COMÉRCIO ELETRÔNICO NO
FEDERALISMO E NA
ERA DO FISCO GLOBAL
HELENO TAVEIRA TORRES
Professor Titular de Direito Financeiro
Universidade de São Paulo - USP
Dúvidas Sobre E-Commerce
o
É possível falar em
“Estabelecimento Permanente
Virtual” (EP Virtual)?
o
Instituir regimes de retenção na fonte são eficazes?
oComo criar um modelo eficiente de “Bit Tax”?
o
Trocas de informações entre países será suficiente
(country by country report)?
o
Regras de preços de transferências são adequadas?
o
Os incentivos ao desenvolvimento de tecnologia
permitem fuga das receitas (patent box taxation)?
Imposto sobre Serviços
o
PLS nº 386/2012: inclusão na lista de serviços:
o
Elaboração de programas para tablets, smartphones
Computação em nuvem
Aceso à rede de computadores e congêneres, inclusive à
Internet
Disponibilização de conteúdos e aplicativos em página
eletrônica e congêneres
Hospedagem de dados, inclusive áudio, vídeo e imagem, de
páginas eletrônicas, de aplicativos quaisquer e congêneres
Cessão temporária de arquivo de áudio, vídeo e imagem,
Imposto sobre Serviços
o
PLP n
o366/20131.03
o
Processamento, armazenamento ou hospedagem de dados,
textos, imagens, vídeos, páginas eletrônicas, aplicativos,
sistemas de informação, entre outros formatos, ou
congêneres.
o
Elaboração de programas de computadores, inclusive de
jogos
eletrônicos,
independentemente
da
arquitetura
construtiva da máquina em que o programa será executado,
incluindo tablets, smartphones e congêneres.
o
Disponibilização de aplicativos em página eletrônica.
o
Disponibilização de conteúdos de áudio, vídeo, imagem e
texto em páginas eletrônicas, exceto no caso de jornais,
livros e Periódicos.
Imposto sobre a Renda
• Noção de Estabelecimento Permanente
• Acordos para evitar a dupla tributação
• Medidas de retenção na fonte
• Trocas de informações na era do Fisco
Global
• Tentativas de adoção dos chamados “tax
rulings” em matéria de e-commerce
Era do Fisco Global
Acordos Bilaterais:
• Convenções para Evitar a Dupla Tributação Internacional (art. 26 MC-OECD) • Acordos específicos de Trocas de Informações e Mútua Assistência
• TIEA – Tax Information of Exchange Agreement (para “paraísos fiscais”)
Acordos Multilaterais:
• OECD Model Agreement on Exchange of Information on Tax Matters - 2002 (Report “Harmful Tax Competition: An Emerging Global Issue”, de 1998)
• Multilateral Agreement on Mutual Administrative Assistance in Tax Matters – OECD, de 2011, assinada por 66 países.
• Convenção Automatic exchange of financial account information (AEOI) - 2014
Regulação Intergovernamental – o consenso internacional:
• FATCA (USA) - 2010 • OECD – “BEPS -2013”
7
Contexto
2000 Normas Antielusivas e Convenções bilaterais 2013 a 2015 BEPS 2008/09 Debates iniciados sobre EOI Troca Automática EOI . OCDE evasão BEPS – “aggressive tax planning”Mudanças de Moralidade Fiscal – Relativização do Segredo Bancário
2007 Crise G20 Atua 2010 FATCA (USA)
A1. Economia digital na aplicação das regras fiscais vigentes e sugerir
meios para contorná-los
A5. Medidas enérgicas contra as práticas fiscais prejudiciais com foco na
transparência, e exigência de substância sempre que as subsidiárias se beneficiarem de regimes fiscais privilegiados.
A6. Prevenir uso abusivo de tratados, promovendo alterações no
Modelo-OCDE e a dupla não-tributação
A8. Assegurar que as regras de transfer pricing evitam a erosão da base
tributável dos intangíveis
A9/A10. Prevenir que regras de transfer pricing estão em linha com o
conjunto de ações que aumentam o valor de produtos, serviços e
negócios com transferência de riscos ou alocação de capital para partes relacionadas.
A13. Reexaminar documentos exigidos de transfer pricing com o
propósito de fortalecer a transparência fiscal entre as autoridades fiscais
AÇÃO 1 – Força-Tarefa sobre
Economia Digital
o
DESAFIOS:
o
Tributação baixa ou inexistente no país de residência;
oA possibilidade de as empresas atuarem de forma não
presencial, o que dificulta a fiscalização;
o
Dificuldade de aferição do valor das operações;
o
Dificuldade de se caracterizar a obtenção de receita e
lucro;
o
Dificuldade de cobrar o IVA sobre a economia digital;
o
Desafios das Autoridades Fiscais de colocar novas
Foro Global – OCDE e G20
• 132 Países integram o “Foro Global” –
Global
Forum on
Transparency and Exchange of Information for Tax Purposes
(Membros da OCDE, do G20 e outros).
• Iniciado em 2000, para controle de “paraísos fiscais”,
mediante padrões de transparência e trocas de informações
• Controle de Planejamento Tributário Abusivo e outros danos
ao sistema tributário – BEPS
• OCDE/G20 - Fórum de Transparência Fiscal (“Forum of Tax
Transparency”) - Declaração do G20, Sidney, 2014
• Convenção para Automatic exchange of financial account
information (AEOI)
– Brasil integra Grupo que fará as
99 Países Signatários do AEOI (fonte: OCDE)
11
• A dificuldade financeira dos Estados
• Relações federativas dificultadas pelo fim
da “guerra fiscal” e aumento do
endividamento público
• Falta de atuação do Senado Federal
• Insuficiência dos instrumentos de ação
interestadual: substituição tributária e
alíquota interestadual
Federalismo Fiscal e
Comércio Eletrônico
Fontes que ordenam o
federalismo fiscal
• Emendas à Constituição
• Lei Complementar – Para solução de
conflitos de competência, estabelecer a forma
de autorizar incentivos fiscais no ICMS, e para
casos de manutenção de créditos
(interestaduais)
• Resoluções do Senado – Dispõe sobre
alíquotas interestaduais e de exportação
mínimas e máximas
• Convênios – adotados para autorizar
Guerra Fiscal do ICMS
• Desigualdades regionais e falta de plano nacional de
desenvolvimento fomentam a competição entre Estados
• Pacto federativo e dificuldades entre os Estados (FPE,
Royalties, repactuação de dívidas e outros)
• Fundos e transferências federais que geram
dependências
• “Art. 155, § 2º:
• VII - nas operações e prestações que destinem bens e serviços a
consumidor final, contribuinte ou não do imposto, localizado em outro
Estado, adotar-se-á a alíquota interestadual e caberá ao Estado de localização do destinatário o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna do Estado destinatário e a alíquota interestadual;
• a) (revogada); • b) (revogada);
• VIII - a responsabilidade pelo recolhimento do imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual de que trata o inciso VII será atribuída:
• a) ao destinatário, quando este for contribuinte do imposto;
• b) ao remetente, quando o destinatário não for contribuinte do imposto;.”
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
87, DE 16 DE ABRIL DE 2015
“Art. 2º O Ato das Disposições Constitucionais Transitórias passa a vigorar acrescido do seguinte art. 99:
"Art. 99. Para efeito do disposto no inciso VII do § 2º do art. 155, no caso de operações e prestações que destinem bens e serviços a consumidor final não contribuinte localizado em outro Estado, o imposto correspondente à diferença entre a alíquota interna e a interestadual será partilhado entre os Estados de origem e de destino, na seguinte proporção:
I - para o ano de 2015: 20% (vinte por cento) para o Estado de destino e 80% (oitenta por cento) para o Estado de origem;
II - para o ano de 2016: 40% (quarenta por cento) para o Estado de destino e 60% (sessenta por cento) para o Estado de origem;
III - para o ano de 2017: 60% (sessenta por cento) para o Estado de destino e 40% (quarenta por cento) para o Estado de origem;
IV - para o ano de 2018: 80% (oitenta por cento) para o Estado de destino e 20% (vinte por cento) para o Estado de origem;
V - a partir do ano de 2019: 100% (cem por cento) para o Estado de destino.”
EMENDA CONSTITUCIONAL Nº
87, DE 16 DE ABRIL DE 2015
• Procedimentos nas operações que destinem bens a consumidor final não contribuinte do ICMS, em outra unidade federada:
• “Cláusula sexta O contribuinte do imposto de que trata a alínea “c” dos
incisos I e II da cláusula segunda, situado na unidade federada de origem,
deve observar a legislação da unidade federada de destino do bem ou serviço.
• Parágrafo único. As unidades federadas de destino podem dispensar o contribuinte de obrigações acessórias, exceto a emissão de documento fiscal.
• Cláusula sétima A fiscalização do estabelecimento contribuinte
situado na unidade federada de origem pode ser exercida, conjunta ou
isoladamente, pelas unidades federadas envolvidas nas operações ou prestações, condicionando-se o Fisco da unidade federada de destino a credenciamento prévio na Secretaria da Fazenda, Economia, Finanças, Tributação ou Receita da unidade federada do estabelecimento a ser fiscalizado.”
CONVÊNIO ICMS 93, DE 17 DE
SETEMBRO DE 2015
Convênio de ICMS não pode
regular tributação
Devem ser objeto de aprovação multilateral por convênio, como prescreve o art. 1º, parágrafo único, IV da Lei Complementar nº 24/75, quando resulte em redução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus, verbis:
• “Art. 1º- As isenções do imposto sobre operações relativas à circulação de mercadorias serão concedidas ou revogadas nos termos de convênios celebrados e ratificados pelos Estados e pelo Distrito Federal, segundo esta Lei.
• Parágrafo único - O disposto neste artigo também se aplica:
• I - à redução da base de cálculo;
• II - à devolução total ou parcial, direta ou indireta, condicionada ou não, do tributo, ao contribuinte, a responsável ou a terceiros;
• III - à concessão de créditos presumidos;
• IV - à quaisquer outros incentivos ou favores fiscais ou financeiro-fiscais, concedidos com base no Imposto de Circulação de
Mercadorias, dos quais resulte redução ou eliminação, direta ou indireta, do respectivo ônus;”