2007.

Conforme Schneider e Finger (2000), se o Índice de Morisita não difere significativamente de 1, isso implica que o padrão de distribuição é aleatório (

χ

2 calculado <

χ

2 tabelado). Já quando o

χ

2 calculado for maior que o valor tabelado, a espécie apresenta padrão agregado ou uniforme. Arruda e Daniel (2007) citam que, nesse último caso, se o valor ficar entre 1 e 10, a espécie terá o padrão de tendência ao agregamento.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

No fragmento estudado foram amostrados 32 espécies, 29 gêneros e 19 famílias botânicas diferentes (Tabela 2). As famílias Myrtaceae e Sapindaceae apresentaram o maior número de espécies (7 e 4, respectivamente), enquanto Salicaceae e Symplocaceae se destacaram em relação aos indivíduos amostrados (634 e 541, respectivamente). A família Myrtaceae apresentou pouca densidade de indivíduos amostrados (3,5%), apesar de apresentar o maior número de espécies. A área basal do fragmento foi estimada em 17,44 m²/ha, valor dentro do esperado considerando o estágio de sucessão, o tipo de floresta e o fato de que a área sofreu alterações antrópicas recentes.

A diversidade florística do fragmento, calculada pelo Índice de Diversidade de Shannon, foi H’=2,13, valor inferior ao encontrado na literatura (LONGHI et al., 1999; ARRUDA E DANIEL, 2007). O baixo valor desse índice no fragmento explica-se em parte pela abundância de indivíduos de poucas espécies e pela recente alteração na estrutura da floresta. Casearia sylvestris e Symplocos uniflora representam 64,5% do número de indivíduos amostrados, demonstrando a importância destas espécies no fragmento florestal. Algumas espécies como que podem ser consideradas climáxicas também foram amostradas, como Ocotea pulchella e

Blepharocalyx salicifolius, mostrando que a floresta está em processo de sucessão, pois estas espécies longevas

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Tabela 2. Distribuição botânica do de um fragmento de Floresta Estaciona Decidual Aluvial, onde DA = densidade absoluta, DR = densidade relativa.

Table 2. Botanical distribution of an Alluvial Deciduous Forest fragment, where DA = absolute density, DR = relative density.

Família Espécies DA DR

Salicaceae Casearia sylvestris Sw. 857 34,8

Symplocaceae Symplocos uniflora (Pohl) Benth. 731 29,7

Fabaceae Mimosa bimucronata (DC) Kuntze 203 8,2

Enterolobium contortisiliquum (Vell.) Morong. 1 0,1

Anacardiaceae Lithraea molleoides (Vell.) Engl. 181 7,3

Schinus terebinthifolius Raddi 45 1,8

Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. 131 5,3

Myrsinaceae Myrsine umbellata Mart. 55 2,2

Myrtaceae

Eugenia uniflora L. 55 2,2

Blepharocalyx salicifolius (Kunth) O. Berg 24 1,0

Myrcia selloi (Spreng.) N. Silveira 12 0,5

Campomanesia guazumifolia (Cambess.) O. Berg 3 0,1

Psidium cattleianum Sabine 1 0,1

Eugenia rostrifolia D. Legrand. 1 0,1

Psidium guajava L. 1 0,1

Sapindaceae

Matayba elaeagnoides Radlk. 35 1,4

Cupania vernalis Camb. 7 0,3

Dodonaea viscosa Jacq. 3 0,1

Allophylus edulis (A. St.-Hil., A. Juss. & Cambess.) Hieron. ex Niederl. 3 0,1

Lauraceae Ocotea pulchella (Nees) Mez 27 1,1

Ocotea puberula Ness. 4 0,2

Melastomataceae Tibouchina sellowiana Cogn. 22 0,9

Euphorbiaceae Sebastiania commersoniana (Baill.) L.B.Sm. & Downs 15 0,6

Sapium glandulosum (L.) Morong 1 0,1

Rubiaceae Guettarda uruguensis Cham. & Schltdl. 11 0,4

Arecaceae Syagrus romanzoffiana (Cham.) Glassman 9 0,4

Solanaceae Solanum mauritianum Scop. 7 0,3

Rhamnaceae Hovenia dulcis Thunb. 8 0,3

Sapotaceae Chrysophyllum marginatum (Hook. & Arn.) Radlk 4 0,2

Rosaceae Prunus myrtifolia (L.) Urb. 4 0,2

Verbenaceae Citharexylum montevidense (Spreng.) Moldenke 1 0,1

Aquifoliaceae Ilex paraguariensis A. St.-Hil. 1 0,1

TOTAL 2465 100,0

O número de indivíduos mortos amostrados (8%) pode ser considerado alto comparado ao valor de 5,31% encontrado por Longhi et al. (1999) e de 5,87 % por Budke et al. (2004), para fragmentos de Floresta Estacional Decidual; no entanto, Longhi et al. (2008), estudando a mesma tipologia florestal, encontraram valor ligeiramente superior (8,17%). Este valor é alto, quando comparado aos resultados já obtidos no Rio Grande do Sul, o que se deve ao estágio de sucessão da floresta, devido à grande concorrência das espécies pela luz, caracterizando uma transição do estágio de sucessão da floresta.

O Valor de Importância Ampliado (VIA) das espécies (Tabela 4) mostra que Casearia sylvestris e

Symplocos uniflora são as espécies que estão mais bem representadas no fragmento, pois apresentam juntas

56,52% do índice. Esse valor é calculado levando em conta o valor de importância e a freqüência dos indivíduos em cada estrato, ou seja, permite aliar dados da estrutura horizontal com dados da composição vertical da floresta, possibilitando obter um valor mais representativo da importância da espécie na estrutura da comunidade vegetal.

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Symplocos uniflora teve o maior VI, porém pelo fato de possuir poucos indivíduos no estrato superior, o

seu valor de VIA foi menor que o valor de Casearia sylvestris, devido à última espécie ter maior densidade de indivíduos, distribuídos nos três estratos. No entanto, pode-se dizer que as duas espécies são as espécies que possuem a maior probabilidade de continuar a participar da dinâmica de sucessão da floresta.

Segundo LONGHI (1980), a importância do VIA está no fato de que uma espécie pode apresentar alta classificação do valor de importância por ter grande dominância no estrato superior, porém se sua distribuição não for homogênea em todos os estratos, inclusive na regeneração, é possível que seja eliminada naturalmente da estrutura da floresta. No entanto, existem espécies que por suas características vegetativas são encontradas somente no estrato inferior, com pequenos diâmetros e alturas, resultando um baixo VI e VIA, mas que podem ter grande importância ecológica (SCHNEIDER, 2009).

Tabela 3. Valor de Importância ampliado (VIA) das espécies de um fragmento de Floresta Estacional Decidual Aluvial, onde: VIA = valor de importância ampliado; VI = valor de importância; PFA = posição fitossociológica absoluta; PFR = posição fitossociológica relativa.

Table 3. Extended Importance Value (VIA) of the species of an Alluvial Deciduous Forest fragment, where: VIA = extended importance value; VI = importance value; PFA = absolute phytosociological position; PFR = relative phytosociological position.

Espécie PFA PFR VI VI% VIA VIA%

Symplocos uniflora 75,23 32,35 70,24 23,41 102,59 25,65 Casearia sylvestris 131,01 56,34 67,15 22,38 123,49 30,87 Mimosa bimucronata 5,24 2,25 29,58 9,86 31,83 7,96 Lithraea molleoides 4,02 1,73 26,83 8,94 28,56 7,14 Zanthoxylum rhoifolium 2,00 0,86 17,37 5,79 18,23 4,56 Schinus terebinthifolius 0,27 0,12 9,03 3,01 9,15 2,29 Myrsine umbellata 0,59 0,25 7,81 2,60 8,06 2,02 Eugenia uniflora 0,65 0,28 7,16 2,39 7,44 1,86 Matayba elaeagnoides 0,19 0,08 6,31 2,10 6,39 1,60 Ocotea pulchella 0,11 0,05 5,28 1,76 5,33 1,33 Blepharocalyx salicifolius 0,07 0,03 3,54 1,18 3,57 0,89 Tibouchina sellowiana 0,09 0,04 3,35 1,12 3,39 0,85 Syagrus romanzoffiana 0,01 0,01 2,83 0,94 2,84 0,71 Guettarda uruguensis 0,03 0,01 2,01 0,67 2,02 0,51 Sebastiania commersoniana 0,04 0,02 1,88 0,63 1,90 0,47 Solanum mauritianum 0,01 0,00 1,43 0,48 1,43 0,36 Cupania vernalis 0,01 0,00 1,34 0,45 1,34 0,34 Ocotea puberula 0,00 0,00 1,32 0,44 1,32 0,33 Hovenia dulcis 0,02 0,01 1,01 0,34 1,02 0,25 Myrcia selloi 0,04 0,02 0,95 0,32 0,97 0,24 Campomanesia guazumifolia 0,00 0,00 0,62 0,21 0,62 0,16 Chrysophyllum marginatum 0,00 0,00 0,58 0,19 0,58 0,15 Prunus myrtifolia 0,00 0,00 0,56 0,19 0,56 0,14 Dodonaea viscosa 0,00 0,00 0,51 0,17 0,51 0,13 Allophylus edulis 0,00 0,00 0,51 0,17 0,51 0,13 Enterolobium contortisiliquum 0,00 0,00 0,28 0,09 0,28 0,07 Citharexylum montevidense 0,00 0,00 0,28 0,09 0,28 0,07 Ilex paraguariensis 0,00 0,00 0,27 0,09 0,27 0,07 Psidium cattleianum 0,00 0,00 0,26 0,09 0,26 0,07 Eugenia rostrifolia 0,00 0,00 0,26 0,09 0,26 0,07 Sapium glandulosum 0,00 0,00 0,26 0,09 0,26 0,07 Psidium guajava 0,00 0,00 0,25 0,08 0,25 0,06 Indivíduos mortos 12,73 5,47 24,05 8,02 29,52 7,38 TOTAL 232,55 100 300 100 400 100

A distribuição das frequências dos indivíduos em classes de diâmetro (Figura 1) mostra que o fragmento apresenta um comportamento comum das florestas naturais, apesar de sua estrutura ter sido modificada por ações

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antrópicas recentes, obedecendo ao modelo exponencial negativo “J invertido”, com grande parte dos indivíduos nas primeiras classes, com pequeno porte e com pouca contribuição para a área basal total. A densidade populacional, bem como o número de indivíduos e sua distribuição nas classes de diâmetro é uma garantia de permanência de uma espécie em uma floresta. Deste modo, uma densidade populacional baixa, significa que existe uma possibilidade maior desta espécie ser substituída por outra no desenvolvimento da floresta, por razões naturais, ou em função das perturbações ocorridas na área (LONGHI et al., 1999).

841 562 294 141 83 49 13 15 4 7 1 1 y = 1825,3e-0,6346x R2 = 0,975 0 600 1200 4,6 7,5 10,3 13,1 16 18,8 21,6 24,5 27,3 30,1 33 35,8

Figura 1. Distribuição diamétrica das espécies de um fragmento de Floresta Estacional Decidual Aluvial. Figure 1. Diameter distribution for the species of an Alluvial Deciduous Forest fragment.

Distribuição espacial

A distribuição espacial (Tabela 4) mostra que a maioria das espécies (43,75%) apresenta tendência ao agregamento, enquanto 18,75% apresentam distribuição uniforme e 15,63% distribuição agregada. As espécies amostradas em apenas uma parcela não foram classificadas quanto á sua dispersão. A tendência da maioria das espécies em uma floresta inequiâneas é de apresentarem distribuição agregada, ou com tendência ao agregamento.

No entanto, Arruda e Daniel (2007), ao estudarem uma Floresta Estacional Semidecidual Aluvial, encontraram 64% das espécies com dispersão uniforme, enquanto 29,5% das espécies apresentaram dispersão agregada ou com tendência ao agregamento. Avila et al. (2008) ao estudarem um fragmento de Floresta Estacional Decidual, encontraram este padrão de distribuição espacial agregado para a maioria das espécies. Sartori et al. (2008), em uma formação secundária de Floresta Ombrófila Mista, encontraram 42% das espécies com tendência ao agregamento, enquanto 29% tiveram seu padrão de dispersão classificado como uniforme e 29% como agregado.

Em uma comunidade vegetal, as plantas encontram-se arranjadas conforme as diversas associações intra e interespecíficas existentes ao longo de sua distribuição natural (BUDKE et al., 2004). Soares et al. (2009) citam que, dependendo do padrão de distribuição espacial da espécie, é difícil aplicar os métodos de amostragem, pois se corre o risco de não amostrar indivíduos raros ou com distribuição altamente agregada, o que não se aplica ao presente estudo, pois foi realizado um censo do fragmento da área.

Vários fatores são responsáveis pela distribuição da vegetação, como solo, clima, luminosidade, presença de polinizadores e competição entre os indivíduos de uma comunidade vegetal, além do estágio de sucessão em que a floresta se encontra. Estes fatores interagem entre si, promovendo padrões de distribuição espacial diferente para cada espécie e para cada área. Observa-se uma interação entre os padrões de distribuição espacial das espécies, sua biologia e seus grupos ecológicos. O conhecimento desses padrões é uma ferramenta valiosa na recuperação e recomposição de ambientes degradados.

Tabela 4. Índice de Morisita das espécies de um fragmento de Floresta Estacional Decidual Aluvial, considerando o nível de significância de 5% e (p-1) graus de liberdade, onde: IM = Índice de Morisita; X²calc = qui-quadrado calculado.

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Table 4. Morisita Index of the species of an Alluvial Deciduous Forest fragment, considering the significance level of 5% and ( p -1) degrees of freedom, where: IM = Morisita Index; X² calc = calculated qui-quadrado.

Espécie IM X²calc Padrão de distribuição

Casearia sylvestris 1,95 677,85 Tendência ao agregamento

Symplocos uniflora 1,36 262,53 Tendência ao agregamento

Mimosa bimucronata 2,25 259,47 Tendência ao agregamento

Lithraea molleoides 1,96 198,76 Tendência ao agregamento

Zanthoxylum rhoifolium 1,83 152,46 Tendência ao agregamento

Schinus terebinthifolius 2,1 108,27 Tendência ao agregamento

Myrsine umbellata 3,3 160,23 Tendência ao agregamento

Eugenia uniflora 4,69 220,71 Tendência ao agregamento

Matayba elaeagnoides 2,14 99,33 Tendência ao agregamento

Ocotea pulchella 3,51 120,6 Tendência ao agregamento

Blepharocalyx salicifolius 3,87 121,78 Tendência ao agregamento

Tibouchina sellowiana 4,32 122,75 Tendência ao agregamento

Syagrus romanzoffiana 3,52 88,14 Tendência ao agregamento

Guettarda uruguensis 2,64 84,5 Tendência ao agregamento

Sebastiania commersoniana 13,45 - Agregado

Solanum mauritianum 0 - Uniforme

Cupania vernalis 0 - Uniforme

Ocotea puberula 0 - Uniforme

Hovenia dulcis 49,33 - Agregado

Myrcia selloi 37 - Agregado

Campomanesia guazumifolia 0 - Uniforme

Chrysophyllum marginatum 24,67 - Agregado

Prunus myrtifolia 24,67 - Agregado

Dodonaea viscosa 0 - Uniforme

Allophylus edulis 0 - Uniforme

CONCLUSÕES

As espécies Symplocos uniflora, Casearia sylvestris, Mimosa bimucronata, Lithraea molleoides e

Zanthoxylum rhoifolium são as mais importantes do fragmento estudado, pois apresentam o maior Valor de

Importância Ampliado. Symplocos uniflora obteve o maior VI, no entanto Casearia sylvestris apresentou o maior VIA, demonstrando estar mais bem representada na estrutura horizontal e vertical do fragmento.

Com relação ao padrão de distribuição espacial das espécies, pode-se concluir que a maioria das espécies apresentou tendência ao agregamento. O elevado número de indivíduos mortos indica que o fragmento encontra-se possivelmente em transição do estágio sucessional, pela substituição de espécies pioneiras por clímax.

REFERÊNCIAS

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